Entre as MPEs que pretendem realizar investimentos, 60% têm como meta o aumento das vendas. Intenção de tomar crédito também avança 16% em janeiro de 2019 antes o mesmo mês do ano anterior
Diante da perspectiva de recuperação da economia, os micro e pequenos empresários do varejo e comércio têm demonstrado maior apetite para realizar investimentos em 2019. É o que aponta dados da Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e do Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil). O levantamento mostra que 41% desses empresários pretendem investir este ano, ante 35% em 2018. Por outro lado, 38% não planejam fazer qualquer tipo de movimento nesse sentido e 21% ainda não sabem o que farão.
O indicador que mede a propensão de investimento das MPEs (micro e pequenas empresas) passou de 41,4 pontos em janeiro de 2018 para 47,9 em janeiro de 2019, uma alta de 16% na comparação anual. Pela metodologia, quanto mais próximo de 100, maior a propensão para o investimento. Quanto mais próximo de zero, menor a propensão.
Entre os empresários que devem investir, seis em cada dez (60%) miram o aumento das vendas, enquanto 27% visam atender ao aumento da demanda e 25% querem adaptar sua empresa às novas tecnologias. A principal finalidade para esses recursos será a compra de equipamentos (31%). Em seguida, 26% buscam reformar a empresa e 22% ampliar seus estoques.
Na avaliação do presidente da CNDL, José César da Costa, a volta do apetite por novos investimentos reflete a melhora da confiança. “A expectativa com relação ao futuro da economia e dos negócios é de que a atividade econômica cresça com mais força este ano, impulsionando o consumo e, por consequência, o faturamento das empresas”, ressalta.
Demanda das MPEs por crédito avança 16% na comparação anual; 29% consideram processo de contratação difícil
O ano também começa com os micro e pequenos empresários mais propensos a tomar crédito do que em 2018. Em janeiro de 2019, o indicador que mede a demanda por crédito registrou 25,1 pontos contra 21,6 pontos no mesmo mês do ano anterior, o que significa um avanço de 16%. Esse aumento dá indícios de retomada do crédito, embora de forma tímida.
Em termos percentuais, os dados indicam que 15% das MPEs pretendem contrair crédito nos próximos três meses. Em contrapartida, 67% descartam essa possibilidade — em janeiro de 2018 esse número representava 76% — e 18% ainda não sabem dizer se vão recorrer a recursos extras.
O empréstimo lidera a lista de modalidades que devem ser contratadas, com 49% das menções. Em segundo lugar vem o financiamento (17%) e em terceiro o cartão de crédito empresarial (11%). A sondagem constatou ainda que 29% consideram o processo de contratação de crédito difícil, ao passo que 22% acham fácil ou 17% não consideram nem fácil e nem difícil. Além desses, um percentual expressivo declara nunca ter contratado crédito, chegando a 29%.
Questionados sobre os entraves para contrair crédito, 60% dos que consideram a contratação difícil apontam como principais problemas a burocracia e as exigências dos bancos. Para 57%, os juros altos são um grande impeditivo. Já entre os que consideram fácil a obtenção de crédito, 49% citam o bom relacionamento com as instituições financeiras. Já 37% mencionam o fato de ter as contas em dia e 26% dizem que a documentação da empresa em ordem facilita o processo. Outros 21% apontam o tempo de existência da empresa como item importante.
“As altas taxas de juros, que ainda seguem elevadas mesmo com as quedas recentes, acabam inibindo a tomada de crédito por boa parte do empresariado. Além disso, há o desconhecimento das modalidades existentes no mercado. Muitas opções estão disponíveis, com condições e taxas menores para o segmento de MPEs ”, destaca o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.
Metodologia
Os Indicadores de Demanda por Crédito e de Propensão para investimentos do Micro e Pequeno Empresário calculados pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) levam em consideração 800 empreendimentos com até 49 funcionários, nas 27 unidades da federação, incluindo capitais e interior. As micro e pequenas empresas representam 39% e 35% do universo de empresas brasileiras nos segmentos de comércio e serviços, respectivamente.