A Agência Nacional de Mineração (ANM), interditou e suspendeu as atividades do complexo minerário Gongo Soco, no município de Barão de Cocais (MG), na noite desta sexta-feira (17). A partir de agora, até o talude da cava da mina romper, só poderão ser realizadas as operações seguras para recuperar a estabilidade das estruturas.
“O talude da cava vai se romper com a gravidade, isso é um fato. O que estamos fazendo agora é minimizando os riscos, evitando que pessoas transitem dentro da cava ou que sejam atingidas”, diz o diretor da ANM, Eduardo Leão.
A ANM foi acionada pela empresa Vale, responsável pelo empreendimento, na noite da última segunda-feira (13). O talude norte da cava de Gongo Soco estava se deslocando 10 cm por ano desde 2012, medida aceitável para uma cava profunda. Mas, desde o fim de abril, a velocidade do deslocamento aumentou para 5 cm por dia e, se esta aceleração continuar, o rompimento do talude pode acontecer entre os dias 19 e 25 de maio.
A ANM também notificou a Vale e determinou que a empresa tome uma série de providências emergenciais, como suspender imediatamente o tráfego do trem de passageiros no trecho do viaduto localizado à jusante da cava, monitorar por vídeo em tempo real as barragens e o deslocamento do talude e apresentar estudo de comportamento da possível onda gerada pelo rompimento do talude norte, avaliando o impacto nos pilares do viaduto da linha férrea Vitória/Minas. A barragem, a cava e todas as obras já estavam paralisadas desde 2016.
“É bom lembrar que o que corre risco de rompimento é o talude da cava e não a barragem, que fica a 1,5 km de distância da cava. O risco é que a vibração gerada pelo rompimento do talude seja gatilho e influencie na segurança da barragem Sul Superior. Mas isso não se tem como prever”, explica Wagner Nascimento, chefe da Divisão de Segurança de Barragens de Mineração da ANM.
Caso a vibração do impacto não chegue à barragem, a estrutura se manterá na condição atual, mas existe a possibilidade da ruptura ficar restrita ao interior da cava e não extravasar o material dentro dela (água e sedimentos). Se a barragem se romper, a onda de inundação chegaria em Barão de Cocais em cerca uma hora. A zona de auto salvamento – área onde não é possível realizar resgate imediato pela Defesa Civil – já foi evacuada desde fevereiro.
Vale reitera que tomou medidas preventivas para qualquer cenário em Barão de Cocais
A Vale reforça que adotou todas as medidas preventivas em Barão de Cocais, desde o dia 08 de fevereiro, com o objetivo de assegurar a segurança dos moradores da região. Além da retirada preventiva dos moradores da Zona de Autossalvamento, a Vale apoiou as autoridades na realização de simulados e na preparação das comunidades para todos os possíveis cenários, com equipes de prontidão permanentemente. Tanto o talude da mina de Gongo Soco como a Barragem Sul Superior estão sendo monitorados 24 horas por dia e as previsões sobre deslocamento de parte do talude, revistas diariamente. A Vale reforça que não há elementos técnicos que possam afirmar que o eventual deslizamento de parte do talude poderia desencadear a ruptura da barragem. Mesmo assim, reitera que todas as medidas preventivas foram tomadas e segue à disposição das autoridades para prestar todo apoio possível.