Muitos ainda não se deram conta do fim da modelagem. Em verdade, ela já nasceu falida, embora com um excelente apelo de comunicação no estilo: “Obtenha os mesmos resultados dos melhores profissionais e melhores empresas, sem precisar passar por toda a curva de aprendizado a que se submeteram”.
Foi assim que as bases de uma abordagem científica, unindo psicologia e neurociência tornou-se a banalização da “PNL de mercado”, assim surgiram os falsos gurus da administração moderna. Até agora a pouco tinha muita gente querendo seguir o estilo X de “empreendedorismo” e gestão, imaginando que “eikear” era sinônimo de sucesso…
Não por outra razão, cresce, alucinadamente, o número de hamburguerias, sorbeterias (com b mesmo), boulangeries e chocolaterias “artesanais”, entre outros.
Empresários inexperientes querem saber qual o modelo de sucesso dos que deram certo. Terapeutas tentam modelar o êxito daqueles, que de forma breve e assertiva, resolvem casos que anos de clínica convencional não conseguiram solucionar. Escritores fazem cursos sobre como escreviam os grandes mestres da literatura e, aspirantes a palestrante gastam muito dinheiro em cursos, livros, DVDs e “oportunidades” de estarem entre os Top 10. Tudo isto só “modelando”, sem trilhar o caminho.
Na esfera digital, todos querem implantar o modelo de funil de vendas e reinventam modelos de “pirâmides” mais politicamente “corretas”, e por aí vamos…
Passado o entusiasmo e gasto o dinheiro (porque é gasto, não investimento), todos chegam a uma mesma conclusão: o sistema de modelagem está falido.
Quem tentou carreira de stand-up “modelando” outros humoristas e comediantes, perdeu a graça que não chegou a ter; o êxito dos varejos modelados ocorreu somente no “mês da novidade”, enquanto imperava a curiosidade do público; os terapeutas jamais conseguiram os resultados de seus mestres modelados; os aspirantes a palestrantes não alavancaram como gostariam; os escritores não entenderam o segredo do sucesso dos grandes mestres da literatura; e a enxurrada de congressos online vai em queda livre…
Tudo porque alguém acreditou na modelagem.
Que empresas e profissionais se inspirem em outros que admiram e busquem aprender (aprender e copiar não são sinônimos) é legítimo e natural. Que se perceba a lógica de um dado negócio – e sutilezas e oportunidades por ele vislumbradas – também está ok. Buscar utilizar benchmarking sem confundir o conceito também vale muito, mas acreditar em uma sociedade de “zumbis” (corpos “modelados” que agem sem alma) equivale a jogar no lixo tempo de existência – e tempo é vida!
Não haverá sucesso autêntico sem identidade e essência descoberta, revelada, vivida e aperfeiçoada e isto não se pode modelar. As hamburguerias, sorbeterias, escritores, sites, portais, congressos online, terapeutas e todos os outros zumbis modelados estão condenados ao fim de todo e qualquer zumbi – a mera autodestruição.
Desconfie do homem nu que te oferece uma camisa. Desconfie de qualquer modelo que não seja desenvolvido por você e para você ou sua empresa. Desconfie de qualquer modelo que sirva para todos os tamanhos, gêneros, idades e histórias de vida. Desconfie dos que lhe vendem promessas “recheadas” de muito êxito e pouco trabalho.
Na ausência da essência que lhe deu contexto e existência, todo modelo é apenas uma teoria de quem, não entendendo como se chega ao resultado, explica apenas a aparência do que vê e perde toda a qualidade do essencial “exuperiano” invisível aos olhos.
Se você quiser ser bom no que faz, aprenda a viver sem modelos, você não encontrará ninguém grande ou algo genial na contramão da constatação deste fato. Genialidade e sucesso não se produzem, de maneira sustentável, por obra de engenharia (nem mesmo reversa).
Desperte, trabalhe e vença!