Pela primeira vez desde sua introdução em 1994, o dólar à vista ultrapassou a marca histórica de R$ 6 nesta quinta-feira (28). A cotação, que alcançou R$ 6,0003 na máxima, reflete a reação negativa do mercado ao anúncio do pacote de contenção de gastos do governo, combinado com uma inesperada reforma do Imposto de Renda. Às 12h13, na B3, o contrato de dólar futuro subia 0,40%, a R$ 5,987. Nas casas de câmbio, o dólar turismo já ultrapassava R$ 6,22 na modalidade de venda. Em Aracaju, a moeda chegou a ser negociada por até R$ 6,40 incluindo IOF e tarifa.
Além da valorização do dólar, o Ibovespa, principal índice da bolsa brasileira, registrava queda significativa, refletindo o clima de aversão ao risco. A alta da moeda norte-americana é acompanhada de perto por economistas e analistas, que alertam para os possíveis impactos inflacionários e o encarecimento de produtos e serviços importados.
O movimento de alta do dólar intensificou-se após o anúncio feito pelo ministro da Fazenda, Fernando Haddad, na noite de quarta-feira (27). Em pronunciamento em rede nacional, Haddad revelou mudanças no Imposto de Renda, incluindo a ampliação da faixa de isenção para contribuintes que ganham até R$ 5 mil por mês, além de um pacote de contenção de gastos estimado em R$ 71,9 bilhões nos próximos dois anos.
Embora o pacote tenha como objetivo melhorar a saúde fiscal do país, investidores demonstraram ceticismo quanto à sua eficácia e ao impacto das medidas sobre o crescimento econômico. A falta de previsibilidade gerou volatilidade nos mercados, com o dólar batendo recordes consecutivos.
Na véspera, o dólar já havia fechado em R$ 5,9141, o maior valor nominal de encerramento até então. A marca histórica representa uma combinação de fatores internos e externos, incluindo as incertezas políticas e econômicas locais, bem como o fortalecimento do dólar frente às moedas emergentes em meio a perspectivas de alta de juros nos Estados Unidos.