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Sementes empreendedoras

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Minha filha me mostrou algo que me surpreendeu. Uma pasta cheia de folhas de fichário em branco, mais de 90 folhas diferentes umas das outras, constituindo uma bela coleção parecida com aquelas coleções de papel de carta que as meninas da minha época faziam. Ela começou há apenas 4 semanas, trocando folhas com suas amigas e já tinha um resultado surpreendente, aparentemente a coleção mais variada e completa da classe.

 

Bem, mas como isso pode me surpreender? Todas as meninas da sua idade estavam fazendo esta coleção, é típico da idade e não deveria representar nenhuma novidade, mas o que me surpreendeu foi o seu aprendizado com o processo. Veja algumas lições sobre valor e negociação desta singela brincadeira:

 

1) Folhas grandes valem mais do que folhas pequenas. A troca acontece na proporção de 1 folha grande por duas pequenas. Uma simples definição de valor baseado em tamanho.

 

2) Quanto mais folhas existem do mesmo modelo, menos as amigas querem trocar, por isso, ao comprar, ela pesquisou bastante e escolheu um modelo exclusivo, que ninguém tinha e que despertou interesse imediato.

 

3) Às vezes, quando alguém quer muito uma folha dela, ela barganha por duas da outra, ocasionalmente até mais.

 

4) Ela não se importa de pegar folhas repetidas quando troca, pois sabe que é importante ter variedade para poder negociar melhor.

 

5) No começo, as trocas se limitavam à sua classe, com o tempo, ela aprendeu que suas chances aumentariam se passasse a trocar com amigas da vizinhança, colegas dos irmãos, primos e parentes, etc. Com isso, ela ajudou a disseminar a cultura, aumentando a rede de trocas, popularizando a prática em outras escolas e aumentando a diversidade de folhas no mercado.

 

6) Ela me pediu para comprar um novo bloco de papel com motivos para meninos. Eu estranhei. Porque suas amigas iriam querer trocar por papéis de menino? Ela respondeu que não era para trocar com as meninas e sim com os meninos. Sua meta era clara, assim como os parâmetros de desempenho: Variedade farta, não importa qual seja o tema, as oportunidades advindas da diversificação de mercado.

 

7) Quando seu bloco estava terminando ela parava de trocar para não ficar sem. Mesmo quando eu assegurava que compraria outro, ela manteve as restrições de troca. Suas amigas então atribuíram um valor maior às folhas dela por causa deste comportamento e assim ela acabava obtendo acordos mais favoráveis, um mecanismo de criação de valor, pela atribuição de importância.

 

8) Mesmo tendo sucesso nas trocas com um tema exclusivo, ao renovar seu estoque ela não queria o mesmo modelo, mas outro igualmente exclusivo. No começo, os papéis mais bonitos valiam mais, mas com o tempo, o mercado mudou sua concepção de valor e o que passou a valer foram as folhas diferentes. Ou seja, na hora de comprar para trocar ou ao escolher entre um bonito e um exclusivo, este tinha a preferência.

 

9) A mais recente novidade foi a sua iniciativa de comprar papéis em branco e ela mesma desenhar e pintar as margens decorativas, enriquecendo com furadoras em formato de bichos e adesivos diversos. Cada folha é uma arte única e, quando fica bem desenhado, cada folha exclusiva vale até 5 folhas normais das colegas.

 

Às vezes não nos damos conta do quanto as crianças aprendem sobre empreendedorismo sem nem saber o que é empreendedorismo e muito menos saber que estão aprendendo. Aprender, para eles, é o que eles fazem na sala de aula. Eles ignoram o aprendizado embutido nestas atividades divertidas, lúdicas e interessantes.  Quando aproveitados de forma apropriada, estas experiências podem ser replicadas em outras situações, também dentro da realidade deles e sempre reforçando estes conceitos de atribuição e criação de valor. É o garoto que é chamado para os jogos de futebol porque ele tem a bola, é a menina que reúne sempre as amigas na sua casa e não gasta um tostão com a comido porque as amigas sempre levam um prato porque na casa delas não tem piscina, é o jovem nerd que é sempre chamado nas festas porque ele preparar resumos das aulas para os colegas estudarem, em todas as atividades vemos exemplos de como se cria valor a partir de coisas corriqueiras.

 

As habilidades de negociação também são aprendizados que adquirimos na infância. Quando algo nos interessa muito, fazemos qualquer coisa para obtê-la. Com criatividade, mesmo quem não tem salário, orçamento ou mesada pode oferecer várias coisas no processo de negociação, e assim aprende que, quanto maior o valor percebido da outra parte no que está sendo oferecido, maior o poder de barganha. Não é com teoria que aprendemos isso, é com a prática.

 

Com o orgulho de quem começa a enxergar os primeiros traços empreendedores, eu perguntei à minha filha: ‘E para escrever, o que vocês usam?’ Sua resposta foi lacônica: ‘Caderno’. Claro, que outra resposta poderia esperar dela? Quem vai querer estragar suas ricas e valiosas folhas de fichário para escrever anotações de aula? Este é mais um episódio do meu rico e constante aprendizado sobre empreendedorismo vindo de meus filhos.

Entrevista exclusiva com Enéas Pestana, presidente do Grupo Pão de Açúcar

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O executivo faz um balanço das principais conquistas de 2012, ano de grande crescimento do Grupo Pão de Açúcar, e os maiores desafios para os próximos meses, dentre eles, o objetivo de manter os bons resultados.

1. Resuma os três primeiros anos (2010, 2011, 2012) como líder do maior grupo varejista do país.
Foram três anos intensos em que enfrentei com meu time fortes desafios e mantivemos nosso foco no trabalho. Essa determinação e disciplina resultaram em conquistas significativas. Nesse período, primamos pelo profissionalismo e crescimento do grupo, e os resultados positivos mostram que estamos no caminho certo. Na gestão de pessoas, aprimoramos o ciclo de alta performance por meio da meritocracia, da definição clara de papéis e responsabilidades e da ampliação dos benefícios oferecidos aos colaboradores. Outro passo importante foi a consolidação da sustentabilidade como pilar estratégico da companhia, com a definição de políticas e diretrizes para a área em conexão com todo grupo.

 

2. Liste os principais desafios no período.
No caminho do nosso crescimento, passamos por um complexo desafio que nos rendeu grandes aprendizados. Ser uma empresa multinegócios exige um modelo de gestão e operação que preserve as especificidades de cada formato de negócio e, ao mesmo tempo, possibilite a captura de valor por meio de sinergias decorrentes de um grande grupo. Essa estratégia exige ainda que a consolidação do modelo seja acompanhada e reavaliada constantemente, olhando sempre as partes e o todo de maneira integrada. Outro grande desafio e que eu prefiro chamar de oportunidade, decorre da ascensão da classe C, que nos exigiu repensar nossos formatos/canais de venda. Além da mudança na pirâmide social do país que vem tendo como resultado um aumento no poder de compra da população, estamos diante de um processo de transformação no perfil do consumidor brasileiro, principalmente das classes B e C. Um dos fenômenos que nos chamou atenção especialmente nos últimos dois anos foi o aumento do consumo de produtos com maior valor agregado; aqueles que extrapolam os itens da chamada cesta básica. O consumidor começa a incluir na sua lista um sortimento mais adequado às suas necessidades, promovendo a elevação das vendas de itens que trazem mais praticidade, como congelados, pratos prontos, rotisserie e demais perecíveis, e de produtos de higiene e beleza. Hoje, estamos diante de uma sociedade mais complexa, onde as famílias estão menores e mais pessoas estão morando sozinhas. Há um forte crescimento do uso de redes sociais, o consumidor está mais participativo e preocupado com o futuro dele, da família e do planeta. Ele está mais exigente, com mais pressa e menos fiel às marcas. E tudo isso está redefinindo a maneira como nos relacionamos com nossos clientes em nossos diferentes modelos de negócios. Precisamos olhar com atenção os segmentos minoritários, estamos investindo em múltiplos canais, formatos e no sortimento de produtos. Teremos que nos adaptar à convergência de meios: mobilidade e portabilidade e vamos fortalecer ainda mais os nossos programas de Relacionamento.

3. E as conquistas?
As conquistas foram, de fato, muito significativas porque são resultantes desse novo momento da gestão e do trabalho de um grande time. Como retorno do desafio da operação multinegócios, podemos citar nesses três anos o reposicionamento do Assaí, a reformulação do Minimercado Extra, a conclusão da conversão das lojas CompreBem e Sendas para Extra Supermercado e a consolidação da integração entre Ponto Frio e Casas Bahia. O crescimento da Nova Pontocom e o forte investimento na expansão de todo o grupo também são fatos marcantes. De 2010 para cá, abrimos mais de 140 lojas de todas as bandeiras do grupo e o lucro líquido da companhia vem apresentando crescimento constante e consistente. Mas esses resultados somente foram possíveis porque reunimos um time de alta qualidade e desempenho espetacular. Esta foi a grande conquista do período: liderar uma equipe que hoje soma 160 mil colaboradores focados em suas responsabilidades e conscientes de seu papel. Reforçamos os princípios da meritocracia para que todo o time permaneça engajado e motivado. É um trabalho contínuo e fundamental de ter as pessoas certas nas posições corretas para que o grupo continue crescendo com a referência de alta qualidade nos serviços que oferecemos. Para reunir um time competente e comprometido como o nosso, é preciso ser uma empresa focada em pessoas, que coloque o bem-estar pessoal em equilíbrio com a satisfação profissional, almejando sempre qualidade de vida para todos os colaboradores. Não à toa temos um amplo programa de benefícios para os colaboradores. Em uma companhia com a dimensão do GPA e com a diversidade de formatos de negócio, essa capacidade mostra-se fundamental. Esse é, sem dúvida, uma grande conquista.

4. O que ficou de 2012 (balanço negócios)?
Até a última divulgação de balanço, em setembro, somamos um faturamento de R$ 40,8 bilhões, um crescimento aproximado de 9% em relação ao mesmo período do ano passado. Nos 9 primeiros meses, o lucro líquido do GPA já somava R$ 617 milhões, alta de 90% em relação ao mesmo período de 2011. Vale destacar ainda que fechamos o ano com grande investimento em expansão da rede, com a inauguração de cerca de 80 lojas, com destaque para o Minimercado Extra, que já ultrapassou a marca de 100 unidades, e a criação de mais de 10 mil vagas de trabalho.

5. O que esperar de 2013 (expectativas negócios)?
Temos um plano bem agressivo de expansão para os diferentes formatos de negócio e pretendemos abrir, nos próximos três anos, 500 lojas, criando cerca de 30 mil vagas de trabalho e chegando a praças nas quais ainda não estamos presentes. Em 2013, especificamente, a ênfase de crescimento será nos formatos de atacado, com a bandeira Assaí, e proximidade, com o Mini Mercado Extra, acelerando o ritmo de inaugurações dessas bandeiras, além da expansão orgânica em todos os formatos.

Como implantar um programa de inovação na sua empresa

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Concursos de idéias tem se tornado populares nas empresas. Uma evolução das antigas ‘caixinhas de sugestões’ nas quais os funcionários davam idéias para melhorar operações, processos e produtos da empresa, estes concursos partem do pressuposto que o próprio colaborador é a melhor pessoa para identificar oportunidades de melhoria e de mudanças positivas para a organização.

 

Nestes concursos, executivos da empresa avaliam idéias que são propostas por funcionários de qualquer área, unidade de negócio, departamento, cargo ou localidade, individualmente ou em equipes. As melhores idéias recebem um prêmio, que pode ser uma viagem, um jantar, um bônus em dinheiro ou qualquer outra forma de benefício.  Este tipo de inovação é diferente das inovações técnicas, em produtos ou processos diretamente relacionados com o negócio, que requerem anos de especialização e são conduzidas por áreas específicas dentro das empresas, conhecidas como laboratórios técnicos ou de Pesquisa e Desenvolvimento. Estas inovações tecnológicas dificilmente podem ser originadas pelos funcionários de forma abrangente por exigirem um profundo grau de conhecimento que está, invariavelmente, nas mãos de engenheiros, cientistas e outros especialistas técnicos.

 

A inovação corporativa, por outro lado, é caracterizada por mudanças incrementais de melhoria com baixo ou médio impacto no negócio e com abrangência para todos os funcionários. As organizações investem no desenvolvimento de uma cultura interna aberta às mudanças na esperança de, com o tempo, inserir uma postura voltada para a inovação de forma contínua no DNA organizacional, permeando todos os funcionários indistintamente. Assim, a capacidade de promover mudanças significativas para reduzir custos, melhorar a imagem, aumentar a satisfação do cliente, assim como nos produtos ou processos de negócio, precisam estar ao alcance de todos os funcionários.  A maioria de iniciativas corporativas voltadas para este fim se limita aos já conhecidos programas de idéias. A seguir, passo algumas dicas de como incrementar estes programas para que não fiquem apenas na premiação das melhores idéias, mas que se tornem parte de uma cultura organizacional voltada para a inovação como competência organizacional:

 

1) O ‘dono’ da idéia. De alguma forma é preciso desmistificar a propriedade da idéia. Quem tem o primeiro lampejo da idéia, o insight, a inspiração, não necessariamente é a mesma pessoa que a desenvolverá de forma estruturada em termos de ações para implantá-la, caracterização da oportunidade, levantamento dos recursos necessários, antecipação dos riscos, mensuração dos benefícios e formação da equipe. Tampouco é a mesma pessoa que vai efetivamente transformá-la em realidade, executar o plano e fazer a idéia acontecer efetivamente. A não ser que a pessoa que concebeu a idéia, tenha a intenção e as competências para estruturar a idéia e implantá-la, ela deverá abrir mão da ‘propriedade’ da idéia para que, de forma cooperativa, outras pessoas com as competências necessárias possam trazer seu grau de contribuição para fazer a idéia acontecer. Quando isso não acontece, as idéias acabam morrendo onde nasceram. Quanto maior o grau de complexidade da idéia, maior a chance de fracasso advindo deste ‘medo que roubem a idéia e sua autoria’ por parte do funcionário que originalmente a concebeu.

 

2) A figura do padrinho. Para projetos de certo grau de complexidade, com o envolvimento de várias áreas, prazos longos de implantação, orçamentos robustos ou especificidades técnicas, geralmente é necessário um apoiador com bom trâmite na organização que tenha poder para tirar algumas ‘pedras’ do caminho do funcionário como barreiras burocráticas, interação inter-departamental, apoios institucionais, vontade política, etc. Estas limitações são superadas mais facilmente com a influência positiva de líderes engajados na idéia e dispostos a compartilhar os riscos do projeto.

 

3) Sistema de gestão. É importante que, na medida em que a cultura se espalha pela organização, exista uma boa ferramenta que faça a gestão das idéias em curso, nos seus diversos estágios de maturidade e facilite o controle e a interação das pessoas na formação de equipes, no trabalho colaborativo e na identificação de outras possibilidades. Estes sistemas são abertos, normalmente disponibilizados pelo portal do funcionário na intranet corporativa, unificam idéias inseridas e aceitam contribuições de qualquer pessoa dentro da empresa até mesmo ajudando a desmistificar a ‘paternidade ou o dono da idéia’, conforme foi mencionado anteriormente.

 

4) Fluxo contínuo institucionalizado. O processo deve funcionar mais ou menos da seguinte forma: Primeiro, o funcionário tem uma idéia e a submete a um comitê que fará a primeira avaliação e triagem. Idéias que demonstrem alto potencial de retorno significativo passam para uma segunda etapa em que o funcionário recebe ajuda para montar uma equipe e estruturar sua idéia na forma de um projeto. Estes projetos são avaliados por um comitê executivo que pode ou não dar o aval para que o projeto seja implantado. A partir daí, este projeto é formalizado, incorporado à estratégia do negócio, recebe um orçamento, metas e o apoio de uma equipe de consultoria interna para tudo o que precisar para fazer sua idéia acontecer. O ciclo se encerra quando a equipe colhe os primeiros resultados decorrentes do projeto.

 

5) Treinamento e capacitação. Nenhum funcionário detém todo o conhecimento, habilidades e competências para realizar sua idéia. Uma considerável parte de suas necessidades pode e deve ser suprida a partir de um intenso programa de capacitação, um investimento necessário não só para aumentar as chances de efetivação do projeto como um instrumento de retenção de talentos com perfil empreendedor.

 

6) Estrutura de apoio e suporte. Nem toda a formação requerida pode ser obtida através de programas formais de treinamento e desenvolvimento. Muito do aprendizado destes empreendedores corporativos são obtidos na prática, durante o andamento de seu primeiro projeto. Um ‘escritório de projetos’ que ajude o funcionário a acompanhar o andamento do projeto e fazer uma boa gestão de prazos, orçamentos, pessoas e ações é fundamental para aumentar as chances de sucesso do projeto. Igualmente uma estrutura paralela, formada por profissionais de diversas áreas de staff da organização, como RH, Financeiro, contabilidade, operações, marketing, etc, deve ser montada para dar consultoria e assessoria nas diversas fases do projeto, até mesmo para ajudar o funcionário a conhecer melhor a empresa e seu negócio.

 

7) Modelo de recompensa. Embora a premiação às melhores idéias e resultados seja importante, não pode ser a única forma de recompensa aos funcionários. Em primeiro lugar, a premiação ou qualquer outra forma de recompensa deve ser extensiva a todos os membros da equipe, não importando em que momento eles participaram. Um erro comum é premiar apenas aqueles que implantaram a idéia, esquecendo quem participou antes, na concepção da idéia. Outro ponto importante é compartilhar os resultados diretos do projeto de melhoria ou inovação para toda a equipe, de forma proporcional à contribuição e envolvimento de cada um no projeto, previamente estabelecida. Normalmente esta prática se aplica a resultados mensuráveis, como aumento de receita ou redução de custos.

 

Outras medidas podem ser aplicadas dentro das circunstâncias de cada tipo de negócio, de acordo com o porte e práticas já institucionalizadas.  Estas medidas não substituem a festa da premiação das melhores idéias. Ainda é importante manter a competição como forma de endomarketing, em um processo contínuo de incentivo aos funcionários. Estas sugestões são para empresas que já possuem a prática da competição de idéias institucionalizada e precisam avançar para o próximo passo no caminho em direção da sedimentação de uma cultura interna voltada para a inovação em todos os âmbitos da organização.

Cibridismo: ON e OFF line ao mesmo tempo

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Divulgação

Em meio a tantas tendências que emergem em função da intensa aceleração da penetração de novas tecnologias na sociedade, acredito que a que permeia tudo é a integração do online e do offline. Há dez anos éramos predominantemente OFF. Nos últimos anos, começamos a nos tornar ON. No entanto, até recentemente existia uma separação física necessária entre ON e OFF, pois para estar ON, precisávamos usar um equipamento fixo que nos transportava para o lá. Essa barreira entre ON e OFF foi se dissolvendo aos poucos conforme as tecnologias móveis começaram a popular o cenário social, e muita gente ainda não percebeu que isso já é realidade.

Na última década, ficamos encantados com as novas tecnologias e suas possibilidades, e a atenção estava em tentar entender esse momento mágico, de ser ON. Como bem colocado na terceira lei das previsões, de Arthur Clarke, “toda tecnologia suficientemente avançada é indistinguível de mágica”. Essa cauda de magia que cunhou diversos termos como marketing digital, arte digital, vida digital, “blá blá blá” digital de todo tipo, felizmente está se dissolvendo. Apesar de sermos ainda bebês no aprendizado e uso dessa nova parafernália tecnológica que se impõe, estamos nos acostumando com as mudanças diárias, transformações constantes e compreendendo que esse é o novo ritmo, e que o digital não é mais algo separado de nossas vidas – ele também é parte delas, é uma continuação e complementação da nossa vida analógica.

Não somos mais ON ou OFF – somos ON e OFF ao mesmo tempo, simbioticamente, formando um ser maior que o nosso corpo/cérebro biológico nos expandindo para todo tipo de dispositivo e abrangendo outras mentes e corpos. Somos cíbridos e vai se tornar cada vez mais difícil sermos apenas ON ou apenas OFF – nossa essência quer circular livremente, sem rótulos ou presas, para obter uma experiência melhor, uma vida melhor, seja ela ON ou OFF. Não precisamos mais sair de onde estamos para acessar uma máquina que nos leve para o ON. Hoje, e cada vez mais, o ON está com a gente onde quer que estejamos e, em breve, estará conectado direto no nosso cérebro.

Assim, todas as grandes tendências da comunicação e marketing vêm maravilhosamente contaminadas de integração ON e OFF – transmídia storytelling, redes sociais, vídeo, busca, realidade aumentada, cloud computing, crowdsourcing, geo-localização, tempo real, e tudo mais, é uma dança constante entre o ON e OFF que compõem o nosso cotidiano, nossas vidas.

E como aproveitar as oportunidades que essa nova dimensão do ser humano traz para o marketing? Com a estratégia mais antiga e simples possível – causando boas experiências, independente de serem ON ou OFF, em cada momento. No entanto, para que isso aconteça, existe uma palavra mágica: integração! Integração de plataformas, tecnologias, estratégias, conceitos, áreas, pessoas, tudo! Na minha opinião, esse é o maior desafio daqui pra frente.

Se você quiser conhecer um pouquinho mais sobre cibridismo, segue abaixo os slides e vídeos que fiz sobre o assunto no youPIX 2011.

SlideShare: Palestra apresentada por Martha Gabriel (@marthagabriel) no youPIX 2011: clique aqui

O Novo cérebro da GE

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O Novo cérebro da GE é um livro muito significativo para administradores, pois apresenta uma visão dos bastidores de uma das empresas mais admiradas do mundo, seus desafios de transformação, inovação e manutenção do sucesso frente aos novos desafios do século XXI. Paralelamente, o livro permite conhecer melhor o pensamento e as melhores práticas de gestão de Jeff Immelt, que sucede o aclamado Jack Welch (que por sua vez foi aluno e amigo de Peter Drucker) como CEO da empresa.  O livro, escrito com a colaboração de vários executivos da GE e com a colaboração direta do próprio Immelt, foi lançado originariamente nos Estados Unidos pela McGraw-Hill e chegou ao Brasil através da Editora Campus.

 

Fatos relevantes para entender o contexto da obra:

Jeff Immelt nasceu em 1956. Seu pai era funcionário aposentado da GE. Graduou-se em 1978, como bacharel em matemática aplicada, começou a trabalhar na Procter & Gamble e, paralelamente, fez seu MBA em Harvard. Começou a trabalhar na GE em 1982 e, trinta dias após sua entrada, realizou uma apresentação de Marketing frente ao então CEO Jack Welch, que ficou muito impressionado com sua competência, e passou a monitorar seu desempenho na companhia. Deste momento em diante sua carreira começa uma escalada passando por várias divisões da companhia. Já em 1987, seu nome figura entre os 150 talentos considerados para assumir posições de destaque no grupo. Em 1997 ele se torna presidente da então estagnada GE Medical Systems e consegue revitalizar as operações oferecendo serviços avançados para grandes clientes, estabelecendo novas parcerias e investindo em novas tecnologias (que resultaram em produtos como a máquina de mamografia digital, entre tantos outros).

 

Em 3 anos, Immelt conseguiu aumentar as vendas em 75% e promover o crescimento de um resultado de 3,9 bilhões de dólares para 7,2 bilhões de dólares!  Em 2000 Jack Welch o escolhe como novo CEO, frente a outros dois executivos veteranos, altamente cotados para o cargo.  Em setembro de 2001, Jack Welch se retira da GE e Jeff assume como CEO, pouco antes do ataque às Torres Gêmeas do World Trade Center, começando a enfrentar os desafios de suceder um mito moderno da administração e uma série de consequências e crises locais e mundiais.

 

Sua gestão desenvolve-se marcada por um profundo respeito ao capital humano e seu contínuo desenvolvimento. Seus projetos de treinamento incluem todos os executivos e colaboradores da GE em todos os níveis da organização, seus investimentos nestas atividades somam cerca de um bilhão de dólares por ano!  Seu plano de desenvolvimento para a GE é baseado em globalização, mudança, inovação, educação continuada, atendimento focado no cliente, tecnologia, excelência e desenvolvimento contínuo de novos líderes.

 

A GE está preparada para investir 3 trilhões de dólares em países em desenvolvimento!  Com foco na reformulação do modelo de negócios e estratégias de longo prazo da GE, Immelt prioriza a sustentabilidade, pesquisa, desenvolvimento e inovação para eco-products e aquisição de empresas que estivessem de acordo com estes critérios. Neste período, estimasse que a General Eletric tenha feito mais aquisições que qualquer outra empresa, baseado sempre em dois critérios fundamentais: empresas detentoras de produtos líderes de mercado e tivessem potencial para a quebra de paradigmas e inovação; e empresas que contribuíssem com o crescimento orgânico da companhia.  Já em 2008, a GE torna-se líder em 75 eco-products, o que alavanca sua ações na bolsa. Somente a Warren Buffett’s Berkshire Hathaway comprou 3 bilhões de dólares da companhia em ações preferenciais.

Valores e filosofia

Seguindo Welch (que na verdade recebeu esta influência de Drucker), Immelt tratou de pautar sua filosofia em alavancar os pontos fortes da organização ao mesmo tempo em que diminuía os pontos fracos!  Immelt investe 30% do seu tempo em questões de RH!  O Budget de 1 bilhão de dólares/ano em treinamento e desenvolvimento é considerado o maior do mundo e evidencia sua priorização do capital humano!  Immelt atua pessoalmente como coach de seus executivos, incentivando-os a fazer o mesmo para manterem sempre uma visão clara que transforme estratégias em resultados, superando as crises de execução, tão comuns em outras empresas.

 

No período referente aos seus primeiros seis anos na presidência, a receita da GE cresceu de 110 bilhões de dólares para 175 bilhões de dólares. No mesmo período, os lucros cresceram de 10 bilhões para 23 bilhões de dólares!  De olho no futuro, a GE possui uma nova estratégia de expansão global baseada escassez e necessidade. Percebendo que 50% do resultado da GE advém de países emergentes, e que o crescimento oriundo desse mercado foi o dobro do mercado interno, a GE pretende, ao invés de enfatizar a venda de produtos de consumo, fornecer infraestrutura energética para o crescimento destes países emergentes.

 

Seus estrategistas estimam que até 2015 estes países precisarão de 3 trilhões em investimentos de infraestrutura e Immelt acredita que a General Eletric está mais bem preparada que qualquer outra empresa no mundo para aproveitar esta fantástica oportunidade.  A seguinte citação de Immelt sinaliza bem sua visão de futuro para esta companhia fundada por Thomas Edison e sua lâmpada elétrica:

 

“Para a GE o mais importante é o seu futuro hoje, da mesma maneira que a Lâmpada era o futuro da empresa mais de cem anos atrás!”

 

A armadilha da qualidade

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Imagine as seguintes cenas:
O chefe de segurança da linha de produção de uma fábrica comemora cada dia que o deixa mais próximo de bater o próximo recorde de dias sem acidentes;
O supervisor de embalagem exulta-se ao receber os resultados que indicam uma diminuição de 0,3 ponto percentual no índice mensal de defeitos no processo em sua área;
O diretor de um grande banco reúne toda sua equipe para comunicar que o próximo happy hour será patrocinado por sua área para comemorar a incrível melhoria de 29 para 28 dias em média para o processo de abertura de contas correntes corporativas;

 

O engenheiro-chefe de uma empresa de instalações telefônicas envia uma carta elogiando seu fornecedor de equipamentos pela redução das reclamações de seus técnicos de campo sobre o serviço de apoio prestado por eles;
A coordenadora de uma ala de um grande hospital assina um termo de compromisso em que todas as suas enfermeiras se responsabilizam por tentar aumentar a rotatividade de leitos;

 

Uma operadora de call center é eleita a funcionária do mês porque sua média de duração de chamadas atendidas caiu quase 4% no último mês.O que existe em comum em todas estas cenas é a valorização e busca pela melhoria contínua da eficácia operacional, em outras palavras, melhorar a qualidade de seus processos.

 

A ‘onda da qualidade’ surgiu no início da década de 80, depois de popularizada por histórias de sucesso recentes em empresas japonesas que começaram a dominar o cenário internacional. Grandes gurus como Deming, Crosby ou Juran se sobressaíram no que se tornou a nova panacéia organizacional.  De fato, na época, reduzir defeitos, melhorar os processos e baixar os custos representava um novo modelo de competitividade que foi abraçado por todas as grandes organizações e gerou excelentes resultados que beneficiaram toda uma geração de empresas e consumidores.  O grande problema é que o paradigma da qualidade, tão relevante e indiscutível, acabou se virando contra as próprias empresas. O mantra corporativo da melhoria contínua perdeu seu poder de competitividade, mas muitas empresas ainda não perceberam isso.

 

Quando existe muita ‘gordura para queimar’ ou seja, muita ineficiência, práticas de melhoria são importantes e necessárias, mas depois que os processos são organizados é preciso ter a coragem de abandonar o mito de que continuar melhorando gera ganhos, porque estes ganhos são marginais se comparados com os custos necessários para atingir melhorias de alguns poucos pontos percentuais. Empresas que estão despertando para esta realidade são aquelas que já abandonaram a idéia da ‘qualidade a qualquer custo’, pois os custos já não mais compensam os benefícios.

 

Só que o prejuízo é ainda maior e foi observado pelo Professor de Harvard, o conhecido Michael Porter, há mais de 10 anos: A busca da melhoria contínua impede a inovação. Quando você assume que o mais importante é melhorar seus processos cada vez mais, dá pouco espaço para admitir que é preciso mudar o processo para atingir novos patamares de desempenho. O motivo? Mudança significa risco pela incerteza. Toda mudança implica na possibilidade de os indicadores piorarem num primeiro momento, ao invés de melhorarem e isso seria inadmissível.

 

Como exemplo, suponhamos que você tenha uma máquina que gera 10 defeitos nas 1000 peças que ela produz por dia, obviamente você precisa agir para reduzir o número de defeitos. Mas quando o processo gera 0,01 defeito por dia, o importante já não é mais o número de defeitos, mas, às vezes, um máquina que produza 5000 peças por dia, ou até mesmo a necessidade de gerar outro tipo de peça para seu cliente. O problema é que trocar a máquina ou a peça requer um novo processo, com um novo aprendizado, e, conseqüentemente, um novo parâmetro de qualidade. A cultura da melhoria contínua é tão enraizada que você se recusa a mudar e quer continuar a melhorar o índice de defeitos.

 

A obsessão por melhorar os indicadores é a armadilha da qualidade. A cultura corporativa nacional ainda privilegia este modelo e enquanto esta ênfase não mudar nas empresas, a inovação não vai acontecer. Enquanto sustentarmos antigas métricas que levaram nossas empresas ao sucesso, mas muitas vezes nem são mais válidas hoje, estaremos nos cegando às necessidades de abandonar o antigo para dar espaço para o novo. Precisamos parar de fazer bem o que fazíamos antes e começar a tentar fazer o que faremos bem amanhã.

 

Você trabalha em equipe ou em time?

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Uma vez recebemos em casa um casal amigo da família. Conversa vai, conversa vem, uma hora eles disseram que tinham um relacionamento muito bom, pois quase não brigavam ou discutiam entre eles. Falavam com orgulho do clima de tolerância que ambos cultivavam e como será importante o casal saber ‘engolir sapos’ para manter a relação. Eles falavam com tal convicção e orgulho que cheguei a me sentir um péssimo marido. Poucos meses depois eu soube que eles se separaram. Fiquei surpreso no início, pois jamais imaginaria que um casal que se entendia tão bem podia terminar assim.

 

Mas, pensando melhor, cheguei à conclusão que talvez esta tolerância mútua pudesse ter sido o próprio motivo da separação. Um casal que se tolera não necessariamente é um casal que se entende, pelo contrário. Eu e minha esposa concordamos e temos afinidades sobre muitas coisas, mas também discordamos e discutimos sobre pontos divergentes. Até brigamos eventualmente quando as divergências são muito grandes e a relevância idem. Os conflitos são necessários em todas as relações interpessoais verdadeiras. Assumir uma postura defensiva para proteger a si mesmo ou ao outro é muito perigoso no longo prazo, pois os ‘sapos’ vão inevitavelmente se acumulando até explodir.

 

O grupo humorístico Casseta & Planeta está voltando à telinha depois de um período sabático em que repensaram o modelo do programa e tiveram a oportunidade de se reinventar. Como eles têm várias atividades além do programa que envolve vários membros, em suas reuniões semanais a pauta das atividades da semana é discutida. Com frequência, acontecem vários ‘quebra-paus’ nestas reuniões, pois cada um tem um ponto de vista sobre uma idéia e quer defendê-lo. Quem ouve a gritaria do lado de fora já está até acostumado, pois todos sabem que no final acaba tudo bem, o que foi decidido é garantido e assumido por todos e saem todos abraçados. Bem, eles sabem trabalhar em TIME! Mais do que uma equipe, um time cultiva uma relação de confiança e comprometimento mútuo que permite que todos tenham a liberdade de ser transparente sem machucar ou ferir o orgulho ou brios do outro.

 

Se, em favor do grupo, você prefere se calar para não gerar nenhum conflito ou correr o risco de se indispor com alguém, você pode até se sentir parte da equipe, mas não trabalha em time. A democracia e igualdade de leis e regras para todos é uma forma de forçar o trabalho em equipe, mas não reflete o espírito do time.
A indisciplina em cumprir horários e participar dos treinos que marcava a personalidade do agora deputado Romário sempre foi criticado pelos companheiros. Um time reconhece que existem diferenças entre as pessoas e suas funções. Se a um atacante finalizador, como ele era, é exigido apenas que esteja no lugar certo e na hora certa, o time deve entender que ele não precisa necessariamente se adequar incondicionalmente ao mesmo treinamento que um zagueiro, que precisa voltar para marcar rapidamente. Para Romário, as regras impostas não faziam sentido para ele. A padronização das regras iguala todos porque o espírito de equipe diz que o que vale para um deve se aplicar a todos e as pessoas se ofendem quando um quebra a regra, mesmo que justificadamente. Um time não funciona assim. As pessoas num time colaboram e se dispõem a fazer o trabalho do outro quando necessário, sem melindres ou cobranças posteriores. Num time, a máxima ‘Todos são iguais perante a lei’ não vale.

 

O sentimento das pessoas em uma equipe é ‘Precisamos ter uma regra para isso, senão as pessoas não fazem’, enquanto o sentimento que impera no time é ‘Eu preciso fazer isso, pois fizeram por mim’. No time, o comprometimento é com as pessoas e não com as regras, o grau de maturidade e da consciência de que o todo é mais importante do que as partes é maior do que em uma equipe.  Uma vez trabalhei numa empresa em que o presidente tinha o hábito de reunir seus diretores duas vezes por mês para discutir assuntos estratégicos. Um dos diretores, o Lúcio, era considerado por seus colegas um verdadeiro ‘mala sem alça’ de tão chato. Lúcio era o ‘do contra’. Quando todos concordavam com uma proposta ou opinião, era sempre ele que levantava um ponto qualquer e insistia em voltar a discuti-lo. Parecia que ele era sempre contra a maioria, não se convencia, não aceitava votações, levantava objeções e restrições, discordava, fazia perguntas impertinentes. Quando as pessoas sabiam que ele estaria na reunião o comentário geral era: ‘Xiii, então a reunião vai levar o dia inteiro!’

 

Uma vez, o presidente me confidenciou a sua intenção de despedi-lo, pois achava que ele não trabalhava em favor da equipe. Eu lhe respondi: ‘É verdade, ele não trabalha pela equipe, ele trabalha pela empresa! Pense melhor no que está dizendo. Quantas vezes vocês mudaram de opinião depois de uma intervenção dele? Quantas vezes ele contribuiu com colocações que ninguém havia pensado antes? Quantas vezes ele foi o único a discordar de um ponto quando ninguém tivera a coragem de fazê-lo? Ele não é um ‘maria-vai-com-as-outras’, ele tem sua opinião própria e seu único pecado é se manifestar sem hipocrisia. Justamente por este motivo é que acho que ele é a pessoa mais importante da sua empresa.’ Ele refletiu um pouco sobre minhas palavras e resolveu mantê-lo. Lúcio continua nesta empresa até hoje.
Não é fácil trabalhar em time, não é fácil separar o pessoal do profissional ao discordar de um ponto de vista. O brasileiro, ao contrário dos alemães, japoneses e americanos, é muito ligado ao emocional, tem dificuldade em assumir uma opinião contrária, pois pode ser visto como uma ofensa pessoal. Da mesma forma, não é fácil colocar em risco sua imagem pessoal, sua reputação e seu emprego ao assumir a coragem de falar ‘não’ e iniciar uma discussão, por mais que você acredite ser necessário.

 

O espírito de time só acontece quando existe uma auto-confiança muito grande em primeiro lugar, e uma relação de confiança mútua bem forte, em segundo lugar, que permita às pessoas verem os conflitos como necessários para o crescimento e desenvolvimento de todos. Num time, assim como num casal ou numa família, os debates, exaltados ou não, são importantes para manter as relações sempre ‘limpas’, num caminho em direção ao amadurecimento contínuo e perene. Em um grupo, 2+2=4; Numa equipe, 2+2=5; mas num time, 2+2=1.

Respeito ao consumidor, o grande diferencial

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As características de um mercado dependem do seu grau de maturidade e da cultura sob a qual se instala. Vejamos:

Se nos Estados Unidos você compra qualquer coisa, a utiliza, e não está contente com a qualidade ou resultado, você pode devolvê-la, praticamente a qualquer momento – “no questions asked” (sem que lhe façam perguntas condicionais para a devolução). Isso vai muito além do que você imagina, por exemplo: Se você compra um carro, pode devolvê-lo porque não está contente com a cor, modelo ou qualquer outra característica. Na devolução você será extremamente bem tratado e a empresa se esforçará para encontrar outro carro que atenda as suas expectativas. Ela não quer perdê-lo como cliente.

Como funciona no Brasil? Bom, todos sabemos… Se você compra alguma coisa (especialmente de maior valor agregado) e detecta um defeito, por exemplo, a maioria das lojas fará tudo para que você encaminhe à garantia e assistência autorizada, procurando por todos os meios evitar a troca; a não ser que você conheça muito bem o código de defesa do consumidor e ameace com o PROCON, coisa que nem sempre funciona, pois a loja sabe a dor de cabeça e a mão de obra que você enfrentará para levar sua queixa em diante…

Nos Estados Unidos você devolve um eletrônico com defeito e eles colam uma etiqueta “return to factory” (retornar para a fábrica); aqui ainda estamos na base do “receba seu problema de volta”, “comprou, agora aguenta”. Lá eles resolvem seu problema e pedem desculpas pelo inconveniente, aqui dizemos que “lamentamos muito, mas não podemos fazer nada a respeito…”

E há quem diga que o consumidor brasileiro anda muito exigente…

A verdade é que temos várias questões a equacionar. Nosso mercado é pouco maduro quando comparado ao norte americano; nossa questão cultural ainda fortemente influenciada pela ideia de “levar vantagem em tudo” coloca as empresas em guarda contra abusos dos clientes. Nas mesmas condições das práticas americanas, infelizmente, cansaríamos de ver consumidores brasileiros abusando do “respeito ao consumidor”, comprando alguma coisa de que precisavam momentaneamente e devolvendo, após o uso, com alguma alegação criativa (o que, lamentavelmente, já ocorre com o boom de turistas brasileiros nos Estados Unidos).

É evidente que não podemos importar o modelo da realidade norte americana e aplicá-lo à brasileira, mas é também evidente que não podemos mais dizer ao cliente que comprou uma televisão LCD de 60 polegadas e que apresentou problemas no oitavo dia, que ele deve levá-la à autorizada…

Nosso mercado vem crescendo, a ascensão econômica da nova classe média beneficiou muito os negócios, mas as empresas ainda agem de maneira muito imatura no atendimento a reclamações e nas políticas de trocas e devoluções. É verdade que é preciso ser um pouco mais criterioso no atendimento às solicitações dos clientes (às vezes espertos), mas é igualmente verdade que um capitalismo já adolescente como o brasileiro deve parar de agir como criança e transformar o foco no cliente, de discurso, em prática. A maneira como nós atendemos nossos clientes frente a dificuldades, problemas e reclamações é pré-requisito fundamental das práticas de marketing e condição sine qua non para o encantamento e a fidelização!

Empresas que querem primar pelo atendimento diferenciado não podem esperar até que nossas características culturais se modifiquem, este é um processo muito lento. Estas empresas precisam encontrar maneiras inovadoras de tratar estas questões, especialmente enquanto seus concorrentes não o fazem, pois isso representa um excelente diferencial competitivo. Novas negociações com fornecedores se fazem necessárias para um maior amadurecimento da estratégia de encantamento de clientes e isso deve ser priorizado. As empresas não podem aguardar por um aumento ainda maior da concorrência, momento no qual todos acabarão realizando as mesmas práticas e o diferencial se esvairá no lugar comum!

As questões de Marketing são essenciais e fundamentais para o sucesso de um negócio e não podem ser tratadas sob a ótica do “é assim que as coisas funcionam aqui no Brasil”. Estas questões estratégicas precisam ser tratadas sob a ótica que orienta o Marketing, ou seja: Como podemos gerar mais e melhores negócios por aqui!
Marketing é uma atitude, não um departamento!

Competitividade

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Competitividade é o conjunto de qualidades e competências que nos habilitam a competir. Assim, se você não conhece as regras do basquete e não praticou seus fundamentos não está em condições de competir, mesmo que em ambiente amador!   Muitos empresários arriscam seu capital, tempo e saúde sem observar com maior rigor as regras dinâmicas (em constante mudança) de um mundo dos negócios altamente competitivo, e sem praticar os fundamentos básicos de uma boa gestão.  Isso explica, por exemplo, o insucesso de muitos negócios, cujos empresários esquecem-se da importância da informação, do conhecimento e da experiência frente ao mercado. Carecendo das ferramentas mínimas de gestão e administração, estas pessoas correm riscos quando deveriam assumir riscos, o que um bom administrador optaria por fazer. O mesmo ocorre em diversos setores da economia envolvendo a indústria, comércio e serviços, tanto com empreendedores individuais como com profissionais liberais.

 

A falta de conhecimento da dinâmica do mercado e das ferramentas de gestão e administração comprometem o sucesso de centenas de milhares de negócios em todo o país.  Este desconhecimento condena estas empresas a estarem entre as últimas em produtividade e lucratividade, inviabilizando sua possibilidade de inovação, competitividade e sustentabilidade. Estas empresas lançam-se ao mercado como cordeiros frente a leões, e quando devorados perguntam-se: “Onde foi que eu errei?”  Ser o último em negócios não significa criar sua empresa em mercado ou segmento já liderado por outras, ou lançar seu produto após o da concorrência – significa não estar em condições de competir!

 

Vivemos em uma era de alta velocidade de informação e muitas empresas ainda se permitem ao custo de serem lentas!
Em uma era onde os consumidores demandam por produtos e serviços 24/7 (vinte e quatro horas por dia, sete dias por semana) milhares de empresas ainda se permitem trabalhar no horário de conveniência delas e não no de seus clientes.
Em uma era onde precisamos reduzir os custos ao mesmo tempo em que precisamos aumentar o valor percebido por nossos clientes, muitas empresas acreditam que podem triunfar aplicando somente uma destas estratégias.
É incrível, mas em plena Economia da Experiência, ainda encontramos empresas que não se dedicam a encantar seus clientes fornecendo-lhes as experiências memoráveis e fidelizando-os.

 

No centro da Era da Convergência, onde o mercado demanda por soluções integradas e não isoladas, ainda encontramos empresas despreparadas para associar serviços aos seus produtos.  Falamos de sustentabilidade e muitas empresas esperam por uma legislação punitiva para tomarem as medidas mais simples de respeito ao meio ambiente.
Estamos cansados de ouvir os empregadores dizendo que as pessoas são o maior capital das empresas, mas estas mesmas pessoas continuam a não ser reconhecidas e remuneradas de acordo com sua importância.

 

Nossos melhores cientistas são requisitados pela Europa e Estados Unidos para lá realizarem suas pesquisas e descobertas; nossos melhores jogadores de futebol estão continuamente jogando fora do Brasil. E nós? Quais cientistas importamos para o Brasil, para aqui fazerem suas pesquisas e descobertas? Quais os grandes jogadores que contratamos para jogar no país na última década?  Há um problema comum em todas as questões que atingem empresas públicas e privadas no Brasil, falta de gestão estratégica. Observem que não é falta de planejamento estratégico, mas falta de gestão. Gestão inclui execução. Muitas empresas possuem o seu planejamento estratégico, seu plano de negócios, mas quantas, efetivamente, o executam com excelência?

 

Ainda há excesso de discurso e prática insuficiente, ainda somos muito retóricos.  Vencida a era da informação, instalou-se a era do conhecimento. Se antes o mercado era um lugar desafiador para todo e qualquer empreendedor, hoje ele é ainda mais seletivo. Se antes era possível vencer em função de existirem poucos concorrentes, hoje, em uma economia global com demandas atendidas por múltiplos canais de venda, incluindo o e-business, estamos concorrendo com todo mundo e com o mundo todo!  Empresas e profissionais brasileiros precisam acordar para o fato inequívoco de que no mundo dos negócios, os últimos serão sempre os últimos!  A sustentabilidade do nosso modelo de negócios está na ordem do dia. Reveja seus conceitos, mude suas atitudes e construa a melhor versão do futuro.

O melhor momento do varejo

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Todos sabem que o Natal é momento áureo do varejo brasileiro. Aguardamos por ele sempre com grande expectativa e certeza de bons negócios.  Porém, este pode ser nosso maior erro!

 

Eu sei que você estranhou a frase anterior. Explico: seria um erro esperarmos pelas vendas de natal apenas com expectativa! Devemos esperar pelo natal com o melhor planejamento e com estratégias eficientes para aproveitar não somente o que o momento mais aquecido das vendas pode nos oferecer, mas o que nós podemos obter dele.

 

Calculamos sempre o que vendemos a mais num período como este, mas esquecemos de calcular quanto deixamos de vender (vendas perdidas) e o quanto poderíamos ter vendido a mais (vendas não realizadas).  Ou seja, o grande erro é deixar as vendas somente por conta do natal… Elas são responsabilidade nossa, consideremos a época de natal como um grande incentivo adicional, mas não nos descuidemos de todos os detalhes necessários para obter o resultado máximo! Qualquer comportamento que não seja este equivale a acreditar que Papai Noel resolverá todos os nossos problemas descendo pela chaminé da loja…

 

Quando é que os carnavalescos de São Paulo e Rio de Janeiro começam a preparar suas próximas apresentações? Exatamente! No dia seguinte ao término do carnaval atual.  Porque os varejistas só começam a pensar no natal na segunda metade de Novembro?

 

O planejamento para o natal do próximo ano deve começar assim que terminarem as comemorações do natal deste ano!

Algumas sugestões:

1) Crie uma decoração própria de Natal: saia do básico com bolas tradicionais, festão e bonequinhos já desgastados de Papai Noel. Crie a sua atmosfera de Natal! Ela deve ser cativante, alegre, criativa e inovadora. Que seus Papais Noéis sejam verdes, laranja ou azuis, homens e mulheres, crianças e adolescentes, mas, sobretudo, diferentes dos demais. Que a iluminação e aromatização da loja celebrem uma época especial de paz, esperança, harmonia e renovação. Não se esqueça do aniversariante! Claro, sem transformar a loja em um templo, tente “materializar” a presença de Jesus em mensagens de natal espalhadas pela loja, na entrada, no check-out e, principalmente, no coração.

2) Crie promoções próprias. Além dos itens tradicionais de maior consumo nesta época, opte por trabalhar outros itens do mix pouco trabalhados pelos seus concorrentes. Não seja mais uma loja na multidão, mas sim uma loja o­nde se sente e vive o espírito de natal!

3) Faça uma seleção própria de músicas (não apenas natalinas) alegres e motivadoras, emocionantes e significativas para que as pessoas sejam tocadas pelo som que escutam em sua loja e não tenham que ouvir a AM ou FM de sempre, às quais sequer dão atenção. Lembre-se: em uma loja, tudo que não vende atrapalha as vendas!

4) Ofereça algo único, um cartão (físico ou virtual), uma mensagem, um serviço adicional, um brinde (útil), algo pensado especialmente para o seu cliente. Nossos clientes têm que perceber que pensamos neles mesmo quando eles não estão nas lojas.

5) Crie um visual novo para os colaboradores da sua loja, é certo que um gorro de Papai Noel já dá um ar de natal, mas você é capaz de pensar em algum muito melhor!

6) Crie listas de sugestões ou gôndolas especiais para promover diferenciais nos quais você tenha investido e a concorrência não. Natal é época de produtos diferentes, não ofereça apenas o básico do dia a dia oferecido durante o ano…

7) Exiba um vídeo em uma TV LCD com uma mensagem de Natal profunda, cheia de amor e fé na vida. Se puder, contrate uma empresa para produzir um só seu, se não, use um dos nossos da internet ou busque outro no Youtube, com alta resolução.

8) Não permita que seus colaboradores confundam agilidade com pressa. Loja cheia significa agilidade no atendimento e não pressa. A pressa faz cair a qualidade do atendimento e diminui as vendas!

9) Mantenha o gerente o mais livre possível de outras atribuições para que ele possa monitorar a qualidade do atendimento e facilitar negociações e decisões de clientes difíceis ou muito indecisos.

10) Certifique-se que quando o cliente sair da sua loja você tenha oferecido a ele uma excelente razão para lembrar com alegria de ter comprado de você!

 

Converse com toda sua equipe, busque sugestões de produtos, promoções, campanhas. Descubra todos os detalhes que permitem a você criar um natal diferente para os seus clientes.  Não se contente com o aumento natural de vendas que a época de natal traz. Faça tudo a seu alcance para superar suas mais otimistas expectativas de venda. Use toda a sua determinação, inteligência e dedicação para superar as melhores metas que você tenha estabelecido para o natal deste ano. Faça por merecer!

 

Não espere pelo Papai Noel, faça você com que o natal dos seus clientes seja Mágico!   Eu desejo que cada pessoa que entrar em sua loja tenha a chance de perceber o valor da sua história de vida, suas vitórias e superações. Que elas se emocionem por perceber que você pensou com carinho no natal delas e, que, sobretudo, Jesus, o divino aniversariante, é a razão maior de todas as nossas alegrias!  Feliz Natal e um resultado em vendas muito, mas muito maior do que aquele que você pensou em pedir para o Papai Noel!

 

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