Impermanência. Mutabilidade. Alternância. Movimentos fluídos. Esses e outros conceitos poderão ser apreciados na exposição “Entre o sono e a vigília”, de Ian Gavião, que fica em cartaz de 28 de junho a 14 de agosto, na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura. A mostra foi escolhida no 5º Programa de Seleção da Piccola Galleria e apresenta um conjunto de 7 obras, entre esculturas e vídeos, formando uma instalação em que cada uma das peças conversa com as demais, em um ambiente difuso, misterioso e, por que não, mágico. A abertura será realizada no dia 28 de junho, às 19h, em um bate-papo virtual ao vivo com o artista. As inscrições devem ser feitas online e são gratuitas. A exposição poderá ser visitada presencialmente, na Casa Fiat de Cultura, e online, por meio de tour virtual e uma visita com mediação online e tradução simultânea em Libras. Toda a programação da Casa Fiat de Cultura é gratuita.
Com um fazer poético, tanto no processo de criação das obras, quanto no aspecto conceitual, Ian Gavião ultrapassa os limites de cada linguagem artística, materializando memórias e diferentes formatos narrativos. Fortemente inspirado pela literatura, é notável que esse conjunto de trabalhos também apresenta marcante influência da arte povera – movimento italiano de vanguarda, surgido nos anos 60, propondo novas reflexões estéticas ao “empobrecer” as obras de arte –, Gavião apresenta esculturas criadas a partir de um material inusitado: parafina preta. “A arte povera não tem preocupação com a durabilidade e as velas também têm esse caráter de impermanência. Elas decidem quanto tempo vão ficar vivas e criam suas próprias formas. Gosto de dizer que sou um provocador da parafina, que segue seu caminho para delinear essas esculturas”, revela o artista. Daniela Goulart, que assina o texto curatorial da mostra, complementa essa ideia: “A ação do derretimento desfaz os limites entre pintura, escultura, performance e vídeo. Entre o difuso e o alerta, os objetos de Gavião ecoam não-objetos”.
Os títulos das obras e mesmo sua materialidade são inspirados por grandes nomes da literatura, como Clarice Lispector, Torquato Neto e Fernando Pessoa, mostrando como as linguagens artísticas podem se cruzar e resultar em obras completamente novas. “Eu estava lendo Perto do coração selvagem, da Clarice e imediatamente imaginei o trecho ‘A noite densa e escura foi cortada ao meio, separada em dois blocos negros de sono’ como uma imagem que, hoje, é uma das esculturas da mostra”, conta Gavião. Além das esculturas, duas instalações de vídeo completam a experiência do visitante. Em “Enquanto o lobo não vem”, assistimos ao processo de derretimento de uma vela, em um exercício de concentração. Já em “Algo que mantém”, um plástico negro dança sobre um céu azul, lembrando que o universo está em constante movimento.
A escolha da cor preta ajuda a criar o ambiente de mistério, já que carrega consigo uma larga simbologia sobre a noite, o luto, o imaginário, as pausas e as fabulações. “Entre o sono e a vigília é estar atento a dois mundos. Boiar no ar entre velas e dormir até que uma outra espécie de realidade surja”, reflete Ian. “Nesta exposição, as pessoas são convidadas a abrir espaço para o imaginário e criar suas próprias memórias, sem limites para a linguagem ou para a permanência”, finaliza.
A exposição “Entre o sono e a vigília” é uma realização da Casa Fiat de Cultura e do Ministério do Turismo, por meio da Lei Federal de Incentivo à Cultura, com patrocínio da Fiat, do Banco Safra e da Usiminas, e co-patrocínio do Grupo Colorado. O evento tem apoio institucional do Circuito Liberdade, do Governo de Minas e do Governo Federal, além do apoio do Programa Amigos da Casa, da Brose do Brasil e do Instituto Usiminas.
Entre o sono e a vigília| Bate-papo online de abertura
Para abrir a exposição “Entre o sono e a vigília”, a Casa Fiat de Cultura realiza, no dia 28 de junho, às 19h, um bate-papo online com o artista Ian Gavião. O artista, que vive em mora em Belo Horizonte e também é educador, vai contar detalhes do seu processo criativo, inspirações e técnicas de criação. Formado em Artes Plásticas, com habilitação em esculturas e fotografia, sua prática se desdobra em linguagens variadas, entrelaçando imagem e literatura. “Minhas esculturas também podem ser vistas como pinturas. Há uma troca de técnicas entre as obras e não me preocupo em limitar as linguagens no processo de criação”, destaca Gavião.
Durante a conversa, ele vai explicar a composição das obras, criadas a partir do derretimento de velas, bem como a transformação de literatura em imagens potentes e de sonhos. O público poderá interagir com a artista, por meio do chat virtual. Algumas perguntas serão respondidas ao vivo. A inscrição deve ser feita online
Sobre as obras de Entre o sono e a vigília
A exposição “Entre o sono e a vigília” é composta por 5 esculturas em parafina e 2 vídeos. As esculturas são parte da formação de Ian que, ainda na faculdade, escolheu a parafina como seu material de trabalho. “Uma escultura pode ser feita de qualquer material e a parafina tem múltiplas possibilidades de textura, que dependem da forma como eu a manipulo”, explica o artista. Em conjunto, as obras formam uma instalação, que cria um espaço para fábulas e a imaginação.
Para Daniela Goulart, Ian brinca com os opostos. “No seu fazer poético, além do elemento material, originário de sua formação em escultura, há também o desejo de explorar um percurso cósmico sem definição. Velas comunicam com o invisível. Neste estado de torpor lúcido, a cor preta triunfa, evocando mistério e o reconhecimento da impermanência.”
Lista de obras
- O poço onde vagam ruídos nítidos e dispersos – escultura em parafina (120 cm de diâmetro X 7 cm de espessura), 2021
- Uma noite densa e escura separada em dois blocos negros de sono – escultura em parafina s/ tela (50x4x60 cada), 2021/22
- Fantasia – escultura em parafina (30x20x30 cm), 2018
- Lança – escultura em papel machê e parafina (2 m altura x 45cm), 2022
- Véu – escultura em parafina e madeira (140 cm x 8 cm x 110 cm), 2018
- Enquanto esse lobo não vem – vídeo instalação, 2022
- Algo que mantém – vídeo, 2020
O artista: Ian Gavião
Ian Gavião é artista plástico e educador. Tem licenciatura em Artes Plásticas, com habilitação em escultura e fotografia pela Escola Guignard da Universidade do Estado de Minas Gerais (UEMG). Sua prática se desdobra em linguagens variadas, no entrelaço entre imagem e literatura, criando jogos e trocadilhos visuais, que dão lugares a coisas e situações que seriam facilmente esquecidas pelo tempo, e, nessa amplitude, investiga o cotidiano à espera de captar suas epifanias.
Vive e trabalha em Belo Horizonte e em 2021 realizou sua primeira exposição individual “É só uma questão de tempo”, na galeria de arte do Centro Cultural SESIMINAS. Já realizou exposições coletivas em Belo Horizonte e São Paulo, e participou das curadorias independentes “Xenon 1.0”, na Galeria Mama Cadela, em 2018, e “Xenon 1.6”, na Marcenaria Artística, em 2019, ambos em Belo Horizonte. Em 2018, foi premiado na “XVlll Mostra dos Premiados da Escola Guignard”. Também participou do laboratório de escrita e performance “Outras Vinganças”, na Idea Casa de Cultura, em 2018.
Piccola Galleria
O espaço é destinado a artistas da cena contemporânea e foi criado em 2016, com o intuito de incentivar a produção nacional e internacional. Os artistas são selecionados por uma comissão de especialistas, que, nesta 5ª edição, contou com o curador e crítico de arte, Marcus Lontra; a historiadora e professora da Escola de Belas Artes da Universidade Federal de Minas Gerais, Rita Lage, e o artista e professor da Escola Guignard, Sebastião Miguel, que investiga a relação entre representação e subjetividade, por meio de suas obras.
A proposta é apresentar e destacar trabalhos inéditos – pinturas, desenhos, gravuras, esculturas, fotografias, instalações, performances e/ou videoarte – de artistas locais, brasileiros ou estrangeiros. Além de Ian Gavião, outros cinco artistas foram selecionados na 5ª edição, e as mostras serão exibidas no calendário de 2022 e 2023.
Nesta edição, o processo de seleção foi realizado de forma 100% online. Além de agilizar o processo de inscrição, o formato permitiu que pessoas de todo o Brasil participassem, somando 194 inscrições, de todas as regiões do país. A avaliação dos jurados também foi promovida por meio de encontro virtual.
As exposições selecionadas no 5º Programa de Seleção da Piccola Galleria são exibidas em um espaço da Casa Fiat de Cultura voltado ao incentivo permanente de expressões artísticas e terão ações do Programa Educativo, desenvolvidas em conjunto com a curadoria de cada mostra. Serão realizadas visitas mediadas para públicos agendados e espontâneos, além de ações especiais de comunicação em todos os canais da Casa Fiat de Cultura. A mediação é feita com recursos de acessibilidade, para ampliar o acesso do público e visibilidade dos artistas.
Nas quatro edições já realizadas, o Programa de Seleção da Piccola Galleria apresentou o trabalho de 22 artistas, abrigou mais de 300 obras e recebeu um público de mais de 300 mil pessoas. A sala expositiva é um ambiente dedicado às artes visuais e sua criação marcou os 10 anos da Casa Fiat de Cultura. Situada ao lado do painel “Civilização Mineira”, de Candido Portinari, no hall principal da Casa Fiat de Cultura, o pequeno recinto é destinado a exposições de curta duração, mas com toda a visibilidade que a instituição enseja. Local intimista e com grande circulação de público, conta com a chancela da Casa Fiat de Cultura e do Circuito Liberdade, um dos mais importantes corredores culturais do país.
A Casa Fiat de Cultura
A Casa Fiat de Cultura cumpre importante papel na transformação do cenário cultural brasileiro, ao realizar prestigiadas exposições. A programação estimula a reflexão e interação do público com várias linguagens e movimentos artísticos, desde a arte clássica até a arte digital e contemporânea. Por meio do Programa Educativo, a instituição articula ações para ampliar a acessibilidade às exposições, desenvolvendo réplicas de obras de arte em 3D, materiais em braille e atendimento em libras. Mais de 60 mostras, de consagrados artistas brasileiros e internacionais, já foram expostas na Casa Fiat de Cultura, entre os quais Caravaggio, Rodin, Chagall, Tarsila, Portinari entre outros. Há 16 anos, o espaço apresenta uma programação diversificada, com música, palestras, residência artística, além do Ateliê Aberto – espaço de experimentação artística – e de programas de visitas com abordagem voltada para a valorização do patrimônio cultural e artístico. A Casa Fiat de Cultura é situada no histórico edifício do Palácio dos Despachos e apresenta, em caráter permanente, o painel de Portinari, Civilização Mineira, de 1959. O espaço integra um dos mais expressivos corredores culturais do país, o Circuito Liberdade, em Belo Horizonte. Mais de 3,5 milhões de pessoas já visitaram suas exposições e 580 mil participaram de suas atividades educativas.
SERVIÇO
Exposição virtual “Entre o sono e a vigília”– Ian Gavião na Piccola Galleria da Casa Fiat de Cultura
28 de junho a 14 de agosto
Visitação presencial: Terça a sexta-feira, das 10h às 19h; Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Tour virtual no site: www.casafiatdecultura.com.br
Abertura da exposição virtual: Bate-papo ao vivo com Ian Gavião
28 de junho, das 19h às 20h, em transmissão ao vivo
Ingressos gratuitos com inscrição online
Casa Fiat de Cultura
Circuito Liberdade
Praça da Liberdade, 10 – Funcionários – BH/MG
Toda a programação da Casa Fiat de Cultura é gratuita.
Horário de Funcionamento
Terça a sexta-feira, das 10h às 19h
Sábados, domingos e feriados, das 10h às 18h
Informações
(31) 3289-8900
facebook.com.br/casafiatdecultura
Instagram: @casafiatdecultura
Twitter: @casafiat
YouTube: Casa Fiat de Cultura
http://www.circuitoliberdade.mg.gov.br/