O setor hoteleiro agoniza e continua contabilizando perdas históricas com os efeitos provocados pela pandemia e lockdown. Prova disso é que o balanço feito pela Associação Brasileira da Indústria de Hotéis de Minas Gerais (ABIH-MG) aponta que, em 2020, a média da taxa de ocupação em Belo Horizonte ficou em 32,65%, o pior desempenho dos últimos 10 anos. Na comparação com o ano de 2019, a queda foi de -52%. Os dados são alarmantes, pois as empresas já não pensam apenas nos prejuízos, mas na possibilidade real de falência. “A hotelaria não suporta mais essa situação, cerca de 60% da mão de obra do setor já foi demitida em 2020 e o número de fechamentos só aumenta. Precisamos de medidas efetivas de apoio que garantam um fôlego para a sobrevivência dos nossos negócios e de milhares de empregos”, afirma o presidente da ABIH-MG, Guilherme Sanson. Segundo Guilherme Sanson o setor está passando por um dos piores momentos de sua história. A rede hoteleira de Belo Horizonte possui 57.409 apartamentos disponíveis para reservas, e em 2020 nem metade desses espaços foram ocupados (19.762). Em dezembro, a taxa de ocupação dos hotéis ficou em 39,53%, seguido pelo baixo índice de novembro (41,17%). Os meses com o pior desempenho em relação à taxa de ocupação foram maio (taxa de ocupação em 14,73%), abril (16,51%) e junho (18,52%), período marcado pelo início da pandemia e fechamento da cidade.
O presidente da ABIH-MG alerta que se não forem adotadas medidas urgentes haverá uma série de hotéis fechados sem precedentes. E para completar com outro lockdown a situação piora ainda mais, pois reflete em toda a cadeia. “É essencial que o Governo ministre a vacina o quanto antes para ajudar a economia e reverter os efeitos catastróficos”, lamenta. “Sem sucesso, já solicitamos à Prefeitura de Belo Horizonte (PBH) mais diálogo e medidas de apoio ao setor, como o parcelamento do IPTU, a redução de alíquotas, o parcelamento de dívidas e a concessão para a redução e/ou cancelamento de contratos de trabalhos. Sem esse apoio a hotelaria acumulará índices recordes de falências e demissões”, completa.
Apenas nos 10 primeiros dias de 2021, o índice de ocupação em Belo Horizonte ficou em 32%, o índice está abaixo do esperado para o período. Mas o desempenho mensal deve ser ainda pior, pois com o fechamento da capital a demanda de turistas deve despencar. “Apesar dos hotéis serem considerados serviços essenciais, a medida da prefeitura coíbe o turismo local e acarreta fortes reflexos negativos no setor”, explica Sanson.
Sem fôlego, hotéis pedem medidas urgentes
Em relação à Receita de Hospedagem por apartamentos disponíveis (REVPar), a média anual de 2020 também foi a pior da década, ficando em R$ 71,38. A queda abrupta foi de -56%, na comparação com o ano anterior. De acordo com Guilherme, alguns estabelecimentos estão sobrevivendo com o aporte de investidores, mas com as novas restrições, o fechamento de boa parte dos hotéis da cidade é irremediável. “Tem ainda os pequenos negócios e empreendimentos familiares que possuem estrutura mínima para suprir suas finanças e sequer contam com o apoio governamental para o auxílio no pagamento dos impostos”, lamenta o presidente da ABIH-MG.
Na base de comparação mensal, o índice da REVPar também apresentou desempenho inferior em quase todos os meses de 2020. Em dezembro, o índice ficou R$ 91,80, já em 2019 fechou em R$ 115,40. Os meses que acumularam a pior receita por apartamentos disponíveis foram maio (R$ 26,24), abril (R$ 34,17%) e junho (R$ 38,31%).
RAIO X
· A média da taxa de ocupação em Belo Horizonte ficou em 32,65% em 2020, o pior desempenho dos últimos 10 anos.
· Na comparação com todo ano de 2019, a queda na taxa de ocupação foi de -52% em 2020.
· A rede hoteleira de Belo Horizonte dispõe de 57.409 apartamentos para reservas, em 2020 apenas 19.762 desses espaços foram ocupados.
· Cerca de 60% da mão de obra do setor já foi demitida em 2020.
· Apenas nos 10 primeiros dias de 2021, o índice de ocupação em Belo Horizonte ficou em 32%.
· A média de REVPar ficou em R$ 71,38 no ano passado, menor resultado da década.