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O poder da visão

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Rogério é um jovem de 21 anos, como muitos de sua idade, sonhador e idealista. Muitos projetos na cabeça, muita energia e muita vontade de construir um futuro de sucesso. Ele sabe que está na fase de aprender. Acaba de concluir o curso superior em Tecnologia da Informação. Prepara-se agora para fazer um mestrado em Finanças Corporativas. Interessa-se por assuntos tão diversos quanto Tae-kwon-do, a luta marcial, e física quântica. Lê livros de astrologia e assina revistas de botânica. Pergunte-lhe o que espera da vida e suas vagas respostas dão uma idéia da imaturidade que rege suas ações presentes, tão típico em jovens que sofrem com as indefinições e falta de rumo, muito comum nesta faixa etária. Para Rogério, é importante adquirir conhecimento, aprender o que puder sobre tudo, pois algum dia vai ter um bom uso para esta diversidade de informações.

 

Tome agora o exemplo de Jorge, 40 anos. Ex-bancário, também se formou em Computação em 1983, fez 3 pós-graduações e um mestrado em Administração. É professor universitário e vende seus conhecimentos a uma empresa de software de médio porte, como consultor autônomo. Por mais de uma vez recusou a oferta de dedicar-se integralmente a esta empresa em troca de uma participação na sociedade. Igualmente tem ignorado os conselhos dos amigos que sugerem que deixe de trabalhar sozinho e aproveite todo o seu potencial para abrir uma empresa de consultoria. Não. Para Jorge, ainda que tentadoras, estas oportunidades o levam para fora do caminho que havia traçado em sua vida. Seu projeto de vida é construir uma carreira em que não tenha que trabalhar como funcionário, mas que também não precise assumir os riscos e a responsabilidade de dirigir uma empresa própria.

 

O que diferencia Jorge e Rogério é a mesma coisa que Jorge tem em comum com grandes empreendedores, sobreviventes de holocaustos e esportistas de sucesso: Uma visão poderosa do futuro. É como se estas pessoas especiais tivessem o poder de prever o futuro. Não, não quero dizer que empreendedores possuem este dom sobrenatural. Na verdade, seu dom se resume a tomar as decisões importantes na vida que o levam a este futuro, é a capacidade de construir o futuro que ele previu.

 

Costumo dizer que a visão é um meio termo entre o objetivo e os sonhos. Enquanto os sonhos são uma quimera, uma utopia, algo etéreo e muitas vezes inatingível, a visão é a parte do sonho que pode se tornar realidade, inspira e motiva, são imagens do futuro que guiam nossas ações presentes, que alimentam nossa determinação e garra para trilhar o caminho em sua direção. E os objetivos são parte de um plano que traçamos neste sentido. Visão é diferente de objetivos, definimos os objetivos concretos com base nesta visão do futuro. Podemos ter vários objetivos para a mesma visão. Mas o objetivo nós alcançamos, é mensurável e está posicionado em algum momento no tempo.

 

Já a visão é subjetiva, não clara, não é mensurável e nem posicionada no tempo. Você constrói uma visão sobre um momento em um futuro distante, o tempo para atingir a visão não pode ser medido ou previsto. Aliás, sendo mais direto, a visão não precisa sequer ser atingida. A visão é mais inspiradora e dá um senso de direção, mas não necessariamente queremos ou poderemos atingi-la. Isso me faz lembrar da história do menino que atirava pedras. Todas as noites ele fazia a mesma coisa, atirava pedras para o alto. Um senhor passou e perguntou o que ele tentava acertar, pois não havia nenhum alvo aparente e o garoto respondeu que tentava acertar a Lua. ‘Ora garoto, deixe disso, a Lua é muito longe, você jamais vai conseguir acertá-la’, retrucou o homem. Ele não deu ouvidos e continuou tentando, se esforçando em atirar as pedras com cada vez mais força. Obviamente ele nunca acertou a Lua, mas você pode apostar que ele era, dentre todos os meninos da rua, o que atirava pedras mais longe.  Por isso, uma meta ousada, desafiadora, que você nunca atingiu antes não precisa ser necessariamente realizada, mas deve inspirar suas ações e decisões para levar seu grau de competências um degrau acima. O empreendedor evolui quando sua visão é desafiadora.

 

Jorge construiu sua visão quando tinha 19 anos. Ele se via com uma família constituída, vivendo numa casa de alto padrão de onde trabalhava e gerava o produto que ele vendia: Conhecimento. Escrevia livros, dava palestras e treinamentos. Se imaginava com uma reputação forte e bem conhecido em seu meio, mas projetava um futuro sem muito luxo nem sofisticação, com qualidade de vida e simplicidade. A partir desta visão, decidiu o que iria estudar, com quem iria se casar, quando se mudaria de cidade, que tipo de trabalho procuraria e outros inúmeros objetivos, pequenos e grandes ao longo de sua vida.

 

O escritor Richard Bach, famoso pelo best seller ‘Fernão Capelo Gaivota’, escreveu uma das minhas obras favoritas, ‘Um’, que retrata uma parábola muito interessante sobre o destino. Para ele, nossa vida já está totalmente traçada num mapa. Um mapa cheio de caminhos e bifurcações. Cada bifurcação é uma escolha que tivemos que tomar na vida, que nos leva a percorrer um determinado caminho do mapa. Se pudéssemos voar sobre este mapa e aterrisar aleatoriamente, veríamos como seria nossa vida se, em algum ponto do passado, tivéssemos feito uma escolha diferente. Assim, se naquela fila de supermercado você não tivesse puxado assunto com o senhor à sua frente, não saberia que ele lhe proporia um emprego, onde você conheceria sua futura esposa, que lhe daria um filho que conquistaria um prêmio Nobel, em outro momento, graças à decisão de parar para atender o celular, você escapou de um acidente que o deixaria tetraplégico, e assim por diante.

 

Eu terminei recentemente a construção da minha casa. Tradicionalmente, após a fase de cobertura da construção, os donos oferecem um churrasco aos operários da obra. Neste dia tive um exemplo do poder da visão. Conversando com os pedreiros, percebi que a maioria via seu trabalho como uma mera forma de sobrevivência, eles apenas ganham um salário para encher laje, assentar tijolos, rebocar paredes. Um deles, entretanto, tinha uma visão diferente. Para ele seu trabalho era nobre e importante, com seu linguajar simplista ele disse que naquela casa que ele estava ajudando a construir, crianças cresceriam, histórias seriam escritas, lembranças seriam gravadas para sempre nas memórias daqueles que lá vivessem. Ele dava um significado diferente ao seu trabalho porque conseguia ter uma visão clara do fruto de seu esforço.

 

O mito do empreendedor-herói

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O fenômeno do crescimento da relevância das pequenas e médias empresas na economia brasileira nos últimos anos está causando um verdadeiro ‘boom’ do estudo do empreendedorismo, a exemplo do que aconteceu nos EUA após a recessão de 1975 que provocou uma reorganização nos mercados produtivos e financeiros do país, levando ao fechamento ou desmonte de grandes empresas em unidades menores e à migração da ênfase no setor produtivo para o setor de serviços. O volume de livros, palestras, centros de estudos, especialistas e discussões dedicados ao tema comprovam a evidência do assunto.

 

Talvez por este motivo tenha-se criado o mito do ‘empreendedor-herói’, aquele que veio para enfrentar as grandes corporações num ambiente empresarial extremamente volátil e hostil aos pequenos negócios, numa referência explicita à fábula de Davi e Golias, e que, com criatividade, determinação e flexibilidade, se tornou o grande gerador de empregos e salvador da economia. A visão de ‘herói’ faz muito sentido ao designar os empreendedores brasileiros, pois conseguiram sobrepujar as dificuldades de se iniciar um empreendimento próprio, sem o menor apoio ou incentivo, apenas com uma idéia na cabeça e muita disposição, tanto para aprender com a prática, como falhar e recomeçar do zero. É fácil rotular como ‘herói’ qualquer um que consiga lidar com falta de credibilidade, lutar contra a inércia do passado, ter paciência para enfrentar os entraves da burocracia de abrir uma empresa, obter recursos financeiros, trabalhar com o mínimo de infra-estrutura, depender de clientes e fornecedores e assumir riscos numa economia instável e volátil.

 

Ontem fui assistir um filme chamado ‘Gigantes de Ferro’ que mostra bem a alusão ao empreendedor-herói como o pequeno que ameaça os grandes, na figura do pequeno robô Atom, criado para servir como sparring em lutas de boxe entre robôs, em uma época que as lutas entre os seres humanos não só se tornaram perigosas como pouco atrativas. Atom, descoberto no lixo por um garoto, aprende a lutar com um verdadeiro boxeador e vai superando os demais robôs, todos maiores do que ele, até enfrentar o grande campeão Zeus que, embora vença por pontos, perde a popularidade para Atom. Este é o grande apelo do filme, o carisma natural que os pequenos bravos que enfrentam os grandes arrogantes atrai. São histórias que cativam, inspiram, emocionam. Queremos nos espelhar nestes exemplos e louvamos os que usam a inteligência, mais do que a força.

 

Até pouco tempo atrás, a ideologia defendida pelos empreendedores ia contra todos os estudos de administração realizados até então. O desvio da anti-administração foi defendido pela ilusão de que o empreendedor deve ser um artista, desligado das regras e convenções padronizadas desenvolvidas pela indústria acadêmica da administração. Seus instintos e habilidades pessoais devem ser suficientes para levar um empreendimento ao sucesso e as técnicas de administração só serviam para compensar a falta de competências naturais dos não-empreendedores. Este desvio ganha força com a falta de integração entre o empreendedor e a ordem organizacional no que diz respeito ao uso da criatividade e das idéias inovadoras. O empreendedor-herói personifica a imagem da liberdade, da coragem e da criatividade, valores que ganharam grande respaldo diante da visão negativa que ganharam as grandes corporações ao final da recessão americana de 1929.

 

Graças a esta imagem, o termo ‘empreendedorismo’ e derivados viraram sinônimo de virtude e vemos seu uso agora massificado e explorado indiscriminada e equivocadamente. Qualquer pessoa quer ser rotulada de ‘empreendedor’, para qualquer atividade e para qualquer tipo de projeto. Quando se trata de definir as características do empreendedor de sucesso torna-se evidente a tendência de se ‘endeusar’ a figura do empreendedor. De repente, todas as qualidades esperadas em qualquer tipo de profissional para qualquer atividade, em qualquer área, passaram a designar o perfil empreendedor: Comprometimento, criatividade, valores, habilidades específicas, conhecimento do negócio, princípios, atitudes positivas, reconhecimento de oportunidade, auto confiança, sabedoria, coragem para enfrentar desafios, perseverança e determinação, habilidades de relacionamento inter-pessoal, comunicabilidade, liderança, facilidade de trabalhar em equipe, auto-motivação, capacidade de tomar decisões rapidamente, pensamento crítico, visão estratégica, foco em resultados, planejamento, fome de aprender, familiaridade com o mundo dos negócios, ótima rede de contatos, flexibilidade à mudança e ambientes dinâmicos, capacidade de resolução de problemas e conflitos, visão sistêmica e holística, ousadia, receptividade a riscos, tolerância a erros e falhas, familiaridade com tecnologia, capacidade de realização, habilidades de negociação, integridade, honestidade, fortes princípios éticos, eloqüência, facilidade para absorção de novos conceitos, alta percepção do ambiente, retórica, agilidade e dinamismo, forte personalidade, firmeza de caráter, energia, facilidade para descobrir e desenvolver talentos, grande experiência, empatia, persuasão, organização, rapidez de raciocínio, auto-controle, sonhador realista, agressividade, independência, pragmatismo, entusiasmo, pró-atividade, iniciativa, forte presença pessoal, arrojo, faro para negócios, e por aí vai, indefinidamente, uma lista infindável de qualquer virtude que possa ser adicionada ao perfil empreendedor.

 

Obviamente não existe nenhuma pessoa que possua todas estas características. Resgate na memória todos os nomes que lembrar de empreendedores de sucesso e veja se eles possuem todas elas. Dificilmente a resposta será positiva. Nenhum empreendedor é completo. O que existe é uma pessoa dotada das características mais apropriadas para um determinado momento e lugar. O empreendedor surge num contexto situacional em que suas habilidades são evidenciadas de forma que as pessoas possam presenciar e associá-las à imagem do empreendedor. Sob esta visão, não há nenhuma restrição com relação à idade, sexo, origem social, geografia, educação, credo, cor ou etnia. Pode-se dizer que qualquer pessoa é um empreendedor em potencial, assim como qualquer pessoa pode passar sua vida inteira sem demonstrar suas características empreendedoras. Estudos nesta área não costumam gerar resultados palpáveis e conclusivos.

 

Ao analisarmos negócios de sucesso, podemos perfeitamente ser iludidos pela imagem do empreendedor-herói, mesmo porque a imagem que fica mais evidenciada é a do presidente da empresa ou de um dos sócios fundadores. Na verdade, o sucesso destas empresas se justifica quando todas as habilidades necessárias são reunidas em torno de um projeto de negócio através de uma equipe vencedora. Todo empreendedor precisa de pessoas a sua volta que o complementem, que cubram suas deficiências. Assim, qualquer projeto empreendedor exige a formação de uma equipe multidisciplinar e multifuncional que incorpore, no conjunto das características, todas as características necessárias para cada etapa do projeto.

 

Qualquer empreendimento de sucesso implica, assim, que o empreendedor deva, antes de qualquer coisa, conduzir um processo de auto-avaliação e auto-conhecimento profundo para identificar suas características empreendedoras, e então, com base nestas informações, buscar parcerias e associações com pessoas com características complementares na formação da equipe. O empreendedorismo assim, não pode ser, e dificilmente será, uma atividade solitária. O empreendedorismo só acontece em equipes, de forma coletiva e integrada.

 

Tendências: devemos sempre segui-las?

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Muitas pessoas que participam de um evento de negócios (congressos, seminários, jornadas, etc.) já se perguntaram: Será que devo seguir as tendências de mercado apresentadas pelos conferencistas convidados sem questionar ou devo avaliar especificamente em meu segmento se é possível ir em outra direção? Será que existem oportunidades em direções diferentes das apontadas pelas tendências?

 

Considero excelente a postura das pessoas que fazem estas perguntas, pois estão agindo com senso crítico, não apenas absorvendo e adotando conclusões obtidas por outras pessoas, por mais preparadas e conceituadas que estas possam ser.
Se a dúvida é prejudicial quando nos bloqueia as decisões e atitudes, por outro lado ela é fundamental quando nos remete a uma reflexão na busca pela verdade. A dúvida e o questionamento como instrumentos de busca são excelentes ferramentas.  Vamos refletir juntos sobre a questão das tendências e direções a seguir.

 

Em primeiro lugar, vamos ser sinceros: o sucesso é muito mais fácil de ser explicado depois que acontece. Prever o sucesso é algo dificílimo, mesmo quando todos os ingredientes considerados fundamentais para obtê-lo estejam presentes.
Quando analisamos tendências, estamos, na verdade, observando como será o comportamento de determinados índices, além do comportamento da maioria dos agentes do mercado, suas percepções, desejos e demandas. Mas, isso não exclui uma minoria, que caminhará na direção oposta por razões sócio-econômicas e particularidades das mais variadas. Mas então, contrariar as tendências e modelar o negócio para atender esta minoria pode ser uma oportunidade? A resposta é sim.

 

Algumas tendências são cíclicas, outras irreversíveis. Por exemplo, veja a tendência de que as pessoas passariam a se comunicar cada vez mais por meios móveis (celular, internet, etc.), ela confirmou-se e é irreversível. A sociedade não voltará mais às tecnologias imobilizantes, como o telefone convencional e o fax.
Já a tendência de consumir música digital, apresenta, pelo menos no curto prazo, ciclos que abrem nichos muito significativos que permitiram o lançamento de novos títulos em discos de vinil, só para dar um exemplo. Existe uma legião de apaixonados pelo disco de vinil. O retrô é sempre uma alternativa viável ao contemporâneo, embora, via de regra, não vá obter jamais um consumo tão maciço quanto os produtos contemporâneos! Muitas gravadoras estão lançando títulos em CD, formato digital para download e ao mesmo tempo, em vinil, além de relançamentos de álbuns clássicos também no formato. O que quero dizer é que é possível encontrar oportunidades em direções diferentes das apontadas pelas tendências.

 

Resumindo, vamos encontrar histórias de sucesso em pessoas e empresas que seguiram as tendências e também histórias de sucesso em pessoas que contrariaram as tendências, buscando o old-fashion (ao menos no estilo) ou dando início a uma nova categoria que não pertencia nem ao passado nem às tendências atuais (isso é muito comum na biografia de grandes artistas, cineastas, criadores de moda, escritores e empresas altamente inovadoras), revolucionando e ditando as tendências.

 

Agora é importante lembrar que:
1) Para seguir uma tendência é necessário ser um bom observador, compreender o momento do mercado e aproveitar as oportunidades emergentes com competência e criatividade.
2) Para contrariar as tendências, criar uma nova tendência é necessário ser autêntico, inovador e possuir um toque de genialidade.

 

Na ausência das características do item dois, siga as tendências, sua margem de erro será incrivelmente menor! Ao menos, faça isso enquanto acumula capital e aproveita o tempo para desenvolver as características do item dois.
Na impossibilidade temporária de criar suas próprias tendências, aproveite as existentes, afinal perder estas oportunidades seria um desperdício. Agora, quando dispuser das características necessárias para ditar as tendências, criar uma nova categoria, romper com os paradigmas vigentes, criar ou reinventar um mercado para você, confie e dedique-se muito; o caminho será difícil, mas as recompensas serão mais que proporcionais.

 

Afinal, tudo de mais genial que o mundo já produziu em todas as áreas do conhecimento foi originado por pessoas autênticas, inovadoras e descontentes com as tendências da sua contemporaneidade.

Desaprenda

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Você já percebeu como as crianças conseguem perceber coisas que normalmente não vemos? Quem é pai sabe o que digo. Uma vez fui surpreendido quando passeava de carro com a minha filha, de apenas dois anos, quando subitamente ela apontou o dedo à frente e disse: ‘Olha o McDonald’s!’ Estranhei porque não tinha nenhum McDonald’s onde estávamos, imaginei que ela estivesse com fome. Mas então olhei adiante e lá na frente, quase no final da avenida, descobri o famoso ‘M’ estilizado em amarelo, tão pequeno e indistinto no meio de tantas outras imagens que fiquei orgulhoso da capacidade de percepção da minha filha: ‘Puxa, como ela é observadora e atenta a detalhes!’.

 

Talvez o que eu não havia entendido na hora é que aquele símbolo era uma das poucas coisas que faziam sentido no mundo dela, tão limitado ainda em termos de compreensão do mundo à sua volta. Para ela, os edifícios, os outros automóveis, as placas, outdoors, pessoas na rua, e outros estímulos visuais não possuem qualquer significado no seu pequeno mundo, mas aqueles dois arcos amarelos fazem. Aquele símbolo traz a lembrança de experiências e vivências passadas na sua ainda curta vida. Nós adultos, não vamos ter a mesma facilidade para identificar aquele símbolo porque ele faz tanto sentido para nós quanto os demais estímulos que competem pela sua atenção. O logotipo é apenas mais um dos inúmeros outros símbolos, cartazes, imagens, sinais e referências que compõem a paisagem.

 

Imagine agora que este logotipo represente uma oportunidade de negócio em meio a uma enorme quantidade de fatos, dados, ocorrências, problemas, informações e outros estímulos com que somos diariamente bombardeados. Assim como minha filha, algumas pessoas possuem a invejável capacidade de perceber o que ninguém percebe e identificar esta oportunidade. Esta oportunidade não precisa ser, necessariamente, um negócio inovador, pode ser uma melhoria no produto, um novo modo de fazer algo, um jeito diferente de lidar com um problema ou uma nova abordagem sobre um determinado mercado. De uma forma ou de outra, trata-se de algo diferente e com valor, que qualquer um poderia ver, mas não vê. Quando alguém aproveita a oportunidade identificada, os outros pensam ‘Mas que idéia legal! Porque não pensei nisto antes?’ É, às vezes é surpreendente como algumas idéias são simples.

 

Uma das coisas que explicam este talento para identificar oportunidades é ilustrada pelo exemplo da criança que enxerga o ‘M’ do McDonald’s. Oportunidades possuem um significado especial para quem está ligado e atento. Quando algo interessa muito o empreendedor, qualquer fonte de informação que tenha alguma relação, ainda que remota, com o assunto de interesse, ganha um destaque especial em meio ao caos do excesso de informações ao qual somos expostos. Se você estiver pensando em montar um negócio de comércio exterior, seus olhos se voltam imediatamente para uma noticia sobre câmbio no meio de todas as manchetes do jornal. Se você quer montar uma pet shop, começa a reparar em qualquer animal e seu dono que aparece na rua. Você já reparou que, logo depois que você compra um carro novo, tem a impressão que há muito mais carros parecidos com o seu nas ruas do que antes? Parece uma grande coincidência, mas na verdade, é apenas o seu filtro interno que faz com que o mesmo modelo de carro ganhe uma relevância e destaque especial e chame mais a sua atenção do que seria normal.

 

Da mesma forma, uma das coisas que dificultam nossa capacidade de identificar oportunidades é a visão estreita sobre as possibilidades. Conceitos, definições, pressupostos, ‘o jeito certo’, regras e normas, podem ser ótimos para definir os limites sobre o que é possível e o que não é possível, mas limitam também nossa capacidade criativa. Toda e qualquer nova informação que recebemos precisa se ‘encaixar’ em um contexto pré-existente que faz parte de todo o conhecimento que adquirimos. Desta forma, todos os estímulos que recebemos fazem tanto sentido para nós quanto o ‘M’ do McDonald’s, pois tudo pode ser contextualizado diante de nosso conhecimento prévio sobre cada um dos estímulos que competem pela sua atenção juntamente com o logotipo da lanchonete. Além disso, mesmo que o logotipo seja percebido, ele também será interpretado dentro do nosso contexto prévio e acabamos não vendo a oportunidade que existe por trás do sinal. Livrando-se dos paradigmas existentes, os dois arcos dourados podem significar qualquer coisa e nos remeter a uma amplitude de idéias totalmente diferentes das que conhecemos.

 

Para sair desta armadilha, precisamos nos isentar destas influências. Pode parecer contraditório, num mundo em que todos buscam estar mais e mais informados, eu sugerir que nos livremos de conceitos prévios e desta contextualização inequívoca, mas esta é a essência do pensamento criativo. Precisamos aprender a desaprender. Esta é a nova competência exigida do empreendedor. Quanto mais experiente, informado e detentor de conhecimentos, maior a necessidade dele desaprender para conseguir enxergar o diferente, e muitas vezes, óbvio! Esqueça o que aprendeu e limpe a mente para poder repensar as coisas com outros pontos de vista, outros enfoques, outras abordagem. Não use paradigmas já existentes, crie novos. Conheço uma parábola, contada pelo especialista em criatividade, Roger Von Oech, que se encaixa bem nesta idéia. Um dia, um jovem que queria receber os ensinamentos de um conhecido mestre zen recebeu dele o convite para vir à sua casa. Os dois conversaram um pouco e o mestre lhe ofereceu uma xícara de chá. O jovem aceitou e o mestre serviu seu futuro discípulo. A xícara se encheu, mas ele continuou servindo. A xícara transbordou e o chá foi se derramando pelo chão. Vendo isso o discípulo disse: ‘Mestre, mestre, pare! O chá está derramando!’. O mestre parou e lhe disse: ‘Muito bem, meu caro jovem. Assim como esta xícara, sua mente está repleta de verdades imutáveis. Nada do que eu lhe ensinar ficará em sua xícara e só se fará transbordar, inutilmente. Para receber meus ensinamentos você precisará primeiro esvaziar a sua xícara’.

E as tais redes e mídias sociais?

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A socialização é um fato histórico. O homem carrega uma estrutura social desde a antiguidade quando buscava estrutura de sobrevivência: proteção, busca de alimentos e relacionamentos afetivos.   Não existe mistério para diferenciar conceitualmente redes e mídias sociais – pois os dois em sua essência são estruturas sociais formadas por pessoas e conexões humanas. Redes sociais são definidas como nodos ligados por relações sociais estruturados por pessoas em função de um interesse em comum e mídias sociais associam-se a conteúdos (textos, imagens, vídeos, entre outros) gerados e compartilhados pelas pessoas nas redes sociais.

• Redes Sociais (conexão de pessoas com outras pessoas): Orkut, Facebook, MySpace e Flickr;
• Mídias Sociais (conteúdos gerados e compartilhados por usuários): Twitter, SlideShare, Youtube, Digg e Delicious;

O conceito é deturpado quando atrelam redes e mídias sociais exclusivamente a tecnologia. A tecnologia apenas é uma ponte que facilita e contribui para a interação das pessoas, desenvolvimento e compartilhamento de conteúdos.
A confusão dos conceitos entre redes e mídias sociais é natural.

Existe uma lacuna grande de entendimento no cenário empresarial sobre uso das ferramentas digitais, em especiais, Twitter e Facebook como espaço agregador de valor. Muitas empresas continuam criando perfis e gritando para seus clientes/consumidores “Estou nas redes sociais! Ebaaa! Sigam-me”. Organizações com essas características não se atentam para os riscos presentes nos espaços digitais, que poderão trazer sérios danos à imagem de suas marcas, caso não tenham estratégias e profissionais especializados em negócios digitais. Além disso, percebemos também muitas empresas atuando com estratégias restritas, pois utilizam os espaços digitais somente para ações promocionais de seus produtos/serviços.

São nas redes e mídias sociais que os consumidores expõem seus sentimentos – angústia, amor, ódio, insatisfação, prazer… Atitudes sentimentais que se multiplicam quando são retweetadas ou compartilhadas – formando um poder coletivo. Empresas que não conseguem absorver os diálogos digitais dos novos consumidores podem ter sérios prejuízos, arranhando de forma significativa seus produtos, serviços e consequentemente a reputação de marca.

O autor Michael Solomon em seu recente livro “O comportamento do Consumidor – Comprando, possuindo e sendo – 9ª Edição” afirma que poucos duvidam que a revolução digital seja uma das influências mais significativas sobre o comportamento do consumidor, e o impacto da Web continuará a se expandir à medida que cada vez mais pessoas por todo mundo se conectam à rede. Muitos de nós somos ávidos internautas, e é difícil imaginar uma época em que e-mails, Twitter ou Blackberries não faziam parte da vida cotidiana.

Como pesquisador no segmento de negócios digitais estou constantemente dialogando nas mídias sociais para que as empresas comecem a profissionalizar suas ações digitais.

• Contratem pessoas inquietas: nerds, blogueiros e pesquisadores digitais com identidade e sangue da geração Y e Z;
• Implantem estratégias de presença digital alinhadas com a identidade organizacional;
• Monitorem e mensurem permanentemente as ações digitais;
• Crie uma cultura de colaboração;
• Estejam preparados para gerir riscos e crises, pois todas as organizações passam por fases turbulentas;
• Interajam de forma transparente e ética com todos os stakeholders (grupo de interesses);

Com o poder da coletividade, as opiniões dos consumidores ganham força sem precedentes exigindo uma reengenharia nos processos empresariais. Repensar o modelo organizacional tradicional é ponto chave para inserir as marcas nos ambientes digitais.  Penso que através de planos estratégicos digitais as empresas contemporâneas conseguirão tangibilizar os conceitos, diferenças e essências das redes e mídias sociais agregando valor ao seu negócio.

A Diferença entre Preço e Valor

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O escritor irlandês Oscar Wilde escreveu: “Vivemos em uma época onde sabemos o preço de tudo e o valor de nada!”

Sua afirmativa não poderia ser mais atual, especialmente para profissionais ligados a vendas.  Preço e valor são conceitos muito diferentes!

 

Em linguagem coloquial, dizemos que preço é o que se paga e valor o que se leva. Esta definição já dá pistas de que os compradores estão mesmo em busca de valor e que o preço seria, em alguma proporção, o esforço monetário despendido para se obter aquele valor.  Quando buscamos adquirir alguma coisa para satisfazer uma necessidade, fazemos vários tipos de esforços, entre eles, investimos tempo e dinheiro.  A soma dos esforços que despendemos para obter o que buscamos representam o preço que pagamos para obter o que queremos, enquanto a soma dos benefícios que recebemos ao obter o que buscamos representa o valor!

 

É muito importante observar que o preço não é composto apenas pelo dinheiro que investimos. Por exemplo, se gastamos muito tempo para obter alguma coisa, perceba que estamos pagando um “preço” mais alto para obtê-la, afinal investimos mais tempo do que queríamos. O que importa é a soma dos esforços.  Considere a seguinte relação quando quiser compreender a interação entre preço e valor:

Valor = Percepção de Benefícios/(Preço + Expectativas)

Observe que dois bens podem ser vendidos pelo mesmo preço, mas possuírem valores diferentes e, também podem possuir o mesmo valor e serem vendidos por preços diferentes.  Por exemplo: Duas casas podem ser avaliadas, por critérios técnicos, pelo mesmo preço de venda, mas podem apresentar valores completamente diferentes na percepção de quem vai comprá-las, em função das expectativas de cada comprador. Seguindo o mesmo raciocínio, um comprador pode atribuir o mesmo valor a bens oferecidos a preços muito diferentes.

 

Assim, relativamente, quanto menores forem os esforços (energia, tempo, dinheiro, etc) e maiores forem os benefícios percebidos na satisfação de nossas necessidades, maior será o valor que vamos atribuir a um determinado bem (produto ou serviço).

 

Afinal, o que importa, quando tratamos de valor, é o valor percebido por quem adquire o produto ou serviço.

Quando um cliente diz “é caro”, ele está tendo a percepção de que o produto ou serviço custa mais do que vale.

Quando um cliente diz “é barato”, está tendo a percepção de que o produto ou serviço vale mais do que custa.

Quando o cliente diz “o preço é justo”, ele tem a percepção de que o produto ou serviço vale exatamente o que custa.

 

Volto a lembrar que estes esforços não são somente monetários. Eu pago mais por um serviço de urgência porque ele diminui o “custo” da espera, aumentando o benefício da agilidade…  As grandes questões sobre preço e valor são questões de marketing e envolvem o universo das percepções!  Quando julgamos algo como caro ou barato, isso é fruto da nossa percepção dos benefícios recebidos na aquisição.

 

Portanto, valor de mercado é a estimativa geral do valor de um bem de acordo com a média das percepções de um determinado segmento de mercado e, preço de mercado é o preço médio pelo qual se estima vender este produto ou serviço neste mesmo segmento.  O segredo para não ficarmos reféns dos preços é realizar um excelente trabalho de gestão de valor, ou seja, ressignificar e ampliar a percepção de valor de nossos produtos e serviços na mente de nossos clientes.

 

Quando pedimos que alguém agregue valor estamos pedindo que torne as coisas especiais, ou seja, trabalhe a percepção do cliente para valorizar mais a oferta, a utilização de nossos produtos e serviços. Agregar valor é fazer com que as coisas sejam percebidas como especiais, apresentando benefícios muito acima do preço (esforço) necessário para adquiri-las.  As melhores empresas e melhores vendedores sempre agregam mais valor que a concorrência; justamente por isso conseguem sustentar preços mais elevados e margens de lucro mais significativas!

 

Os melhores profissionais de vendas trabalham em cima da percepção de valor de seus clientes, não ficam reféns do preço. Estes são os melhores profissionais de vendas da era atual: os consultores de negócios.  Em todas as áreas da vida sempre serão reconhecidos aqueles que conseguem evidenciar e agregar valor. Estas pessoas preenchem a vida e as relações de significado e conduzem seus interlocutores a perceberem os aspectos mais significativos de cada interação, aquisição e/ou relacionamento.

 

Agregue mais valor, afinal, a vida e os negócios, quando cheios de significado, não possuem preço.

Por quê temos que ser criativos?

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Esta é uma pergunta que muitas pessoas me fazem. A maioria delas acredita que a criatividade é um dom necessário apenas para os publicitários, artistas e outros profissionais que precisam lidar freqüentemente com a inovação. Esta é uma confusão muito freqüente que professor Edward de Bono, autor de ‘Criatividade levada a sério’ cita como um dos mitos da criatividade e consiste na percepção equivocada de que criatividade tem a ver com arte e portanto os artistas são as pessoas mais indicadas para lidar com o ensino da criatividade. De Bono se refere à criatividade como a mudança de conceitos e percepções, como uma forma de pensamento lateral que nem todos os artistas possuem. Aliás, pelo contrário, muitos artistas acabam se apegando a um único estilo e não são flexíveis para incorporar outras possibilidades de expressão.

 

Como eu venho falando muito sobre criatividade nos negócios, é comum a dúvida sobre a necessidade de ser criativo no trabalho quando a maior parte das nossas responsabilidades não exige o pensamento criativo.

 

Será?

 

Não há dúvidas que esta é uma das características do perfil empreendedor. Entre a idéia e um negócio estruturado, há um longo caminho que exigirá do empreendedor toda a sua capacidade de adaptação e flexibilidade para lidar com as variáveis e surpresas que interporão no seu caminho. O empreendedor está sempre trabalhando com recursos bastante limitados. Pouco tempo, pouco dinheiro, poucas pessoas, pequena estrutura, pouco espaço… A sua capacidade criativa é determinante para a resolução destes problemas e para a improvisação de soluções quando da falta de recursos.

 

Mas a criatividade também é exigida no nosso dia-a-dia não-empreendedor. Na maioria das vezes, a criatividade não é expressa para criar arroubos inventivos de produtos com tecnologia revolucionária e totalmente inovadora. De Bono diz que a criatividade mais importante é a que acontece em pequenos saltos, pequenas mudanças e melhorias que possuem na sua simplicidade a essência do pensamento criativo.

Você precisa ser criativo no trabalho…
… para resolver algum problema de difícil solução, que exige a busca de um número maior de alternativas do que as soluções tradicionais.
… para atender a uma necessidade específica do cliente que está fora do escopo da empresa
… para pensar nas perguntas numa entrevista com um candidato a emprego
… para preparar uma apresentação de um trabalho para a diretoria
… para justificar a não entrega de um relatório no prazo
… para convencer os colegas a te ajudar em alguma tarefa
… para incentivar sua equipe a fazer algo que eles não querem, sem forçá-los
… para identificar oportunidades de melhoria em alguma atividade ou processo
… para achar argumentos para negociar melhores contratos com os fornecedores e parceiros
… para explorar melhor o potencial das pessoas da sua equipe

… para passar o tempo durante uma reunião chata

 

Você precisa ser criativo na sua vida…
… para escolher um presente de aniversário diferente para um amigo próximo
… para encontrar alguma saída para sair de um congestionamento, seja alguma forma de contornar o trânsito, algum caminho diferente ou até mudar o destino
… para se livrar da obrigação de visitar a sogra no domingo
… para escolher os argumentos de pesquisa no Google ou no Yahoo de forma a aumentar as chances de você encontrar exatamente o que procura na rede
… para levantar argumentos veementes e inquestionáveis ao defender um ponto de vista durante uma conversa com amigos, ou para vender uma idéia para outras pessoas
… para surpreender o adversário no futebol, através de uma jogada inesperada
… para convencer o guarda a não reter o seu carro por falta de documentação em dia
… para escolher um programa legal para o fim de semana
… para convencer o vendedor a lhe conceder um bom desconto em uma compra que você esteja fazendo
… para chamar a atenção de uma garota (ou um garoto) que você esteja querendo impressionar

… para escrever alguma coisa interessante na coluna da Você S/A a cada quinze dias.

 

O pensamento criativo, enfim, deve ser usado em todas as circunstâncias e momentos para ampliar o leque de possibilidades e alternativas de ação de forma a se diferenciar dos demais. Ser criativo, portanto, não é necessário. Muita gente se vira muito bem sem ser criativo. Mas a criatividade ajuda as pessoas a se destacarem da multidão. Ao desenvolver sua capacidade criativa, você se coloca num patamar acima dos outros. Enquanto todos estudam as situações para conseguir identificar ‘o que é’, os criativos se desvencilham das situações para conseguir identificar ‘o que pode ser’. De que lado você quer estar?

Faça um 2011 Uau!!!

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Você já fez suas resoluções para 2011? Esta é aquela época em que construímos esperanças de grandes realizações para o ano que começa. Fazemos nossas promessas e estabelecemos metas importantes para nossas vidas. Aos que pretendem seguir a carreira empreendedora, permitam-me fazer uma sugestão de uma boa resolução para se adotar para 2011: Não perca uma oportunidade para ser fabuloso em 2011!!

 

Quem me deu esta dica foi a Profa. Tina Seelig, coordenadora do Centro de Empreendedorismo Tecnológico da Universidade de Stanford em 2008. Refletindo sobre o tema, percebi que esta é uma característica comum entre a maioria dos empreendedores que conheço. A tão propalada necessidade de realização e de conquistas que qualifica empreendedores bem sucedidos é inspirada por esta simples dica que acabei por transformar em recomendação aos meus alunos, orientandos e mentorados.

 

Mas o que isto significa? Ser fabuloso é obter uma realização que seja marcante, significativa, memorável e da qual você se orgulhe e dê uma sensação de que valeu a pena ter se dedicado para ela. Não é algo que você já tem obrigação de fazer, como passar de ano ou atingir uma meta no trabalho. Também não pode ser algo que dependa mais dos outros do que de você.

 

Para empreendedores, se tornar proprietário de um novo negócio é uma forma se ser fabuloso, talvez a mais óbvia. Existem várias outras formas de ser fabuloso. As pessoas costumam pensar em causas sociais, como ajudar a desenvolver uma determinada comunidade de recursos limitados, ou participar de um grupo assistencialista. Isto tudo é relevante, claro, mas o importante é que esta seja uma realização na qual você seja o principal protagonista. Seja qual for a atividade ou projeto, você precisa ser o principal responsável.

 

A melhor forma de pensar em ser fabuloso em algo é começar com suas competências. O que você sabe fazer bem? Como esta sua competência ou habilidade pode ser útil para construir algo relevante? Lembre-se que não podem ser várias coisas no ano, pode ser apenas uma ou duas, mas o importante é que seja algo grande e marcante. Outra forma é aproveitar as pessoas que você conhece e mobilizá-las para construir algo sob a sua batuta. Deixe-me dar alguns exemplos:

 

Publicar um vídeo na internet que as pessoas achem legal e divulguem a ponto de se tornar viral, com milhares de acesso. Isso é fabuloso. Já ter centenas de seguidores no Twitter pode ser um grande desafio, mas não é fabuloso. Vencer um concurso de dança é fabuloso, mas se você é dançarino profissional, deixa de ser algo fabuloso, pois não é desafiador. Participar de um programa de intercâmbio internacional por seis meses é algo fabuloso, mas se você estiver fazendo isso depois que a maioria dos seus amigos já fez, aí já não é mais fabuloso, pois a iniciativa não foi sua e sim um comportamento imitativo.

 

Eles podem parecer banais, mas estas realizações precisam ser desafiadoras para quem as realizou. Ah sim, não se esqueça que precisa ser algo que possa se tornar público, algo que as pessoas vejam, reconheçam o valor e te parabenizem por isso. Precisa haver algum reconhecimento externo. Se você mobilizou centenas de pessoas para fazerem doações para uma instituição e ninguém souber disso, pode ter sido importante para você e sua auto-estima, mas não será algo fabuloso se as pessoas não a reconhecerem como tal.

 

Você não precisa definir agora o que pretende fazer e estabelecer esta meta antecipadamente. Basta colocar como meta que você fará algo fabuloso em 2011, sem necessariamente precisar o que. Ao longo do ano, esteja atento às oportunidades. Se você estiver ligado, verá que elas virão, uma atrás da outra. Pode ser um convite para escrever para um site de grande exposição, pode ser um convite para viajar com um amigo para uma cultura desconhecida, pode ser através de uma pessoa que você acaba de conhecer e que trabalha para uma grande multinacional, pode ser um amigo que tem uma ótima idéia de negócio e que precisa de um sócio. As oportunidades estão em todos os lugares, basta aprendermos a identificá-las. Se você quer fazer algo fabuloso, não só você a identificará como fará de tudo para aproveitá-la.

 

Como você reparou, não estou falando de negócios, mas a biografia de grandes empreendedores está repleta de realizações fabulosas que não tem nada a ver com os negócios que eles criaram, mas fizeram parte do seu processo de formação empreendedora. Isso significa, antes de tudo, que empreendedores não se perdem com atividades rotineiras, procuram fugir de ações do tipo ‘apagar incêndios’. Esta tendência nos faz chegar no final do ano com uma sensação de que o ano passou em branco, como se você não tivesse aproveitado nada e simplesmente deixou o tempo passar. Empreendedores são aqueles que chegarão ao final de 2011, farão um balanço em retrospectiva do ano e citarão algumas realizações das quais dirão: Uau! Este ano valeu a pena! E você está disposto a ter um Uau!!! para colocar no seu currículo pessoal em 2011?

As Mídias Sociais e a Gestão da Carreira Profissional

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Com a disseminação do uso de plataformas de redes sociais online, cada vez mais as pessoas compartilham suas informações pessoais e profissionais nesses ambientes. As empresas, por sua vez, têm adotado como prática cada vez mais freqüente consultar os perfis dos candidatos como parte do processo seletivo de contratação — a entrevista de emprego começa nas mídias sociais. Monitorar colaboradores também tem se tornado tão comum por parte das empresas quanto monitorar o mercado e seu público-alvo.

Dessa forma, os profissionais devem cada vez mais prestar atenção às informações que postam online e usar esses recursos como aliados estratégicos em suas profissões. Pensando na gestão de carreiras, apresento a seguir algumas dicas de como atuar nas mídias sociais procurando obter o melhor resultado profissional.

– Tipos de problemas que os perfis em redes sociais podem trazer a um profissional

Alguns dos principais problemas resultantes do uso incorreto de perfis em redes sociais são: a) exposição da privacidade, b) comprometimento da imagem profissional e c) declarações sujeitas a processos legais.

No primeiro caso — privacidade — dependendo do tipo de informação que a pessoa expõe sobre si mesma, pode lhe trazer riscos pessoais. No ano passado, após o lançamento do Facebook Places (em que as pessoas dizem onde estão, no estilo Foursquare), foi presa uma quadrilha que usava essas informações para fazer assaltos nos USA. Escritórios de advogados têm monitorado declarações de pessoas específicas nas mídias sociais para usar essas informações em processos contra essas pessoas (como por exemplo, um ex-cônjuge que alega não ter recursos para pagar uma pensão maior, mas tuita que está fazendo uma viagem caríssima ou jantando em um lugar além das suas possibilidades declaradas). Assim, é importante pensar no tipo de informação que compartilhamos nos nossos perfis e por quais motivos estamos fazendo isso.

No caso de comprometimento da imagem profissional, as pessoas declaram coisas em seus perfis que contradizem o que se espera delas profissionalmente. Por exemplo, funcionários já foram demitidos por faltarem ao trabalho por alegarem que estavam doentes, mas no mesmo dia postarem em seus perfis que estavam curtindo ou passeando em algum lugar. Pessoas que participam em sites de redes sociais de grupos “eu odeio trabalhar” ou “eu odeio o meu chefe”, dificilmente serão contratadas. A sua imagem no ambiente digital, tanto pessoal como profissional, é construída por meio das informações que você divulga em seus perfis.

No último caso — declarações sujeitas a processos legais –, muitas vezes as pessoas se esquecem que a lei que rege o mundo offline vale igualmente no mundo online. Portanto, calúnia e difamação, exposição de informações confidenciais das empresas, etc., podem ser consideradas ilegais tanto quanto o seriam no mundo offline. Existem milhares de casos de processos dessa natureza em função de comportamento inadequado no ambiente digital.

– O que se deve evitar publicar nos sites de redes sociais

Deve-se ter no comportamento online o mesmo cuidado para divulgar informações, ou ainda maior, que se tem nos comportamentos offline. Se você não falaria algo no meio da praça para todo mundo ouvir, não fale tampouco nas mídias sociais. Se você não sairia despido ou bêbado na rua, não se apresente nessas condições nas mídias sociais. O cuidado deve ser ainda maior no ambiente digital online porque se no ambiente offline você se expõe apenas para as pessoas que estão no mesmo espaço físico que você, no ambiente digital você está potencialmente exposto para todas as pessoas – milhões delas.

– Monitoramento de colaboradores e candidatos a vagas

O monitoramento em mídias sociais é uma das mais valiosas ferramentas de pesquisa de mercado e inteligência de negócios. Monitorar colaboradores e candidatos, tanto quanto o público-alvo e concorrentes, já uma prática comum em empresas, tanto grandes quanto pequenas, e é uma estratégia bastante saudável. Apesar de um dos primeiros perfis que são monitorados ser o do LinkedIn (que tem foco no profissional), as empresas estendem a sua pesquisa para outras redes de forma geral. Faça um teste e digite o seu email no site SPOKEO.com e veja o resultado — os seus rastros digitais são transformados em um dossiê que revela muito sobre você. Isso é apenas um exemplo de ferramenta que pode ser usada gratuitamente para pesquisar pessoas na internet, não apenas nas mídias sociais, mas no ambiente digital como um todo. Existem inúmeras outras ferramentas como essa disponíveis online.

Dessa forma, o profissional deve pensar muito antes de postar qualquer coisa online — cada busca no Google, clique em anúncios, uma chamada no Skype, doações, comentários, etc. — são fragmentos pessoais que contribuem para o seu dossiê digital que constrói a sua imagem – pessoal e profissional – que pode atuar tanto a seu favor como contra você.

– O que um perfil em rede social representa

Um perfil online representa a pessoa no ambiente digital. Não é uma segunda vida, e sim uma continuação da sua vida offline — é parte integrante e cada vez mais importante dela. A sua vida digital é também a sua vida real, não existe separação, existe continuação. No entanto, da mesma forma que na sua vida offline você separa os âmbitos privado e público, você deve fazer o mesmo no ambiente digital. O problema é que muita gente ainda não entendeu que o ambiente digital normalmente é público e que é necessário um esforço ainda maior que nos ambientes offline para fazer essa separação entre informações de perfis públicos e privados. No entanto, essa separação é fundamental para a construção de imagem. Você é tão bom quanto o conteúdo que produz – tanto online quanto offline.

– O bom e mau uso das mídias sociais

As plataformas digitais são apenas plataformas, tecnologias, e toda tecnologia é neutra – não é boa e nem ruim. O que faz uma tecnologia ser boa ou ruim é o uso que fazemos dela. O fogo pode ser usado para te ajudar — aquecer, cozer — ou pode te matar. O mesmo acontece com qualquer tecnologia. Dessa forma, se você usar as plataformas digitais corretamente, você poderá alavancar muitas oportunidades profissionais. Se usar de forma inadequada pode se prejudicar muito.

Já falamos bastante do mau uso, e vamos citar alguns bons usos. Por exemplo, se você é especialista em uma área específica, você pode usar os seus perfis em mídias sociais para se tornar referência nessa área por meio de divulgação de informações e dicas nessa área. As possibilidades de você alcançar um número grande de seguidores ou assinantes e impactar uma grande quantidade de pessoas interessadas no seu assunto são extremamente maiores no ambiente online do que offline. Outro exemplo de como extrair benefícios é ter e manter um perfil atualizado e bem construído no LinkedIn. Hoje, como mencionei anteriormente, esse é o primeiro local onde as empresas pesquisam. Além disso, é onde as pessoas procuram parceiros profissionais e contatos para negócios, representando uma grande oportunidade. Vídeos e apresentações interessantes que você possa publicar online sobre a sua área de expertise e que ajudem as pessoas em suas vidas também são ótimas oportunidades para montar negócios ou ampliar a sua atuação profissional – veja o caso da Khan Academy (http://www.khanacademy.org/), que se iniciou como um projeto pessoal e já recebeu doações espontâneas de 1 milhão de dólares de Bill Gates e 2 milhões de dólares do Google. No ambiente digital, as boas ideias e ações conseguem visibilidade e apoio de forma muito mais rápida e espontânea.

– Algumas dicas importantes para os profissionais que têm perfis em redes sociais

• Conheça as plataformas e as características de cada uma delas antes de começar a usar — teste primeiro de forma não pessoal e depois use de forma pensada, dominando não apenas comandos, mas principalmente os conteúdos. Twitter, Facebook, LinkedIn, Youtube, SlideShare, etc., são diferentes e para usar corretamente é necessário publicar conteúdos diferentes e adequados em cada um deles, com objetivos diferentes e ritmos diferentes.

• Não comece a usar tudo de uma vez – inicie por uma plataforma, ganhe expertise nela e aí vá conquistando as outras de forma planejada.

• Não faça ou fale nas plataformas online o que você não faria ou falaria na rua (local pública), a menos que você use perfis privados, que funcionam como a sua casa.

• Antes de postar qualquer coisa, pense duas vezes e pergunte a si mesmo o motivo e o benefício que aquela informação poderá trazer. É interessante também checar se o que você vai postar passa pelos três crivos da peneira de Sócrates: verdade, bondade e utilidade. Se uma informação não for verdadeira, boa e útil, pergunte-se o motivo e o benefício que ela trará ao ser divulgada e, então, decida se deve ou não divulgar.

• Jamais seja anti-ético! No artigo “Quem com #FAIL fere, com #FAIL poderá ser ferido” , são abordadas mais a fundo as questões da ética e o quanto cada post que você faz fala muito sobre você.

Por que as empresas fecham?

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As pequenas e médias empresas têm inúmeras dificuldades para se estabelecer nos seus primeiros anos de vida. Sofrem por não conhecer direito o setor, por não saber lidar com clientes ou por não dominar aspectos financeiros básicos para gerir seu caixa. Eu e um grupo de pesquisadores do Insper e do Sebrae São Paulo estudamos quase 2 mil empresas abertas e registradas na Junta Comercial do Estado de São Paulo (Jucesp) entre os anos de 1999 e 2003, em busca de evidências dos principais motivos que justificam a alta mortalidade das empresas nascentes – e as características comuns das empresas que sobrevivem a este período mais crítico. A seguir, as principais conclusões do estudo.

 

Um dos fatores que levam à sobrevivência da empresa é o seu tamanho. Quanto maior o tamanho da empresa, menor a probabilidade de fechamento. As empresas maiores estruturam melhor práticas gerenciais. Elas também gozam de maior facilidade para obtenção de linhas de crédito e têm mais flexibilidade para suportar incertezas do ambiente externo.

 

Empresas que se relacionam com governos têm menor probabilidade de fechar. Uma possível explicação para esse resultado é que, para satisfazer uma série de requisitos legais associados a licitações públicas, a empresa precisa ter uma maior capacidade de organização – o que se reflete na sua habilidade de sobreviver. Além disso, ao ganhar uma licitação, a empresa passa a contar com um fluxo certo de vendas durante o período de contrato. Reduz-se assim a incerteza e a volatilidade das vendas.

 

O estudo não demonstrou diferenças significativas no fato de o empreendedor ser movido pela necessidade ou pela oportunidade. O setor a que pertence o negócio (indústria, comércio, serviços) e a idade do empreendedor também não apresentaram efeitos significativos na probabilidade de fechamento.

 

A existência de grandes empresas concorrentes no mercado do empreendedor aparentemente reduz, em vez de aumentar, o risco de fechamento. É possível que as pequenas empresas que tenham grandes concorrentes sejam obrigadas a adotar práticas de gestão mais eficazes ou que elas aproveitem brechas no mercado que não são atendidas ou são ignoradas por companhias maiores. Essa explicação ficou demonstrada com a constatação de um relacionamento positivo entre concorrentes. Eles trocam informações entre si e recebem indicações feitas pelas grandes empresas.

 

A probabilidade de um empreendedor que possui pelo menos o segundo grau encerrar as atividades é significativamente menor do que aquele que possui até o primeiro grau de escolaridade. No entanto, parece não haver grande diferença na chance de fechamento do negócio de um empreendedor que possui o nível superior ou apenas o segundo grau. Apesar de parecer uma contradição ao senso comum, isso é justificado pelo fato de que o estudo contemplou o escopo de sobrevivência de pequenas empresas e não, necessariamente, o seu sucesso. É possível imaginar que, para ser bem-sucedida, a empresa precise crescer, e, para isso, uma formação superior seja necessária.

 

A probabilidade de fechamento de uma empresa cujo proprietário gastou até cinco meses planejando o negócio é maior do que daquele que gastou um ano ou mais nesse planejamento. Esse resultado indica que, mesmo que o empreendedor não tenha experiência no ramo, ele pode compensá-la capacitando-se antes de abrir o negócio, buscando informações e novos conhecimentos que podem ser úteis na antecipação de problemas e na inclusão no mercado. Outra constatação interessante, por contradizer o senso comum, é que mais anos de planejamento não aumentam as chances de sobrevivência do negócio. Podemos justificar isso com a revelação de que planejamento é necessário, mas planejamento demais pode ‘engessar’ o negócio e deixá-lo refratário às mudanças ambientais necessárias que se apresentem.

 

O fato de alguém na família possuir uma atividade relacionada com o negócio do empreendedor ajuda a diminuir a chance de fechamento da empresa. Isso demonstra a importância de relações sociais no âmbito da família como constituintes do capital social do empreendedor. Por meio dessas relações, o empreendedor pode acessar informações ou se beneficiar da experiência prévia de familiares.

 

Por outro lado, o estudo verificou que o uso de contatos pessoais não faz diferença na probabilidade de sobrevivência das empresas pesquisadas. Aparentemente, o capital social do empreendedor é mais útil no momento em que ele constrói sua ideia de negócio e se mostra importante na hora de implementá-lo. Uma vez estabelecido, porém, o negócio recebe influência cada vez menor desta rede social do empreendedor.

 

Do conjunto de práticas gerenciais adotadas pelos empreendedores, o aproveitamento de oportunidades, a antecipação de acontecimentos, a preparação para enfrentar os problemas antes que eles aconteçam, a busca intensa por informações que auxiliem na tomada de decisões e o cumprimento persistente dos objetivos demonstraram ser significativamente relevantes nas chances de sobrevivência, sobretudo a capacidade de se adequar ao mercado rapidamente.

 

Com isso, concluímos que não existe um fator que, sozinho, explique por que as empresas fecham com poucos anos de vida. Também é importante notar que esse estudo se refere a aspectos relacionados com sobrevivência e mortalidade de empresas nascentes e não ao crescimento e sucesso dos negócios. O fato de uma empresa apresentar as características que demonstraram ser importantes para sua sobrevivência não garante que ela seja bem-sucedida no futuro, muito embora, nos dias atuais, sobreviver já seja sinônimo de sucesso para algumas empresas.

O artigo completo e original do estudo foi publicado na última edição da Revista de Administração da USP, que pode ser acessado neste link:
http://www.rausp.usp.br/download.asp?file=v4504343.pdf

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