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Acordo bilateral com a Rússia pode elevar exportações do Brasil em US$ 261 milhões

Estudo projeta aumento de 17% das exportações nacionais ao mercado russo

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A aproximação econômica entre Brasil e Rússia pode ampliar em US$ 261 milhões o fluxo das exportações nacionais ao mercado russo. O dado foi apresentado, na sexta-feira (2/7), durante webinar internacional promovido pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea). De acordo com o estudo, a ampliação do comércio bilateral com a Rússia poderia beneficiar a balança comercial brasileira, com o aumento de até 17% nas exportações nacionais, impulsionadas pelo aproveitamento de oportunidades comerciais no mercado russo.

A pesquisa conclui que a composição atual dos fluxos comerciais entre Brasil e Rússia apresenta duas características marcantes: alto grau de concentração e baixo nível de comércio intra-indústria, sendo que as exportações brasileiras são constituídas essencialmente por commodities minerais e agroalimentares. Em contrapartida, as exportações russas estão concentradas em fertilizantes, petróleo e derivados.

A abertura do evento foi realizada pelo presidente do Ipea, Carlos von Doellinger, que destacou a importância dos estudos sobre a relação comercial entre Brasil e Rússia. Ele argumentou que, apesar da distância geográfica entre os países, ambos compartilham de interesses comuns na agenda de comércio exterior. “As duas economias possuem forte capacidade competitiva no comercio internacional. O Ipea tem contribuído significativamente com indicadores e pesquisas para avançarmos em propostas de acordo bilateral e políticas de comércio integrado”, declarou.

O estudo apresentado listou os produtos brasileiros mais negociados no mercado russo nas últimas décadas. De acordo com o levantamento, o comércio de carne bovina representa 28,9%, suína 15,0% e frango 7,0%. O açúcar corresponde a 26,2% das exportações e continua sendo um item relevante nas relações comerciais com a Rússia, assim como o café e o tabaco. Quanto aos produtos manufaturados, os tratores rodoviários contribuíram no fluxo comercial a partir de 2010, representando 4,7% das exportações.

O webinar também contou com a participação do embaixador Sergey Ryabkov, vice-ministro de Relações Exteriores da Federação Russa. Segundo ele, ambas as economias deverão se beneficiar com o aprimoramento das relações comerciais. Ele destacou os atuais desafios comerciais impostos pela pandemia na agenda de comércio exterior. “As economias globais estão enfrentando momentos adversos causados pela Covid-19. É preciso fortalecer novas parcerias e buscar oportunidades de expansão comercial. Enxergamos esse potencial na aproximação comercial com o Brasil”, destacou.

Mercosul

O evento contou ainda com a participação do embaixador Pedro Miguel da Costa e Silva, secretário de Negociações Bilaterais e Regionais nas Américas no Ministério das Relações Exteriores (MRE). Ele antecipou que o Brasil assumirá ainda neste mês a presidência do Mercosul para o mandato que terá duração até o fim de 2021. Também avaliou que bloco econômico deverá buscar aplicar novas políticas de integração na agenda de comércio exterior e que estarão direcionadas ao mercado russo. “A aproximação comercial com a Rússia abre oportunidades estratégicas não somente para o Brasil, mas para todos os países membros do bloco. Já estamos trabalhando em propostas regulatórias para flexibilizar barreiras tarifárias e acordos envolvendo o mercado russo”, afirmou.

Na avaliação do pesquisador do Ipea Fernando Ribeiro, o atual padrão de comércio entre Brasil e Rússia ainda é limitado a alguns produtos em que os países têm clara vantagem comparativa. “O levantamento aponta que o Brasil compra predominantemente fertilizantes e vende carne, café e soja para a Rússia. O comércio de produtos mais sofisticados permanece em níveis muito baixos. Isso sugere que a ampliação do padrão de comércio exige esforços consideráveis para ir além”, observou.

Cooperação em tecnologia

O estudo apresentado durante o webinar também analisou segmentos específicos nas relações comerciais entre Brasil e Rússia. A pesquisa aponta que ambos os países têm buscado aprimorar sua cooperação em ciência, tecnologia e inovação. O pesquisador do Ipea André Pineli considerou ser necessário ampliar os esforços para melhorar o estado desta relação comercial, que foi denominada parceria estratégica em 2002 e aliança tecnológica em 2004. “Apesar das boas intenções, poucas iniciativas prosperaram na agenda de tecnologia, sendo a mais notável a participação de instituições brasileiras no sistema russo de navegação por satélite. É possível buscar novas frentes de atuação”, afirmou o pesquisador,

Os participantes do webinar foram enfáticos ao destacar que as relações comerciais entre as duas economias oferecem benefícios diretos e possibilidades de fortalecimento econômico. De acordo com dados apresentados, os estoques de investimentos brasileiros na Rússia foram de US$ 6 milhões em 2019, enquanto os investimentos russos no Brasil totalizaram US$ 180 milhões. O diretor de Estudos e Relações Econômicas e Políticas Internacionais do Ipea, Ivan Oliveira, afirmou que mais estudos deverão ser publicados no próximo mês analisando novos segmentos e oportunidades de mercado na relação bilateral entre Brasil e Rússia.

Leia aqui a nota técnica preliminar: ‘Economic Impacts of a Free Trade Agreement Between Brazil and Russia: A General Equilibrium Approach’ (em inglês).

Leia aqui a nota técnica preliminar: ‘Brazil and Russia: how to improve the economic relationship beyond resource-based industries’ (em inglês).

Veja o webinar no canal do Ipea no Youtube.

CidadeMarketing com informações do Ipea.

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