A inflação oficial do Brasil em 2024, medida pelo IPCA, fechou o ano em 4,83%, acima do teto da meta estipulada pelo Conselho Monetário Nacional (CMN), que era de 4,5% considerando a margem de tolerância de 1,5 ponto percentual. A aceleração de 0,52% em dezembro, conforme dados divulgados pelo IBGE, reforçou o impacto da alta dos preços, especialmente em itens essenciais.
Nesse cenário teve como destaques negativos itens essenciais que compõem a cesta de consumo dos brasileiros, como alimentos, combustíveis, planos de saúde e transporte. Além disso, os reajustes em serviços educacionais e bancários trouxeram dificuldades adicionais, sobretudo para as classes média e baixa.
Gasolina: aumento de 9,71%, impulsionado pela alta do dólar e pela política de preços da Petrobras, que acompanha o mercado internacional.
Plano de Saúde: reajustes médios de 7,87%, refletindo o impacto da inflação acumulada no setor e a crescente demanda por serviços médicos.
Alimentação fora de casa: alta de 5,7%, tornando refeições em restaurantes menos acessíveis para boa parte da população.
Leite longa vida: disparada de 18,83%, influenciada por fatores climáticos e problemas na produção agrícola.
Café moído: aumento impressionante de 39,6%, reflexo de adversidades climáticas globais e custos elevados de insumos.
Os fenômenos climáticos, como o El Niño, tiveram papel determinante nos aumentos de preços de itens agrícolas, como frutas (laranja subiu 48,33%) e grãos, incluindo o café. A irregularidade das chuvas em importantes regiões produtoras afetou a oferta e elevou os preços.
Além disso, a instabilidade no cenário internacional, marcada por tensões geopolíticas e aumento dos custos de insumos como fertilizantes, agravou os desafios para o setor agropecuário.
Outro aspecto relevante foi o impacto em serviços, como a educação e a moradia. Os custos com ensino fundamental subiram 8,86%, refletindo os reajustes anuais das escolas, enquanto taxas de condomínio e serviços bancários registraram altas significativas, de 6,25% e 8,03%, respectivamente.
No setor de habitação, embora o IPCA tenha registrado leve recuo em dezembro devido à redução nas tarifas de energia elétrica residencial, os custos com manutenção e serviços básicos permaneceram altos ao longo do ano.
A inflação também afetou o mercado de trabalho e o poder de compra dos brasileiros. Com os reajustes salariais abaixo da alta acumulada de preços em muitos setores, as famílias enfrentaram perda de poder aquisitivo. Isso resultou em uma busca crescente por crédito, levando ao aumento da inadimplência, que atingiu recordes em 2024.
A desaceleração do consumo foi evidente em setores como eletrodomésticos e vestuário, que enfrentaram retração nas vendas, enquanto os gastos com itens essenciais, como alimentação e saúde, continuaram a pesar no orçamento.
Muitos economistas preveem que 2025 será um ano desafiador para equilibrar os preços no Brasil, especialmente aqueles atrelados ao dólar, como combustíveis e insumos importados, que tendem a impactar diretamente os custos de produção e o mercado interno. Esse cenário exige políticas econômicas eficazes para conter a inflação e ajustar o poder de compra dos consumidores, que já enfrentam dificuldades diante de um orçamento pressionado pelos altos custos de itens essenciais e serviços básicos.