Marketing pessoal, charlatões e os missionários digitais
Gurus de motivação, psicólogos, “especialistas” da internet, consultoras de moda e profissionais de recursos humanos são os formadores de opinião sobre construção de marca pessoal no Brasil. Na minha opinião, isso soa estranho, irresponsável e cômico, pois estão falando sobre tudo. Porém, não estão adotando e nem ensinando marketing/branding. Este tipo de trabalho não passa de um amontoado de ensinamentos vazios sobre o tópico que foi introduzido por Tom Peters há mais de uma década. Realmente, é uma pena que ele tem sido tão banalizado e usado erroneamente pelos tais autodenominados “Personal Branding gurus”.
Senhores consultores de moda: por favor, entendam – uma marca pessoal é muito mais do que a cor do Iphone ou o preço do terno. Isso são apenas formas de transmissão do sinal da marca, oras! Aprendam: Uma marca é uma promessa diferenciada que os OUTROS enxergam, neste caso, em alguém.
Profissionais motivacionais: uma marca pessoal forte não é euforia e nem um sorriso com ar de fluoxetina com prazo de validade que muitos de vocês “vendem” em palestras. Parem de vender autoajuda em livros com o emblema “marketing ou branding pessoal”. Não é nada disso! Os autores destes textos não podem proclamar em dizer que isto é marketing sob pena de violar suas lições, seus estudiosos e os sérios profissionais da área. É notório que com a finalidade de terem um sucesso nas suas palestras dedicadas ao desenvolvimento humano, criam a frase de impacto: “Marca pessoal…” E isto cria uma confusão tremenda! É importante deixar claro. Marca pessoal, de uma vez por todas, é o que vão falar quando uma pessoa sair da sala.
Pessoas como marcas é um tema extremamente importante para o dia atual. Por isso precisa ser corretamente endereçado. Se, antigamente as empresas restringiam o profissional em seu círculo cabível, hoje as mais astutas se aproveitam daquele com marca forte no mundo digital. Não seria exagero sugerir que as marcas pessoais começam a se sobressair sobre as corporativas. Ao invés de proibir ostensivamente a utilização dos diversos recursos das redes sociais, empresas começam a perceber que têm muito a ganhar – inclusive financeiramente – se transformarem os seus colaboradores em verdadeiros representantes de sua marca e seus produtos na esfera virtual. Este fenômeno surge entre as empresas que melhor se relacionam nas redes sociais mundo afora. Entre os estudiosos, o conceito já recebeu o apelido de “missionários digitais”, termo que designa funcionários que, ao atuarem nestas redes, acabam por fortalecer a percepção das marcas e até promover negócios via internet.
Por ter nascido digital, a Zappos se diferencia neste sentido. A alta direção da empresa acreditou ser natural que seus funcionários se valessem de canais como o Twitter e Facebook para se aproximarem dos consumidores com liberdade, evangelizar pela empresa e incorporarem a transparência corporativa como característica fundamental. O resultado não poderia ser melhor: a empresa comemora um faturamento anual da ordem de mais de US$ 1 bilhão.
A Zappos se tornou um case conhecido e bem-sucedido porque conseguiu criar uma cultura interna de felicidade entre seus colaboradores e, ao mesmo tempo, exigir deles o comprometimento com um serviço acima da média. A grande sacada foi conseguir, de forma natural, que seus colaboradores trouxessem essa cultura para a web. Consequência: os resultados financeiros da empresa aconteceram sem grandes investimentos em publicidade. Outros bons exemplos de companhias que já tornaram seus funcionários – ou parte deles – em verdadeiros “missionários digitais” são o da montadora norte-americana de veículos Ford, da varejista de produtos eletrônicos BestBuy, e a Sun, de softwares.
Somente vencerão a guerra no espaço web as marcas que conseguirem se humanizar junto aos consumidores. Ao tornar seus colaboradores missionários da marca, as empresas nada mais estão fazendo do que humanizando este relacionamento, pois muitos deles são pessoas que têm muita influência em comunidades online. Com este processo, as marcas acabam por se valer ou absorver a reputação do próprio missionário. Desta forma, poderá segmentar seus públicos, fortalecer a reputação, testar novos produtos, reduzir o risco de novas campanhas publicitárias, conquistar e antecipar novos clientes, entre outros.
Você possui uma marca forte? Relevante? Qual a sua promessa diferenciada? A qual conceito você está associado? Aonde você quer chegar sempre levando em consideração o ambiente externo? ‘EU. Eu. Eu. Eu…’. Pare! Sua marca é quem você realmente é na mente e coração das pessoas. Não é sobre você, marca é sobre eles! Marca pessoal é o que vão falar quando você desliga seu computador…