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Em Sergipe aconteceu uma desinteligência artificial, desconhecimento facial e brutalidade analógica

A abordagem bruta da polícia em meio ao uso de tecnologias de reconhecimento facial, considerada um movimento inovador como guardião da proteção do povo, destaca um paradoxo preocupante na aplicação da segurança pública.

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Reprodução/X

A integração da inteligência artificial e do reconhecimento facial na segurança pública tem sido tema de debate em diversos países, destacando-se tanto os benefícios quanto os desafios dessa tecnologia. Recentemente, um incidente em Sergipe ilustrou os riscos de erros nesse sistema, trazendo à tona questões cruciais sobre sua implementação.

No último sábado (13), durante a final do Campeonato Sergipano entre Confiança e Sergipe, um episódio lamentável expôs as fragilidades do sistema de reconhecimento facial. João Antônio, torcedor presente no estádio Batistão, foi erroneamente conduzido pela polícia após o sistema identificá-lo como um suspeito. O constrangimento vivenciado por João Antônio reflete não apenas falhas técnicas, mas também a falta de um protocolo adequado para lidar com possíveis erros.

 

“Na final do Campeonato Sergipano passei uma situação que nunca imaginei que fosse possível e venho com vergonha e indignação compartilhar para que algo aconteça e isso não se repita”, relatou o torcedor em suas redes sociais. Após ser levado para uma sala no estádio, interrogado e intimidado, João Antônio foi liberado quando os policiais reconheceram o equívoco.

Este incidente evidencia a necessidade de uma abordagem mais cuidadosa na utilização da tecnologia de reconhecimento facial. Além disso, coloca em destaque a importância de treinamentos adequados para os agentes de segurança e a implementação de salvaguardas para evitar abusos e erros.  Vários países têm reavaliado o uso do reconhecimento facial devido a preocupações com privacidade, erros e viés racial. Por exemplo, a França proibiu o uso dessa tecnologia em escolas e pela polícia. Da mesma forma, cidades como Portland (EUA) e Oakland (Califórnia) baniram o uso do reconhecimento facial por órgãos governamentais.  Para os Jogos Olímpicos de Paris em 2024, as câmeras de segurança com algoritmos serão empregadas para identificar eventos ou comportamentos suspeitos ou de risco. As autoridades garantem que essa ferramenta não fará uso do reconhecimento facial.

À medida que os algoritmos de reconhecimento facial continuam a se aprimorar, eles estão se tornando mais proficientes em lidar com uma série de desafios, como o envelhecimento, a iluminação inadequada e até mesmo a presença de máscaras faciais. Simultaneamente, os bancos de dados de rostos estão crescendo exponencialmente devido à disseminação de câmeras de segurança e à ampla coleta de imagens provenientes de diversas fontes. É importante reconhecer que essa expansão não é apenas impulsionada pelos avanços tecnológicos, mas também pela crescente aceitação e adoção de escaneamentos faciais, pela extração de imagens das redes sociais e pela coleta de dados realizada por meio de aplicativos e pelas autoridades.

O governador de Sergipe, Fábio Mitidieri, reagiu prontamente ao episódio lamentável ocorrido durante a final do Campeonato Sergipano, no qual um torcedor foi erroneamente abordado pela polícia devido a uma falha no sistema de reconhecimento facial. Em seu perfil nas redes sociais, Mitidieri expressou pesar pela situação e anunciou a suspensão imediata do uso da ferramenta de reconhecimento facial. Ainda assim, ele destacou que outro erro foi evidenciado durante o evento Pré-Caju, no qual uma jovem foi confundida duas vezes com uma foragida da Justiça devido a um erro da IA (Inteligência Artificial) utilizada no reconhecimento facial das câmeras do evento. Durante uma das abordagens, ela chegou até a urinar devido à situação constrangedora e com medo. Esta decisão foi tomada como medida preventiva até que um novo protocolo seja estabelecido, visando evitar incidentes semelhantes no futuro.

A abordagem bruta da polícia em meio ao uso de tecnologias de reconhecimento facial, considerada um movimento inovador como guardião da proteção do povo, destaca um paradoxo preocupante na aplicação da segurança pública. Embora a tecnologia tenha o potencial de auxiliar as forças policiais na identificação de suspeitos e na prevenção de crimes, sua implementação inadequada ou falhas no sistema podem resultar em abordagens equivocadas e violações dos direitos individuais dos cidadãos.  O caso em Sergipe serve como um alerta para a necessidade de uma abordagem mais cautelosa e ética no uso da inteligência artificial e do reconhecimento facial na segurança pública. É fundamental que as autoridades ajam com responsabilidade, garantindo que essa tecnologia seja aplicada de maneira justa, transparente e respeitosa.

Os eventos lamentáveis ocorridos em Aracaju/SE envolvendo tecnologia e segurança pública revelam uma combinação de problemas, que incluem desinteligência artificial, desconhecimento facial e brutalidade analógica.

O fato foi exibido no Fantástico no dia 21/04/2024.

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