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A Vulgarização da Inovação

Inovação mais do que nunca se torna a espinha dorsal do crescimento e a vantagem competitiva das corporações modernas.

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No novo mundo, o comportamento do consumidor está sendo redefinido. Ele desenvolve filtros e intimidades com produtos e serviços, que exigem movimentos rápidos, evolução e reinvenção constantes. Bons tempos, não é mesmo? Para uns, sim. Para outros, não. Sobrevivência agora significa entender que o mundo está repleto de marcas e, cada vez mais, estas são menos respeitadas, confiadas e despertam menos atributos e diferenciais – é o que os especialistas chamam de “saliência de marca”.

 

De fato, inovação mais do que nunca se torna a espinha dorsal do crescimento e a vantagem competitiva das corporações modernas. Por outro lado, ironicamente, o termo está ficando gradualmente vulgarizado. Tristemente em frangalhos. Pergunto: teria a disciplina da inovação se tornado comoditizada? Talvez. Há boas possibilidades. Certas questões se mostram ignoradas por grandes marcas e corporações no mundo e, em especial, no Brasil. Ignoradas até mesmo pelos supergurus egocêntricos que nascem todos os dias no Twitter ou em outras plataformas.

 

Vejam as seguintes questões:

Quanto que a mídia espontânea estimula os departamentos de uma empresa a evoluírem e redefinirem processos?
Qual é a influência do boca a boca digital no budget da comunicação ou no desenvolvimento de produtos e serviços?
Como o ato de inovar nas redes sociais contribuirá para os objetivos fundamentais do negócio?
Qual o ciclo de vida e evolução de insights e boas ideias nas mídias sociais, abandonando o velho modelo das discussões (focus group)?

As regras do processo de feedback estão sendo redefinidas, gerando laboratórios de aprendizado e escuta para as marcas mais astutas. Inovação na websocial exige fundamentalmente escuta digital estratégica, séria e metódica. Aprendizado constante e inspiração em tempo real também são ingredientes dessa receita. Questões como ranking de influenciadores nas redes sociais, painel de tendências e análise de sentimentos, assim como dispersão e volume, devem estar no dia-a-dia de qualquer marca que almeje um trabalho relevante na web. É sempre bom lembrar que ouvir por ouvir já não é mais suficiente. É preciso organizar e planejar com conhecimento assimilado.

 

Outra questão: você não acha também que boa parte dos inovadores de marca que atuam na internet perseguem insanamente a tecnologia, em vez do comportamento do consumidor/usuário de redes sociais?

As ferramentas vêm e vão na velocidade da luz, tornando-se cansativo e praticamente impossível de acompanhá-las. Empresas e seus estrategistas de marketing têm de tomar cuidado com planos e ofertas que começam com estratégias de Orkut, Twitter ou Facebook. Acima de tudo, marcas e corporações devem focar em seus stakeholders, verdadeiramente ouvindo, segmentando adequadamente para inovar com qualidade, evitando desperdícios e concentrando-se em como esses públicos se comportam no ambiente virtual.

Outra questão fundamental é que inovar na era digital envolve um processo de integração com as mídias sociais junto à cadeia de valor corporativa e muitas vezes exigindo ruptura cultural intraempresa. Em seu mais recente livro, Charlene Li (“Open Leadership”, ou “Liderança Aberta”, em português) argumenta que líderes modernos precisam entender melhor a nova cultura de compartilhamento desencadeada pela evolução do mundo conectado. Segundo a autora, o primeiro passo é   “reconhecer que você não está mais no controle. Clientes, colaboradores e parceiros estão.” (…) “Esta é uma moda que não desaparecerá. Crescerá cada vez mais, com ou sem você!”

 

Vale lembrar que esse não é um processo fácil. A geração “Y”, principalmente, cresceu cética, vendo Enron, Mesbla, Mappin etc caírem. Líderes novos precisarão de habilidades únicas e humildade. Esses projetos não acontecem de um dia para o outro.  Aconselhamos as empresas primeiramente a criar uma estrutura de governança e regulamentação para o ambiente web, que seja facilmente assimiladas por seus colaboradores. Um bom exemplo de política bem-sucedida de adaptação cultural aos novos tempos é a varejista americana Best Buy (apesar dos recentes problemas que a marca enfrentou). Ela utiliza um exército de colaboradores como verdadeiros representantes da marca, que dão intenso suporte aos clientes da empresa. Não seria isso real vantagem competitiva? O pulo do gato, então, é saber como fazer.

 

A marca que acredita prever inovações tende a morrer. Na era digital, o processo de inovação é um estágio avançado no qual a empresa precisa trabalhar, antes de qualquer coisa, pelos processos e políticas internas, entender o comportamento do internauta e sempre responder ao emissor da sugestão, ou seja, os internautas que se comunicam com sua empresa via web, mesmo que ela não seja útil para a companhia. Tudo isso alinhado aos conceitos primordiais de marketing.

 

Inovação na internet é muito mais do que campanhas premiadas e barulhentas, romantismo de mudar o mundo e exageros. Inovar na era digital significa bom atendimento, reduzir custos de pesquisa e desenvolvimento, assim como inventários, pois os mesmos clientes que te ajudam a desenvolver produtos e serviços tenderão a consumi-los. Você está preparado para gerar inovação real de marca que traga valor plausível?

 

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Gabriel Rossi
Palestrante profissional em marketing, estrategista especializado na construção e gerenciamento de marcas e reputação, e diretor-fundador da Gabriel Rossi Consultoria, com passagens por instituições como Syracuse/Aberje, Madia Marketing School, University of London e Bell School. Especialista convidado para lecionar no curso de extensão da Fundação Escola de Sociologia e Política (FESP) e na Pós Graduação de Marketing da USP. Referência de mercado, Gabriel é atualmente o profissional no país mais requisitado pela grande mídia (mainstream) para falar sobre marketing. Escreve e é citado extensivamente, sendo colunista de portais de destaque como Observador Político, possui diversos artigos e estudos publicados no Estadão, o Globo, Brasil Econômico, Correio Braziliense, JT, UOL, HSM e colabora com veículos como Bandnews TV, Folha de São Paulo, Revista Nova, Veja, Portal G1 , entre inúmeros outros. Rossi e sua equipe atuam tanto no campo político como no empresarial. Eles trabalham com empresas internacionais como Petrobrás, The Marketing Store e Tetra Pak, além de candidatos ao Senado Federal. Rossi participou de momentos históricos importantes, sendo comentarista especial da TV Estadão no primeiro e segundo turno das eleições 2010 e comentarista oficial durante a posse da presidente Dilma Rousseff para a rádio Eldorado.

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