O comportamento de adquirir produtos sem pesquisa ou análise prévia, ainda é muito comum na capital mineira, o que pode contribuir para o desequilíbrio nas contas domésticas, impactando na saúde financeira de toda uma cadeia de negócios. Em Belo Horizonte, o percentual de consumidores que compra por impulso atingiu 37,4% da população em dezembro de 2018, de acordo com a Pesquisa de Orçamento Doméstico (POD), elaborada semestralmente pela Fecomércio MG. Em junho do mesmo ano, o índice chegou a 36,5%, enquanto que em dezembro de 2017 registrou 34,5%.
Em relação ao planejamento dos gastos, os percentuais apresentaram estabilidade, sendo que 70,6% planejam e 29,4% não planejam suas despesas. A diferença ocorreu na composição dos que dizem programar as contas. Por um lado, houve um aumento de 4,2 pontos percentuais na faixa dos que projetam seus gastos, mas seguem parcialmente o que estabeleceram (de 33,5% para 37,7%); por outro, uma redução de 4,8 pontos no grupo daqueles que se planejam, mas não conseguem cumprir o determinado (de 8,2% para 3,4%).
O economista da Fecomércio MG, Guilherme Almeida, lembra que o planejamento financeiro é essencial diante de um ambiente de recuperação ainda lenta da economia. “Muitas pessoas enfrentam dificuldades na gestão do orçamento, seja porque estão ganhando uma renda incompatível com seu padrão de consumo, seja porque ainda estão desempregadas. Por isso, é preciso planejar ainda mais as decisões financeiras do lar, para reduzir os riscos de inadimplência e otimizar o orçamento”, orienta.
Apesar do comportamento impulsivo de alguns, 51,1% dos consumidores de Belo Horizonte conseguem programar o orçamento da família e ainda economizar dinheiro. Os entrevistados disseram que o recurso que sobra é destinado, principalmente, para a poupança (35,5%) e atividades de lazer (25,4%). Quando não sobra, a medida tomada pela maioria dos consumidores é deixar de consumir algo supérfluo (24,4%).
Entre os compromissos financeiros de maior peso no orçamento aparece o cartão de crédito, citado por 28,6% dos consumidores. Na sequência surgem os empréstimos em financeiras (4,9%) e o financiamento de imóvel (4,2%).
Sobre a pesquisa
A Pesquisa de Orçamento Doméstico apresenta uma radiografia do comportamento das famílias a respeito dos seus compromissos financeiros. A análise tem como objetivo traçar o quadro da atual situação das famílias e do consumidor em relação ao seu orçamento domiciliar, evidenciando a postura de organização e planejamento da renda familiar. A pesquisa é realizada a cada seis meses, em julho e dezembro, e nesta edição foram entrevistadas 287 pessoas, no período de 12 a 18 de dezembro de 2018. A margem de erro é de 5 pontos.