Se você frequenta a Tijuca, certamente já almoçou, ou passou pelo Churrasqueto Lareira Original. A casa, um patrimônio cultural e gastronômico da região, comemora no final de julho 50 anos. Com muitas histórias para contar, o restaurante coleciona momentos, recebendo ao longo destes anos diversas gerações.
Sob a gestão de Marisol Baz, a casa oferece a boa e tradicional comida brasileirinha. Carnes com seus cortes especiais, arroz com fritas, feijãozinho da casa, sem falar na melhor farofa de ovo da Tijuca, e quem fala isso, são os próprios clientes, que não deixam de visitar a casa, seja num final de semana, num almoço de trabalho, com amigos, e em família. Num ambiente familiar, o lugar é ponto de encontro das tradicionais famílias da região, desde os funcionários, cuja equipe é mantida quase em sua maioria por jovens senhores, que acompanharam o Churrasqueto Lareira desde a fundação. É o caso do Senhor Marreira, conhecido e querido de todos os clientes. Ele se aposentou, mas, não aguentou viver sem sua rotina em família e pediu para continuar. Para ele, trabalhar no Lareira é manter viva a alegria de estar entre amigos e se sentir útil, como sempre foi.
Mas quem deu início à empreitada foi o senhor José Ramiro Tejido Baz, um espanhol nascido em Pontevedra, na Galícia. No ano de 1964 desembarcou no Brasil ainda jovem indo trabalhar em um restaurante no Largo do Machado. Com alma empreendedora, abriu seu primeiro negócio em meados dos anos 60, numa lojinha que chamava de Lareira. Convidou dois outros amigos espanhóis para a sociedade, e determinado, conseguiu comprar um espaço na Tijuca, onde aos poucos instalou sua casa, que começou a se solidificar na cidade carioca.
Em pouco tempo veio a segunda unidade, logo em frente. Muito trabalho, dedicação e uma marca consolidada. Com o falecimento de seu pai, a filha Marisol passou a ficar à frente dos negócios, e uma das lojas foi vendida. Eles ficaram com o espaço maior, ao lado da Caixa Econômica na badalada rua Major Ávila na Tijuca.
Conhecida pelos íntimos como Sol, a atual gestora, filha do senhor Ramiro é formada em jornalismo e educação física, e mesmo acompanhando de longe os negócios do seu pai, não se intimidou em assumir o projeto da família, um legado de seu pai, que mantém com carinho, para resgatar a história dele e manter a tradição do bairro.
“Confesso que senti medo de assumir esta responsabilidade. Era o sonho do meu pai que se concretizou. Ele idealizou tudo, o nome, o cardápio, o desejo de ser um lugar conhecido pelo bairro. E, conseguiu. E, me sinto contente de continuar com seu legado”, comenta a executiva.
Durante a pandemia, o Churrasqueto Lareira Original, chamado por alguns apenas de “Lareira”, por outros apenas de “Churrasqueto”, mas, que Sol gosta de incluir o original para manter a memória viva do seu pai, que deu origem ao local, ficou fechado na primeira semana de março, por uns 5 dias apenas. Foi preciso reduzir o quadro, deixando os mais velhos em casa e os jovens à frente do trabalho. Eles passaram a oferecer o serviço de delivery durante todo o período de restrição, e como já faziam entregas, foi mais fácil seguir neste formato. Recentemente a casa passou por algumas reformas, mantendo a tradicionalidade, com um toque mais atual e sofisticado, e hoje possui um charmoso espaço para quem deseja celebrar pequenas reuniões, sendo a nova aposta para o segundo semestre, quando todos estiverem vacinados retomando a confiança de se expor em lugares públicos.
Sol investiu nas mudanças, mantendo seu cardápio brasileirinho para continuar oferecendo gastronomia afetiva, destas que o pai leva o filho e se lembra de quando seu pai o levava, e era o mesmo sabor. Ela e sua equipe acompanham por ali famílias que vão formando novas famílias de tijucanos, atraindo também clientes de toda cidade. A gestora se orgulha de ter passado pela pandemia sem ter demitido nenhum funcionário e pretende celebrar a data com várias ações para festejar com sua família- equipe, e as grandes famílias de frequentadores.