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Sua marca é sustentável? Até que ponto?

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As redes sociais e suas plataformas aceleram o processo de humanização das marcas, que agora precisam mostrar personalidade, ter carne e osso, tornando fácil o relacionamento das empresas com os seus stakeholders. Acabou aquele comportamento controlador. Isto me leva a crer que o approach dos consumidores delineia uma das maiores tendências do branding atual, que é a construção de marcas fortes cada vez mais conectadas a ideologias e causas. Estas marcas têm que se comportar como pessoas – é o que os outros cidadãos agora esperam delas! As empresas, agora, precisam sair de cima do muro, mostrando suas essências, crenças e apostas.

 

As marcas que vão fazer a diferença são aquelas que inspiram seus stakeholders a serem pessoas melhores, a fazer o mundo em que vivemos ficar melhor, tornando a nossa vida mais sustentável. O planeta agradece, e o consumidor individualmente também. Na era da transparência radical e da responsabilidade, antes de qualquer coisa, confiança e credibilidade precisam ser conquistadas pelas marcas. Chega de discurso. Nada mais é mera questão de escolha. Todas as dimensões da empresa são visíveis para qualquer um que quiser ver. Numa conversa – que acabou no livro “Brand Digital” – a futurista Faith Popcorn argumenta ao profissional de branding Allen Adamson – que o mundo digital está fazendo com que as marcas sejam enxergadas em sua totalidade. “Não apenas relativo ao que elas vendem, mas também pela fibra moral que a elas está relacionada”, afirma a futurista.

 

Uma marca que conseguiu alcançar esta autenticidade e afirmação – ainda pouco conhecida aqui no Brasil – é a Patagonia, que é referência em “sustainable fashion”, ou seja, moda sustentável. A Patagonia se celebrizou por promover eventos que demonstram forte apego às questões ambientais. O próprio nome da empresa já remete à ideia de natureza e preocupação ambiental – lembre-se das geleiras da Patagônia que estão derretendo em razão do aquecimento global. O site da Patagonia e o blog lá contido fazem a empresa respirar autenticidade e intimidade com a causa a que ela abraçou. Vale a pena ressaltar que não somente o on-line, mas também o offline da empresa é muito consistente.
É importante lembrar que para que o “equity” de sua marca cresça fortemente, os esforços de sustentabilidade precisam estar diretamente relacionados com o que sua marca realmente representa na mente de seu público. Dois cases já são clássicos. O primeiro é o da GE, especialmente quando a empresa se envolve em causas de energias alternativas. Ora, a GE lembra automaticamente duas questões: energia e imaginação. Basta lembrar que o seu fundador, Thomas Edison, é o criador da lâmpada bulbo. Nós, consumidores da GE, imaginamos que fontes de energia alternativa estejam relacionadas instintivamente com a companhia.

 

Outro exemplo é a marca de produtos – entre outros, vários de limpeza – Clorox. Digamos que, quando esta empresa se envolve com estudos para melhorar o ar, despoluindo o ambiente, ela está fortalecendo a percepção do consumidor sobre algo que é intimamente ligado a seu core business. E aqui vai uma pergunta: que consumidor não gostaria de comprar um produto de limpeza de uma companhia que, de certa forma, está contribuindo para a despoluição do planeta? Quando compramos algum produto do portfólio da Clorox, vamos nos sentir ainda melhor ao lembrar que a empresa está envolvida com a causa da higiene ambiental em diversas partes do mundo. Nossa consciência social vai se sentir bem, e nosso cérebro vai admitir a possibilidade de compra. Afinal, a proposta da marca é limpeza e saúde.

 

Há vários exemplos de empresas cujo líder tem carisma, apelo na sociedade e que demonstra preocupação com a questão da sustentabilidade. Muitos deles investem grandes recursos para semear a sua causa e tentar de alguma forma conectar suas marcas a um apelo sustentável. No entanto, se isso não estiver de algum modo linkado com a promessa central da marca, este esforço é inútil. Esforços de sustentabilidade, como qualquer outra ação de branding, só farão sentido se estiverem atrelados à diferença relevante que a marca promove.

 

E é aí que os pontos de contato podem contribuir de forma relevante. As empresas hoje em dia estão gastando bilhões no Brasil em relatórios de sustentabilidade e programas de reciclagem interna, que, sim, são necessários, mas estão deixando de lado uma parte essencial nesta equação que é a de escutar aquilo que o público on-line tem a dizer. A conversa do público digital, hoje em dia, oferece uma série de insights que podem revelar o comportamento de compra e aquilo que o seu consumidor realmente pensa que é sustentabilidade em relação a sua marca.
Nossa consultoria tem feito recentemente, por exemplo, alguns estudos nos quais é possível comparar e cruzar os esforços pró-ativos de comunicação no âmbito de sustentabilidade das marcas (RP tradicional, anúncios em mídia impressa e TV etc.) com o que está inserido na Wikipedia. Isto nos possibilita identificar o nível de sinais cruzados que tais marcas estão gerando.

 

De fato, plataformas de busca estão cada vez mais sociais e “real time”. Levando em consideração que o boca a boca viaja muito mais rápido através do “retwittering” e que deixará rastros digitais permanentes, é um vácuo enorme em qualquer estratégia de sustentabilidade não dedicar esforços sérios e profissionais ao público digital. A reputação da sua marca e dos esforços que ela agrega em sustentabilidade têm uma relação simbiótica com os resultados do Google e afins.
Sem o boca a boca nada é sustentável.

 

A inovação vem da necessidade

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Morita conta como era o conturbado Japão do pós guerra. Um Japão destruído, sem emprego, sem dinheiro, sem matéria-prima. No trem para Tóquio, onde tentaria trabalhar como professor, ele se perguntava: ‘Como sobreviver? Quem sabe posso fazer alguma coisa? O que os japoneses precisam agora?’ ‘Tudo’ era a resposta mais óbvia. Mas ao comer um bolinho de arroz que trazia para a viagem, veio a idéia: Arroz. ‘Quem sabe eu não poderia fazer algo para ajudar a cozinhar arroz?’ Só que no Japão destroçado não havia metal em parte alguma, mas, por ter servido como oficial técnico durante a guerra, ele teve fácil acesso aos então inúteis compartimentos de bombas dos aviões. Ele então pegou os tanques e os reformou para fabricar as primeiras máquinas de cozinhar arroz.

Seu segundo produto foi a fita magnética. Morita relata suas dificuldades em encontrar material adequado para servir como fita e como improvisaram papel usado para este fim. Depois extraíram o material magnético, o óxido de ferro, a partir de ferrite oxálico aquecido em frigideiras e pintaram nas fitas com a mão. As primeiras gravações eram horríveis, mas eles foram aperfeiçoando o produto que acabou culminando com um excelente contrato de fornecimento de fitas para a IBM em 1965.

Esta e outras histórias que Akio Morita conta em seu livro, ‘Made in Japan’, sobre sua vida e sua empresa, a Sony, lhe dão toda a autoridade para afirmar que ‘Todos podemos ser inovadores quando nossa vida depende daquilo’.

Infelizmente, a maioria das empresas não cultiva a inovação em seus negócios. Aliás, muito pelo contrário, vemos muitas iniciativas para impedir o processo criativo nas empresas. Larry Farrell, um dos grandes estudiosos do empreendedorismo corporativo, explicou as sete formas de se matar a inovação na empresa:
1) Eu estou OK, você está OK. Se estamos todos em situação confortável, por que mudar? Por que inovar? Por que querer fazer algo diferente?
2) Alta direção desconectada, que acaba por não estimular um ambiente propício à inovação.
3) Falta de contato. As boas idéias não vêm da sua cabeça. Geralmente vêm do cliente, ou do concorrente. Se você não estiver em contato com eles perderá boas fontes de idéias.
4) Centralizando tudo. A visão taylorista de administração: ‘Eu faço tudo, você não precisa pensar, só obedecer.’
5) Laboratório distante de tudo. Estar longe do seu mercado significa alto risco de inventar o que ninguém quer.
6) Controle total ao Marketing. Quando eles só pensam em melhorar o que já existe e se prendem a paradigmas que impedem o desenvolvimento do espírito inovador.
7) Um único jeito de fazer as coisas. Quando os processos estão cristalizados, os seus executores não conseguem vislumbrar formas diferentes de se fazer as mesmas coisas.

Quem conhece uma animação da Pixar/Disney intitulada ‘Vida de Inseto’, vai se lembrar de um excelente exemplo deste último item. No início do filme, Flick uma formiguinha ‘inovadora’ procura demonstrar as vantagens de um equipamento que ele inventou para facilitar a colheita de grãos. ‘Flick, não temos tempo para isso’ diz uma das formigas. ‘Mas é justamente isso! Com a minha ceifadora poderemos ampliar a produção e ganhar mais tempo!’ argumenta Flick. ‘Ora, esqueça isso, largue este troço, volte para a fila e colha os grãos como uma formiga’ todos dizem. E ele se vai, frustrado (mas não resignado como se verá ao longo do filme). ‘Ceifadora, hunf! Fazemos a colheita assim desde que eu era uma larvinha!’ diz o mais velho da colônia. Alguma semelhança com situações que conhecemos?

Mas o maior estimulador da inovação é mesmo a necessidade, como Morita já demonstrou. Outro empreendedor, Larry Hillblom da DHL também tem histórias para contar. Ao tentar transformar seu trabalho de entregador free-lance em uma companhia, Larry esbarrou nos bancos para obter crédito. Eles simplesmente não acreditavam numa empresa de entregas que não tivesse uma rede formada. Nada mais óbvio, não? Pois Larry passou então a viajar aos principais países para recrutar voluntários. No limite da necessidade, perguntou a um motorista de táxi em Sidney se ele não gostaria de se tornar o presidente da DHL na Austrália, e ele aceitou. Depois de um ano, com sua ‘rede’ mundial formada, ele voltou e conquistou a confiança do Bank of América para iniciar o negócio. Hillblom ensina: ‘Podemos fazer muito mais em uma hora de crise do que em um mês de tranquilidade.’

Persona da Marca: Parte importante da Estratégia nas Mídias sociais

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Todo relacionamento requer um nível de afinidade entre as partes para que se estabeleça um elo afetivo, social e uma interação. Os sentimentos e as relações interpessoais acontecem entre as pessoas e as marcas, já que reconhecemos nelas características psicológicas, comportamentais, emocionais e, até, de caráter.   Baseados em nossas percepções, formamos opiniões e demonstramos sentimentos que podem ser facilmente compartilhados, o que se amplia hoje com as redes sociais. Por isso, cresce a importância de as marcas se tornarem cada vez mais humanas e personalizadas visando estabelecer um vínculo emocional mais forte e duradouro.

 

Uma das principais estratégias para essa humanização é a criação do que chamamos de Persona da Marca, que deve ser debatida até mesmo antes da definição de seu logotipo. Essa persona leva em conta sua história, características emotivas e físicas, personalidade, valores e ideias compatíveis com as do seu público-alvo, que poderão ser alteradas com o tempo ao vivenciar experiências e aprender coisas novas. Além disso, é extremamente importante a empresa ter uma postura de transparência, principalmente quando a marca comete erros.  A criação da Persona é uma estratégia de comunicação muito eficiente para obter lembrança de marca, permitindo um menor esforço de mídia (frequência) para a transmissão de uma mensagem, já que esta se dissemina de uma maneira muito mais natural entre os seus públicos.

 

Segundo a Consultoria Digitalents é importante a empresa encarar o momento de criação da Persona da Marca como uma oportunidade para rever seus conceitos, valores e avaliar se os mesmos se refletem em suas ações para realizar mudanças e correções, caso seja necessário.  Essa Persona, algumas vezes, se transforma num tipo de mascote, mas é necessário ressaltar que são coisas diferentes. Um exemplo disso é o Pinguim, da rede de lojas Ponto Frio, utilizado com a finalidade de promover engajamento e, até mesmo, diferenciação nas redes sociais, ele é a personificação da marca – o responsável por manter um relacionamento com os clientes – e prospects – aproximando-se do seu público, gerando identificação e empatia. Trabalhar dessa forma facilita a geração de um conteúdo com linguagem mais adequada ao público-alvo. Outro exemplo ocorre com o Magazine Luiza, que tem a “Lú”, um personagem que está presente nas redes sociais, no site da empresa recomendando produtos, além de ter o seu próprio blog num modelo de SAC 2.0, criado para fornecer conteúdo sobre produtos.

 

De qualquer forma, a Persona da Marca se destacou na era das mídias sociais, quando a preocupação com relacionamento, conteúdo e transparência ganhou força. No entanto, poucas empresas ampliam sua atuação para torná-la a base da estratégia de relacionamento. Vale ressaltar também a importância de que esse posicionamento adotado nas mídias sociais reflita no atendimento off-line (lojas físicas).   Para entender melhor o sucesso de certas estratégias, é importante ter um novo olhar para o consumidor e o seu comportamento: pouco tempo, dúvidas sobre uma grande variedade de produtos disponíveis e medo de errar nas suas escolhas. A solução encontrada por muitas pessoas é procurar por “especialistas”, pessoas reconhecidas num assunto específico, próximas e confiáveis, que possam lhe ajudar a minimizar os erros na tomada de decisão. É exatamente neste ponto que estratégias que tornam a marca mais humana se diferem das outras e, consequentemente, obtém vantagem competitiva. Afinal, as pessoas, hoje, são mais informadas, exigentes, demandam um relacionamento mais próximo e relevante por parte das empresas, ou seja, mais humano, transparente e orientado para seus próprios valores, que possibilite aproximação e troca de experiências para que sejam construídos fortes elos de encantamento, engajamento e fidelização.

O mercado dentro do armário

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Dezoito milhões de pessoas, 78% com cartão de crédito e com renda salarial média de R$ 3.247. Qual mercado não gostaria de aproveitar tal potencial de consumo? Aparentemente, o brasileiro. Esse é o resultado de pesquisas sobre o consumo de homossexuais no Brasil, que, além de todos estes pontos positivos, ainda gastam 30% mais na comparação com heterossexuais. E alguém conhece uma marca que tenha atitude positiva em relação a gays? A maioria está dentro do armário.

Levantamento da empresa Market Analysis mostra que apenas um em cada dez brasileiros sabe apontar uma marca que tenha atitude positiva com o consumidor homossexual. Isso abre duas opções: ou as empresas ainda não se deram conta deste perfil de consumidores ou precisam melhorar suas estratégias de marketing. E quando cito estratégias, que fique claro, não quero dizer segregação. Não acredito que o caminho seja o lançamento de linhas exclusivas para este público. É justamente o contrário: o caminho seja a inclusão homossexual em serviços e produtos já tradicionais.

O Banco Itaú, por exemplo, já oferece a opção de financiamento imobiliário para duas pessoas solteiras do mesmo sexo que vivem em conjunto, sem relação de parentesco entre si. A Tecnisa, do ramo imobiliário, percebeu que casais homossexuais gostam de apartamentos customizados e investiu na formatação de seus lançamentos para agradar este público, como banheira de hidromassagem, cozinha americana, closet e academia. Além disso, inovou ao lançar uma propaganda com uma imagem de duas cuecas penduradas em um varal, com a frase “mais cedo ou mais tarde, vocês vão morar juntos”.

Não são ações que excluem o público heterossexual, mas que convidam os homossexuais a participar de maneira igualitária. O Rio de Janeiro, uma das cidades mais turísticas do mundo, leva a causa tão a sério que criou uma Coordenadoria Especial da Diversidade Sexual em 2011. O objetivo é treinar donos de estabelecimentos comerciais e funcionários no trato de clientes, independentemente de sua orientação sexual. A velha máxima do “volte sempre” pode mesmo funcionar nestes casos, pois os gays gastam três vezes mais e permanecem 2,5 vezes mais tempo no Rio de Janeiro do que heterossexuais, de acordo com pesquisa da Embratur.

A própria Parada do Orgulho LGBT, em São Paulo, que reúne milhões de pessoas, é cenário perfeito para que as marcas promovam campanhas e se apresentem para este público de maneira amigável, muito além de apenas colocar balões coloridos na avenida. Uma pesquisa feita com 30 mil gays de todo o mundo pela Community Marketing revelou que as políticas internas das empresas têm influência em suas decisões de compra. A não-discriminação na hora da contratação e o reconhecimento de um parceiro do mesmo sexo contam pontos para 45% dos entrevistados.

O preconceito já não pode ser mais visto somente como uma manifestação pessoal. Deve ser observado também no mundo corporativo. Marcas que desviam seu olhar do crescente número de casais homoafetivos podem – e vão – perder espaço para seus concorrentes que não fogem da diversidade.

Burocracia, um mal necessário

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Um amigo empreendedor me confidenciou uma vez que o que estraga na vida dele é ter que lidar com a parte burocrática da empresa: Folha de pagamento, demonstrações contábeis, controle dos estoques, reconciliação bancária, elaboração de contratos, planejamento de fluxo de caixa, envio de títulos para protesto, revisão do cadastro de clientes, e mais uma infinidade de coisas que não tem nada a ver com o negócio em si.  Ele tem um centro automotivo e sua grande paixão é atender os clientes, conversar sobre carros, explicar as vantagens de uma revisão programada, orientar funcionários no uso de um equipamento computadorizado de diagnóstico, aprender com representantes de fornecedores algumas dicas para avaliação de suspensão em veículos importados, navegar pela Internet para se informar sobre o que há de mais novo em tecnologia de manutenção. Ele nunca imaginou, ao abrir seu negócio, que precisaria se preocupar com estes ‘detalhes’.

 

‘Bem, mas são estes ‘detalhes’ que definem o sucesso do seu negócio’, aleguei. ‘Porque você não contrata um administrador para cuidar disto?’, sugeri. Sua resposta foi lacônica: ‘Ora, estes profissionais são muito caros. Outro dia eu vi o salário médio de um gerente administrativo para uma empresa como a minha. Não compensa! Eu não gosto, mas não tem outro jeito, tenho que fazer eu mesmo.’

 

Este episódio me veio à mente justamente quando me vi obrigado a preencher aqueles diários de classe que todo professor odeia. Ao final de cada bimestre, temos que preencher quadradinhos, contar faltas, calcular médias, preencher diários. Aquela obrigação burocrática que o MEC exige e que me colocou no lugar do meu amigo, me ajudando a sentir o que ele sente. Falar é fácil, até o momento em que você vivencia o mesmo drama. O meu prazer está na sala de aula. É explicar o mundo das corporações para os alunos, abrir sua mente e me extasiar com suas descobertas e seu processo de transformação.

 

Em suma, todos nós temos uma parcela de burocracia, ou obrigações que, à primeira instância, podem parecer mera perda de tempo, mas, se pensarmos bem, ela é necessária, pelo menos para alguém. O grande problema é que nem sempre questionamos se alguém atribui algum valor pelo que fazemos.  Nos primórdios da administração profissional, Max Weber e outros teóricos da administração desenvolveram suas idéias sobre a necessidade das organizações aprenderem a estabelecer controles, regras, fluxos e métodos para diminuir as crescentes perdas decorrentes da desorganização e desordem em processos que aumentavam de complexidade na medida em que as empresas cresciam.

 

Graças à burocracia, não se perdia mais pedidos de clientes, sabia-se exatamente quantos itens havia em estoque e quantas peças foram rejeitadas no controle de qualidade. A burocracia permitiu que as compras fossem mais inteligentes, pois a decisão se concentrava em apenas uma pessoa. As pessoas sabiam exatamente quem fazia o quê, os processos passaram a fluir mais ordenada e rapidamente. A burocracia ajudou a ‘pôr ordem na casa’.  Mas com o tempo, a burocracia acabou ganhando uma interpretação bastante pejorativa, designando todo e qualquer processo que ‘amarra’ a empresa e impede não só o seu crescimento como a inovação. O problema é que as vantagens de sua implantação acabaram por alçá-la a um patamar de valorização extremada que levou ao excesso de uso. De repente, nos encontramos mergulhados num mar de papel, carimbos, assinaturas, comprovantes, relatórios e verificações como se mais burocracia trouxesse mais eficiência.

 

A despeito desta conotação negativa, a burocracia é importante e sempre será. O que precisamos é usá-la com bom senso. O empreendedor típico rejeita a burocracia porque olha apenas o seu lado negativo. Como vivemos em vários sub-níveis da sociedade e não atuamos sozinhos nunca, constantemente precisamos prestar contas ao governo, aos funcionários, aos chefes e empregadores, aos clientes e fornecedores, às associações de classe e aos parceiros e sócios. Que outra forma pode-se aprender com o passado? Como se pode planejar o futuro sem informações? Como garantir que parceiros cumpram com que lhes é devido? Como o MEC pode avaliar a qualidade dos cursos superiores?

 

As pessoas precisam das regras, pois se sentem mais seguras quando elas existem. Mesmo para eliminar regras, é preciso estabelecer outras. Uma vez minha filha pediu para ir à piscina com a amiga. Eu disse que não, pois ela sabia que a regra era: nenhuma criança pode ir à piscina sem um adulto junto. Mas, como ela já tinha crescido e ambas já sabiam nadar bem, resolvi ceder, mas não sem antes colocar outras regras: Não corram em volta da piscina, não se separem uma da outra, dentro de 1 hora vocês têm que estar de volta, nada de brincadeiras perigosas.

 

Liberdade é assim, não se dá de uma vez só, senão as pessoas perdem a referência. Vai se dando aos poucos, e avaliando como elas vão lidando com a liberdade que estão conquistando. Quando a pessoa domina o processo, a regra é inócua e passa a ser vista de forma pejorativa, como algo negativo, que trava e amarra o processo. Para reinventar a burocracia precisamos trocar as regras rígidas por regras mais flexíveis na medida em que as pessoas vão aprendendo mais sobre o processo. Só assim nossas empresas finalmente poderão se tornar mais competitivas por meio da inovação.

Como incrementar sua capacidade inovadora

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Hoje é inquestionável a busca das empresas por profissionais que, além de bem qualificados para executar suas funções, sejam também criativos. Todos nós nascemos criativos, mas a vida acaba nos impondo restrições que nos obrigam a aprender a pensar sempre de um mesmo jeito, sempre alinhado com o que as pessoas pensam. Isso é extremamente normal, pois caso contrário nem sequer seriamos aceitos socialmente. O problema é que quando nos acostumamos a pensar sempre do mesmo jeito e sempre buscando a concordância dos outros, acabamos matando nossa capacidade de pensar diferente e, consequentemente, nossa capacidade criativa. Dá para mudar isso? Com certeza, mas exige um certo esforço cujos resultados não vêm de uma hora para outra e nem de uma vez só. A seguir passo algumas dicas para você melhorar sua capacidade de pensar diferente e gerar inovações.

 

Desafie as regras – Todos nós, sem exceção, somos doutrinados a seguir regras desde a infância. ‘Não faça isso’, ‘Não suba aí’, ‘Isso é errado’, ‘As pessoas não fazem assim’. Cada ‘não’ que ouvimos é um tijolo que colocamos em paredes que formam ‘caixas’ que nos cercam, nos protegem e permitem que sejamos aceitos socialmente. Ao chegarmos à idade adulta, o fato de estarmos encerrados nestas caixas do pensamento impedem que visualizemos uma realidade fora deste mundo de regras. Existe um jargão típico entre os consultores de criatividade que é ‘Pensar fora da caixa’, que na verdade, nada mais é que desafiar estas mesmas regras que nos podam o pensamento inovador e imaginar como ficaria cada situação se não houvesse regras, se não estivessemos presos aos paradigmas sociais e legais que formam os paradigmas do que é ‘certo fazer’, do que é correto e aceito pelas pessoas. Pensar fora da caixa é criar situações em que você possa se desvencilhar das convenções e normas e elevar o pensamento para encontrar soluções inovadoras e criativas.

 

Dê um ‘toc’ na cuca – Muitas vezes precisamos que alguma coisa aconteça em nossas vidas para que saiamos do marasmo da rotina e impulsionemos nossa mente para explorar todas as possibilidades para lidar com situações adversas. Um ‘toc’ na cuca pode ser dado por uma demissão, a perda de um parente próximo, uma viagem inesperada, um assalto, ou uma coisa positiva também, como uma promoção, um elogio vindo de alguém que você não esperava, regando o jardim. A revista Você S.A. publicou uma vez uma parábola que contava como dois monges foram bem recebidos por uma humilde família que repartiu o pouco que tinha para recebê-los e ofereceu sua casa para o pernoite. Ao saber que tudo que eles tinham era graças a uma vaca que lhes dava leite para beber e vender, o monge mais idoso ordenou seu colega que empurrasse a vaca penhasco abaixo no meio da madrugada. Sem entender, o jovem monge obedeceu. Na manhã seguinte, bem cedo, antes de todos acordarem, eles se foram. Depois de alguns anos, o jovem monge fez o caminho novamente e quis matar a curiosidade sobre o fim que levou aquela família. Qual não foi a sua surpresa ao descobrir que no lugar do casebre havia uma boa casa, crianças saudáveis brincavam no jardim e tudo estava bem cuidado e com sinais de prosperidade. Ao indagar o dono da casa, ele descobriu que sua vida mudou depois que sua vaca morreu. Ele e a família foram obrigados a buscar outro meio de sobreviver e então descobriram tudo o que eles poderiam fazer e assim reverteram suas vidas miseráveis. Tudo graças à morte da vaca que os sustentava. Você se lembra da frase: ‘A necessidade é a mãe da invenção’?

 

Divirta-se – Bem, se a necessidade é a mãe da invenção, o divertimento é o pai dela. Minhas melhores idéias surgem quando estou brincando com meus filhos, ou a partir da segunda cerveja com os amigos. Os momentos de descontração aliviam a mente para navegar solta, com as defesas abaixadas, sem bloqueios e sem a preocupação com as exigências e normas a serem seguidas. Na verdade, você não precisa necessariamente se divertir, basta se distrair. O importante é sair do contexto da situação que você está precisando resolver. Se alguém te perguntar qual é o momento em que você mais precisa ser criativo, com certeza, as principais respostas seriam algo como: ‘Quando tenho um problema para resolver’, ‘Quando tenho uma necessidade para atender’ ou ‘Quando o prazo está se esgotando’. Mas, se te perguntarem qual é o momento que as respostas vêm com mais facilidade, as respostas passam para algo como: ‘Quando estou fazendo alguma coisa não relacionada com o problema’, ‘Quando estou só me distraindo’ ou ‘Quando estou relaxado’.

 

Anote tudo – Talvez você não se dê conta, mas nossa mente trabalha o tempo todo, nunca tira folga, e, justamente nos momentos de descontração ou que se está fora do problema é que ele pode encontrar uma grande solução. Se você estiver focado no problema, com certeza se lembrará da solução depois de algum tempo. Só que nestes momentos, idéias espontâneas surgem, aparentemente do nada, e lamentavelmente a maioria é descartada antes de tomar forma, simplesmente porque forçamos a mente a focar no que é preciso pensar naquele momento. Como o lado direito do cérebro não sabe respeitar regras, ele insiste em levar seu dono para viajar nos momentos mais impróprios. Não restrinja sua mente de dar as suas viajadas ocasionalmente. Tenha sempre em mão papel e caneta para anotar qualquer coisa nova que surja. Depois, ao reler, pode ser que você simplesmente dê algumas risadas e jogue o papel fora, mas pode ser que ela venha a se tornar uma grande sacada para o seu negócio, sua vida ou seu trabalho.

Marketing, branding e a nivelação rasteira

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Chega a ser tétrico o pseudo intelectualismo marquetólogo moleque que quer reinventar a roda diariamente nas redes sociais e em grupinhos de mercado. Pergunto-me, por exemplo, qual o motivo de ainda existirem tantos equívocos sobre as diferenças entre marketing e branding. Num dia desses, após uma prazerosa oratória que proferi para grandes empreendedores, me deparei com um colega (não vem ao caso o nome dele mas também era palestrante no evento) que disparou o seguinte oximoro: “Gostei da sua palestra mas homens como Peter Drucker estão ultrapassados e os gestores das marcas precisam esquecer essas figuras que estão mortas.” Sempre fiquei em dúvida, caro leitor, se esse mundo realmente acabaria um dia, mas quando ouvi isso, tive certeza que sim.

 

No mínimo um cidadão míope que não sabe nada do que está falando e pior ainda, ensinando (minhas sinceras condolências para aqueles que pagaram para assistir alguma palestra com esse apocalíptico ‘expert’). Tive que conter qualquer reação mais exacerbada de minha parte – até por questão de elegância – mas difícil entender tal débil afirmação. Afinal de contas, Drucker mostrou ao mundo em The practice of management (1954) que o marketing é tudo que uma empresa faz e sua força se mostra em, principalmente, construir uma marca de fora (mercado) para dentro, caso contrário o processo se torna esquizofrênico. Esse documento culminado com sua ida para a General Motors como consultor, representou a fusão total e inegociável das duas disciplinas.

 

Francisco Alberto Madia de Souza, a quem todo mundo, incluindo seus alunos (também fui) e familiares, chamam simplesmente de Madia, escreveu um excelente artigo deixando bem claro que branding e marketing são “duas faces de uma mesma moeda”(1). John Jantasch , autor dos livros Marketing de Baixo Custo e Alto Impacto (2007) e The Commitment Engine (2012) , foi igualmente feliz em sua observação enfatizando que “marketing é a arte de convencer alguém que tenha um desejo, a conhecer, gostar e confiar em você”; e “branding é a arte de se fazer conhecido, querido e confiável”(2).

 

Em outras palavras, se o marketing estuda e entende, o branding encanta. É uma relação simbiótica e também saudável, oras. Inclusive, do meu ponto de vista, a fase atual da internet, que é essencialmente social, funciona como uma “cola” intensificando ainda mais a convivência harmoniosa. E, mais do que isso, ajudam na elaboração de estratégias fundamentais para conquistar e encantar o cliente (sei que isso soa clichê). Isso prova que um não vive sem o outro.
Um pouco desse teatro intelectualmente nefasto e ao mesmo tempo cômico se dá porque, muita gente que se diz entendida do assunto, não consegue realmente simplificar o sentido do marketing. Refiro – me, por exemplo, a toda canaille primitiva dos pseudo experts super valorizados que aparecem diariamente com o ego inflado nas redes sociais e ambientes afins. Enfim: Marketing nada mais é que se organizar na perspectiva do mercado e do cliente3. Inocentes aqueles que acreditam que marketing é apenas divulgar promoção ou fazer campanhas publicitárias caríssimas. Por falar nisso, sonho com um dia que a disciplina da empresa moderna deixe de ser a fluoxetina diária de certos publicitários pavões ególatras com todo o glamour jeca e cafona que carregam (sem generalizações, pois conheço profissionais de qualidade nesse ramo). Nossa profissão é séria demais para se resumir a apenas sacadinhas criativas.

 

Uma empresa que parece ter desaprendido que marketing e branding são indissociáveis é a Brastemp. Depois de conquistar e dominar por anos o mercado com seu belíssimo posicionamento “Não é assim uma Brastemp”, Narcisos irresponsáveis recebem o poder em mãos e começam, alguns anos atrás, a mexer em time que está ganhando. Como políticos de oposição que rechaçam as obras do mandato anterior. Não importando o quão boas foram suas ações. Ironicamente o novo conceito foi batizado de Lado B. Nada mais justo. O Lado B do marketing criando uma campanha Lado B. O critério é simples: se não fui eu que fiz, não é bom. Realmente, esse case Brastemp é um dos cinco maiores fiascos do marketing moderno. Simplesmente bestial. Parecem ter esquecido que nenhuma marca nasce, resiste e se fortalece sem a validação do mercado! E o consumidor? Ah… o consumidor é apenas um penduricalho dispensável.

 

Independente dos meus furibundos protestos, não acredito, mesmo que gostaria, que essa bolha de ignorância e juniorização que ronda o marketing brasileiro possa acabar tão cedo. Talvez eu seja só um apaixonado pelo marketing (sentimentalismo a parte) que está cada vez mais assustado com a nivelação rasteira que estamos passando. Falta, entre outras coisas, vigor intelectual de parte dos atores. Mas quem, com o mínimo de conhecimento e paixão não estaria assustado e até mesmo indignado? Eu, com certeza, não estou sozinho.

 

1 “Marketing e Branding”, Francisco Madia , 2008
2 “Duct tape marketing” , John Jantasch , 2007 (www.ducttapemarketing.com)
3 “”Em defesa do marketing”, Gabriel Rossi, 2012, Mundo do Marketing (http://www.mundodomarketing.com.br/artigos/gabriel-rossi/23536/em-defesa-do-marketing.html)

Reposicionando o concorrente

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A arte de reposicionar o adversário é um artifício refinado, lindo e raro no marketing. Nos tempos atuais, principalmente com o enfraquecimento da propaganda de massa, essa prática não é para amadores mambembes, definitivamente. Leia-se por reposicionar o concorrente, caríssimos leitores, o ato de remover a percepção que o consumidor tem de uma marca e imputar um novo conceito na mente do público em questão. Você deixa de contar sua própria história de uma maneira linear e convencional (fortalecendo assim a narrativa de uma forma muito mais arrojada), coloca seu “inimigo na defensiva” e começa a traçar e comandar o formato de toda conversa da categoria. Anos atrás, por exemplo, a Tylenol resolveu “atacar” a clássica Aspirina, alegando que o medicamento, criado no final do século XIX, provocava dores de estômago. Na época, as vendas de aspirina caíram significativamente. A Pringles, marca da Procter & Gamble, foi reposicionada (depois conseguiu mudar isso) como “artificial demais”, por concorrentes mais antigos como a Borden’s Wise. A batata da P & G caiu de 18% de mercado para 10%.

 

Também, anos atrás, a BMW, por exemplo, foi bem sucedida reposicionando a Mercedes como a melhor máquina para ficar sentado. Naquela época a Mercedes estava realmente produzindo carros grandes que pareciam limousines. A “sala de estar do automobilismo.” A BMW aproveitou o flanco, atacou e criou seu famoso slogan “The ultimate driving machine”. Um antagonismo aos atributos dos automóveis da Mercedes. Há outros casos. A Listerine e a Lenox também vivenciaram ataques semelhantes.

 

Dica: A reformatação do concorrente é mais eficiente quando faz parte de um esforço conjunto para mudar a maneira que ele é percebido num grande contexto. Comunicação comparativa pode funcionar, mas um trabalho melhor articulado em diferentes canais (utilizando storytelling) tende a ser mais poderoso. Neste conceito, os profissionais norte-americanos de política muitas vezes dão show. Eles adotam medidas que nem sempre são inéditas, mas sabem usá-las de forma criativa, meticulosa e no momento certo. Isto ficou claro com a campanha de Barack Obama em 2012. Já antes das prévias, a equipe do democrata iniciou um trabalho intenso de reposicionamento do seu adversário, Mitt Romney. A campanha de Romney baseou-se no fato de que a economia estava em apuros e defendia a terceirização de negócios e empregos. Obama agiu rápido e reposicionou seu concorrente como aquele que destruiria a oferta de empregos para os norte-americanos. Boa parte da campanha e dos recursos financeiros foram alocados para caracterizar o republicano como insensível em relação aos milhares de desempregados. Xeque-mate: Romney já não tinha muito mais tempo para pensar em outra estratégia. E muito mais do que isso: a campanha de Obama saiu fortalecida e o presidente passou a ser identificado como um incentivador de criação de empregos e da parceria governamental com empresas para solucionar o problema. A narrativa da marca Obama foi extremamente enriquecida.

 

A Salesforce também utilizou essa estratégia para garantir o sucesso do seu CRM, que contava com a tão conhecida computação em nuvem (“software como serviço”). Iniciaram uma campanha contra a concorrente Siebel (e alguns outros), que, apesar de ter um produto semelhante, líder de mercado, passou a ser divulgada como antiquada e obsoleta. Claro que a Salesforce também estava oferecendo um software, muito semelhante, mas a forma era diferente, pois destacava uma pseudo nova geração do produto. E, apesar de semelhante, o produto realmente era um avanço em tecnologia. Sim, é necessário estar preparado para o contra-ataque. No caso da Salesforce, quando a Siebel passou a ser comandada pela Oracle, o ataque virou, abordando a segurança dos usuários.

 

A era digital trouxe novos desafios para o branding e, com certeza, um deles foi a elevada dificuldade de reposicionar o adversário mercadológico. Marcas estáticas, que acreditam que podem prever o mercado, estão mortas. Aquelas que quiserem sobreviver em um futuro bem próximo terão de evoluir diariamente, injetando dinamismo e energia. Esse constante movimento de marcas agindo como verbos foi batizado de “Diferenciação Energizada” por Gerzema e Lebar (A bolha da marca, 2008). Marcas agora são direções. Não são lugares. O novo consumidor (mutante e controlador do relacionamento em um ambiente conectado por valiosas microinterações) olha pro futuro. Ele trata suas opções de modo similar a um investidor na Bolsa de Valores. Quer ser surpreendido positivamente e cada vez mais depositará seu interesse num “portfólio” restrito de marcas com propostas dinâmicas, visionárias e criativas. Se já possui uma promessa fincada, precisa arrancá-la muitas vezes. O novo consumidor quer ser levado para novas estradas. Não adianta mais segurar uma plaquinha com sua promessa por muito tempo. O que isso nos diz? Muitas vezes uma empresa/marca gasta recursos e muito esforço reposicionando um concorrente, mas o seu próprio posicionamento acaba tornando-se irrelevante. Desta forma não é tão benéfico reposicionar o outro.

 

Há momentos que reposicionar a concorrência não significa negativar ela na mente e coração do consumidor. Também é possível reposicionar seu adversário antes mesmo de posicionar sua marca. Há diversas opções. Estas são pequenas pílulas. Há muito mais. A beleza e a raridade deste marketing move, como podemos ver, são diretamente proporcionais. Empresas e marcas no Brasil estão apenas começando a entender o poder de tudo isso. Que aprendam definitivamente.

Propaganda e Marketing: sinergia ou entropia?

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Há uma estreita relação entre Marketing e Propaganda, embora sejam áreas muito específicas e o conhecimento e sucesso em uma delas, embora contribua, não implica sucesso da outra.  Enquanto profissional de marketing você terá que estabelecer excelentes critérios e uma relação de qualidade com a agência ou agências que escolher para realizar os jobs necessários a seus objetivos e metas institucionais e comerciais.  Esta relação quando construída sob critérios adequados, relacionamento de qualidade e muito bom senso proporciona resultados muito além dos previstos.

Acontece que várias ilusões extremamente comuns prejudicam a qualidade destes resultados. Critérios adequados, relacionamento de qualidade e bom senso não são tão espontâneos como parecem, precisam ser elaborados, construídos e administrados com carinho e proximidade.  Vejamos algumas das inúmeras variáveis que devem ser levadas em conta na relação entre marketing e agências de propaganda.

 

Como escolher a agência:

A melhor agência não é a maior ou menor, é a que mais se compromete em entender a fundo o cliente e trabalhar duro para exceder suas expectativas. A palavra-chave é comprometimento!

Lembre-se que a relação entre agência e cliente é B2B, e salvo o caso raro e especial em que haja um vínculo pessoal muito forte entre seus representantes, o resultado que você pode esperar em termos de dedicação é diretamente proporcional à importância da conta que você está oferecendo.  Por isso, se você não tem uma grande conta ou job para oferecer, muitas vezes, é melhor trabalhar com agências pequenas e médias, para quem você representa proporcionalmente mais, que optar pelo sonho de entregar suas solicitações a agências mais consagradas e premiadas, cujo tempo está comprometido com seus maiores clientes.  É melhor ser um cliente “grande” em uma agência “pequena”, mas competente, que um cliente “pequeno” em uma agência “grande”!

 

Cuidado com novos publicitários imediatistas que mais se parecem com agentes financeiros que publicitários; estes, em geral, estão iludidos pelo glamour que imaginam alcançar e, portanto, com a premissa e o foco equivocados.  Opte pela agência mais dedicada a entendê-lo, suas reais necessidades e possibilidades para o momento e, ao mesmo tempo, disposta a dedicar-se a surpreendê-lo com a qualidade e adequação do seu trabalho.  Podemos entender que Propagada é Comunicação + Arte + Business, nenhum destes vértices pode faltar!

Como ser um bom cliente:

Bons clientes, de fato, são tão difíceis de achar quanto boas agências.  Estou cansado de ver agências apresentarem ideias geniais, conceitos extraordinários, que naufragam porque o “ego” do cliente resolveu fazer uns “pequenos ajustes”.  Nem todo profissional de marketing entende em profundidade de propaganda. Há gente que não é da área e entende muito e outros da área que entendem pouco. As duas melhores características de um bom cliente de uma agência de propaganda são: humildade e mente aberta para receber propostas diferentes das que havia imaginado, com as quais precisa namorar, entender e só então opinar…

 

O bom profissional de marketing tem a agência como parceira, não como competidora no campo de suas vaidades pessoais. Os “jogos de poder” entre cliente e agência são contra produtivos, um desperdício de tempo, dinheiro e trabalho.  O cliente pode e deve orientar e reorientar a agência sobre os detalhes conceituais e institucionais que deseja ou não presentes nas peças e campanhas, mas precisa de muita humildade e bom senso para tentar “mexer” na criação, cuja linguagem não domina.  Ser um bom cliente é saber que determinadas vezes vale a pena ampliar o budget frente a uma excelente ideia, na qual vale apostar e investir antes que um concorrente o faça!  Grandes sacadas e oportunidades não ocorrem todo o dia, mas por incrível que pareça, às vezes ocorrem quase que simultaneamente a dois concorrentes observando o mesmo mercado! Fique atento.

 

ALGUMAS DICAS:

1) Cuidado com os excessos de solicitação e criação. Lembre-se do que dizia Picasso: “O segredo é saber o momento em que se deve parar; mais um traço estraga, mais uma pincelada e a obra se perde!”
2) Prefira agências com um atendimento muito dedicado e detalhista; afinal o briefing inicial é fundamental para a adequação da criação.
3) Prefira agências onde redator e diretor de criação trabalham em conjunto, pensando juntos (dupla de criação).
4) Reflita: “Estamos sempre mais ansiosos por sermos reconhecidos por um talento que não possuímos que valorizados pelos outros quinze que, de fato, possuímos” (Mark Twain).

Colabore com a agência, você tem a estratégia, ela descobrirá a melhor maneira de comunicá-la ao mundo! Bons negócios!

E se você não tiver perfil empreendedor?

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Há poucos dias recebi uma mensagem de um leitor bastante preocupado com a relevância que o tema ‘empreendedorismo’ vem ganhando em todas as esferas. De fato, se prestarmos atenção, veremos que o empreendedor é uma figura que alçou o posto de ‘salvador da pátria’, a economia precisa de empreendedores, os líderes precisam ser empreendedores, candidatos a prefeito adotaram o termo em seus discursos para conseguir votos, passando pelo mundo da moda, pelos esportes, pela arte e na família, todo mundo tem que ser empreendedor.

 

A apreensão surge ao fazer qualquer tipo de teste de perfil empreendedor. Quando os resultados indicam que a pessoa não gosta de mudanças, não aceita correr riscos, não vislumbra um futuro muito além do mês seguinte, não é comunicativo nem espontâneo, não é criativo, tem péssimo faro para oportunidades e é pouco organizado, o que se pode fazer? simplesmente não há espaço para ele neste mundo de empreendedores?

 

Bem, a minha resposta é a seguinte: Não se desespere, pois o mundo não vai acabar para você por não ter as características do empreendedor de sucesso. A Terra continuará a girar, o Sol continuará a se por ao final de cada dia, as empresas continuarão suas atividades mercantis e as pessoas continuarão as mesmas por um longo tempo. Em primeiro lugar, precisamos nos anestesiar um pouco da disseminação imprópria do termo ‘empreendedorismo’ pelo mundo afora. O perfil empreendedor representa aquilo que sempre se valorizou em mercados competitivos no mundo inteiro, simplesmente acharam um termo que explica o que todo mundo já sabia: As pessoas precisam ter iniciativa e assumir a responsabilidade pelas realizações que trarão benefícios para si e para a comunidade. A popularização e massificação de expressões como esta refletem os ‘modismos’ empresariais que ajudaram a vulgarizar muitas das conhecidas ‘buzzwords’ como liderança, teamwork, inovação, qualidade, entre tantas outras. As mais recentes são resiliência e assertividade.

 

Em segundo lugar, os não-empreendedores também são importantes. A despeito dos avanços na tecnologia, as atividades rotineiras ainda fazem parte de qualquer trabalho. Ainda vamos precisar de pessoas que, sem criatividade, ajudem a ‘carregar o piano’. Ainda precisaremos de pessoas que vejam sentido no lado bom da burocracia, que pode ser traduzido por ‘Organização’. De forma alguma poderemos dispensar aqueles que se satisfazem em cumprir o seu horário de trabalho e fazem aquilo que foi determinado na sua descrição de cargo. O problema é que antes do ‘boom’ sobre o assunto, os empreendedores estavam, dentro das empresas, no mesmo nível que os demais ‘mortais’ e seu potencial estava se neutralizando por conta dos paradigmas corporativos que impediam, e impedem, a manifestação deste tipo de talento.

 

Em terceiro lugar, já pensou uma seleção brasileira só de Ronaldos? Um time só é completo e efetivo se tiver bons goleiros, bons atacantes, bons zagueiros, bons pontas, bons meios-de-campo, com habilidades distintas. Um bom finalizador geralmente é péssimo na marcação. Excelentes armadores de jogadas podem ser uma negação ao orientar a defesa. O que quero dizer é que existem diversos tipos de empreendedores, tudo depende da habilidade necessária para o projeto. Por isso, antes de assumir que você não é empreendedor, procure saber que TIPO de empreendedor você não é e de repente você pode até descobrir que pode ser OUTRO tipo de empreendedor. Não existe o empreendedor completo, o super-homem que possui todas estas propaladas qualidades. O que existe é um rol de habilidades utilizadas para determinadas necessidades. Um cara criativo, junto com um bom administrador, assessorado por um especialista no assunto, formam uma Equipe Empreendedora. E, no final das contas, é isso o que conta e não um único responsável por tudo.

 

Por último, só porque você não tem um perfil empreendedor, não quer dizer que não possa adquirir este perfil. Existem várias escolas que estudam o empreendedorismo, algumas dizem que o empreendedorismo é inato, outras dizem que pode ser desenvolvido. Eu, conhecendo todas as escolas, digo que todas estão certas. Algumas características/comportamentos são inatas, mas outras habilidades podem ser desenvolvidas, dadas as devidas condições. Independentemente da origem cultural, formação educacional ou experiências vividas, qualquer pessoa pode aprender a empreender. Criatividade pode ser treinada, técnicas de gestão podem ser aprendidas, relacionamento pessoal pode ser desenvolvido. O importante é saber qual o seu potencial empreendedor, que habilidades você tem mais suscetibilidade para desenvolver. O processo de auto-conhecimento é fundamental para definir a linha de formação. Conhecendo seus pontos fortes e fracos, seus desejos e expectativas, suas experiências positivas e negativas, seus prazeres e desprazeres, você terá como traçar um plano de desenvolvimento de algum dos vários perfis empreendedores que existem.

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