O que acontece em Vegas, definitivamente, não fica em Vegas. Até esta sexta-feira, 11, a capital do entretenimento foi a capital da tecnologia. O motivo? Mais uma edição anual da Consumer Electronics Show (CES), a mais relevante feira de eletrônicos do mercado norte-americano e um dos principais eventos de tecnologia do mundo. Realizada anualmente desde 1967, nos palcos da CES nasceram ou ganharam projeção conceitos e produtos icônicos como o BluRay, o Xbox, carros e TVs inteligentes. Neste ano, a feira promoveu sua 52ª edição, inaugurando o calendário mundial de eventos de inovação de 2019.
Segundo dados divulgados pela CTA (Consumer Technology Association), associação que organiza a CES, neste ano foram 4,5 mil expositores, reunindo quase todos os principais players globais do setor tecnológico – somente a Apple não participou. Foram quase 200.000 pessoas presentes até esta sexta-feira (11). A associação também aguarda que o mercado de tecnologia alcance um novo recorde, com faturamento na esfera dos US$ 398 bilhões. Acredite: são números extremamente robustos. No entanto, o mais significativo, na minha avaliação, é a “mensagem subliminar” que o evento dissemina anualmente: a presença do digital na vida de milhões de pessoas no mundo, do instante em que acordam até a hora em que vão dormir.
O “admirável mundo novo”, profetizado por Aldous Huxley nos anos 30, finalmente se concretizou: no fim desta segunda década do século 21, nos tornamos uma “aldeia global”, como havia sido vislumbrado ainda na década de 1960 por outro “profeta”, o filósofo canadense Marshall McLuhan. Uma tribo de viciados em tecnologias das mais variadas formas, enraizadas em nossas rotinas diárias. É neste cenário que foram pautadas as discussões da CES. Debates que, especificamente nesta edição, se basearam em cinco grandes grupos de tecnologias, que já estão causando impacto direto na dinâmica do consumo: 5G, AR e VR, mobilidade, inteligência artificial e wearables.
5G – Foram o sistema nervoso da CES 2019. A feira mostrou que, em até três anos, veremos redes 5G operando em várias partes do mundo, amplificando exponencialmente a conexão entre aparelhos que já ocorre hoje. De carros sem motoristas a cidades inteligentes totalmente automatizadas, o 5G será um divisor de águas.
AR e VR- Não por acaso, ambas as tecnologias sempre despontam com bastante expectativa. Realidade Virtual e Realidade Aumentada, que também já estão sendo bastante utilizadas, vão redefinir as indústrias de dispositivos móveis e computação: de comunicações visuais, notícias, dados de varejo e especialidades verticais, passando por experiências cinematográficas imersivas, para mencionar apenas alguns campos.
Mobilidade – O futuro da mobilidade, com a adoção de veículos autônomos, o desenvolvimento de tecnologias de carregamento de carros elétricos e a V2X communications (diálogo entre infraestruturas), também foi um dos destaques da feira. Nas smart cities, os sistemas automotivos, por exemplo, vão “conversar”: um carro estará conectado a outro, como também a smartphones, casas, semáforos e serviços de emergência. A proposta é que o veículo seja uma extensão dos recursos tecnológicos disponíveis na palma da mão, entregando mobilidade no genuíno sentido do termo, mais que a mera locomoção. Na CES 2019, “visualizamos” como será esse futuro.
Inteligência artificial – Foi outra área de destaque no evento, com processadores, chips em TVs, em smartphones, além de machine learning e assistentes digitais melhorando a experiência dos usuários. A parte mais visível do movimento são os assistentes de voz. O comando está se tornando cada vez mais uma interface comum para o público, usado em caixas de som e em telas. Neste ano, também será possível entender a evolução dessa tecnologia em temas como análise de Big Data, reconhecimento de voz e tecnologias preditivas.
Wearables – A popularidade das wearables cresceu ainda mais na edição 2019 da CES, com foco em gadgets relacionados à saúde e a rastreadores de fitness. A integração de vestuário e robótica, permitindo que os usuários atinjam seu pleno potencial físico, já está se mostrando realidade. Como se não bastasse, o aumento do suporte para pagamentos móveis também crescerá, à medida em que smartwatches, por exemplo, se tornarem cada vez mais universais.