A vitória de Donald Trump nas eleições norte-americanas impactou rapidamente os mercados globais, resultando em uma valorização significativa do dólar em relação a outras moedas. Nesta quarta-feira (6), o gráfico de câmbio do Google indicou uma alta expressiva no dólar americano, que chegou a ser cotado a R$ 6,06 por volta das 10h15, marcando uma elevação de 5,6% no início do pregão e atingindo uma máxima de R$ 6,19. Esse valor representaria um recorde histórico, sendo a primeira vez que a moeda norte-americana ultrapassa a marca de R$ 6,00.
Em contraste, as casas de câmbio exibiam valores de dólar turismo variando entre R$ 5,70 e pouco acima de R$ 6,00, o que gerou confusão entre os usuários e debates nas redes sociais. No X (antigo Twitter), o termo “R$ 6,12” foi amplamente comentado, e a situação foi destaque em veículos como Infomoney e Estadão, que também questionaram a precisão das informações exibidas pelo Google e seu impacto na percepção pública da cotação do dólar no Brasil.

As falhas no gráfico do Google, que exibiu uma cotação do dólar acima dos valores de mercado, persistiram ainda durante a tarde.
Com a reeleição de Trump, há expectativas de políticas econômicas mais agressivas em relação ao comércio exterior e aumento de tarifas, especialmente em mercados asiáticos. Esse cenário fortalece a confiança dos investidores na economia americana, gerando uma procura acentuada pela moeda americana, que disparou não apenas frente ao real, mas também em comparação com outras moedas emergentes, devido à perspectiva de endurecimento nas relações comerciais.
Para o mercado brasileiro, o impacto imediato é preocupante. O aumento do dólar encarece diretamente insumos e produtos importados, afetando especialmente setores que dependem de tecnologia, peças de maquinário, e componentes eletrônicos. Pequenas e médias empresas, já pressionadas pela inflação e aumento dos custos de operação, enfrentam desafios adicionais para manter a competitividade.
Além disso, setores como o agronegócio, que dependem de fertilizantes importados, também sentirão o peso da alta da moeda. Produtos finais e bens de consumo tendem a refletir esse aumento nos preços, gerando um efeito cascata que afeta o poder de compra dos consumidores e impacta o consumo interno.
O Banco Central (BC) utiliza intervenções no fluxo cambial para estabilizar o valor do real frente ao dólar, especialmente em momentos de alta volatilidade. Uma das formas mais comuns é o swap cambial, que permite ao BC oferecer proteção aos investidores contra oscilações da moeda americana sem precisar liberar dólares físicos no mercado. No swap cambial, o BC troca a variação do dólar por uma taxa de juros doméstica, a Selic, o que ajuda a conter a demanda excessiva por dólar no mercado futuro e a reduzir a pressão sobre o câmbio. Esse mecanismo é essencial para empresas e instituições financeiras que possuem dívidas em dólar e necessitam de uma proteção contra a desvalorização da moeda nacional.
Além do swap, o BC também pode atuar diretamente no mercado de câmbio à vista, realizando leilões de venda de dólares para conter picos de alta e fornecer liquidez imediata. Essa intervenção direta é menos frequente, mas torna-se uma ferramenta poderosa em momentos de crise acentuada. A combinação dessas operações permite ao BC gerenciar o fluxo cambial de forma mais flexível, ajudando a proteger a economia brasileira de flutuações abruptas e garantindo condições mais previsíveis para o setor financeiro e o empresariado. Essas medidas são cruciais em tempos de instabilidade global ou mudanças na política econômica dos Estados Unidos, como alterações na taxa de juros que impactam diretamente o fluxo de capitais internacionais.
O Google emitiu uma nota esclarecendo sobre a fonte de dados de sua funcionalidade de “Câmbio de Moeda”: “Recursos da Busca como o “câmbio de moeda” são baseados em dados de terceiros e, em caso de imprecisões, nós removemos as informações da Busca e trabalhamos com o provedor dos dados para ajustá-las o mais breve possível. Mais informações sobre nossas fontes de dados podem ser encontradas aqui.”