O assunto não é novo, mas é sempre importante falar sobre as consequências que o cansaço constante traz para a nossa saúde. O infográfico ‘Sociedade do Cansaço’, desenvolvido pela Globo e publicado em Plataforma Gente nesta segunda-feira, 14, traz dados e reflexões sobre os impactos nocivos na mente e no corpo diante de uma busca imperativa do ser humano pelo fazer “seu melhor” ou estar sempre “dando tudo de si”.
Segundo a Pesquisa Valores 2019, realizada pela área Sintonia com a Sociedade, da Globo, 72% dos entrevistados do país acham que os brasileiros estão cansados. E, quando o recorte é feito apenas entre os que vivem nas capitais, esse percentual aumenta para 74%.
Para Byung-Chul Han, filósofo coreano residente em Berlim, esse alto índice é fruto da globalização. Antes dessa evolução, a vida girava em torno de uma sociedade disciplinar. Com o passar do tempo, o comportamento foi se transformando numa sociedade do desempenho.
O Infográfico faz uma comparação bem elucidativa sobre essa visão de Byung-Chul Han. Uma vida disciplinada é baseada na repetição e obediência, tal qual a lógica fordista oriunda da Revolução Industrial. Já o ato de desempenhar é o que impulsiona o indivíduo a olhar adiante. O sujeito do desempenho mais rápido e eficiente cobra de si mesmo essa eficiência. Ao longo de muitos anos, esse cansaço se acumulou e o homem ainda não encontrou o equilíbrio, como bem mostram os dados da pesquisa citada acima e uma lista crescente de sintomas e doenças cada vez mais comuns: fadiga, exaustão, culpa, ansiedade, depressão, Burnout – distúrbio psíquico de caráter depressivo, precedido de esgotamento físico e mental intenso -, pensamentos suicidas, aumento do uso de drogas, insônia e dependência digital.
Outro ponto de reflexão da pesquisa é a busca pela positividade como um fator que em vez de ajudar, pode atrapalhar e muito a forma como lidamos com o cansaço mental. Na positividade onde tudo é possível, o sujeito é seu próprio projeto e não pode parar. Não pode parar porque está sempre atrás do seu ‘melhor eu’ em todos os aspectos da vida, acreditando que o sucesso só depende dele mesmo.
Estamos presos a esse contexto e a essa dinâmica, atados pela psiquê e pelas emoções. A pergunta que fica é: que respiros podemos ter? Talvez possamos começar pela construção de um novo capítulo na sociedade que promova o acolhimento, o pertencimento e o sentimento de comunidade.