A Childhood Brasil, instituição fundada pela Rainha Silvia da Suécia, promoveu nesta terça-feira, em São Paulo, um debate com a pesquisadora da The Economist Intelligence Unit, Katherine Stewart, junto a integrantes da iniciativa privada e organizações da sociedade civil sobre o levantamento Out of the Shadows Index (em português, Índice Fora das Sombras – https://outoftheshadows.eiu.com). Criado pela “The Economist”, com o apoio da World Childhood Foundation, The Carlson Family Foundation e Oak Foundation, o índice é uma ferramenta de advocacy que examina como diversos stakeholders estão respondendo à problemática de abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes em 40 países.
Ao
analisar diversas categorias como ambiente em que as crianças estão vivendo,
enquadramento jurídico, capacidade e compromisso do governo, engajamento do
setor privado, sociedade civil e mídia, o levantamento pretende mapear como os
países estão respondendo ao problema. O index destaca áreas de atenção e
avanços para os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável das Nações Unidas, que
incluem meta (16.2) para acabar com abuso, exploração, tráfico e todas as
formas de violência e tortura contra crianças até 2030.
O
debate com o setor privado, uma das dimensões do Index, pretende analisar o
cenário do segmento no Brasil e no mundo, e os avanços empresariais no
enfrentamento ao abuso e exploração sexual de crianças e adolescentes, além de
chamar a atenção dos públicos que ainda não possuem práticas nesse sentido para
a temática.
Uma
das principais conclusões do estudo Out
of the Shadows Index é que a violência sexual infanto-juvenil
ocorre em todos os lugares, independentemente do status econômico de um país ou
a qualidade de vida dos seus cidadãos e a única estratégia eficaz para
enfrentar essa violação é quando governos, sociedade civil e setor privado
atuarem juntos. O Brasil ocupa a 11ª posição no levantamento, que é liderado
pelo Reino Unido, seguido por Suécia e Canadá.
“Os
stakeholders no Brasil estão se esforçando para construir respostas ao abuso e
exploração sexual de crianças e adolescentes. O marco legal é particularmente
favorável, e a indústria, a mídia e a sociedade civil estão muito mais
engajadas e conscientes no Brasil do que em outros países. Nossa pesquisa
descobriu, por exemplo, que a indústria de viagens e turismo e a de internet
estão tratando de questões relacionadas ao abuso e exploração sexual de meninas
e meninos brasileiros, atuando na causa. Mas, ainda assim, sabemos que há muito
mais a ser feito”, explica Katherine Stewart. No item engajamento da indústria,
sociedade civil e mídia do levantamento o Brasil atingiu a sua melhor
pontuação, ficando entre os cinco países melhor avaliados no quesito no mundo.
O lançamento
do Index também marca um momento estratégico da Childhood Brasil, que em 2019
completa 20 anos de atuação. “O Out
of the Shadows Index traz luz sobre a problemática, permitindo
avaliar ao longo dos anos mudanças, avanços e retrocessos em cada país.
Pretendemos utilizar o Index como ferramenta de advocacy para ajudar a
intensificar a discussão com os mais diversos stakeholders”, diz Roberta
Rivellino, presidente da Childhood Brasil. Ela destaca, ainda, que a violência
sexual contra crianças e adolescentes é um problema global e urgente e as
respostas não dependem apenas de investimentos, mas, principalmente, da vontade
política e da sociedade em prevenir essa grave violação.
Práticas
avançadas no Brasil
Durante
o evento também foi lançado o Projeto
Soluções & Ferramentas, criado pela Childhood Brasil no
âmbito do Programa Na Mão
Certa, que visa estimular práticas empresariais mais avançadas
no enfrentamento da exploração sexual de crianças e adolescentes oferecendo
para as empresas soluções em termos de ferramentas e assessoria, para que elas
posssam ampliar sua atuação na causa reconhecendo-a como um valor para os
negócios e envolvendo diferentes públicos de sua cadeia de negócios. O
entendimento da iniciativa privada sobre o conceito de Direitos Humanos e a
convergência entre indicadores internacionais relacionados ao tema e os
compromissos do Pacto Empresarial foi um dos caminhos adotados no
desenvolvimento e implementação do projeto. Iniciado em 2015, a iniciativa
ganha agora uma publicação que reúne toda a sua trajetória e experiências de
nove projetos-piloto, desenvolvidos em 2018.
Essas
práticas exitosas de empresas de setores distintos – embarcadores,
transportadoras, concessionárias de rodovias e representantes do setor de
energia, commodities e serviços – passam a ser inspiração para a disseminação
junto a outras empresas. A estratégia, que orientou a criação do projeto
Soluções e Ferramentas , foi buscar na diversidade e similaridade das práticas
empresariais insumos para construir um cardápio de soluções alinhados aos
compromissos do Pacto Empresarial Contra a Exploração Sexual de Crianças e
Adolescentes nas Rodovias Brasileiras e pautados pelos Princípios Orientadores
da ONU sobre Empresas e Direitos Humanos e as metas dos Objetivos do
Desenvolvimento Sustentável (ODS) da ONU.
Os
projetos implementados em 2018, com o apoio técnico do Programa Na Mão Certa,
foram liderados pelas empresas C&A, Duratex, InterCement, Leão Alimentos e
Bebidas, Patrus Transportes, Ritmo Logística, Tenda Atacado, Triunfo
Participações e Investimentos, e Ultragaz. Eles são voltados à cadeia de
fornecedores; lideranças e público interno; e comunidade e rede de proteção.
Todos visam articular a proteção de crianças e adolescentes contra a violência
sexual com a gestão dos negócios.
“A
intersetorialidade está no DNA da Childhood Brasil. Desde o lançamento, em
2006, o Programa Na Mão Certa é uma incubadora de boas práticas empresariais
para encontrarmos soluções nacionais e internacionais no enfrentamento dessa complexa
violação dos direitos de crianças e adolescentes”, diz Eva Dengler, gerente de
Programas e Relações Empresariais da instituição. “É urgente a necessidade de
consolidar e aprofundar a metodologia de intervenção e enfrentamento, focando
em territórios ou setores de maior risco para a ocorrência da exploração sexual
de crianças e adolescentes”, completa. Cerca de 2.000 empresas já foram
influenciadas a enfrentar a violência sexual de crianças e adolescentes por
intermédio do Programa.
Sobre
a Childhood Brasil
A Childhood Brasil é uma organização brasileira que faz parte da World Childhood Foundation, instituição internacional criada em 1999 pela Rainha Silvia da Suécia. O seu foco de atuação é a proteção da infância e adolescência contra o abuso e a exploração sexual. A organização se tornou referência no país pois já desenvolveu e apoiou projetos que vêm transformando a realidade da infância brasileira vulnerável à violência, dando visibilidade e dimensão ao problema, implantando soluções efetivas adotadas por setores empresariais, serviços públicos e educando a sociedade em geral. Para mais informações, acesse o site: www.childhood.org.br
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