O isolamento social muda os hábitos de consumo, e no Brasil houve retração durante o mês de março. Esta é a principal conclusão de um estudo apresentado hoje pela Kantar, líder global em dados, insights e consultoria, sobre os impactos da pandemia no Brasil e no mundo.
Na comparação entre a semana do dia 9, na pré-quarentena, e a do dia 23, houve redução de 8% no gasto total dos consumidores, 5% na frequência de viagens aos pontos de venda e 9% no tamanho da cesta (quantidade de itens). O mesmo cenário foi registrado na China, onde a recuperação só se deu seis semanas após o início da quarentena.
O abastecimento inicial dos lares na semana de 16 de março foi principalmente com categorias básicas e não perecíveis. Gastos com papel higiênico, por exemplo, aumentaram 47% em relação à semana anterior. Em seguida vieram sabonete, com 41%, detergente (40%) e água sanitária / alvejante (38%). Alimentos, como leite, açúcar, derivados de tomate, iogurte e massa, também se destacaram.
Já na semana de 23 de março, as categorias que mais cresceram foram linguiças e embutidos (+15%), água sanitária e alvejantes (+8%), água mineral (+8%), frangos (+7%), leite (+6%), acessórios de limpeza (+6%), alimentos para pets (+5%), iogurte (+2%) e pão industrializado (+2%). Em compensação, a cesta que sofreu maior impacto foi a de higiene. Os gastos com absorventes e desodorantes caíram 34%, creme dental 30% e produtos pós xampu 28%. A retração também foi notada nos produtos indulgentes. Entre eles, salgadinhos (-23%), sucos (-19%), refrigerantes (-13%) e achocolatados (-11%).
“Na pós-estocagem foram priorizados os produtos para limpeza da casa e os não perecíveis. Já entre os formatos, o varejo tradicional permaneceu importante, enquanto farmácias e hipermercados perderam espaço entre os consumidores brasileiros”, explica David Fiss, Diretor de Client Service & New Business da Kantar.