A PROTESTE, associação de consumidores, avaliou as cinco marcas de inseticidas mais vendidas no mercado a fim de comprovar sua eficiência contra os insetos. Foi notado que, apesar da praticidade de produtos em aerossol, alguns não são tão eficientes como costumam informar na embalagem. Dessa forma, o consumidor não está protegido totalmente, por exemplo, do mosquito da dengue e, principalmente, dos pernilongos que se mostraram muito resistentes.
Inicialmente, a associação realizou o teste pelo ensaio das baratas voadoras. A boa notícia é que todos os inseticidas se saíram muito bem na eficiência, com exceção do Detefon Ação Total Clássico, que não eliminou todas elas em 24 horas, mas alcançou 95%, sendo classificado como bom.
Em relação ao tempo de ação, o Mortein Pro Proteção Prolongada foi o único classificado como muito bom, demorando somente 20 segundos para acabar com metade da população de baratas voadoras. Logo em seguida, vieram o SBP Multi Inseticida, que agiu em 42 segundos, e o Baygon Ação Total, em um minuto. As marcas Raid Multi Insetos e Detefon Ação Total Clássico atingiram os piores resultados: dois minutos e dois minutos e 18 segundos, respectivamente.
Já para eliminar as baratas rasteiras, as marcas Mortein e SBP foram destaques, matando 100% delas. O Raid se saiu bem na eliminação (95%), seguido do Baygon (87,5%) e Detefon (80%), que foram classificados como ruins. Quanto ao tempo de ação, só o Detefon não agiu instantaneamente, levando mais de dois minutos.
Quando tratando apenas a eficácia dos inseticidas para eliminar o Aedes aegypti – transmissor da dengue, zika, chikungunya e febre amarela –, apenas o Baygon mostrou total eficiência. O Detefon (93,5%) e o Mortein (94,5%) ganharam conceito bom. Porém, o SBP Multi Inseticida (85,5 %) e o Raid (83%), tiveram resultados insatisfatórios nos testes, deixando inseguros os consumidores que procuram manter a saúde.
No que se refere ao tempo de ação, o único inseticida que se destacou também foi o Baygon, considerado bom, com pouco mais de 3min42s, seguido do Detefon (mais de cinco minutos e meio) e do Raid (seis minutos e meio). E, para piorar, o SBP e o Mortein levaram, respectivamente, cerca de 16 e 20 minutos, por isso receberam nota ruim.
Nesse sentido, vale alertar que os inseticidas oferecem toxicidade ao serem aspirados no ambiente. Dessa forma, quanto menor o tempo de exposição de pessoas ou animais de estimação, melhor.
A aplicação deve ser seguida de um momento de repouso, ou seja, o local em que o produto está agindo precisa ficar vazio durante um pequeno período. Outro ponto que merece atenção é a quantidade de produto utilizada nos ambientes. Baratas e mosquitos não costumam morrer imediatamente após a exposição ao veneno. Portanto, não há necessidade de continuar aplicando o inseticida até a barata morrer. Isso só serve para saturar o local de produto e torná-lo mais perigoso.
Os pernilongos se mostraram resistentes a todos inseticidas deste teste. Nenhuma marca obteve eficiência satisfatória, quando o aceitável é, no mínimo, 80% de eliminação. O Raid e o Baygon mostraram resultados muito ruins, entre 1,5 % e 6% de eliminação. Enquanto o Mortein obteve eficiência de 12% (o dobro do segundo colocado), foi considerado somente ruim. Cabe ressaltar que, com esses resultados, os tempos de ação dos produtos não puderam ser calculados neste ensaio.
Por outro lado, todos os produtos testados eliminaram o mosquito Anopheles quasalis, transmissor da Malária. Em toda a avaliação, vale destacar que o Mortein e o SBP foram os mais eficientes na eliminação de baratas, embora o primeiro tenha sido mais rápido. Já para combater os mosquitos, o Baygon e o Mortein se destacaram, enquanto o SBP é mais lento do que os outros que estão no mesmo patamar no tempo de ação.
COMO O TESTE FOI REALIZADO
Para descobrir se os inseticidas, efetivamente, matam as pragas, e em quanto tempo, os produtos foram aplicados para combater cinco tipos comuns: baratas voadoras, baratinhas rasteiras (conhecidas como germânicas), mosquitos da dengue (Aedes aegypti), pernilongos (Culex quinquefasciatus) e mosquitos da malária (Anopheles quasalis).
Na análise das embalagens, foram verificadas tanto as informações obrigatórias, que devem aparecer na face voltada para o consumidor, quanto as do rótulo (por exemplo, descrição dos insetos que é capaz de matar e modo de aplicação ou uso). Os alertas generalizados, tais como “não fumar ou comer durante a aplicação” e “não reutilizar as embalagens vazias” também foram levados em conta.
Com o teste, ficou concluído que quatro dos cinco produtos testados se revelaram impróprios ao uso por serem ineficientes, ou seja, em relação à eficácia contra pernilongos comuns. Durante o ensaio, nenhum produto alcançou um resultado satisfatório. Dessa forma, A PROTESTE denunciou as empresas fabricantes dos produtos à Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). O objetivo é que a agência reguladora possa adotar as providências fiscalizatórias necessárias em relação a esses fornecedores, que estão em desconformidade com as normas, como vimos em nossa avaliação.