CidadeMarketing               
Início Site Página 1422

Mídias sociais: o debate precisa desesperadamente evoluir

0

Você está preparado para evoluir e sair dos questionamentos diários sobre a ação viral promocional divertida, a “facebookização” do Twitter ou parar de ir às mesmas palestras sobre as melhores práticas para blogs corporativos? Tudo isso já soa repetitivo, não é mesmo? Nada de dados, soluções ou ideias surpreendentes. O momento agora é de movimento rápido, evolução e um olhar para as mídias sociais e de todos os seus processos de escuta para que eles sejam práticas não estéreis, mais técnicas e que realmente impactem em processos decisórios delicados. O ideal é que tais processos injetem conhecimento em todos os departamentos dentro das corporações (tradicionais ou não), transformando vidas e gerando inovações que criem retorno sobre o investimento (ROI) verdadeiramente plausíveis para executivos e mercados de alta performance.

 

Chegou a hora de iniciar uma nova discussão, trazer ar fresco para o mundo corporativo. Precisamos – todos – nos tornar, talvez, um pouco mais seletivos em relação ao conteúdo. É importante lembrar que, para o branding moderno e as comunidades digitais gerarem real vantagem competitiva em muitas organizações, é preciso que os responsáveis embarquem em uma jornada de trabalho metódica em torno da essência da marca e mergulhem de cilindro em um trabalho que integre as mídias sociais junto a todo singular departamento dentro da companhia – nível gerencial ou não. Uma das perguntas específicas que o profissional envolvido com marketing e branding deve estar apto a responder é seguinte: “A empresa possui cinco produtos. Três não estão vendendo muito bem. Como as mídias sociais podem acelerar – rapidamente ou não – as vendas destes produtos que estão com a performance abaixo do esperado? Como mensurar este processo de forma profissional e apurada?”

 

É claro que ações pontuais e ferramentais continuam sendo bastante importantes. Porém, numa visão mais holística e direcionada para a integração com o mundo dos negócios, a discussão precisa progredir. Que tal: Como antecipar o que meu cliente vai fazer ou expressar através da análise de perspectivas históricas digitais, assim estando apto a empregar os recursos adequados para direcionar as minhas decisões estratégicas? Como se tornar cada vez mais social por meio do aprendizado diário e da escolha das ferramentas de monitoramento adequadas? Que tal estas outras perguntas: Como pode uma corporação mensurar o sentimento em tempo real, ou seja, os comentários favoráveis e não favoráveis sobre uma empresa ou marca nas mídias digitais, analisando as fases de engajamento de seus stakeholders? Como equacionar tempo e tecnologias emergentes e escalonar os esforços dos colaboradores no webspace para que o seu negócio e marca sintam impactos plausíveis? Quais as oportunidades para fortalecer os pontos de contato e identificar as áreas de melhoria durante o ciclo de vida do consumidor?

 

O maior desafio para marcas e empresas não é nem a tecnologia nem o budget, mas, sim, a mudança de cultura que permitirá para estas companhias reconhecer que o branding na web social requer um processo que permeia todos os departamentos, reinventando o processo de escuta, aprendendo e gerando mudanças e reconhecendo que nada é mais permanente. Afinal de contas, trabalhar mídias sociais não é grátis. Também é preciso considerar que isto leva tempo e cada vez mais ele é moeda de troca. Também é necessário trabalhar com gente competente, para iniciar os projetos e participar das comunidades ativamente, sendo fonte de influência e reputação. Como já foi dito, muitas empresas têm dificuldades em escalonar seus colaboradores para atuar na web, mas quando conseguem, há inúmeros benefícios para o negócio.  Do ponto de vista corporativo, as mídias sociais são muito mais aprendizado do que entretenimento. Seu papel agora é ser um catalizador e integrar todos os departamentos e colaboradores ao redor da era digital. O debate precisa desesperadamente evoluir.

A comunicação de diferenciais inexistentes

0

Qual é a diferença entre uma celebridade atual e uma celebridade do passado?

Fácil, não é? A celebridade do passado continha talento e mérito!
O termo celebridade nos dias atuais tornou-se muito mais pejorativo que adjetivo, exatamente por esta carência de trajetória, conteúdo e mérito.

Este fenômeno aparentemente trivial que bem podia perder-se nos bastidores da vida cotidiana possui intrinsecamente uma crise de marketing de imensa profundidade e repercussões éticas. E esta crise é uma das razões pelas quais as pessoas confundem tanto marketing (que é administração) com propaganda (que é comunicação).

Se observarmos o desenvolvimento do marketing desde seus primórdios (lembrando que, sob certa ótica, a propaganda lhe é anterior, ao menos como prática, uma vez que os fenômenos da comunicação e persuasão são tão antigos quanto a própria humanidade e a administração é um fenômeno bem mais recente em nossa história), vamos identificar a generalização de uma prática entendida e repudiada como antiética, que aos poucos, vai se tornando cotidiana.

Em tese, de maneira simplificada, cabe ao marketing identificar necessidades, caminhos e soluções para atendê-las, dentro das particularidades do público que compõe o seu mercado-alvo, e estabelecer com estes prospects uma comunicação mercadológica que aproxime vendedores e compradores em uma relação ganha-ganha. Neste contexto a propaganda é utilizada como comunicação mercadológica que apresenta as soluções, ganha o interesse e estimula o desejo dos clientes, o que em um regime de livre concorrência implica apresentar os diferenciais do produto/marca quando comparado com a concorrência.

Até aí, tudo bem!

O problema começa quando se percebe que é possível comunicar através de estratégias inteligentes, diferenciais inexistentes.

Uma coisa é comunicar algo importante que um concorrente esqueceu de comunicar, mas está, de fato, presente no produto e serviço. Outra, bem diferente é comunicar algo inexistente como se, de fato, existisse. Neste momento começa o caminho que conduz às celebridades atuais, entendidas tanto enquanto pessoas quanto enquanto produtos supostamente Premium, que de Premium só possuem a estratégia de comunicação.

Graças a esta distorção, “marketing social” se passa por responsabilidade social e “marketing da sustentabilidade” se passa por consciência e prática de sustentabilidade.Isso sem falar dos “placebos” vendidos por uma série de segmentos de negócios, da indústria aos serviços.

Quando se generaliza a prática da comunicação de diferenciais não existentes, as empresas dão um tiro no pé, que sangra lentamente, mas termina assassinando o mercado para uma imensa quantidade de players.Um exemplo simples, bem na moda: observe a quantidade de coachs anunciados no mercado que nunca tiveram sequer um coachee, apenas fizeram um curso de coach com outra pessoa que igualmente nunca realizou um trabalho significativo na carreira de ninguém. Imagine o impacto que isso tem na carreira de clientes mal informados e a repercussão que terá na visão da sociedade sobre o coaching e os coachs legítimos…

Agora, imagine que o mesmo fenômeno ocorre na indústria farmacêutica, de cosméticos, automobilística, laboratórios, hospitais, seguradoras, planos de saúde, operadoras de telefonia, etc.  A comunicação de diferenciais inexistentes substitui a alma, a ética e o mérito das empresas por slogans de impacto. Está longe de ser propaganda e distante de ser marketing, entendidas como disciplinas inseparáveis da ética, ainda que tomada da forma mais minimalista.

Este fenômeno está criando uma massa crítica de clientes cada vez mais descrentes em um mundo onde as empresas dizem querer fidelizar seus clientes com base em suas crenças e valores. Veja o tamanho da distorção!Fala-se em sustentabilidade do modelo de negócios e incentiva-se a proliferação de clientes descrentes?!

Esta nova miopia de Marketing que estamos vivendo agora é muito mais grave que a tratada por Levitt em seu clássico artigo, porque desta vez o foco está no mercado, mas está subestimando a inteligência e paciência dos clientes.

Marketing não é, mas contém, propaganda e propaganda pode até ser uma comunicação ampliada da realidade (com maior impacto e força persuasiva), mas contém verdade! Na ausência destes pré-requisitos não há nem propaganda nem marketing, mas um modelo já há muito utilizado pelos políticos de carreira que apostaram durante muito tempo na baixa qualidade da informação, memória curta e fé incondicional por parte de seus eleitores em promessas contundentes. Mas até para eles os tempos mudaram.

As pessoas, ainda que equivocadas em sua maneira de protestar, parecem preferir um autêntico palhaço em cadeira pública a serem feitas de “palhaças” por um marketing político pobre, anacrônico e descolado da realidade. Quando os demais profissionais e empresas perceberão este fato em seus respectivos segmentos?

Precisamos de chocolates que tenham sabor, serviços apropriados para a timeless society, coachs e palestrantes com profundidade e conhecimento, escritores que tenham o que dizer, atores e atrizes com talento, cantores que cantem e empresas que sabem o que é, e executem um MARKETING com letras maiúsculas – da pesquisa, à produção, comunicação e comercialização de produtos de real valor!

Em mundo repleto de “marqueteiros”, precisamos do retorno dos profissionais de MARKETING! Que seja breve!

A era da inovação… no Brasil?

0

O tema criatividade tem sido bastante explorado pela mídia em geral, principalmente na internet. O tema é fascinante não só pela amplitude de aplicação e estudo, mas sobretudo pelo que, hoje em dia, ele propicia para pessoas e empresas. Nem é preciso ressaltar o quanto a habilidade criativa constitui num dos mais importantes trunfos do empreendedor.  Apesar deste interesse, uma pergunta é recorrente: Porque o brasileiro, conhecido como um dos povos mais criativos do mundo, é também um dos que menos registram patentes? Vejamos alguns fatos:

 

O grupo Cisneros, um dos maiores fundos de investimento na América Latina, realizou uma pesquisa e descobriu que Israel, num período de 4 anos, aumentou o número de patentes registradas em 4,6 vezes, contra apenas 2,8 vezes de aumento no Brasil. Indo mais a fundo na pesquisa, descobriu-se que este salto ocorreu pelos seguintes motivos:

1) O governo colocou à disposição um superfundo direcionado apenas a projetos inovadores. O governo facilita o processo de inovação, ao contrário do Brasil que gera entraves por meio da burocracia, corrupção, influências políticas e estruturas confusas e inacessíveis. Os poucos programas brasileiros, capitaneados por entidades como Capes, CNPQ ou BNDES, geralmente orientados para projetos ligados à tecnologia, são pouco divulgados e os requisitos, processos de submissão de trabalhos e prazos dificultam o acesso a estes fundos.

2) Incentivo à entrada de capital estrangeiro. No Brasil até existe abertura para a entrada de investimentos em projetos inovadores, o problema está mesmo com a cultura brasileira. Os investidores não acreditam que o brasileiro possa fazer bons negócios, ou seja, até podem ter idéias criativas, mas não sabem como transformá-las em realidade. São inexperientes em gestão. Faltam técnicas e ferramentas para conduzir novos projetos e administrar novos negócios.

3) Os exemplos de sucesso são amplamente divulgados, de forma a conquistar credibilidade internacional. O Brasil não possui muitos modelos de referência. São poucas as empresas que podem ser citadas como exemplos de empresas que incentivam a inovação, que possuem um departamento dedicado para desenvolver novos projetos, que alocam um verba exclusiva para pesquisa, que cultivam um clima que promova a inovação e a geração de idéias. A seção ‘Você em ação’ da revista Você S.A. traz alguns exemplos de pessoas que fazem a diferença, mas muito mais em função de esforços pessoais do que como resultado de programas estruturados de desenvolvimento de novos projetos.

4) Investimento em educação e pesquisa. 80% das pesquisas no Brasil são feitas por universidades, mesmo assim, trata-se de mera pesquisa burocrática. Os poucos projetos que saem dos laboratórios públicos demoram demais para se tornar produtos comercialmente rentáveis. Muitos projetos são até interessantes, mas sequer possuem viabilidade mercadológica ou econômica. Outros projetos que passam por esta peneira acabam se perdendo na burocracia pública. Há ainda a dificuldade imposta por um enorme fosso cultural que divide o cientista público da iniciativa privada. O cientista ou pesquisador não tem visão de negócios e não possui os fundamentos básicos de gestão para administrar o desenvolvimento comercial de sua criação, o que acaba por levar ótimos produtos ao obscurantismo do potencial mercado consumidor.

5) Ambiente empresarial favorecedor. Outra diferença cultural entre o Brasil e países como Israel ou EUA. As empresas brasileiras querem empreendedores em seu ambiente de trabalho (os chamados intraempreendedores), mas só possuem funcionários. O fracasso aqui ainda é penalizado, ainda que novas correntes trazidas pelo fenômeno da ‘Nova Economia’, há mais de 10 anos, tenham ajudado a mudar um pouco esta mentalidade no sentido de ver o erro como uma etapa natural do processo de aprendizado e criação. As relações entre o meio empresarial e o meio acadêmico ainda são insipientes e tomam forma a partir das Universidades Corporativas, que demonstra um alentador ritmo crescente mais com pouca projeção para trazer resultados palpáveis ainda.

 

Há, enfim, um longo caminho a percorrer neste sentido, mas o fato do tema se tornar tema estratégico na pauta dos direcionamentos estratégicos da maior parte das grandes empresas no país demonstra que a consciência está mudando, a sementinha da necessidade de desenvolver habilidades criativas está começando a germinar. Falta pouco para caracterizarmos o fim da era do conhecimento e o início da era da Inovação.

Em defesa do Marketing

0

Saio em defesa do Marketing. Mas é preciso? Tenho certeza: sim! Infelizmente, hoje em dia as pessoas, a grande mídia, os políticos e até maus profissionais da área tratam o Marketing de forma vulgar e jocosa. É um ultraje a quem se dedica com afinco à área. Engana-se quem pensa que Marketing é uma caixa de ferramentas envolvendo apenas eventos de promoção de produtos, preços e/ou serviços.

É, sim, um moderno mecanismo de administrar e de pensar holisticamente uma empresa e/ou uma marca. E em todo este contexto é preciso ressaltar o papel da internet – uma faca de dois gumes. Ao mesmo tempo em que a web dá voz às estratégias e a profissionais sérios, também cria uma bolha de ignorância com internautas vulgarizando a ideologia da empresa moderna.  Que fique claro: não é mais possível que isso aconteça. Precisamos entender e disseminar a ideia de que o Marketing é uma ideologia, uma forma de agir e de pensar. Marketing é, de uma vez por todas, organizar-se na perspectiva do mercado e do consumidor. Muitos criticam o Marketing pelo simples prazer de criticar. Criticam algo que não entendem, não conhecem e não estudam.

Será que os críticos, por mais levianos que sejam, já refletiram, por exemplo, sobre o valor sócio-econômico e cultural das marcas no mundo atual? Para começar, a necessidade que as marcas possuem de inovar diariamente resulta em uma enorme importância social. A inovação acarreta benefícios à comunidade em forma de novos empregos, dinheiro injetado na economia, produtos e serviços mais rápidos e modernos.

Será que, por exemplo, a corporação Procter & Gamble desenvolveria tantos produtos de custo mais baixo e qualidade adequada se não houvesse marcas para associar todo seu investimento e risco? Será que as empresas de telefonia nos países em desenvolvimento estariam motivadas a melhorar a vida das pessoas em lugares remotos, como interior do Peru, Índia e Paquistão? Digo que não. As marcas são parte vital desta equação. Mais: o Marketing e suas marcas também são um grande mecanismo de proteção ao consumidor. Para começar, se não houvesse marcas, como os órgãos de proteção ao consumidor funcionariam? Averiguar o quê? Além disso, toda marca e profissional de Marketing que se preze necessita manter a lealdade do consumidor. Isto acarreta produtos cada vez mais confiáveis e seguros, especialmente nos dias atuais, com consumidores que se manifestam por meio de inúmeros megafones e com a linha entre o influenciador e o não influenciador cada vez mais tênue.

Marketing é absolutamente tudo que uma empresa faz. O resto é utopia, pois a única razão para a existência de qualquer empresa é o cliente. O que o administrativo, o departamento de comunicação, comercial, enfim, os setores de uma empresa acham não tem relevância sem a validação do consumidor, que é o juiz, pois o objetivo primário de qualquer empresa é o lucro. Sendo assim, saio em defesa do Marketing.

Desenvolvendo empreendedores

0

A experiência da sala de aula é uma das atividades que mais valorizo no meio acadêmico. O educador goza de uma oportunidade inigualável de compreender como as pessoas evoluem e crescem. Podemos aprender bastante também. Na verdade, às vezes eu acho que mais aprendo do que ensino. Compreender a natureza das pessoas, suas motivações intrínsecas, o processo da descoberta e os desafios constantes que se apresentam na relação inter-pessoal são altamente enriquecedoras.

 

Nos primeiros anos em sala de aula, sempre me preocupei com um processo de transmissão eficaz do conhecimento na área da Administração Geral. Ensinar fundamentos da administração ou as teorias gerais da administração era, para mim, dotar o aluno do conhecimento necessário para ele compreender o papel do administrador nas empresas modernas. Ao assumir a cadeira de empreendedorismo, percebi a diferença entre formar administradores e formar empreendedores. Cada vez que tenho contato com as ideias e atitudes de grandes empreendedores, me convenço mais ainda sobre o diferencial que devemos proporcionar no meio acadêmico para o desenvolvimento de novos empreendedores.

 

O que venho constatando nestes últimos tempos foi que os desafios para se formar administradores se tornaram muito semelhantes aos de se formar empreendedores. Ao vermos que, na prática, os dois perfis estão se aproximando muito na condução das empresas e na economia, percebemos que, mais do que pensar nos conteúdos disciplinares, as escolas devem pensar nas atitudes, comportamentos e competências que estes alunos precisam desenvolver para enfrentar os desafios propostos pelas empresas. A sala de aula não deixa de ser uma organização. É um laboratório onde se pode simular alguns dos ambientes corporativos, é um micro-cosmo onde se pode testar e experimentar técnicas que desenvolvem algumas habilidades específicas. Com o objetivo de contribuir com esta abordagem, quero aproveitar este espaço para compartilhar um pouco da experiência que adquiri ao longo dos últimos anos neste sentido. Mesmo que você não seja professor, mas líder de equipe, estas dicas também podem ser adaptadas para criar condições de aprendizado para sua equipe, afinal de contas, nem sempre contamos com as melhores pessoas, o que significa que precisamos aprender a formar nossos próprios talentos:

 

Aprender a pensar. Primeiro explique. Quando as coisas parecerem ter ficado claras, crie uma situação ambígua, explique e depois desminta com outra versão de outro autor. Deixe as coisas um pouco confusas e faça questionamentos sobre quem está certo. Peça opiniões dos alunos e levante alternativas para explicar a ambigüidade. No final da aula, esclareça tudo, no máximo na aula seguinte. O significado do aprendizado é mais perene quando ele reflete sobre o assunto de forma provocativa.

Saber questionar. Antes de começar uma aula teórica, avise-os que, ao final, sorteará 5 alunos para fazerem perguntas sobre a aula dada. Por isso, até o final da aula, cada aluno terá que já ter formulado alguma pergunta. Dê preferência às perguntas que questionam o que foi dito. Para o professor, o desafio é maior, pois ele precisa saber que hoje em dia ele não detém o poder do conhecimento sozinho e pode até aprender com os alunos. O professor pode e deve, em alguns momentos, se desvestir da aura de sabe-tudo, desde que tenha construído um clima de confiança e respeito que lhe dê segurança para dar esta liberdade.

Trabalhar em grupo. Para ensinar a trabalhar em grupo, não basta dar trabalhos em grupo. É preciso ensiná-los a fazer isso. Desde a distribuição de tarefas, a condução de uma reunião de trabalho, resolução de conflitos, administração do tempo, entre outras técnicas. Normalmente eu gasto uma aula inteira para dar estas dicas antes de passar o primeiro trabalho e os resultados são surpreendentemente melhores.

Processos de avaliação. Não avalie apenas o conhecimento. Eu já tive alunos que foram mal na prova e acabei dando nota por sua capacidade de argüição que me convenceram que ele mereceria passar. Professores que são inflexíveis neste quesito acabam pecando por avaliar apenas um aspecto do aluno que é a absorção do conhecimento. Eu acredito que o empreendedor não precisa apenas conhecer, mas deve provar que, de uma forma ou de outra vai conseguir atingir os objetivos e superar os desafios. Todos os meus alunos sabem que sou como uma águia no dia da prova. Não deixo escapar nada. Mas mesmo assim, incentivo eles a me desafiarem a colar. O risco de colar na minha aula é altíssimo porque o flagrante dá uma nota zero. Mas acabo premiando os que encararam o risco, me enfrentaram e conseguiram colar sem eu perceber.

Formas de expressão. Nem todos os alunos são hábeis na comunicação escrita e por isso vão mal nas provas. Existem alunos que preferem uma chamada oral do que uma prova tradicional. Alguns alunos adoram seminários porque possuem uma fluência natural em público, outros vão mais além e se entusiasmam cada vez que há um trabalho em grupo que explora a dramatização. Comunicação oral, escrita ou corporal. Dê condições para que o aluno use o melhor meio para ele expressar sua compreensão do aprendizado.

Construindo o conhecimento. Em cursos noturnos é comum que uma boa parcela da classe já esteja trabalhando. Muitas das idéias e conceitos trabalhados em classe são aplicados ou aplicáveis nas empresas onde eles trabalham. O significado do conhecimento se dá quando o aluno vê aplicabilidade no que lhe é passado. Para estes casos é conveniente que o professor faça perguntas sobre a empresa dele, crie condições para que o próprio aluno peça exemplos, sugira abordagens ‘e se…’. Discutir casos reais em empresas próximas da realidade do aluno aumenta a sua afinidade com o tema, instigando a curiosidade e facilitando a absorção.

Enxergar diferentes pontos de vista. Pegue um tema como por exemplo, o aborto. Identifique na sala que é favorável ao aborto e quem é contra. Divida a classe de acordo com estas opiniões e coloque cada parte em um lado da classe de frente para a outra. Peça então que eles debatam entre si esta questão com o objetivo de convencer o outro time a aceitar sua visão. O detalhe é que, antes de começar, você muda as regras. O time que defende o aborto deve convencer o outro time que o aborto não é bom. Da mesma forma, o time que não é favorável deve defender o valor contrário. Este exercício, mostra que existem diversos pontos de vista sobre a mesma realidade. Nossa capacidade de relacionamento e criatividade cresce na medida em que desenvolvemos a habilidade de se colocar no lugar do outro e entender a situação sobre o seu ponto de vista.

Valorize as iniciativas. Quando você der um trabalho deixe bem claro que um dos critérios que você vai usar será a capacidade do grupo de te surpreender. Isso vai lhes dar a liberdade de usar a criatividade para buscar formas inusitadas para desenvolver o trabalho. Já tive grupos que escreveram uma música para apresentar o trabalho. Outro grupo fez uma extensa, rica e diversificada pesquisa bibliográfica, outro grupo trouxe especialistas no assunto para dar uma palestra. Teve um grupo que chegou a decorar toda a sala de acordo com tema que ia apresentar. Esta é uma liberdade que sempre vai dar margem para o risco de um ou mais grupos se enveredar por caminhos criativos, mas sem conteúdo, mas não se preocupe, é o preço que se paga para estimular o risco e a inventividade.

Minimize a importância da nota. O maestro Benjamin Zandler me deu esta idéia. No começo das aulas diga a todos: ‘Estão todos aprovados. A nota final de todos é 7. Ninguém vai ser reprovado por faltas. A partir de agora, ninguém mais precisa vir à aula. Eu não quero dar aulas para quem está interessado em notas e faltas apenas. Quero que venham apenas os que querem aprender algo e ser alguém na vida’ O seu sucesso agora será medido pelo número de alunos que consegue manter nas aulas. O melhor é experimentar primeiro em uma turma de pós graduação, a não ser que você acredite que os alunos da graduação já possuem maturidade suficiente para esta proposta. O número de alunos nas minhas aulas diminui um pouco, mas eu sei que quem está lá está disposto a aprender de verdade e as aulas são muito bem aproveitadas. O meu desafio obviamente é muito maior, mas é o tipo de desafio que gosto de assumir.

 

Estas são apenas algumas das coisas que costumo fazer como professor no ensino superior, mas não é só isso, eu gosto de experimentar coisas novas e algumas coisas acabam não dando certo, mas se a sala de aula é uma simulação para o aluno, também o é para o professor.

Eu escrevi aqui uma vez que empreendedores só podem ser liderados por empreendedores, pois só eles compreendem a cabeça e o espírito empreendedor a ponto de explorá-los da melhor forma possível. Agora eu digo que empreendedores só podem ser despertados por empreendedores, pois só eles podem ajudá-los a desenvolver o potencial que todos possuem em sua essência natural. É isso que eu pretendo fazer em sala de aula. Eu sei que todos os meus alunos têm esta sementinha. Se eu consigo despertar mesmo que seja apenas alguns deles em cada turma, já fico contente por estar concretizando minha missão.

Educação: O empreendedorismo e as dimensões das redes sociais

0

O ser humano é um ser social, e essa socialização precede a internet. As Redes Sociais são nodos ligados por relações sociais que foram estruturadas por pessoas com um interesse em comum, um espaço democrático e livre – uma relação que favorece o maior envolvimento comunitário, contribui para o conhecimento em rede e maior acesso à informação.

Envolvimento comunitário – as pessoas cada vez mais estão engajadas a contribuir com o bem social – ajudando diversas causas através do meio digital: disseminam campanhas contra a dengue, compartilham as irregularidades geradas pelo poder público (corrupção), as ineficiências das corporações e buscam proteger os animais que foram agredidos ou que precisam de ajuda – sensibilizando as pessoas sobre seus atos e cobrando das autoridades soluções para problemas que antes eram dialogados no contexto boca a boca – com pouca repercussão e amplitude dos fatos.

Conhecimento em Rede – Cada vez mais a sociedade está utilizando o pensamento coletivo e colaborativo – esse modelo de produção de conhecimento utiliza a inteligência e os conhecimentos gerados por várias pessoas e voluntários espalhados pela internet para resolver problemas, criar conteúdos e soluções ou desenvolver novas tecnologias. No contexto educacional observamos os fóruns de discussões sobre temáticas específicas, o sistema de Educação à Distância, as ferramentas “Crowd”, a exemplo do Wikipédia – como uma ação de cooperação coletiva realizada por pessoas que contribuem para somar conhecimentos e distribui-los gratuitamente através da internet; Para o segmento de negócios podemos relatar a construção de um produto/serviço no modelo colaborativo/coletivo.

Maior Acesso à Informação – No contexto dos negócios, as redes sociais contribuem para que as empresas se adaptem aos desejos dos consumidores e escutem todos os stakeholders – analisando os comentários positivos e negativos para manter um estreitamento no processo de relacionamento com todos os interessados (clientes, fornecedores, colaboradores e sociedade). Vale ressaltar que a informação está disponível para todos – o grau de relevância é colher essa informação e transformar em conhecimento o mais rápido possível. A internet e sua infinita conectividade estão alterando o cenário de como os jovens adquirem, produzem, transformam e compartilham conhecimento. O mais rápido deixando o mais lento para trás – acredito que nos dias atuais os jovens precisam utilizar os espaços digitais para construção de uma carreira sólida, sem desgaste de imagem e aproveitando o pensamento coletivo que a internet disponibiliza para todos.

Os mais jovens dominam o uso da web. A geração de jovens que nasceram com a internet e sob o boom tecnológico. Esse público vivencia diariamente videogames ultra-modernos, computadores velozes, internet 24 horas, smartphones com diversas funções de conectividades e acesso a Redes Sociais. Acredito que essa geração carrega uma identidade rápida de raciocínio, diferente dos estudos formais/tradicionais – mas isso merece um acompanhamento muito próximo para evitar que a tecnologia elimine o convívio social dessas crianças. As gerações mais velhas estão sendo obrigadas a usufruir da internet como ferramenta para estreitar relacionamento com familiares, utilizar serviços bancários e públicos. Essa geração é mais resistente a mudanças e não aprovam o conteúdo livre disponível na internet – apresentam uma relação mais vulnerável devido à falta de conhecimento técnico e geralmente são vítimas de hackers.

No contexto em que a internet é inserida “goela abaixo” em nosso país ela está se tornando mais prejudicial ao público infantil e adolescente do que um verdadeiro benefício para esses envolvidos. O nosso país é carente de um sistema educacional digno – formador de cientistas e de pessoas pensadoras – ainda nesse cenário social observamos uma ausência da família como parte de um alicerce importante para formar jovens que contribuam para o desenvolvimento do nosso país.

A nova geração não sabe navegar/pesquisar na internet. Utilizam os espaços digitais para “curtir” e “compartilhar” besteiras, dialogam através de comentários de forma agressiva e preconceituosa e não buscam construir conhecimento – estão viciados no ctrl+c e ctrl+v. Esses fatos acabam gerando um desalinhamento entre a real necessidade da internet, a educação e a formação de carreira desse jovens. O risco é de um afundamento do nosso país. As ferramentas online não alteram o objetivo de aprendizagem. Elas facilitam a compreensão e introduzem novas metodologias de ensino, agregando mais valor à educação – para isso é necessária uma reengenharia no modelo de educação tradicional – entregar para os professores uma reflexão sobre coletividade/colaboração nos espaços digitais, mostrar para os alunos que os recursos disponíveis na internet vão servir para a construção individual dos futuros profissionais e das próprias escolas que carregam metodologia e infraestrutura atrasada – gerando assim uma desmotivação dos principais agentes educacionais (professor e aluno).

A Internet precisa ser um espaço livre para que o aluno consiga navegar e construir conhecimentos – e é papel da escola e família acompanhar e ajudá-los a usufruir dessa fonte de informação.
Dicas para os alunos: 1) navegue em vários sites para verificar a veracidade das informações – utilize os livros para confirmar se o site é confiável; 2) faça anotações sobre suas pesquisas, abra uma página no bloco de notas/word e anote! O volume de informações nos espaços digitais não acompanham a nossa estrutura de assimilar tantos conteúdos; 3) crie uma biblioteca de sites confiáveis para pesquisas futuras; 4) construa uma rede de relacionamento verdadeira e com personagens relevantes que poderão contribuir para a sua carreira; 5) construa conhecimento – evite copiar e colar; 6) nos mecanismos de buscas (Google, Bing, Yahoo..) prefira os sites que estão nas primeiras páginas para contribuir com a suas pesquisas; 7) utilize os espaços digitais para manter um relacionamento respeitoso, sem gírias, agressões e preconceitos;

Dicas para os professores: 1) Ajude os alunos a buscar sites com conteúdo científico e elimine blogs com informações de interesse apenas comercial; 2) Estimule o debate em sala de aula sobre o pensamento de fazer pesquisas na internet – envolva os alunos sobre a importância dos espaços digitais; 3) Exija que todos os trabalhos realizados possuam referências, respeitando as fontes; 4) respeite o pensamento do aluno – afinal ele está mais conectado do que os próprios professores – mantendo-se atualizado segundo a segundo; 5) Não tenha preconceito com conteúdos retirados do Wikipédia e Google – oriente o seu aluno a saber pesquisar; 6) Estude e pesquise sobre os espaços digitais – esteja envolvido com seus alunos nas Redes Sociais acompanhando e aprendendo de forma coletiva/colaborativa; 6) Não proíba no ambiente educacional o uso das redes sociais/internet – oriente sobre o uso correto! Hoje muitos alunos carregam um smartphone conectado à internet móvel.

A necessidade de compartilhar experiências é o que torna a internet potencialmente ativa e promissora, permitindo aos estudantes criar relações sociais, assim como atender às exigências de seu aprendizado. É preciso transformar o aluno e o professor como agentes críticos da informação na busca de um bem coletivo.

Os novos comportamentos de consumidores e marcas com o advento das redes sociais

0

O avanço tecnológico e, principalmente, o surgimento da internet, contribuiu para que o comportamento das pessoas passasse por fortes modificações nos últimos tempos. Essa mudança está presente em vários aspectos, mas se resume à facilidade de relacionamento gerada pelas novas possibilidades de comunicação.

 

Essa facilidade começou com os fotologs, blogs e chats online – no formato, principalmente, de salas de bate-papo. Essas ferramentas eram utilizadas no dia a dia das pessoas, na função de “diários virtuais”: serviam para que fomentasse o relacionamento entre amigos e conhecidos. Nessa época, as pessoas se deslumbravam pela possibilidade de poder exaltar seu ego de maneira pública, mesmo que virtualmente. Aos poucos, essas ferramentas foram se modificando, ganhando força e sua utilidade passou a ser vista não apenas para uso pessoal, mas, também, para uso corporativo – dessa forma, as marcas passaram a se apropriar desses meios de comunicação para estabelecer um relacionamento com seu público. Mas, claro, isso não aconteceu do dia para noite – houve um longo processo de entendimento e adaptação.

 

Fator essencial para esse processo foi o surgimento das redes sociais. Começou pelo orkut que, embora esteja obsoleto, foi importante para que as pessoas conhecessem as funcionalidades de uma rede social, se adaptassem a ela, reencontrassem amigos e fizessem com que esse tipo de rede se tornasse parte das suas vidas. Da mesma forma, foi importante para que as marcas começassem a perceber a força da internet – no Orkut, era possível que os usuários criassem comunidades específicas para falar sobre a marca e/ou um produto da marca. Nessas comunidades, havia tópicos que abordavam tanto questões positivas quanto questões negativas. Nesse ponto, as empresas que perceberam a força dessas comunidades e se manifestavam respondendo aos consumidores, saiam na frente.

 

Da mesma forma, muitas marcas começaram a ser mais rápidas do que os usuários e, elas próprias, criaram a sua “comunidade oficial” – assim, o controle da comunicação e o gerenciamento da comunidade estavam nas mãos delas.Com a queda do orkut e ascensão do Facebook e Twitter – entre outras redes sociais também consideradas expressivas – a internet foi se tornando um ótimo lugar de relacionamento entre público e marca. O próprio Facebook colocou como regra que empresas não poderiam ter um perfil, mas sim, uma página. Dessa forma, criava-se um espaço exclusivo e convidativo para que empresas estivessem presentes nas redes sociais. Ao mesmo tempo, os consumidores começaram a perceber que também tinham força na internet e, dessa forma, a comunicação passou a ser uma via de mão dupla – utilizar as redes sociais para reclamar de um mau atendimento, de um produto com defeito, de problemas com a prestação de serviço, entre outros, mostrava-se muito mais eficiente do que ligar para o call center ou brigar pelos seus direitos no próprio estabelecimento.

 

Isso, porque o alcance das redes sociais é extremamente abrangente – pessoas que estão em outra cidade e, até, outro país, podem ter acesso à sua reclamação. Além disso, dependendo da repercussão e do quão influente você é, essa reclamação pode se disseminar rapidamente, fazendo com que os mais diversos públicos – até quem não tem contato com a marca – fique ciente do ocorrido. Assim, se, antes, o consumidor tinha voz pouca ativa, com as redes sociais esse cenário muda e o consumidor ganha força. Da mesma forma, as redes passam a ser um ótimo local para fazer pesquisas de satisfação – o consumidor, ao procurar por um produto, não leva mais em consideração, apenas, o melhor preço, mas a reputação do produto, da marca e da loja onde pretende efetivar a compra. Ou seja, aquela marca que não cuida ou se preocupa com sua imagem nas redes sociais, pode ser seriamente prejudicada e perder consumidores.

Dessa forma, podemos concluir que, considerando a relação entre público e empresa, as principais mudanças foram o poder de comunicação que as redes sociais deram aos consumidores, além da necessária mudança de posicionamento das marcas, já que, hoje, não basta que uma empresa tenha uma boa propaganda se o serviço prestado não acompanhar as promessas da marca, o que significa que, mais do que nunca, as marcas precisam agir com transparência e respeito aos seus consumidores.

 

A Vulgarização da Inovação

0

No novo mundo, o comportamento do consumidor está sendo redefinido. Ele desenvolve filtros e intimidades com produtos e serviços, que exigem movimentos rápidos, evolução e reinvenção constantes. Bons tempos, não é mesmo? Para uns, sim. Para outros, não. Sobrevivência agora significa entender que o mundo está repleto de marcas e, cada vez mais, estas são menos respeitadas, confiadas e despertam menos atributos e diferenciais – é o que os especialistas chamam de “saliência de marca”.

 

De fato, inovação mais do que nunca se torna a espinha dorsal do crescimento e a vantagem competitiva das corporações modernas. Por outro lado, ironicamente, o termo está ficando gradualmente vulgarizado. Tristemente em frangalhos. Pergunto: teria a disciplina da inovação se tornado comoditizada? Talvez. Há boas possibilidades. Certas questões se mostram ignoradas por grandes marcas e corporações no mundo e, em especial, no Brasil. Ignoradas até mesmo pelos supergurus egocêntricos que nascem todos os dias no Twitter ou em outras plataformas.

 

Vejam as seguintes questões:

Quanto que a mídia espontânea estimula os departamentos de uma empresa a evoluírem e redefinirem processos?
Qual é a influência do boca a boca digital no budget da comunicação ou no desenvolvimento de produtos e serviços?
Como o ato de inovar nas redes sociais contribuirá para os objetivos fundamentais do negócio?
Qual o ciclo de vida e evolução de insights e boas ideias nas mídias sociais, abandonando o velho modelo das discussões (focus group)?

As regras do processo de feedback estão sendo redefinidas, gerando laboratórios de aprendizado e escuta para as marcas mais astutas. Inovação na websocial exige fundamentalmente escuta digital estratégica, séria e metódica. Aprendizado constante e inspiração em tempo real também são ingredientes dessa receita. Questões como ranking de influenciadores nas redes sociais, painel de tendências e análise de sentimentos, assim como dispersão e volume, devem estar no dia-a-dia de qualquer marca que almeje um trabalho relevante na web. É sempre bom lembrar que ouvir por ouvir já não é mais suficiente. É preciso organizar e planejar com conhecimento assimilado.

 

Outra questão: você não acha também que boa parte dos inovadores de marca que atuam na internet perseguem insanamente a tecnologia, em vez do comportamento do consumidor/usuário de redes sociais?

As ferramentas vêm e vão na velocidade da luz, tornando-se cansativo e praticamente impossível de acompanhá-las. Empresas e seus estrategistas de marketing têm de tomar cuidado com planos e ofertas que começam com estratégias de Orkut, Twitter ou Facebook. Acima de tudo, marcas e corporações devem focar em seus stakeholders, verdadeiramente ouvindo, segmentando adequadamente para inovar com qualidade, evitando desperdícios e concentrando-se em como esses públicos se comportam no ambiente virtual.

Outra questão fundamental é que inovar na era digital envolve um processo de integração com as mídias sociais junto à cadeia de valor corporativa e muitas vezes exigindo ruptura cultural intraempresa. Em seu mais recente livro, Charlene Li (“Open Leadership”, ou “Liderança Aberta”, em português) argumenta que líderes modernos precisam entender melhor a nova cultura de compartilhamento desencadeada pela evolução do mundo conectado. Segundo a autora, o primeiro passo é   “reconhecer que você não está mais no controle. Clientes, colaboradores e parceiros estão.” (…) “Esta é uma moda que não desaparecerá. Crescerá cada vez mais, com ou sem você!”

 

Vale lembrar que esse não é um processo fácil. A geração “Y”, principalmente, cresceu cética, vendo Enron, Mesbla, Mappin etc caírem. Líderes novos precisarão de habilidades únicas e humildade. Esses projetos não acontecem de um dia para o outro.  Aconselhamos as empresas primeiramente a criar uma estrutura de governança e regulamentação para o ambiente web, que seja facilmente assimiladas por seus colaboradores. Um bom exemplo de política bem-sucedida de adaptação cultural aos novos tempos é a varejista americana Best Buy (apesar dos recentes problemas que a marca enfrentou). Ela utiliza um exército de colaboradores como verdadeiros representantes da marca, que dão intenso suporte aos clientes da empresa. Não seria isso real vantagem competitiva? O pulo do gato, então, é saber como fazer.

 

A marca que acredita prever inovações tende a morrer. Na era digital, o processo de inovação é um estágio avançado no qual a empresa precisa trabalhar, antes de qualquer coisa, pelos processos e políticas internas, entender o comportamento do internauta e sempre responder ao emissor da sugestão, ou seja, os internautas que se comunicam com sua empresa via web, mesmo que ela não seja útil para a companhia. Tudo isso alinhado aos conceitos primordiais de marketing.

 

Inovação na internet é muito mais do que campanhas premiadas e barulhentas, romantismo de mudar o mundo e exageros. Inovar na era digital significa bom atendimento, reduzir custos de pesquisa e desenvolvimento, assim como inventários, pois os mesmos clientes que te ajudam a desenvolver produtos e serviços tenderão a consumi-los. Você está preparado para gerar inovação real de marca que traga valor plausível?

 

A estratégia do Tylenol180

0

O medicamento Tylenol é considerado um dos mais bem – sucedidos cases de gestão de crise de marca em todos os tempos. Nos anos 80, algumas cápsulas de Tylenol foram comercializadas envenenadas com uma substância denominada cianeto. Foi o primeiro evento que se tem notícia de que cidadãos morreram ingerindo um produto farmacêutico que havia sido adulterado. O Tylenolconduziu a gestão desta crise de uma maneira tão apropriada para época, que alguns especialistas em marketing hoje tomam o case do remédio como exemplo a ser seguido. Não se trata de uma coisa fácil. Podemos dizer que o Tylenol lidou com um cenário adverso e emergiu da crise fortalecido, vendo o equity da marca alavancado, e o produto ganhando ainda mais market share.

Hoje é possível dizer que toda e qualquer empresa ou marca pode vivenciar uma situação de crise, não necessariamente tão grave como a do Tylenol, mas com consequências danosas à marca. A internet potencializou o poder de resposta e a demonstração das mais variadas emoções dos consumidores. E mais: o alcance é inevitavelmente global. Alguns exemplos já são conhecidos. O primeiro deles é o caso da rede Domino’s, quando funcionários no ano de 2009 gravaram um vídeo nada apetitoso que ganhou o mundo via internet. Mas há muitos outros. A United Airlines, Amazon, o FDA e a Motrin, uma marca da Johnson & Johnson, também vivenciaram momentos de angústia por conta do conteúdo que circulou no mundo digital. Todos aconteceram nos Estados Unidos, mas aqui no Brasil são diversos os casos de problemas na web enfrentados diariamente por companhias atualmente.

Isso não é necessariamente o fim do mundo. Algumas marcas conseguiram virar o jogo e transformar a crise numa oportunidade. É o conhecido ditado de que de um limão se faz uma limonada. Os especialistas em marketing já definiram esta reversão de cenário radical e muito bem-sucedida como Tylenol 180, em referência ao case de sucesso do remédio no passado.  O que todos estes cases de sucesso têm em comum para que cheguem ao estágio do Tylenol 180? Em primeiro lugar é necessário agir de forma muito rápida. Hoje em dia, ser veloz significa ser extremamente veloz. Novas avenidas de amplificação de conteúdo nascem e se proliferam diariamente. Antes de tudo é preciso entender que só é possível lidar com esta situação, se já houver um trabalho prévio de monitoramento de marca em todos os espaços, inclusive on-line, sendo realizado. Marcas mais preparadas possuem equipes ou se valem de profissionais especializados para desenvolver planos de contingência e monitorar o que acontece no mundo virtual. Monitorar, neste caso, é muito mais do que simplesmente abrir um laptop e ver o que há na internet. A palavra de ordem neste jogo é saber ouvir e aprender diariamente com o que os consumidores estão disseminando sobre sua marca ou empresa neste espaço.

Uma vez que se consegue ouvir o que está sendo discutido sobre sua marca, é preciso, então, agir prontamente com transparência, relevância e autenticidade. A JetBlue, por exemplo, soube resolver esta equação de uma maneira muito eficaz há poucos anos. O CEO na época David Neeleman, que aliás, é dono da companhia Azul, em operação no Brasil, assumiu total responsabilidade no problema que sua empresa enfrentou em 2007 em Nova York. A companhia aérea teve dificuldades no aeroporto JFK e, considerando que o posicionamento da empresa reforça o conceito de viagem divertida e humanizada, Neeleman percebeu de forma perspicaz que o sinal cruzado em que a empresa havia se metido, demandava rápida resposta. David Neeleman produziu, então, um vídeo que optou pelo tom emocional e aparentemente sincero no qual afirmou que todas as providências para evitar longos atrasos e melhorar os serviços da companhia aérea seriam tomadas. Neeleman ainda se desculpou de forma humilde, assumindo o erro. E a condução, vale reforçar, foi toda liderada pelo então presidente da companhia, o que, aos olhos do consumidor, dá muito mais credibilidade à mensagem.
No case Tylenol, que é emblemático, outra ação salta aos olhos para uma gestão de crise inteligente. A empresa, depois do escândalo, passou a entregar mais do que o consumidor esperava. A Johnson & Johnson promoveu recall imediato e trabalhou no redesenvolvimento do produto. Novos atributos foram agregados ao remédio, e os problemas, eliminados.
É válido reforçar que o profissional, gestor da crise ou advisor que vai lidar com a situação deverá realizar uma imersão no negócio da empresa em conflito. É preciso entender como agem os geradores deste boca a boca, ou seja, a qualidade e as características do produto, o atendimento ao consumidor, os call centers, o ambiente interno da empresa, o relacionamento com os diversos públicos da sociedade etc. Tudo com riqueza de detalhes. Esta certamente é a origem deste boca a boca digital. Estar no meio do furacão sem conhecer estes aspectos – ou o que chamamos de “talk drivers” – pode ser fatal.

Vejam como as coisas acontecem. No final da década passada, o músico canadense David Carroll, da relativamente pouco conhecida banda The Sons of Maxwell, solicitou à empresa United Airlines especial atenção no transporte de sua guitarra, que tinha valor físico e emocional. O pedido foi reforçado em diversas ocasiões no contato do músico com a empresa. Durante todo o atendimento, Carroll se irritou com o que descreveu como sendo descaso dos profissionais. O fato é que a guitarra acabou quebrando durante a viagem, e o músico – revoltado – compôs um clipe que virou febre na internet, via YouTube. O título: “United breaks guitars”.
Depois de verificar como atuam os influenciadores, ou seja, os internautas que deliberadamente estão discutindo a marca ou empresa no ambiente web, é preciso conhecê-los mais intimamente. Quem são os (micro) blogueiros que mais impactam na comunidade web? – e aí não estamos falando de blogueiros/jornalistas consagrados, mas, sim, do blogueiro que consegue reverberar suas opiniões nas comunidades. É preciso analisar o tom desta conversa: é jocoso, é imparcial, é emocional etc?. Quais são as chances de a empresa conseguir interagir planejadamente com este público? Uma forma maravilhosa de se identificar este influenciador é por meio da wikipedia, caso sua marca tenha uma página na enciclopédia virtual. Não é simples alterar o que está dito sobre sua empresa ou marca na wikipedia, mas uma forma de responder às eventuais críticas e acusações é se valer de outros canais, como blogs, sites de review, entre outros.

As companhias precisam ainda, numa situação delicada, repensar seus próprios websites. Muitos deles não estão preparados para momentos de crise, são engessados, e vários foram desenvolvidos num momento em que o mundo vivia uma outra realidade digital. Plataformas de feedback, ou seja, os canais no website, fanpage entre outros em que o usuário pode entrar em contato com a empresa, de preferência nos seus termos, ao seu estilo, precisam ser aprimorados. Entre outras diversas ações necessárias, o website pode ainda inserir ferramentas de busca externa e interna, sempre com informações relevantes da crise no topo dos resultados. Isto o internauta vai enxergar como transparência. Trata-se de ousadia, mas é transparência. Outras sugestões são: bom senso na publicidade em meio à crise e humanização dos call centers, para que a empresa consiga captar corretamente feedbacks de seus consumidores e aprender com os seus erros. Assim como verificar com lupa os rastros digitais deixados em arquivos antigos que ficaram perpetuados nos sites de busca. Tudo isso dá uma enorme oportunidade de melhorar pontos de contatos e ver no que a marca não consegue tornar sua promessa uma realidade.

As companhias e marcas precisam admitir que a relevância do website – que passou há muito do estágio de simples cartão de visita da empresa – é cada vez maior. O canal se tornou uma ferramenta extremamente estratégica e, no futuro, tende a ficar ainda mais. Será social, será real time, será mais dinâmico e, portanto, imprescindível.
Estas são pequenas pílulas da estratégia do Tylenol 180. Mas há muito mais. A beleza e a raridade deste marketing move, como podemos ver, são diretamente proporcionais. Para algumas empresas e marcas, fica provado, a crise é a melhor coisa que poderia acontecer.

Marketing, consumo e conflito de gerações

0

Recentemente, em uma entrevista para a televisão, uma jornalista me perguntou: – Carlos Hilsdorf como se resolve o conflito de gerações?

A resposta?

Não resolve!

Devemos aproveitar o conflito de gerações. Bem administrado ele é extremamente produtivo para a vida e os negócios. Deste conflito surge um atrito criativo, uma faísca que gera oportunidades em todas as direções.

Vejamos…

O conflito de gerações é uma realidade desde que o mundo é mundo, sempre existiu e sempre existirá. A simples diferença cronológica em termos de tempo vivido e experiências acumuladas entre duas gerações já basta para que estejam em momentos de maturidade psicológica diferentes, o que resulta em divergências.

A adolescência, tal qual a compreendemos atualmente, é o ritual de passagem da sociedade moderna, onde o cérebro matura seus mecanismos voltados à independência e sobrevivência, de onde deriva que este ser que se torna adulto, desvincule suas escolhas das de seus antecessores, que até então, não raro, decidiam por ele – fato que passa a incomodá-lo intensamente e é importante mecanismo evolutivo na individuação.

Portanto, o conflito, além de suas evidentes características temporais, culturais e antropológicas possui características neuropsicológicas importantíssimas!

Você pode me perguntar: por que, então, tanto estranhamento frente ao conflito de gerações quando ele envolve a geração Y? Qual a diferença deste conflito de gerações frente a todos os outros que o antecederam na história da humanidade? Como isso afeta o consumo e o marketing?

Três das várias diferenças:

1. A sucessão histórica, psicológica e mercadológica particular que envolveu a sequência baby boomers – geração X – geração Y.
2. O peso de uma revolução tecnológica onde a comunicação migrou da oralidade ancestral para a imagética moderna.
3. A organização de uma sociedade eminentemente urbana e construída ao redor do universo corporativo, no contexto da sociedade do consumo.

Os baby boomers cresceram ouvindo seus pais falando dos horrores da guerra e de como tinham que economizar para períodos de crise. A geração X cresceu ouvindo de seus pais que deviam estudar e trabalhar duro porque a prosperidade era fruto do número de horas dedicadas ao trabalho e que depois, ao se aposentarem, poderiam desfrutar a vida. Já a geração Y cresceu ouvindo de seus pais que poderiam ser o que quisessem na vida, se fossem originais, construíssem uma forte rede de relacionamentos e corressem atrás das oportunidades. Ouviram também que seus pais tinham dado um duro danado para lhes oferecer um futuro melhor e que tinham aberto mão de aproveitar a vida por conta disto.

Consequências…

A geração Y buscou a originalidade, a autoconfiança, prevaleceu-se da hiperinformação disponível e da conectividade para construir um excelente network, percebeu que a geração X dá muitas desculpas e reclama muito enquanto é possível fazer as coisas acontecerem mais rápido e, percebeu que seus pais não são assim “tão felizes”, porque adiaram demais os prazeres da vida. Daí deriva o caráter “imediatista” que se atribui à geração Y, que tem pressa de obter prosperidade em sincronismo com a época em que tem mais energia e disposição para curtir a vida!

Estas gerações juntas formam um mercado extremamente comprador e riquíssimo em oportunidades para novos produtos e serviços porque as três têm uma coisa muito importante em comum: decidiram que a hora de curtir a vida é agora!

Isso explica, em boa parte, o boom de turismo da melhor idade, o boom da construção civil de mais luxo e conforto da classe média e o estilo de consumo baseado em crédito adotado em massa pela geração Y que tem carro próprio, casa própria, viaja, conhece o mundo e só quer permanecer em empresas que lhe ofereçam oportunidades reais de aprendizagem e crescimento, pois aprenderam com os pais que ficar esperando promoções que nunca chegam costuma não compensar.

Tudo isso sem mencionar, mais a fundo, as gerações Z (os nativos digitais, filhos das gerações X e Y, pós a revolução WEB) e a geração Alpha (os nascidos a partir de 2010) que trarão ainda mais diferenças, particularidades e riqueza a este cenário plural e multitribal.

A história nunca foi tão rica e extraordinária em oportunidades de negócios!

Então, siga os hyperlinks e mentes à obra, pois “seguir em frente e mãos à obra” é da época dos baby boomers!

Anúncio

Anuncie no CidadeMarketing Anuncie no CidadeMarketing
Anuncie no CidadeMarketing Anuncie no CidadeMarketing

Posts Recentes

Anuncie no CidadeMarketing Anuncie no CidadeMarketing
Anuncie no CidadeMarketing Anuncie no CidadeMarketing
Anuncie no CidadeMarketing Anuncie no CidadeMarketing