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Uma conversa com Denise Lee Yohn sobre branding contemporâneo

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Com seu “posicionamento de operacionalização”, como ela costuma chamar o ato de transformar qualquer marca de um simples símbolo em uma ferramenta central das organizações, Denise já atuou ao lado de companhias, como Sony, Frito-Lay, Burger King, New Balance e LandRover.

Como estudiosa, a especialista desenvolveu uma interessante teoria que compara a viabilidade das extensões das marcas com as sequências de filmes realizados em Hollywood. Mas esta teoria não é única em seu arsenal de boas ideias. Denise acredita que o engajamento das marcas na era digital é fundamental, mas ele deve estar de mãos dadas com a promessa central da marca, além de promover diferenciação relevante e despertar um sentimento profundo no cliente.

“A importância e a agitação de cada mercado vêm de ideias revolucionárias e verdadeiramente novas, que levam os clientes a pensar sobre marcas e categorias de maneiras completamente diferentes”, afirma Denise. Leia a seguir a íntegra do bate-papo que tive com a colega.

 

Gabriel Rossi: Quais são as características de uma marca realmente forte no ambiente recessivo atual? Como ela se diferencia (percepções externas e internas) das demais?

Denise Lee Yohn: As características de uma marca forte atualmente são as mesmas que sempre foram: uma marca forte é significativa, diferenciadora, verossímil, transcendente (transmite valor além de uma oferta específica) e entregue e vivenciada de uma maneira consistente. Essas são as características que ajudam uma marca a se diferenciar e se conectar com os atuais e potenciais clientes em qualquer economia – no entanto, talvez a necessidade de possuir essas características agora é mais forte do que nunca.

As marcas também devem ser claramente entendidas e consideradas pelas suas partes interessadas (stakeholders) internas (por ex. as pessoas responsáveis por transmiti-la) como uma vantagem competitiva sustentável e que agregam valor de negócio. Uma marca sólida é operacionalizada, ou seja, colocada em uso em cada aspecto do negócio. Esse é o caminho para as empresas crescerem e criarem valor dentro das limitações orçamentárias.

 

Gabriel Rossi : Você poderia explicar o conceito de ‘brand as business’ (marca como negócio)?

Denise Lee Yohn: “Brand as business” é a abordagem de gerenciamento que envolve a administração deliberada e sistemática do negócio em torno da marca. O conceito de “brand as business” transforma a marca de apenas um símbolo ou expressão do que a empresa faz em uma ferramenta valiosa utilizada no sistema operacional central da organização. A marca se torna mais do que uma geradora de conscientização e reputação. Ela atua como um impulsionador e bússola para tudo que a empresa faz – da geração de insights compartilhados sobre o negócio, passando pelo impulso a decisões de planejamento superiores, à facilitação da execução consistente e eficiente.

 

Gabriel Rossi : Qual é a diferença entre expressar a sua marca e operacionalizá-la no mundo digital?

Denise Lee Yohn: A maior parte da agitação em torno do mundo digital está relacionada a expressar sua marca – ou seja, utilizar novas tecnologias e técnicas inovadoras para se comunicar com os consumidores sobre ela. O uso das redes sociais pela Starbucks é um excelente exemplo da nova expressão da marca. As promoções que a empresa realiza na sua página do Facebook e anúncios interativos na homepage dessa plataforma ajudaram-na a construir uma ampla base de fãs.

Outras iniciativas nas mídias sociais, como pedir às pessoas para tirar fotos de novos anúncios em outdoors e colocá-los no Twitter, e utilizar um vídeo no YouTube para promover sua oferta de café gratuito no Dia da Eleição, são outras maneiras nas quais a Starbucks utilizou novas ferramentas digitais para expressar sua marca, mas elas diferem da operacionalização da marca.

O dicionário define operacionalizar como “colocar em operação, começar a trabalhar”. Portanto, operacionalizar uma marca é utilizá-la – impulsionar o seu negócio com ela e desenvolver um sistema organizacional para entregar valores e atributos da marca. Uma empresa que utiliza novas tecnologias da Internet para operacionalizar a sua marca é a Nike. A marca Nike significa fornecer inovação e inspiração para qualquer atleta. Portanto, a empresa desenvolveu o Nike+, um sistema de sensor/rastreamento que se integra ao nikeplus.com de maneira que os usuários podem acompanhar o seu próprio progresso, comparar seu desempenho com o de outras pessoas, participar de fóruns, etc. O Nike+ torna possível que os corredores estabeleçam “desafios” virtuais com outros participantes e personalizem suas páginas pessoais para ilustrar seu humor, o tempo, percurso, etc. A Nike está operacionalizando sua marca ao integrar novas tecnologias nos seus sistemas operacionais chave.

 

Gabriel Rossi: O boca a boca digital está criando um conjunto de indicadores (scorecards) de responsabilização totalmente novo para as empresas. Sendo assim, qual o real significado e importância da autenticidade da marca conforme a voz dos consumidores continuará crescendo e novas formas de expressão surgem a cada dia?

Denise Lee Yohn: A autenticidade da marca começa com uma empresa sendo totalmente clara sobre os valores e atributos que sua marca incorpora – e então os comunicando e entregando-os em tudo o que ela faz. Isso é o que uma empresa pode controlar. Uma empresa não consegue controlar a conversa nas redes sociais sobre sua marca, mas pode conduzi-la. Ao envolver ativamente os clientes e influenciadores em um diálogo franco sobre sua marca e o seu negócio, você aumenta a probabilidade de que as mensagens que eles transmitem vão interpretar e reforçar a marca de uma maneira apropriada.

 

Gabriel Rossi: No seu artigo “The Brand Ultimatum”, você argumentou que “uma extensão de marca crível é impulsionada por uma profunda identidade de marca… Como um herói que encabeça um filme de grande sucesso, uma marca deve cativar a imaginação do seu público”. Por favor, explique a sua tese.

Denise Lee Yohn: Certamente. Uma profunda identidade de marca funciona como um personagem cuja narrativa tem muitas camadas a serem exploradas. Considere, por exemplo, Jason Bourne, o herói da série de filmes ‘Bourne’. Começando com “A Identidade Bourne”, Jason Bourne embarca em uma jornada de descoberta pessoal. Por meio da história que se desenvolve no decorrer dos três filmes da série ‘Bourne’, o público mergulha mais profundamente na busca do herói por autoconhecimento – cada um deles revelando o suficiente da sua história para satisfazer a nossa curiosidade, mas deixando o suficiente não solucionado para incitar uma antecipação saborosa do próximo capítulo.

Da mesma maneira, uma marca deve ser rica, com múltiplas camadas de associações para que as extensões de marca sejam atraentes. Novas iterações da marca devem revelar novas dimensões da sua identidade. Há alguns anos, a Dove, a marca de tratamento de beleza, revelou novos e provocativos atributos e valores da sua marca ao longo da duração de sua campanha pela Beleza Real e acompanhando extensões de marca – evoluindo de uma autoafirmação um tanto defensiva para um fortalecimento mais pró-ativo.

 

Gabriel Rossi: Isso significa que marcas como Harley-Davidson e Volvo não devem ser estendidas?

Denise Lee Yohn: Sim. Assim como alguns grandes filmes não deveriam ter continuações, as extensões de marca não fazem sentido para todas as marcas. A marca Harley-Davidson já é totalmente compreendida; não há mais nenhuma história da marca a ser contada. Ela possui uma identidade rica e poderosa, mas não necessariamente profunda – portanto, buscar novas categorias para estender a marca, como decoração de bolos (algo que a empresa de fato tentou), torna os novos produtos formalistas e forçados.

Os profissionais de Marketing devem examinar a profundidade da identidade de sua marca e determinar se sua narrativa tem ou não a qualidade produtiva sedutora necessária para sustentar extensões. Caso contrário, isso não significa que a marca e o negócio não podem crescer. O trabalho de extensão não é a única maneira das marcas maduras fortalecerem e alavancarem seu valor. Novas abordagens nos meios de comunicação e nas mensagens podem gerar um novo apelo e destaque. Além disso, alternativas como a construção da sua marca junto a novos segmentos ou a identificação de novos pontos de contato, experimentando a marca nos mesmos, podem alavancar um crescimento no negócio.

 

Gabriel Rossi: Quais são as principais perguntas a serem feitas para determinar se sua marca deverá ser esticada ou continuar focada?

Denise Lee Yohn: Sugiro examinar a sua marca considerando quatro dimensões:

1. Dinâmica vs. estática – Os personagens de histórias dinâmicas são aqueles que passam por algum tipo de mudança – uma mudança no entendimento (de si próprios ou do mundo) ou motivação (o propósito ou causa que eles buscam). Personagens estáticos, por outro lado, permanecem basicamente os mesmos no decorrer de um trabalho. As marcas são dinâmicas ou estáticas – e uma marca dinâmica é aquela profunda. Pergunte-se se o ponto forte de sua marca é extraído da sua flexibilidade e adaptações ao longo do tempo ou de sua consistência e tenacidade. Faz sentido mudar a sua identidade para refletir padrões culturais ou contextos em mudança – ou a identidade da sua marca é atemporal e auto-referente?

2. Simbólica vs. literal – As marcas podem ser desejáveis porque representam algo mais significativo ou porque são mais literais. Quando a Apple nos conclamou a “pensar diferente”, estava convocando as pessoas a abraçar valores de ordem superior, tais como individualidade e liberdade. A natureza simbólica da marca Apple forneceu uma base firme para sua ampla cobertura. Por outro lado, a identidade da marca BMW como “the ultimate driving machine” é literal – é o que você vivencia quando dirige um carro da marca. Ao considerar uma estratégia de extensão de marca, avalie a natureza da identidade da sua marca: Ela busca representar um ideal superior ou transmitir uma mensagem simbólica? Ou, ela representa algo mais tangível e transmite uma mensagem literal? As identidades de marcas simbólicas tendem a ser mais profundas e com maior possibilidade de extensão;

3. Misteriosa vs. direta – Personagens que não são quem inicialmente aparentam ser geralmente têm maior possibilidade de extensão do que aqueles que são simplesmente quem dizem ser. Da mesma forma, marcas com algum mistério abrem o apetite dos consumidores por extensões. Considere onde está a sua marca no espectro entre mistério e franqueza – há mais a ser revelado sobre a sua marca ou sua história já foi totalmente contada? Os consumidores antecipam aprender mais sobre você ou preferem a segurança de conhecê-lo bem agora?

4. Ímpeto vs. maturidade – A maturidade é uma consideração tanto das tramas quanto das extensões. Histórias contínuas que estão atingindo a puberdade se prestam a seqüências; marcas que parecem ter ímpeto se prestam a extensões. O Google é um ótimo exemplo de marca que parece estar crescendo a olhos vistos. Sua marca atrai as pessoas com sua experimentação jovem? Ou, a maioria das pessoas já cresceu com sua marca e agora a enxergam como uma marca estabelecida e madura? Pergunte a si mesmo se a sua marca tem ou não ímpeto suficiente para entrar em novas categorias.

 

Gabriel Rossi: Quais são os pilares do engajamento de marca inovador?

Denise Lee Yohn: Se você está perguntando como as marcas usam a inovação para envolver seus clientes, diria que há pelo menos três pilares.

1. Aumentar o valor central da marca – Na corrida para introduzir os últimos e melhores produtos e serviços, muitas empresas buscam inovações que podem ser interessantes, mas têm pouco a ver com o valor central que atualmente transmitem para os clientes. Esse é um erro, porque tais inovações afastam a empresa do seu objetivo e negócio centrais – e os clientes estão propensos a vê-los como confusos ou irrelevantes. As inovações que promovem a marca existente/relacionamentos com clientes e aumentam o valor que a marca já está entregando para os clientes são inerentemente mais atraentes.

2. Diferenciar-se dos concorrentes – Muitos novos produtos e serviços são simplesmente versões maiores/menores/mais rápidas/melhores/mais baratas/etc. de ofertas dos concorrentes. Isso porque a maioria das empresas desenvolve suas inovações levando em conta as categorias usuais e segundo as tendências das categorias – mas, ao invés disso, elas deveriam estar buscando fazer “zigue” enquanto os concorrentes fazem “zague”. A importância e agitação do mercado vêm de ideias revolucionárias verdadeiramente novas que levam os clientes a pensar sobre marcas e categorias de maneiras completamente diferentes.

3. Despertar um sentimento mais profundo – O engajamento também surge de uma conexão profunda com os clientes. Isso não significa que uma inovação, ou marca, precisa ser séria. Você pode realmente ter uma boa repercussão com as ofertas peculiares ou personalidade divertida da sua marca. O aspecto importante é ser memorável e significativo.

No entanto, acima de tudo, a inovação precisa funcionar. Muitas e muitas vezes, tenho visto empresas lançarem novos produtos/serviços que simplesmente não cumprem suas promessas. A decepção posterior diminui o valor da marca e acaba com qualquer esperança de aumentar o engajamento dos clientes.

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Criando um clima de inovação na sua empresa

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Inovação, todos querem ter, poucos sabem como fazer. Relaciono abaixo algumas medidas simples que podem fazer a diferença para estimular os funcionários a contribuir de forma espontânea com ideias para melhorar um processo, resolver problemas, reduzir custos, promover melhorias ou gerar algum benefício ou impacto positivo na empresa e nos negócios.

1) Recompensas. Não precisa pensar em um enorme orçamento para premiar as pessoas que trazem boas ideias. Basta entregar a elas o que elas acham importante. Muitas vezes, pagar um jantar para um funcionário e sua família no restaurante mais chique da cidade representa, para ele, muito mais valor do que o custo do jantar em si. Lembre-se, o que é importante para uns, pode não significar nada para outros, por isso, conhecer as pessoas é importante para entregar o prêmio certo.

2) Hierarquias. As diferenças hierárquicas podem ser minimizadas com simples mudanças na configuração de layout da empresa, mesclando as pessoas com a diretoria no mesmo espaço físico. Pode ser difícil para os diretores e gerentes aceitarem, mas os benefícios em termos de fluxo de ideias e informações com aqueles que tem o poder de fazer estas mudanças acontecerem compensam em muito alguns dissabores pessoais.

3) Cooperativismo. Procure estimular a formação de equipes para algumas atividades ou projetos. Se a atividade permitir, a mescla de pessoas com perfis diferentes, seja de formação, origem social, idade ou departamento, costumam ser muito ricas em termos de criação de cultura de cooperação e ajuda mútua. Quando as pessoas se ajudam as ideias evoluem de forma natural e espontânea e aumentam suas chances de serem implantadas com sucesso.

4) Capacitação. Também não é necessário gastar grandes volumes de dinheiro para dar treinamento para as pessoas. Muito do processo de formação e capacitação pode ser realizado pelos próprios funcionários, seja através de workshops de trocas de práticas até programas corporativos de mentoria interna ou programas de imersão interdepartamentais, onde alguns funcionários passam algum tempo trabalhando em outros departamentos com os quais tem contato normalmente, para entender o contexto do seu trabalho sob o ponto de vista de outra área. Este é um processo muito importante para ajudar a identificar oportunidades de melhoria.

5) Confiança. As pessoas precisam sentir que as lideranças confiam no trabalho e nas iniciativas delas. Em ambientes em que a desconfiança impera, as pessoas não acreditam que suas ideias sejam valorizadas ou que não serão penalizadas se sua iniciativa não trouxer os resultados esperados.

6) Tempo discricionário. Resista à tentação de julgar as pessoas pela sua aparente ociosidade. Existe um paradigma no meio organizacional que o funcionário, para honrar o que ganha, precisa estar ocupado fazendo alguma coisa o tempo todo, por isso são massacrantes as metas e funções em uma empresa. Ter uma folga no trabalho é importante porque este tempo pode ser usado para o funcionário refletir melhor sobre o seu trabalho, explorar possibilidades, rever todo o processo, ter uma visão do todo e, eventualmente, vir com ideias de melhoria que surgem naturalmente neste tempo ‘ocioso’.

7) Comunicação. Existem muitas medidas simples que podem melhorar o fluxo de informações na empresa, desde uma intranet corporativa até quadros de aviso prestam a este fim com investimento mínimo. Saber o que acontece na empresa ajuda o funcionário a posicionar o seu trabalho em relação ao negócio e, acima de tudo, permite que as pessoas possam identificar oportunidades para fazer algo diferente para melhorar algo que só puderam perceber com mais dados e informações.

8) Riscos controlados. É preciso ser tolerante para aceitar tentativas bem intencionadas de mudar alguma coisa na empresa para gerar algum impacto positivo. Toda inovação parte do pressuposto que é inédito e, portanto, não foi testado antes e não há garantia que vá dar certo. É claro que não se deixa um funcionário testar coisas críticas como pousar um avião ou construir uma ponte, mas o risco tolerado pode ser dosado de acordo com a probabilidade e o impacto. Em algum momento será possível criar um ambiente mais protegido para separar o que deve ser produtivo do que pode ser experimentado.

9) Burocracia. Muitos dos controles e processos rígidos que acontecem na empresa são para garantir que as pessoas estejam fazendo o que se espera delas para que, no geral, a eficiência dos processos seja estabelecida de forma contínua. O problema é que estes mesmos controles também impedem ou dificultam a experimentação de técnicas e mudanças na rotina que possam gerar melhores resultados. É preciso saber quando uma regra pode ou merece ser quebrada, é preciso perceber quais funcionários merecem ser tratados em regime de exceção para dar vazão a boas ideias.

10) Ambiente. Com pouco investimento é possível formar um ambiente propício para o trabalho cooperativo e criativo. Remoção de baias e divisórias, permitindo que as pessoas vejam umas às outras facilita a comunicação informal e agiliza processos. A valorização de espaços sociais como o fumódromo ou o cafezinho estimulam o contato e a troca de ideias e informações. Decoração mais informal, leve e clara, estimula a criatividade e a informalidade.

 

Por fim, a criação de um clima favorável à inovação não se cria de uma hora para outra. É preciso tempo para que as pessoas incorporem as medidas adotadas e vão se acostumando com a nova atitude das pessoas, principalmente da chefia, aqueles que devem começar a mudar a atitude. É preciso paciência e compromisso com esta nova visão. Os resultados iniciais não são rápidos e não necessariamente positivos, mas servem para entender o que precisa de ajuste ao longo do tempo. Apesar disto, o esforço costuma valer a pena. A própria motivação das pessoas melhora o clima como um todo, não só para a inovação, mas para a produtividade também. No final das contas, logo se percebe que um clima de inovação não é muito diferente de um bom clima de trabalho.

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O líder charme e o inocente: arquétipos das marcas

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Uma das coisas que mais gosto da minha profissão é o fato de estudar e atuar tanto no marketing/branding comercial quanto no político. Embora similares em certos aspectos, eles se mostram antagônicos e incongruentes em diversos outros. Há técnicas de análise completamente diferentes. E os marinheiros de primeira viagem que se aventuram em um ou em outro setor tendem a fracassar.

O marketing não é uma ciência exata. Um bom exemplo de peculiaridade: nenhuma campanha, nenhuma marca política, nenhum projeto de marketing político será vencedor se estiver dissociado daquilo que definimos como princípio de realidade. De acordo com o professor e diretor da Fundação Escola de Sociologia de Política de São Paulo, Aldo Fornazieri, em entrevista que concedemos juntos para o jornal O Globo (10/08/2010), ” … uma campanha se insere sempre num contexto histórico e em uma conjuntura política. Existem duas tipologias de conjunturas: a da conservação (continuidade) e a da mudança. A conjuntura na qual, por exemplo, o hoje presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disputou as eleições de 2008 era de mudança: fracasso do governo George W. Bush, crise econômica, subprime e crise hipotecária, desaprovação da guerra do Iraque e baixíssima avaliação do então governo. Enfim, um cenário que possibilitava a concentração de todas as atenções na palavra mudança (change).”

Os estrategistas de Obama perceberam o desejo dos eleitores norte-americanos e foram muito felizes e competentes na escolha. Existem ainda outros percalços que tornam o marketing atraente, como o conceito da imprevisibilidade, raison d’être, inimigo único, orquestração, entre tantos outros exemplos.

Uma questão que particularmente me fascina entre as duas áreas é o trabalho de arquétipos para o fortalecimento e consolidação de marcas. Sabemos que, alinhando uma imagem arquetípica com as marcas, obteremos uma identificação mais profunda com o público. Além disso, a criação de personas, define o comportamento e personalidade da marca. Olhando para as marcas corporativas/comerciais, Carol Pearson e Margaret Mark escreveram um livro seminal chamado “O Herói e o Fora da Lei” (2001). De acordo com as autoras, com apoio da teoria de Caril Jung, há 12 forças a serem trabalhadas: Herói, Mágico, Fora da Lei, Explorador, Inocente, Governante, Bobo da Corte, Sábio, Amante, Criador, Prestativo e Cara Comum.

 

O Governante é aquele que exerce controle, organiza a vida das pessoas. Indivíduo responsável que quer poder e liderança. Exemplos: American Express e Microsoft.

 

O Fora da Lei quebra as regras e desafia o status quo. Quer ser temido e cria seu próprio caminho. Muitas vezes visto como desajustado. Harley- Davidson?

 

O Herói é aquele que age corajosamente, se supera e luta. Orgulhosamente disciplinado. Marcas que oferecem produtos ligados à performance exploram este arquétipo. Nike é o melhor exemplo.

 

O Sábio é aquele que entende o caminho correto a seguir. Ele é o guru. Busca a verdade para se libertar e orientar. Exemplo: Albert Einstein e Ibope.

 

O Bobo da Corte quer ser aceito como ele é. Ele se diverte e vive o momento. Traz descontração e não leva a vida a ferro e fogo. Exemplo: Miller Lite.

 

O Criador quer desenvolver algo novo que perdure. Seu maior medo é criar coisas pífias e medíocres. Está compelido a inovar! Todas as pessoas possuem uma forma de expressão por meio da criatividade, exposta por meio de atividades como, por exemplo, as artes. Os produtos do Criador tendem a ajudar às pessoas em tais afazeres. Disney e Ikea.

 

O Mago é aquele que transforma e que altera. Seu maior medo são as consequências negativas e inesperadas de suas criações. O arquétipo do Mago personifica a sabedoria mágica para entender os mistérios que gerem pessoas e o universo. Aqui entra o exemplo das igrejas evangélicas pentecostais.

 

O Prestativo é aquele que quer ajudar aos outros. Altruísta por natureza. Generoso. Seu maior medo é a instabilidade e a dificuldade que os menos afortunados podem sofrer. O arquétipo do Prestativo é percebido em praticamente quaisquer atividades relacionadas à prestação de serviços. Buscapé e Amazon estão neste perfil.

 

O Amante quer conectar-se aos outros por meio da sensualidade. Sua maior aptidão é a paixão. Marcas que utilizam este arquétipo adotam a estratégia de culto ao belo, à sensualidade e ao erótico. Marcas do mercado da moda e estética se adequam bem a esse universo. Coco Chanel.

 

O Explorador (também chamado de Peregrino) tem como exemplos marcas como Virgin e Starbucks. É inquieto e independente, quer viajar, descobrir algo novo, seguir sua própria e solitária jornada, ir aonde ninguém foi. Vive em movimento.

 

O Cara Comum (cerveja Brahma) possui sentimentos tranquilos e democráticos, associando-se a vários segmentos da sociedade. Não gosta de expressar sua opinião para manter o perfil na multidão. Não procura o destaque. Seu maior medo é a rejeição.

O Inocente quer viver livre em um espaço lúdico. Ele quer estar no paraíso e seu maior medo é ser punido por alguma coisa errada. Esse arquétipo quer adequar sua vida a algo mais simples e cheio de esperança. Foge de rótulos. As marcas que trabalham este arquétipo utilizam conceitos de bondade simplicidade e pureza, sonham em retomar uma vida lúdica e quase infantil. Exemplo: Johnson e Johnson.

 

Em outra perspectiva, Roger-Gérard Schwartzenberg escreveu “O Estado Espetáculo” (1977). Há quatro arquétipos que podem definir um político. São eles: herói, homem simples, pai e o líder-charme. Fernando Collor de Mello surgiu em um momento que o Brasil passava por alta inflação (entre outras mazelas). Com o codinome de “caçador de marajás” e personalidade audaciosa, prometeu passar a limpo o país e alavancá-lo para a prosperidade. O arquétipo deste político era do herói. Bem, o resto você já sabe…

Luiz Inácio Lula da Silva: emergiu das massas e chegou ao poder (homem simples). Getúlio Vargas, quem consolidou as leis trabalhistas e todo dia pela manhã falava ao povo pelo rádio – “trabalhadores do Brasil”. Este era o pai. Passava a ideia de protetor e ‘cuidador’.

 

O líder-charme é aquele que, com sua presença, beleza e carisma, consegue despertar encantamento e persuasão. Juscelino Kubitschek.

 

Mas o que se pode tirar de toda esta explanação? Primeiro, como foi dito, o marketing é feito de realidade. E mais do que isso. É dirigido a pessoas com ansiedades e sentimentos. E cabe a cada marca, de acordo com sua missão, saber definir qual melhor arquétipo a ser adotado para atingir seu público, garantindo identidade e fortalecimento. E aí estão incluídas as “marcas” de políticos. Sem esta definição, seremos cavaleiros como Dom Quixote de La Mancha, lutando uma batalha irreal e sem sucesso.

 

Ps: Este artigo não representa absolutamente nenhuma preferência ou ideologia política, trazendo meramente a ótica do marketing para reflexão.

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Americanização às avessas

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Vivemos um momento muito pitoresco, fruto da intensa visita de brasileiros aos Estados Unidos, que como sabemos, superou todos os recordes históricos nos últimos cinco anos.

 

Esta proximidade do consumidor brasileiro com um mercado de consumo bem desenvolvido traz inúmeros benefícios. Entre eles, o consumidor brasileiro que passou pela experiência torna-se mais crítico e, portanto, exigente com relação à qualidade, cumprimento de promessas, pontualidade, customização e precificação.

 

Paralelamente a este amadurecimento da nossa visão de consumo, que seria um benchmarking interessante, observamos fenômenos no mercado brasileiro como:

 

1) Cópia inconsistente de iniciativas de franquias e lojas-conceito americanas;

2) Cópia inconsistente de mecanismos de promoção e vendas americanos;

3) Tentativas de iludir os consumidores com a comunicação de diferenciais e benefícios inexistentes.

 

Assim, é comum andarmos pela rua de uma cidade de médio porte no interior do Brasil e encontrarmos um quarteirão tradicional de varejo da cidade transformado em “Quarteirão Shopping”, um conjunto de pequenas lojas em uma esquina transformado em “Mall” e outlets se multiplicando por todo lado onde havia uma ponta de estoque no passado recente.

 

Tudo isto sem falar nas fictícias promoções do “Black Friday” brasileiro que primeiro eleva os preços, depois oferece um desconto que devolve os preços aos valores (excessivamente altos) originais, não oferecendo nenhum benefício real ao consumidor.

 

Ora, ora… Outlets que praticam os mesmos preços das lojas de varejo convencionais, Black Friday sem descontos, Malls inexistentes, promoções que ao invés de queimar estoques a preço de custos querem vender com margens elevadas, comunicação de diferenciais inexistentes, cópias ruins de boas iniciativas de negócios – vivemos uma americanizarão às avessas!  Ao invés de aprendermos com uma economia de mercado mais experiente que aprendeu a utilizar o consumo como mecanismo de crescimento econômico, estamos apenas simulando aparências e perdendo o conteúdo.

 

O número de Mickeys que você vê nas antenas de carros no trânsito fala por si, nem precisamos recorrer às estatísticas.  Muitos brasileiros trocaram suas casas de praia no Brasil por apartamentos em Miami e residências em Orlando. Cresce dia a dia o número de pessoas que declara: eu não compro nada no Brasil, deixo para fazer minhas compras todas uma vez por ano nos Estados Unidos. Até os sacoleiros não vão mais ao Paraguai, vão à Miami.

 

Agora o crescimento do turismo para os Estados Unidos está sofrendo um aumento em progressão geométrica de viajantes das classes C e D; enquanto isso no país do futebol (?) impera uma miopia gananciosa que não consegue fazer promoções com reais queimas de estoque, porque a baixa competência administrativa não aprendeu a precificar, gerenciar estoques, comprar e vender na hora certa e obter sucesso administrando margens menores. O excesso de gordura na margem praticada pelas empresas brasileiras patrocina a ineficácia administrativa e gerencial. O problema da nossa economia de consumo não é apenas a alta carga tributária (que é incontestavelmente aviltante), mas a baixa competência da nossa administração e marketing.

 

Os bons profissionais existem e continuam a ser formados todos os dias, mas não absorvidos pelo mercado existente, que não lhes concede autonomia para inovar, acabam precisando seguir voos solo no empreendedorismo, fazendo história e, até mesmo fortuna, mas impossibilitados de compartilhar sua expertise de maneira intraeempreededora em diferentes segmentos de negócios pelos quais passariam se lhes fosse facultada a oportunidade de utilizar seus conhecimentos e perfil inovador.

 

Aproxima-se um momento mais delicado na economia brasileira, o fortalecimento do mercado interno é condição imperativa para o bem estar dos negócios. Isso não depende unicamente das decisões governamentais, mas de um crescimento do nível de profissionalização e diminuição da ganância do empresariado brasileiro.

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Como Israel se tornou a Nação Empreendedora?

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Muitos dos que estudam empreendedorismo devem ter ouvido falar da transformação que aconteceu nas últimas duas décadas que transformaram Israel na nova fronteira do empreendedorismo de alto impacto, desbancando, em vários aspectos, os EUA, mais particularmente o Vale do Silício, na Califórnia. A convite da Tel Aviv University, me juntei a um grupo de 15 professores de empreendedorismo e inovação de renomadas instituições do mundo para entender de perto este fenômeno. Relato, nas palavras abaixo, algumas das explicações que encontrei:

 

Com 22 mil metros quadrados (menor que o Estado de Sergipe), 8 milhões de pessoas (um terço da população paulistana), uma região árida com 210 metros cúbicos de água per capita (o recomendado é 1.000), vizinhos muçulmanos belicosos (7 guerras e 2 intifadas) e um passado de repressão e perseguição aos judeus (impérios bizantino, romano, cruzadas, nazistas, etc), Israel é fruto de uma concessão inglesa aos judeus após a segunda guerra mundial, em 1948. Desde então uma massiva campanha de migração trouxe, desde mão de obra barata entre os judeus etíopes, até profissionais altamente especializados entre os judeus russos. No total, mais de 20 países enviaram judeus para popular Israel.

 

Este é apenas o começo da história que transformou Israel em um grande exemplo de como se constrói uma nação. Muitas tentativas de implantar um modelo foram tentadas desde esta época, o mais conhecido e que durou por um bom tempo, foram os kibbutzim, ou células comunistas nas quais as pessoas vivem em função da sua comunidade, sem nada ou quase nada individual e auto-sustentável, em um microcosmo de economia agrária. Muito do senso de comunidade e coletividade do espírito empreendedor israelense vem deste modelo social, que, embora importante no processo de construção pioneiro dos primeiros anos, foi perdendo força com o crescimento dos princípios capitalistas de valor e riqueza individuais.
O DNA empreendedor de Israel tem suas sementes incrustadas na história de seu povo, que, desde a diáspora provocada pela invasão romana nos anos 800 a.C., vem lutando, em todos os lugares para onde se espalharam, para manter a cultura viva e os valores do povo judeu. Por isso, a determinação e perseverança, o otimismo exagerado (uma das expressões mais usadas é Yihie Beseder, ou ‘no final tudo vai dar certo’), o instinto de sobrevivência para enfrentar situações de risco, o culto e preservação de um legado, a priorização da educação, a hierarquia informal e flexível, na qual líderes podem ser questionados (‘chutzpah’ é o termo que expressa o comportamento arrogante, pragmático e questionador do judeu) e a postura positiva em relação ao fracasso, são todos fatores que caracterizam os empreendedores israelenses.

 

Mas tudo isso se juntou e fez sentido a partir de 1992, com o Yozma, uma ampla iniciativa governamental para estimular o surgimento de empresas de alta tecnologia por meio de investimentos de capital de risco. O Yozma foi a perfeita tradução em realidade da conhecida hélice tripla, na qual governo, empresa e universidade se inter-relacionam e mantém um processo de crescimento contínuo e sustentável. Desde então, mais de 5.000 empresas foram lançadas, das quais 10% faturam hoje mais de US$ 20 milhões, a maioria usando tecnologias desenvolvidas nas universidades e bancadas por fundos de capital de risco apoiados pelo governo. 33% das empresas especializadas em ciências da vida foram fundadas há menos de 5 anos, as demais tem menos de 10 anos de vida, das quais 60% produzem dispositivos médicos.

 

Não é por acaso que as empresas de tecnologia israelenses se destacam nas áreas de energia limpa, biotecnologia, segurança e militar. Dadas as condições extremas em que Israel se encontra, tanto climáticas como geo-políticas, seus governantes viram que a excelente formação educacional poderia ser usada para desenvolver soluções para atender suas principais necessidades. Por isso, 923 empresas de ciências da vida foram lançadas até hoje, entre 800 e 900 empresas de high tech são criadas todos os anos, quase US$ 7 bilhões já foram resgatados por acionistas nas vendas de suas empresas, mais de 250 multinacionais instalaram centros de pesquisa e desenvolvimento em Israel, quatro universidades estão na lista das 150 melhores do mundo e 6 prêmios nobel foram conquistados.

 

Outra coisa que chamou a atenção no modelo israelense são os seus jovens. O serviço militar é obrigatório, três anos para homens e dois anos para mulheres, onde recebem uma formação exemplar em tecnologia, disciplina, situações de combate e sobrevivência. Depois do serviço militar, a maioria dos jovens vai ‘mochilar’ pelo mundo, principalmente para a América Latina, por seis meses a um ano, para só então entrar na universidade. Imagine o resultado da combinação entre ensino de alto nível, jovens alunos maduros e experientes, com ampla visão de mundo e grande diversidade de formação, disciplina e métodos bem estruturados e capacidade de improvisar e lidar com recursos escassos. Parece que foi desenhado para formar empreendedores.

 

A grande questão que se coloca neste momento, absolutamente natural para qualquer nação que experimenta um ritmo de crescimento como este é: O que o futuro nos reserva? Quais caminhos a nação empreendedora deve tomar para seguir neste ritmo de alto crescimento? Com este debate, o grupo de professores explorou vários caminhos diferentes, provendo insights interessantes para os patrocinadores do encontro. Nenhum dos possíveis caminhos é determinante, mas uma coisa é certa, qualquer empreendedor sabe que o sucesso é apenas um estado, na verdade, o melhor momento para pensar em mudar e adotar novos caminhos para o crescimento. Só a história nos dirá se o povo judeu encontrou o seu caminho rumo à prosperidade, paz e tranquilidade tão almejada, repetindo a fase áurea dos três primeiros séculos da era Cristã.

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Marketing pessoal, charlatões e os missionários digitais

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Gurus de motivação, psicólogos, “especialistas” da internet, consultoras de moda e profissionais de recursos humanos são os formadores de opinião sobre construção de marca pessoal no Brasil. Na minha opinião, isso soa estranho, irresponsável e cômico, pois estão falando sobre tudo. Porém, não estão adotando e nem ensinando marketing/branding. Este tipo de trabalho não passa de um amontoado de ensinamentos vazios sobre o tópico que foi introduzido por Tom Peters há mais de uma década. Realmente, é uma pena que ele tem sido tão banalizado e usado erroneamente pelos tais autodenominados “Personal Branding gurus”.

 

Senhores consultores de moda: por favor, entendam – uma marca pessoal é muito mais do que a cor do Iphone ou o preço do terno. Isso são apenas formas de transmissão do sinal da marca, oras! Aprendam: Uma marca é uma promessa diferenciada que os OUTROS enxergam, neste caso, em alguém.

 

Profissionais motivacionais: uma marca pessoal forte não é euforia e nem um sorriso com ar de fluoxetina com prazo de validade que muitos de vocês “vendem” em palestras. Parem de vender autoajuda em livros com o emblema “marketing ou branding pessoal”. Não é nada disso! Os autores destes textos não podem proclamar em dizer que isto é marketing sob pena de violar suas lições, seus estudiosos e os sérios profissionais da área. É notório que com a finalidade de terem um sucesso nas suas palestras dedicadas ao desenvolvimento humano, criam a frase de impacto: “Marca pessoal…” E isto cria uma confusão tremenda! É importante deixar claro. Marca pessoal, de uma vez por todas, é o que vão falar quando uma pessoa sair da sala.

 

Pessoas como marcas é um tema extremamente importante para o dia atual. Por isso precisa ser corretamente endereçado. Se, antigamente as empresas restringiam o profissional em seu círculo cabível, hoje as mais astutas se aproveitam daquele com marca forte no mundo digital. Não seria exagero sugerir que as marcas pessoais começam a se sobressair sobre as corporativas. Ao invés de proibir ostensivamente a utilização dos diversos recursos das redes sociais, empresas começam a perceber que têm muito a ganhar – inclusive financeiramente – se transformarem os seus colaboradores em verdadeiros representantes de sua marca e seus produtos na esfera virtual. Este fenômeno surge entre as empresas que melhor se relacionam nas redes sociais mundo afora. Entre os estudiosos, o conceito já recebeu o apelido de “missionários digitais”, termo que designa funcionários que, ao atuarem nestas redes, acabam por fortalecer a percepção das marcas e até promover negócios via internet.

 

Por ter nascido digital, a Zappos se diferencia neste sentido. A alta direção da empresa acreditou ser natural que seus funcionários se valessem de canais como o Twitter e Facebook para se aproximarem dos consumidores com liberdade, evangelizar pela empresa e incorporarem a transparência corporativa como característica fundamental. O resultado não poderia ser melhor: a empresa comemora um faturamento anual da ordem de mais de US$ 1 bilhão.

 

A Zappos se tornou um case conhecido e bem-sucedido porque conseguiu criar uma cultura interna de felicidade entre seus colaboradores e, ao mesmo tempo, exigir deles o comprometimento com um serviço acima da média. A grande sacada foi conseguir, de forma natural, que seus colaboradores trouxessem essa cultura para a web. Consequência: os resultados financeiros da empresa aconteceram sem grandes investimentos em publicidade.  Outros bons exemplos de companhias que já tornaram seus funcionários – ou parte deles – em verdadeiros “missionários digitais” são o da montadora norte-americana de veículos Ford, da varejista de produtos eletrônicos BestBuy, e a Sun, de softwares.

 

Somente vencerão a guerra no espaço web as marcas que conseguirem se humanizar junto aos consumidores. Ao tornar seus colaboradores missionários da marca, as empresas nada mais estão fazendo do que humanizando este relacionamento, pois muitos deles são pessoas que têm muita influência em comunidades online. Com este processo, as marcas acabam por se valer ou absorver a reputação do próprio missionário. Desta forma, poderá segmentar seus públicos, fortalecer a reputação, testar novos produtos, reduzir o risco de novas campanhas publicitárias, conquistar e antecipar novos clientes, entre outros.

 

Você possui uma marca forte? Relevante? Qual a sua promessa diferenciada? A qual conceito você está associado? Aonde você quer chegar sempre levando em consideração o ambiente externo? ‘EU. Eu. Eu. Eu…’. Pare! Sua marca é quem você realmente é na mente e coração das pessoas. Não é sobre você, marca é sobre eles! Marca pessoal é o que vão falar quando você desliga seu computador…

 

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O desafio de achar e reter talentos no mercado digital

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As novas tecnologias móveis, o crescimento das redes sociais, a expansão do mercado digital – e em particular do e-commerce e de outros serviços disponibilizados na rede – são alguns dos fatores que contribuem para que pessoas e empresas estejam cada vez mais interconectadas. E se de um lado tudo isso abre inúmeras possibilidades para serem exploradas pelo mundo corporativo, de outro esbarra em um grande problema: a falta de profissionais capacitados para lidar de forma adequada com esses canais de interação com o cliente.

 

O apagão da mão de obra especializada, tão vivenciado no segmento de tecnologia da informação e responsável por elevar as despesas com a folha de pagamento das empresas que hoje é da ordem de 36% do orçamento, ameaça também as empresas que querem trabalhar, ou que já o fazem, no mundo digital, e constitui o grande desafio dos gestores de recursos humanos dessas companhias: onde achar e como reter esses talentos? Diante dessa dificuldade, uma das saídas é treinar internamente. E aí surge outra questão: que tipo de profissional selecionar para esse treinamento? Os mais jovens e inovadores, a maioria web native que sabe navegar com desenvoltura nessas novas mídias, mas ainda inexperiente no jogo cotidiano e competitivo das companhias, ou os mais experientes, boa parte com mais de 40 anos de idade, que pode estar um pouco menos conectada com todas as mudanças recentes no mundo digital, mas bem mais tarimbada em termos de estratégias e de conhecimento do mercado?

 

Trata-se de um dilema real e não há respostas fáceis, muito menos fórmulas padronizadas para solucioná-lo e que, na maioria dos casos, ultrapassa as fronteiras, deixando de ser apenas um problema para a área de RH, repercutindo também nos setores de marketing, desenvolvimento, comercial e administrativo. Uma alternativa válida seria unir esses dois profissionais, para que juntos pudessem combinar seus skills e aprender uns com os outros, obtendo assim os resultados esperados e principalmente os inesperados – e positivos -, para as companhias.

 

Especificamente no e-commerce essa falta de profissionais é ainda mais sentida, até porque esse segmento está em franca expansão. O levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), revelou que o comércio eletrônico fechou 2013 com faturamento da ordem de R$ 31,11 bilhões; mas em contrapartida outra pequisa realizada em conjunto pela e-bit e pela Universidade Buscapé Company, do Grupo Buscapé, mostrou que 65% dos candidatos que participaram do processo de seleção para trabalhar nessas empresas estavam despreparados para a função, o que evidencia a necessidade de formação específica.

 

As áreas de RH das empresas podem ajudar, no sentido de montar equipes multidisciplinares que reúnam conhecimentos sobre tecnologia da informação, ferramentas de análise de dados, segurança da rede, marketing, empreendedorismo, entre outros, e buscar apoio especializado para que possam trabalhar juntas, encarregando-se também de promover constamente cursos de atualização e aperfeiçoamento profissional. Mas também é aconselhável que as pessoas, de outra parte, busquem individualmente e por sua própria conta, aumentar seus conhecimentos, principalmente os que lhes permitirão transitar com maior desenvoltura no ambiente digital. Devem se incluir nesse rol os profissionais “sênior”, fazendo um esfoço para quebrar suas resistências e aprender a lidar com esse novo mundo propiciado pela internet e pela mobilidade.

A interatividade veio para ficar e é um caminho sem volta. As empresas e as pessoas que ainda não acordaram para essa realidade já estão perdendo oportunidades valiosas para ampliar e melhorar sua atuação.

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Branding, web social e o pensamento de Gerzema

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Em tempos que a internet se torna uma facilitadora de relacionamentos ao invés de uma mídia meramente transacional, profissionais de Marketing e Branding precisam inovar e explorar conhecimento novo e ousado para acompanhar tamanhas mudanças na cultura e no comportamento do consumidor.

Para esta coluna, entrevisto o autor dos best sellers “A bolha da marca” e “Spend Shift”, John Gerzema (foto). Falar com John sempre é ar fresco. No final da entrevista, fiquei com a certeza de que o Branding é realmente um tema fascinante. O autor falou sobre “Brand Darwinism”, micro-comunidades virtuais, a crise no valor das marcas, entre outros assuntos instigantes.

Confira na íntegra.

Gabriel Rossi: Quais são as novas regras no processo de gestão de marcas? O que mudou essencialmente?

John Gerzema: A nova realidade é que as marcas não controlam o relacionamento. Os consumidores o fazem. Nós profissionais de Marketing temos que pensar em maneiras completamente diferentes e trabalharmos muito mais duro para nos mantermos únicos e especiais. O comportamento do consumidor tem mudado rapidamente e isto exige uma visão totalmente nova por nossa parte. “Leis da Energia” são as regras que eu esboço em meu livro para que os profissionais de marca possam agir com mais fluência, abertamente e tomando todos os passos com o consumidor através da escuta ativa e de uma postura que não acredita em nada garantido.

 

Gabriel Rossi: Um número considerável de profissionais de marketing que tenho conversado vem citando a importância imperativa dos conceitos de transparência radical e “accountability”, principalmente por causa do rastro digital que o boca a boca agora deixa em plataformas de busca . O que isto realmente significa para as marcas?

John Gerzema: Eu acho que uma marca que não é inteiramente dedicada à transparência tem vida curta. Recentemente me apresentei na conferência do The Economist em São Francisco e bati um papo com o Tony Hsieh da Zappos, sendo tudo muito inspirador. Ele é um CEO que entende a importância dos valores fundamentais da marca. Quando uma marca tem integridade, seu comportamento corresponde a suas promessas. No caso da Zappos, os consumidores se engajam com a marca por causa do seu compromisso com o serviço. Esta forte cultura de tratar bem os clientes e colaboradores se estende para as redes sociais e na confiança que a empresa deposita em seu público interno para que o mesmo advogue pela marca no Twitter, o que, por exemplo, tem redimensionado a Zappos tremendamente bem sem publicidade. Um número maior de empresas começará a perceber que a transparência pode realmente melhorar a vida das pessoas e ainda ampliar seus negócios no processo.

 

Gabriel Rossi : Como as marcas podem se beneficiar dos micronichos e interações?

John Gerzema: Em uma economia desafiadora, a primeira coisa a se olhar é a segmentação. Muitas marcas grandes estão aprendendo a “pensar pequeno”, segmentando sua audiência através de canais que seus clientes usam como fontes de influência. Acho interessante o fato que algumas das marcas que mais fluem nas redes sociais são de grande porte. Scott Monty, da Ford, e o Jonathan Schwartz, da Sun, são bons exemplos. Neste ambiente, é muito importante para qualquer marca ser uma construtora de comunidades, criando oxigênio para que seus consumidores e fãs interajam, compartilhem e explorem coisas juntos. Talvez isto signifique Twitter e Facebook, ou Ning ou Bebo. Rating sites, como Engadget e Gizmodo, são uma tremenda fonte de influência e aprendizado para as marcas de vanguarda.

 

Gabriel Rossi: Você fez estudos etnográficos na Índia para escrever seu primeiro livro intitulado “A bolha da marca”. Quando o mercado de telefonia móvel deixar sua infância, como as pessoas nos países ainda em desenvolvimento serão afetadas? Como as marcas mais astutas poderão tirar proveito disto?

John Gerzema: O nosso maior cliente na Índia é a Airtel e foi extremamente gratificante passar um tempo com as equipes de Marketing, Tecnologia e Produto, sentindo, em primeira mão, o entusiasmo deles com o crescimento da qualidade de vida na Índia. Você está falando de agricultores que estão aptos a utilizar um telefone para manter contato com mercados commodities globais e locais e pais que podem, em Deli, falar com suas filhas em Bengalore. Ao mesmo tempo em que há uma briga na questão de taxa e 3-4G, não podemos esquecer do poder de um celular na mão de um indivíduo: transformador.

 

Gabriel Rossi: Telefonia Móvel é uma “faca de dois gumes” no final das contas, não acha?

John Gerzema: Sim, no momento, mas observe a Índia saltar e desenvolver de voz para “new data” na velocidade da lei de Moore. Se você pensar nos Estados Unidos, nós começamos apenas agora a prestar mais atenção no poder da tecnologia mobile. QR ainda é ficção científica em muitas partes dos Estados Unidos.

 

Gabriel Rossi: O que é a bolha da marca?

John Gerzema: A bolha da marca representa a crescente disparidade entre Wall Street e Main Street. Nós descobrimos que os mercados supervalorizam as marcas em relação ao que realmente o consumidor sente em relação a elas. Esta exuberância irracional era estendida a milhares de marcas em nosso database e estava ocorrendo exatamente ao mesmo tempo em que a revolução digital começava a ganhar musculatura. Chegamos à conclusão que o consumismo estava mudando profundamente, acelerando a decomposição de suas percepções de marcas. Porém, as empresas ainda tinham de entender o que estava realmente acontecendo. Embora nós saibamos que as marcas são ativos importantes, nós ainda precisamos compreender inteiramente o significado delas.

 

Gabriel Rossi: Você argumenta que a tendência é que os consumidores tendem a ficar cada vez mais como investidores. Por gentileza, explique este argumento.

John Gerzema: Cheguei a conclusão que nós, consumidores, estávamos escolhendo uma lista cada vez menor de marcas para fornecermos nossos dividendos. Os consumidores estavam procurando por permanência, mas também expectativas por futuras utilidades que chegam como forma de criatividade, inovação, confiança e liderança. As empresas gastam uma quantia absurda de tempo tentando provar a seus investidores suas maiores qualidades. Mas elas fazem isto com seus consumidores?

 

Gabriel Rossi: Como o conceito de contínua diferenciação impacta nas vendas? Seria esta a única maneira de combater o Darwinismo de Marca?

John Gerzema: Darwinismo de marca é um conceito brilhante e eu queria tê-lo inventado! Em 2004, nós estávamos tentando identificar se poderia haver uma correlação chave entre vários atributos de marca e alguns retornos não antecipados do pregão. No final das contas, nós descobrimos que os componentes perceptivos-chave para o consumidor eram altamente relacionados com os movimentos da bolsa. Observamos que algumas marcas eram absolutamente estelares, indo bem entre os consumidores e avançando muito à frente dos seus concorrentes, enquanto outras estavam pulando para fora da categoria. Os consumidores pareciam estar cativados por uma qualidade que refletia uma experiência mais excitante, dinâmica e criativa. Eles estavam concentrando a paixão deles e poder de compra em um menor portfólio de marcas especiais – porque elas continuavam sempre evoluindo. Nós descobrimos que o poder de diferenciação é o que marcas estelares possuem em comum. Nós batizamos isto de “Diferenciação Energizada”, que reflete não só a ideia do diferente – elas mantêm-se diferentes, utilizando movimento, momento e criatividade.

Energia tem um papel muito significativo em proteger e aprimorar a diferenciação da marca. Seus três componentes são:

• Visão – A proposta e aspirações da marca, geralmente originada da liderança, das convicções e da reputação da organização por trás da marca.

• Invenção – A dimensão tangível mais importante, demonstrando a visão da marca através de inovação de produto e serviço, design, conteúdo, entre outras experiências táteis de marca.

• Dinamismo – Como a marca expressa sua visão no mercado de forma dinâmica para criar “persona”, emoção e evangelismo através de suas ações de marketing.

 

Gabriel Rossi: Quais categorias tendem a ter as marcas mais energizadas e por quê?

John Gerzema: Apesar do conceito de “energia” ter efeitos diferenciados dependendo da categoria, as marcas podem balancear isto para vantagem competitiva em qualquer setor B2C ou B2B. Zappos, Dove, Geico, Subway e Campbell’s são exemplos de marcas com alta energização que, de certa forma, estão em categorias de “baixa-energia”. Isto acontece quando uma marca utiliza criatividade para transcender sua função.

 

Gabriel Rossi: Na posição de “Chief Insights Officer” mundial da Young & Rubicam, qual sua opinião sobre os desafios e estratégias que as agências modernas deveriam considerar neste momento?

John Gerzema: Isto caberia uma resposta de dez mil palavras, mas, resumindo, lhe diria que a senha é entender as profundas mudanças nos valores culturais que a crise financeira global tem acarretado aos consumidores. Isto vem totalmente ao encontro com a explosão das redes sociais que representam oportunidades maravilhosas para conversar, ouvir e reagir em tempo real. Marcas agora são verbos.

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Vida ou morte aos nossos negócios?

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Não defendo e não concordo com a ideia simplista de que fazer o óbvio é suficiente para um bom resultado em negócios.

 

Com certeza, por uma questão de boa lógica e não mera obviedade, não fazer o óbvio também não é saudável aos negócios.

 

Diante disto, facilmente concluímos que precisamos fazer um óbvio bem feito e um “além do óbvio” excelente se quisermos ser competitivos.

 

Assim, vamos refletir sobre algumas questões essenciais óbvias e não óbvias frequentemente esquecidas:

 

1) Lucratividade é função direta da qualidade do modelo de negócios e não apenas do modelo comercial. Ainda que nenhum de nós deva arcar com a ingenuidade de subestimar a importância do modelo comercial, uma grande maioria ainda superestima esta importância em detrimento de outras questões fundamentais de administração e marketing.

 

2) O modelo de negócios não se restringe ao planejamento estratégico que, mesmo sendo brilhante, frente a uma execução mediana (não devemos nem pensar em medíocre) não passa de um documento bem redigido. O modelo de negócios que não contempla em profundidade o impacto racional e emocional que causará nas pessoas (clientes, colaboradores, fornecedores, acionistas) sequer merece o nome de um modelo de negócios.

 

3) Atitudes que não agregam valor a todos os stakeholders envolvidos nos negócios, ainda que sejam uma prática comum e até “aceita” em determinados segmentos de negócios (praxis), são imediatistas e autocanibalistas. Modelos excessivamente comerciais que ainda praticam um sell in sem correspondente sell out, embora falem com orgulho de suas iniciativas, esquecem-se do que pregam a seus diretores, gerentes, supervisores e força comercial: o que conta é a qualidade do resultado!

 

Estes são apenas três tópicos para refletirmos juntos.

 

Não fazer o óbvio bem feito é um absurdo. Fazer apenas o óbvio, ainda que bem feito, é commoditização total. Como commoditização é a palavra sofisticada para definir suicídio empresarial, precisamos decidir com urgência: vida ou morte aos nossos negócios?

 

O pior tipo de suicídio em negócios é o que acontece tão lentamente que parece ser, apenas, uma leve anemia.

 

Se a medicina está sofrendo do mal da medicalização dos sintomas e esquecimento das causas, que o mesmo não ocorra em administração e marketing. A vida do “paciente” contém a vida de suas células que, em negócios, somos nós!

 

É melhor agir como neurônios a agir como células epiteliais…

 

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Anúncio de emprego

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Estou procurando alguém para trabalhar comigo, na minha empresa. Tem sido difícil encontrar esta pessoa, não tanto pela carência de pessoas com este perfil e mais pelo conjunto de particularidades que estou exigindo. Trata-se de um conjunto de requisitos que não são identificáveis no processo tradicional de seleção, mas algo que se percebe na medida em que se vai conhecendo a pessoa. Portanto, já sei que o processo seletivo será lento e contínuo.

 

Esta pessoa pode ter qualquer formação profissional, desde que compense uma eventual carência educacional com uma boa bagagem de experiência e outras habilidades complementares que descreverei a seguir. Homem ou mulher, jovem ou com alguma senioridade, pobre ou abastado, gordo ou magro, alto ou baixo, pouco me importa. Religião, cor ou raça? Tampouco. Seu valor deve estar incutido na sua espiritualidade e na sua vontade de construir coisas positivas. Não necessariamente precisa ser alguém que conheça muita coisa, pois vou ensinar a maioria. Mais importante do que aprender rápido é ter muita vontade de aprender. Suas atitudes devem demonstrar sempre entusiasmo, perseverança e determinação. Seu padrão de excelência pessoal deve ser, no mínimo, o melhor de todos.

 

Vou compartilhar muitas coisas com esta pessoa. Meus conhecimentos, minha experiência, minha vivência. Fatos, dados, informações, impressões e percepções que colecionei ao longo de toda minha vida serão transferidos incondicionalmente para esta pessoa. Por isso, é fundamental que esteja aberta para assimilar tudo isso. No entanto, o que é raro é que a pessoa deverá ter o discernimento suficiente para saber filtrar tudo o que passarei de forma a incorporar as coisas que façam sentido perante seus próprios valores e princípios. Não precisa rejeitar o que não acredita, mas deve questioná-los comigo de forma a construir novos saberes através do processo de atribuição de significado pessoal ao que eu lhe passar.

 

Esta pessoa deverá saber que nem tudo o que aprendeu vai ser usado sempre da mesma maneira, mas saberá se desestabilizar para incorporar o novo, assimilá-lo e então se equilibrar novamente, para depois se desequilibrar outra vez num novo e repetitivo ciclo de renovação e aprendizado constante.  Preciso de um profissional que pense como eu, aja como eu, decida como eu, mas que, sabendo que não será eu, saiba usar sua própria personalidade para complementar a minha. É importante que tenha uma grande visão do futuro sobre si mesmo. É importante que veja este trabalho apenas como uma etapa em direção a algo maior que acredite merecer. É importante que saiba que algo melhor lhe estará reservado e que posso perdê-lo a qualquer momento para trabalhos mais nobres e mais engrandecedores. É importante que me veja como modelo, mas que acredite poder se tornar mais do que eu.

 

Seus valores serão seus princípios mais sagrados. Os seguirá à risca, mesmo podendo perder o emprego por isso. Sua determinação é mais poderosa do que minhas ordens. Não precisa ser obediente, mas também não deve ser desobediente. Será inconformado com a situação a ponto de buscar sempre soluções aos problemas existentes, mas será também conformado com a condição presente que não apresentar nenhum espaço para mudança. Precisa, enfim, saber conviver com a ambigüidade.  Essa pessoa entenderá o meu negócio, perceberá minhas necessidades, compreenderá minha missão, antecipará minhas angústias e preocupações, e estará tão comprometida com o negócio quanto eu. Sua aguçada percepção me ajudará a identificar as oportunidades e a ser oportunista sempre que convier. Precisa ter a capacidade de me surpreender a todo instante, e em alguns momentos, poderá até mesmo me chocar com suas ideias e ações.

 

Me conhecerá tão bem que freará meus impulsos quando eu quiser voar alto demais, e me impulsionará quando julgar meus pés demasiadamente enraizados. Se eu fracassar, se sentirá fracassado também, se eu vencer, se sentirá vencedor também. Para todos à sua volta tecerá floreados elogios sobre mim, reservando as críticas apenas para meu conhecimento e com genuína e real intenção de me ver crescer para que cresça junto comigo.  Deve ter sua própria interpretação do mundo, das pessoas e dos fatos. Seus julgamentos decorrerão de como constrói sua visão sobre o mundo. Deve confiar para inspirar a confiança e só desconfiar quando houver motivos para isso. Sabe trabalhar em equipe como membro dela, comprometido com os objetivos e construindo a partir das habilidades individuais da equipe. Se for liderar uma equipe, saberá fazê-lo sem que a equipe se dê conta de sua influência.

 

Não quero uma pessoa completa, mesmo porque acho que ela não existe. Mas quero que cada candidato me demonstre que, não sabendo fazer tudo isso, pode ter o potencial para desenvolvê-lo, dadas as condições apropriadas. Quero alguém que saiba que o autoconhecimento é a base para o seu desenvolvimento. Quero alguém que acredite poder se tornar alguém melhor do que foi ontem e pior do que será amanhã. Quero, enfim, alguém com espírito empreendedor.  Claro que este é um anúncio fictício e, embora muitos se sintam aptos a preencher os requisitos deste perfil, eu diria que poucos são de fato assim. As lideranças imaturas e inseguras que povoam as organizações veem neste perfil empreendedor uma ameaça, um profissional difícil de controlar e muito perigoso e acabam por forçar profissionais empreendedores a inibirem e até matar estas competências. Se você preenche estes requisitos, sugiro que não procure ser contratado, mas que contrate você a empresa e o chefe que o entenderá e o merecerá.

 

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