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LATAM enfrenta “bird strike” em voo e CEO gera polêmica ao questionar quem paga a conta

"Quem paga este custo? Os passageiros!", disse Jerome Cadier.

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Divulgação/Redes Sociais
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Na manhã desta quinta-feira (20), um avião da LATAM precisou retornar ao Aeroporto Internacional do Galeão, no Rio de Janeiro, após colidir com um pássaro durante a decolagem. O incidente ocorreu no voo LA 3367, com destino a São Paulo (Guarulhos), e causou danos ao bico da aeronave, resultando no cancelamento da viagem.

A aeronave pousou em segurança às 11h04, sem feridos. Os passageiros receberam assistência da companhia e foram reacomodados em voos alternativos programados para quinta e sexta-feira (21).

O CEO da LATAM Brasil, Jerome Cadier, utilizou as redes sociais para questionar quem arca com os custos nesses casos e criticar a frequente judicialização de problemas enfrentados pelas companhias aéreas. A declaração gerou reações imediatas, com muitos consumidores e especialistas apontando que a responsabilidade financeira da empresa não deveria ser transferida aos passageiros.

Os críticos destacaram que:

  • A segurança do voo foi mantida graças à habilidade dos pilotos;
  • A LATAM deve respeitar o Código de Defesa do Consumidor (CDC);
  • Companhias aéreas possuem seguros para incidentes desse tipo;
  • A empresa cobra valores elevados por serviços adicionais, como escolha de assentos, remarcações e despacho de bagagens;
  • O choque com aves é um risco operacional que deve ser previsto no planejamento da empresa, conforme as normas da ANAC.

O debate também trouxe à tona o histórico de relacionamento da LATAM com seus clientes. No site ReclameAqui, a empresa possui uma nota média de 5,82 com base em mais de 64.000 reclamações. Já na plataforma Consumidor.gov.br, criada em 2014, a LATAM acumula quase 200.000 reclamações, com uma avaliação média de 3,2 em uma escala de 5.  Até 30 de abril de 2024, dados da ANAC reportam 8.302 reclamações contra a LATAM, em comparação com 7.461 da Azul Linhas Aéreas e 7.028 da Gol Linhas Aéreas, no segundo semestre de 2024.

Dados da Anac até 30/04/2024.

Diante da repercussão, Cadier voltou às redes sociais para esclarecer seu posicionamento. Ele enfatizou que colisões com aves não são raras e que, apenas em 2024, a LATAM Brasil registrou 562 ocorrências desse tipo (uma média de 1,5 por dia). Segundo ele, o manejo da fauna é uma responsabilidade dos aeroportos e dos municípios, e a falta de investimentos adequados acaba gerando custos adicionais para as companhias e, consequentemente, para os passageiros.

“Quem paga este custo? Os passageiros! Os reparos nas aeronaves têm um custo que é incorporado no preço da passagem”, declarou o executivo.  Ele também comentou sobre as ações judiciais contra as companhias aéreas, mencionando que o Brasil concentra 98% das ações do mundo nesse setor, apesar de representar apenas 3% dos voos globais. “Tem algo errado nisso”, afirmou.

Ao final da postagem, Cadier reconheceu que deveria ter explicado melhor seu desabafo e prometeu adotar uma abordagem mais cuidadosa em futuras declarações.

As postagens gerou forte reação dos passageiros, que usaram as redes sociais para expressar sua insatisfação com a companhia aérea. Entre os principais pontos abordados estão o overbooking, os atrasos frequentes e a falta de suporte adequado aos clientes diante de imprevistos.

O empresário Bernardo D. compartilhou uma experiência frustrante envolvendo sua irmã, que teve o embarque negado em um voo de São Paulo para Barcelona devido ao excesso de passageiros.  “Hoje um desabafo! Agora há pouco, minha irmã perdeu o voo da LATAM de São Paulo para Barcelona, onde viria me visitar e visitar sua sobrinha. O motivo? Excesso de passageiros (‘Overbooking’ na aviação). Ela teve que viajar para Frankfurt, perdeu uma conexão, perdeu tempo, perdeu dinheiro e, mais importante, perdeu o evento de balé da minha filha, onde ela se apresentaria. Posso apostar com vocês que a primeira resposta da LATAM será um pedido de desculpas padrão, talvez um voucher, mas a experiência perdida? Essa não tem reembolso. E assim segue a aviação brasileira… a pergunta é: quem paga a conta?”

Outro passageiro, Ítalo Favero, criticou a postura da empresa ao cobrar tarifas elevadas em situações inesperadas, enquanto transfere os riscos operacionais aos clientes.

“Se eu fico doente e perco um voo, a LATAM vai me cobrar uma multa tenebrosa, além da diferença tarifária absurda (porque os voos de última hora são uma piada de mau gosto, às vezes custando 4 mil reais no trecho Rio-SP), sem que eu possa me justificar e fazer a companhia entender que se tratou de uma situação excepcional.  É o risco do negócio. Lidar com aviação é lidar com redundância. A chance de um pássaro atingir um avião e danificá-lo é baixa? Sim, mas não inexistente. Então o risco tem que entrar no cálculo. É preciso ter equipe e aeronave disponíveis para reacomodar os passageiros ou, em último caso, fornecer um assento em outra companhia aérea.  E respondendo à sua pergunta, quem paga a conta somos nós, consumidores. As passagens estão cada vez mais caras e eu não tenho dúvidas de que a precificação já inclui o risco jurídico no cálculo do lucro.”

A empresária Karen Filietaz, que viaja frequentemente entre Brasil e Chile, destacou que os problemas da LATAM vão além de eventos inesperados, apontando atrasos constantes e um atendimento cada vez mais automatizado e ineficiente.

“Jerome, conheço você há anos, já fizemos reuniões juntos, te respeito imensamente como pessoa e profissional. Mas o serviço da LATAM está bem complicado. Moro em Santiago do Chile e nunca – digo nunca mesmo – em quase três anos de idas e vindas ao Brasil, um voo saiu no horário.  O despacho automático é muito ruim, me sinto uma funcionária da LATAM, porque tenho que fazer tudo sozinha, mesmo pagando a tarifa mais alta para assentos prioritários. Nunca processei a LATAM, mesmo ficando uma vez duas horas dentro da aeronave com duas crianças pequenas, porque já tinha vencido o horário dos comissários de bordo e tivemos que esperar a nova equipe chegar.  Se pensar bem, vocês ainda estão no lucro pela quantidade de gente que não processa e poderia. Precisa ajustar.”

O caso evidencia o impacto operacional dos “bird strikes” na aviação comercial e levanta discussões sobre responsabilidade, segurança e relação entre empresas aéreas e consumidores. Enquanto a LATAM reforça seu compromisso com a transparência, a repercussão do desabafo de seu CEO evidencia que a comunicação corporativa exige sensibilidade e clareza, a fim de evitar ruídos desnecessários. É essencial compreender que a comunicação coletiva nas redes sociais serve como uma oportunidade de aprendizado e aprimoramento contínuo, identificando falhas e buscando soluções para casos críticos apontados pelos consumidores nos comentários.

A ANAC dispõe de uma página exclusiva para o acolhimento de passageiros que enfrentem problemas com companhias aéreas no Brasil.

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