Entre 2008 e 2017, o pessoal ocupado em atividades comerciais aumentou 29,9%, passando de 7,9 milhões para 10,2 milhões de pessoas. O número de empresas comerciais aumentou 11,8% no período, indo de 1,4 milhão para 1,5 milhão. Já a quantidade de unidades locais (lojas) subiu de 1,5 milhão para 1,7 milhão em dez anos.
A média de pessoas ocupadas no comércio passou de seis para sete entre 2008 e 2017. No varejo, que em 2017 ocupava 74,3% dos trabalhadores do comércio no Brasil, essa média passou de cinco para seis pessoas empregadas por empresa, enquanto que os demais segmentos mantiveram estabilidade no período. A única atividade em que esse número aumentou de forma significativa foi a de hipermercados e supermercados, que passou de 81 para 102 pessoas ocupadas por empresa em dez anos.
Em 2017, a atividade comercial no país gerou R$ 3,4 trilhões de receita operacional líquida (receita bruta menos as deduções, tais como cancelamentos, descontos e impostos) e R$ 583,7 bilhões de valor adicionado bruto. O setor pagou R$ 226,7 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações, mantendo a estabilidade dos rendimentos médios das pessoas empregadas em empresas comerciais, que foi de 1,9 salário mínimo em 2008 e 1,8 em 2017.
A margem do comércio, definida pela diferença entre a receita líquida de revenda e o custo de mercadorias vendidas, chegou a R$ 765,1 bilhões em 2017. Desse total, o varejo foi responsável por 56,4%, o atacado por 36,0% e o comércio de veículos, peças e motocicletas por 7,6%.
Em 2017, o Sudeste gerou 50,5% da receita bruta de revenda e deteve 49,2% das unidades locais do país, contra 53,1% e 49,6%, respectivamente, em 2008.
Essas e outras informações estão na Pesquisa Anual do Comércio 2017, que traz os principais resultados das empresas comerciais brasileiras, cujas atividades se dividem em três segmentos distintos: comércio de veículos, peças e motocicletas; comércio por atacado; e comércio varejista. As informações incluem a caracterização do faturamento das empresas, da margem de comercialização, da estrutura de concentração e do perfil do emprego nas empresas comerciais. A pesquisa prioriza a comparação entre 2008 e 2017 a fim de identificar mudanças estruturais num período de dez anos. O material de apoio dessa divulgação está à direita desta página.
Participação do varejo na receita líquida cresceu de 39,6% para 45,5% em dez anos
Em 2017, a atividade comercial gerou R$ 3,4 trilhões de receita operacional líquida (receita bruta menos deduções, tais como cancelamentos, descontos e impostos) e R$ 583,7 bilhões de valor adicionado bruto (conjunto das receitas geradas menos os gastos realizados no processo). O setor ocupou cerca de 10,2 milhões de pessoas, pagando R$ 226,7 bilhões em salários, retiradas e outras remunerações. Esses valores foram gerados por 1,5 milhão de empresas, englobando um total de 1,7 milhão de unidades locais comerciais (lojas).
A participação do varejo na receita operacional líquida em 2017 (45,5%) cresceu relativamente a 2008 (39,6%). O atacado ficou estável no período, com 44,4% em 2008 e 44,6% em 2017. Já o setor de veículos automotores teve queda de participação de 16,0% para 9,9% nesses dez anos.
Entre os grupamentos de atividades comerciais que tiveram aumento de participação na receita operacional líquida no período, destaca-se o de hipermercados e supermercados, cuja participação passou de 9,8% para 12,5%, seguido pelo comércio varejista e atacadista de produtos alimentícios, bebidas e fumo (de 2,2% para 4,8% e de 6,3% para 8,4%, respectivamente). O varejo de produtos alimentícios, bebidas e fumo passou da 17ª posição em 2008 para a nona em 2017, enquanto que o atacado saiu da quinta posição para a terceira.
Por outro lado, a maior queda ficou com o comércio de veículos automotores, que passou de 11,6% de participação para 6,1%. O comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes caiu de 12,7% para 11,3% e o atacadista de máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive TI e comunicação caiu de 4,5% para 3,7% no período.
Varejo detém mais da metade da margem do comércio
A margem do comércio, definida pela diferença entre a receita líquida de revenda e o custo de mercadorias vendidas, foi da ordem de R$ 765,1 bilhões em 2017. Desse total, o varejo foi responsável por 56,4%, o atacado por 36,0% e o comércio de veículos, peças e motocicletas por 7,6%.
Dividindo-se a margem pelo custo de mercadorias vendidas, obtém-se a taxa de margem de comercialização, que indica o quanto, em termos relativos, determinado setor é capaz de definir sua receita líquida de vendas acima dos seus custos com aquisição de mercadorias para revenda e variação de estoques. Em 2017, a taxa de margem do varejo (39,1%) foi maior que as do atacado (23,3%) e de veículos, peças e motocicletas (21,9%).
O ranking das atividades com maior taxa de margem permaneceu relativamente constante nos últimos dez anos, tendo o comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho se mantido na primeira colocação tanto em 2008 (73,6%) quanto em 2017 (82,2%) e o comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes na última colocação, com 8,1% de taxa de margem em ambos os anos.
Entre as atividades, apenas o comércio varejista de material de construção obteve uma mudança relevante de posição no ranking, passando da décima para a sexta posição no período. Essa atividade registrou uma taxa de margem de 54,0% em 2017, tendo aumentado 17,7 p.p. em relação ao ano de 2008, a maior variação entre as atividades do comércio.
Concentração do comércio diminui, mas permanece em torno dos 10%
O IBGE analisa a concentração no comércio usando o indicador “razão de concentração de ordem 8” (R8), que mostra a porcentagem de receita líquida de revenda correspondente às oito maiores empresas do setor. No período de dez anos, a concentração da atividade comercial entre as oito maiores empresas variou de 10,8% para 9,7%.
O comércio atacadista registrou uma redução de 3,5 p.p. no indicador de concentração, indo de 22,1% em 2008 para 18,6% em 2017. O comércio atacadista de combustíveis e lubrificantes, atividade mais concentrada e com segunda maior receita líquida de revenda de todo o comércio, teve um decréscimo de 7,0 p.p. no período (R8 de 72,5% em 2008 e 65,5% em 2017). O varejo permaneceu estável (9,3% em 2008 e 9,5% em 2017) e o segmento de comércio de veículos, peças e motocicletas apresentou ligeira elevação, de 3,6% em 2008 para 4,5% em 2017.
Mais de 70% dos empregados do comércio estão no varejo
A atividade comercial empregou 10,2 milhões de pessoas em 2017, sendo 74,3% no comércio varejista, 17,0% no comércio por atacado e 8,7% no comércio de veículos, peças e motocicletas.
O principal destaque do varejo foi o avanço de 5,9 p.p. do comércio varejista de produtos alimentícios, bebidas, fumo e minimercados (que passou da quinta para a primeira posição no ranking de ocupação dentro do varejo nos últimos dez anos). O comércio varejista de tecidos, vestuário, calçados e armarinho recuou em 2,9 p.p. em participação na ocupação nos últimos dez anos, passando da primeira para a terceira posição no ranking.
Hipermercados e supermercados aumentaram ocupação média de 81 para 102 pessoas em dez anos
Entre 2008 e 2017, o número médio de pessoas empregadas em atividades comerciais variou de seis para sete. O comércio de veículos, peças e motocicletas manteve ocupação média de seis pessoas e o comércio por atacado de nove, enquanto o comércio varejista passou de cinco para seis pessoas ocupadas por empresa.
Já os hipermercados e supermercados aumentaram sua ocupação média de 81 para 102 pessoas por empresa nos últimos dez anos, tendo sido a única atividade a aumentar significativamente de tamanho no período. Essa expansão foi decorrente de um aumento na quantidade de pessoal ocupado proporcionalmente maior que no número de empresas. As maiores reduções, por sua vez, ocorreram dentro do comércio atacadista: as empresas que representam o comércio por atacado de máquinas, aparelhos e equipamentos, inclusive TI e comunicação, reduziram o porte em 4 pessoas por empresa, enquanto aquelas do comércio por atacado de mercadorias em geral encolheram em 5 pessoas por empresa.
Rendimentos médios do comércio permanecem estáveis em dez anos
Entre 2008 e 2017, manteve-se estabilidade nos rendimentos médios das pessoas empregadas em empresas comerciais (1,9 e 1,8 salário mínimo, respectivamente). No comércio de veículos, peças e motocicletas, pagou-se em média 2,0 s.m., 10,9% abaixo de 2008. Entre as atividades desse segmento, o comércio de motocicletas, peças e acessórios e o de veículos automotores apresentaram quedas mais acentuadas, com variações negativas de 19,2% e de 17,0%, respectivamente; já o de peças para veículos teve redução de 2,3%.
No setor comercial atacadista, por sua vez, o salário médio mensal foi de 2,7 s.m. em 2017, 8,6% abaixo de 2008. O segmento varejista, cuja remuneração média é mais baixa, permaneceu estável, pagando cerca de 1,6 s.m.
Sudeste concentra quase metade das lojas do país
Entre as grandes regiões, o Sudeste foi responsável pela maior parcela da receita bruta de revenda, do número de unidades locais, do pessoal ocupado e dos salários, retiradas e outras remunerações. A região Sul aparece na segunda posição, seguida por Nordeste, Centro-Oeste e Norte. As posições se mantiveram inalteradas no período estudado, apesar de um ligeiro movimento de desconcentração regional, com perda de participação do Sudeste e ganho do Norte, Nordeste e Centro-Oeste.
Em 2017, o Sudeste gerou 50,5% da receita bruta de revenda e deteve 49,2% das unidades locais do país, contra 53,1% e 49,6%, respectivamente, em 2008. No mesmo período, a receita bruta de revenda da região Nordeste passou de 14,3% para 15,7% e o número de unidades locais de 17,7% para 18,5% do total do Brasil. A região Centro-Oeste também obteve um crescimento da participação na receita bruta de revenda, passando de 8,8% em 2008 para 10,1% em 2017.
De forma similar, a região Sudeste empregou a maioria do pessoal ocupado no comércio do país em 2017, com 51,2% do total. Houve, porém, uma queda na participação desta região nos últimos 10 anos (-1,5 p.p.), contrabalanceada por um aumento na fatia da região Nordeste, que passou de 16,1% em 2008 para 17,4% em 2017.
Analisando-se a distribuição percentual da receita bruta de revenda entre as Unidades da Federação dentro de cada Grande Região em 2017, observa-se que o Sudeste apresentou uma grande concentração da atividade comercial em São Paulo, respondendo por 61,4% dessa variável na região. Minas Gerais ocupou a segunda posição, seguida pelo Rio de Janeiro e Espírito Santo. Em relação a 2008, houve ligeira queda de participação de São Paulo (-1,0 p.p.) em favorecimento de Minas Gerais (1,4 p.p.).
No caso do Norte, Amazonas e Pará foram responsáveis, conjuntamente, por 63,6% da receita bruta de revenda da região em 2017, embora Amazonas tenha perdido 8,0 p.p. de participação na região na comparação com 2008, em contraposição ao ganho do Pará (3,1 p.p.). Vale destacar, também, a ampliação de importância do Tocantins (5,9 p.p.).
No Nordeste, em 2017 63,7% da receita concentrou-se nos estados da Bahia, de Pernambuco e do Ceará, percentual que não se alterou muito na comparação com 2008, embora Pernambuco e Ceará tenham ampliado sua importância em 2,6 p.p. e 0,6 p.p., respectivamente, enquanto a Bahia perdeu relevância (-3,5 p.p.).
Na região Centro-Oeste, os estados do Mato Grosso e de Goiás responderam por 32,4% e 35,2% da receita bruta de revenda, respectivamente, em 2017. Vale destacar que, nos últimos dez anos, Mato Grosso aumentou sua relevância em 7,3 p.p. enquanto Distrito Federal perdeu 5,8 p.p. no total da região.