Uma pesquisa global inédita realizada pela ADP Research Institute, em quatro continentes, traz uma visão sobre os principais anseios e desejos dos trabalhadores no ambiente laboral. O levantamento, que foi realizado nos cenários pré e pós-COVID-19, mostra quais eram as prioridades e expectativas das pessoas em relação ao seu local de trabalho e o que mudou, após a adoção das medidas de isolamento social e da ampliação do trabalho remoto.
A primeira parte da pesquisa foi realizada entre os meses de novembro e dezembro de 2019, e ouviu 32 mil trabalhadores, em 17 países do mundo. Já a segunda edição, ocorreu no mês de maio deste ano, portanto pós-coronavírus, e ouviu 11 mil trabalhadores, em seis países (Espanha,Reino Unido, EUA, China, Índia e Brasil), selecionados como representativos das regiões Ásia-Pacífico, Europa, América do Norte e América Latina, para o trabalho comparativo.
A vice-presidente de Recursos Humanos da ADP na América Latina, Mariane Guerra, explica que, antes da COVID-19 se espalhar pelo mundo, as relações de trabalho vinham passando por uma profunda transformação, em virtude dos avanços tecnológicos, adversidades econômicas e das exigências de novas competências dos trabalhadores. “Por isso, este estudo, que contempla os dois cenários, pré e pós, traz um raio X muito completo da força de trabalho global, mostrando as tendências que já estavam em curso e o que mudou com este novo cenário, além das principais perspectivas e expectativas dos empregados quanto ao ambiente laboral”, explica Mariane.
A executiva destaca ainda que, outro diferencial deste levantamento, realizado pela ADP Research Institute, é o de trazer um cenário muito real da força de trabalho no mundo, já que ouviu tanto os empregados regulares tradicionais das empresas, quanto os que realizam trabalho sazonal/freelancers, prestadores de serviços e, até mesmo, os que utilizam plataformas online para a prestação de serviços.
Principais pontos do estudo
– Otimismo dos trabalhadores O primeiro item avaliado pelo estudo diz respeito ao otimismo dos trabalhadores no ambiente de trabalho, nos próximo cinco anos. Na primeira edição da pesquisa, 86% dos participantes disseram que se sentiam otimistas, contra 84% do segundo levantamento. Quando observado os dados do Brasil, o percentual fica em 89%, nas duas edições, levemente acima da média das seis regiões comparadas. “Este é um dado interessante de se observar, pois, mesmo com as adversidades econômicas que o Brasil vem passando nos últimos anos, os trabalhadores se mantêm otimistas, o que não foi apontado em outros países, como China, Índia e Espanha, que apresentaram queda após a COVID-19”, pontua Mariane
– Expectativa de existência das funções desempenhadas O estudo analisou, também, qual é a percepção dos trabalhadores, para daqui a cinco anos, em relação a atividade que exercem hoje. Neste ponto, os brasileiros aparecem como os que menos prevêem o fim de suas funções dentro desse prazo, nos dois estudos. Para 75% dos entrevistados no Brasil, as funções que exercem, atualmente, não deixarão de existir até 2025. Assim como os trabalhadores brasileiros, a maioria dos europeus, também, não acreditam na extinção de suas funções neste período, com apenas 17% dos entrevistados apostando nesta hipótese na primeira edição e 16%, na segunda.
– Trabalho flexível
Outro ponto analisado pelo estudo diz respeito à possibilidade de trabalho flexível. Quase metade (44%) dos participantes afirmam que os empregadores, agora, têm políticas oficiais de trabalho flexível implementadas, em comparação com apenas um em cada quatro (24%) segundo o resultado anterior. Ao passo que a proporção de participantes que dizem que a gerência sênior permite essa forma de trabalho saltou de 19% para 28%.
No Brasil, a porcentagem de trabalhadores que afirmam que suas empresas possuem uma a política oficial que permite trabalho flexível quase dobrou na comparação com a primeira edição do estudo, passando de 27% dos entrevistados para 50%. “Embora a aceitação do trabalho flexível por parte dos empregadores parece estar aumentando, mais de metade dos participantes, de todas as regiões analisadas, afirmam que, em algum momento, durante a pandemia, se sentiu pressionada pelo empregador a voltar para o local de trabalho, embora a recomendação oficial fosse a de manter os trabalhadores não essenciais em casa. Por isso, apesar dos resultados, ainda é cedo para analisar se estamos diante de um cenário que permanecerá após este período”, pontua a vice-presidente de Recursos Humanos da ADP na América Latina. Para trazer uma visão do atual momento, os pesquisadores quiseram saber, ainda, dos entrevistados que atuavam em uma área na qual o governo recomendou ou exigiu que os trabalhadores não essenciais ficassem em casa o máximo possível, se sentiram alguma pressão por parte de seu empregador para continuar trabalhando dentro do escritório. Entre os brasileiros, 30% afirmaram sentir alguma pressão no início, mas agora não mais. Já outros 17% pontuaram que, ainda neste momento, são pressionados.
– Horas de trabalho e Remuneração As questões referente a horas trabalhadas, também, foi abordado nos levantamentos. Os entrevistados perguntaram aos trabalhadores, em média, quantas horas por semana acreditavam que trabalhavam sem remuneração. Na primeira edição do estudo, os brasileiros responderam que cerca de 4,3 horas. Já no segundo levantamento, a média subiu para 5,3. Neste item, o incremento de horas foi observado em todas as regiões analisadas, sendo a América do Norte o local onde o crescimento foi mais acentuado, passando de 4,1 para 7,1 horas.
No segundo estudo, os pesquisadores levantaram, também, quais os sacrifício que os trabalhadores estariam dispostos a fazer, quando o tema é a remuneração, para manter o emprego. Neste ponto, 46% dos brasileiros aceitariam redução de seus rendimentos para a manutenção dos empregos; 18% aceitariam um adiamento; 9% considerariam a rescisão como aceitável; e outros 26% não considerariam nada apropriado nem aceitável. Os trabalhadores indianos são os que mais aceitariam uma redução de seus rendimentos se isso significasse a manutenção do emprego, com 51%; seguido pelos Chineses (34%).
– Forma de trabalho
A pesquisa apurou, ainda, qual era a forma de trabalho preferida pelos respondentes nos levantamentos realizados. Antes do novo coronavírus, apenas 18% dos brasileiros responderam que preferiam o regime de freelance. Apesar de um leve acréscimo, chegando a 20% pós-COVID-19, a porcentagem se manteve baixa. Na Europa, o número também apresentou leve incremento nos dois estudos, indo de 13% para 18%. Embora as funções permanentes continuem sendo, de longe, a opção preferencial antes e depois da COVID-19, os estudos revelam que o apelo do trabalho freelancer não diminuiu. Antes da crise, 15% de todos os trabalhadores (regulares e freelancers) disseram que escolheriam o trabalho freelancer, em vez de uma posição permanente, caso ambas as opções estivessem disponíveis. Na segunda edição da pesquisa, esse percentual subiu para 18%. No levamento, entre os países analisados nos dois estudos, a América do Norte (neste caso, os EUA) é a única região onde a atração pelo trabalho freelancer decaiu. Atualmente, 16% dos trabalhadores prefeririam o trabalho freelancer, em comparação com os 21% apurados antes da COVID-19.
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