O clima nos mercados financeiros globais azedou drasticamente neste início de semana, com o S&P 500 VIX (VIX), amplamente conhecido como o “índice do medo”, disparando para patamares que remetem a períodos de profunda instabilidade, como a crise financeira de 2008 e o auge da pandemia em 2020. Esse aumento repentino na volatilidade coincide com um colapso significativo na Bolsa de Tóquio e fortes quedas nos futuros de Wall Street, tudo orquestrado pela crescente apreensão em torno das políticas comerciais protecionistas do governo Trump.
O VIX, que mede a expectativa de volatilidade do mercado acionário americano com base nas opções do índice S&P 500, saltou expressivamente, refletindo o nervosismo dos investidores diante da imposição de novas e abrangentes tarifas comerciais pelos Estados Unidos. A medida mais recente, uma taxa de 25% direcionada às importações de automóveis, atingiu em cheio a economia japonesa, fortemente dependente de suas exportações.
Nikkei 225 desaba e aciona “Circuit Breaker”
A reação no mercado japonês foi imediata e brutal. O principal índice de ações do país, o Nikkei 225, sofreu um tombo de quase 9% no início da sessão de segunda-feira, atingindo seu nível mais baixo em 17 meses, desde novembro de 2023. A magnitude da queda acionou o “circuit breaker”, um mecanismo de segurança projetado para interromper as negociações em momentos de pânico generalizado, evitando um colapso ainda maior.
No fechamento da semana anterior, o Nikkei já havia acumulado perdas superiores a 9%, liderado por um forte declínio nas ações bancárias, indicando uma crescente preocupação com a saúde do setor financeiro em meio às incertezas econômicas globais.
O temor propagado pela Ásia rapidamente contagiou os mercados futuros americanos, prenunciando uma abertura turbulenta em Wall Street. Os principais índices futuros registravam perdas significativas na noite de domingo (horário de Brasília):
Dow Jones Futuro: -3,15%
S&P 500 Futuro: -3,62%
Nasdaq Futuro: -4,55%
Essas quedas acentuadas nos contratos futuros do S&P 500, o índice de referência para o mercado americano, e de seus pares, reforçam a leitura do VIX como um termômetro do medo. A turbulência atual evoca paralelos preocupantes com períodos de crise anteriores.
Em 2008, durante a crise financeira global desencadeada pelo colapso do mercado imobiliário americano, o VIX atingiu picos históricos, refletindo o pânico e a incerteza que tomaram conta dos investidores. Da mesma forma, no início de 2020, com a eclosão da pandemia de COVID-19 e o subsequente choque econômico global, o VIX disparou novamente, sinalizando um período de extrema volatilidade e aversão ao risco.
Os níveis atuais do VIX em 2025, embora ainda não tenham atingido os picos extremos de 2008 ou 2020, demonstram uma escalada significativa da incerteza, impulsionada pelas políticas comerciais agressivas e pela ameaça de uma guerra comercial global. A forte correlação entre o aumento do VIX e as quedas acentuadas nos mercados acionários reforça a sua reputação como um indicador crucial do sentimento dos investidores e da instabilidade econômica.
Analistas alertam que, caso as tensões comerciais persistam e se intensifiquem, a volatilidade nos mercados financeiros poderá aumentar ainda mais, com potenciais impactos negativos no crescimento econômico global e na confiança dos investidores. O “índice do medo” acendeu um sinal de alerta, e os mercados globais aguardam com apreensão os próximos desdobramentos dessa turbulenta semana.