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O líder charme e o inocente: arquétipos das marcas

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Uma das coisas que mais gosto da minha profissão é o fato de estudar e atuar tanto no marketing/branding comercial quanto no político. Embora similares em certos aspectos, eles se mostram antagônicos e incongruentes em diversos outros. Há técnicas de análise completamente diferentes. E os marinheiros de primeira viagem que se aventuram em um ou em outro setor tendem a fracassar.

O marketing não é uma ciência exata. Um bom exemplo de peculiaridade: nenhuma campanha, nenhuma marca política, nenhum projeto de marketing político será vencedor se estiver dissociado daquilo que definimos como princípio de realidade. De acordo com o professor e diretor da Fundação Escola de Sociologia de Política de São Paulo, Aldo Fornazieri, em entrevista que concedemos juntos para o jornal O Globo (10/08/2010), ” … uma campanha se insere sempre num contexto histórico e em uma conjuntura política. Existem duas tipologias de conjunturas: a da conservação (continuidade) e a da mudança. A conjuntura na qual, por exemplo, o hoje presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disputou as eleições de 2008 era de mudança: fracasso do governo George W. Bush, crise econômica, subprime e crise hipotecária, desaprovação da guerra do Iraque e baixíssima avaliação do então governo. Enfim, um cenário que possibilitava a concentração de todas as atenções na palavra mudança (change).”

Os estrategistas de Obama perceberam o desejo dos eleitores norte-americanos e foram muito felizes e competentes na escolha. Existem ainda outros percalços que tornam o marketing atraente, como o conceito da imprevisibilidade, raison d’être, inimigo único, orquestração, entre tantos outros exemplos.

Uma questão que particularmente me fascina entre as duas áreas é o trabalho de arquétipos para o fortalecimento e consolidação de marcas. Sabemos que, alinhando uma imagem arquetípica com as marcas, obteremos uma identificação mais profunda com o público. Além disso, a criação de personas, define o comportamento e personalidade da marca. Olhando para as marcas corporativas/comerciais, Carol Pearson e Margaret Mark escreveram um livro seminal chamado “O Herói e o Fora da Lei” (2001). De acordo com as autoras, com apoio da teoria de Caril Jung, há 12 forças a serem trabalhadas: Herói, Mágico, Fora da Lei, Explorador, Inocente, Governante, Bobo da Corte, Sábio, Amante, Criador, Prestativo e Cara Comum.

 

O Governante é aquele que exerce controle, organiza a vida das pessoas. Indivíduo responsável que quer poder e liderança. Exemplos: American Express e Microsoft.

 

O Fora da Lei quebra as regras e desafia o status quo. Quer ser temido e cria seu próprio caminho. Muitas vezes visto como desajustado. Harley- Davidson?

 

O Herói é aquele que age corajosamente, se supera e luta. Orgulhosamente disciplinado. Marcas que oferecem produtos ligados à performance exploram este arquétipo. Nike é o melhor exemplo.

 

O Sábio é aquele que entende o caminho correto a seguir. Ele é o guru. Busca a verdade para se libertar e orientar. Exemplo: Albert Einstein e Ibope.

 

O Bobo da Corte quer ser aceito como ele é. Ele se diverte e vive o momento. Traz descontração e não leva a vida a ferro e fogo. Exemplo: Miller Lite.

 

O Criador quer desenvolver algo novo que perdure. Seu maior medo é criar coisas pífias e medíocres. Está compelido a inovar! Todas as pessoas possuem uma forma de expressão por meio da criatividade, exposta por meio de atividades como, por exemplo, as artes. Os produtos do Criador tendem a ajudar às pessoas em tais afazeres. Disney e Ikea.

 

O Mago é aquele que transforma e que altera. Seu maior medo são as consequências negativas e inesperadas de suas criações. O arquétipo do Mago personifica a sabedoria mágica para entender os mistérios que gerem pessoas e o universo. Aqui entra o exemplo das igrejas evangélicas pentecostais.

 

O Prestativo é aquele que quer ajudar aos outros. Altruísta por natureza. Generoso. Seu maior medo é a instabilidade e a dificuldade que os menos afortunados podem sofrer. O arquétipo do Prestativo é percebido em praticamente quaisquer atividades relacionadas à prestação de serviços. Buscapé e Amazon estão neste perfil.

 

O Amante quer conectar-se aos outros por meio da sensualidade. Sua maior aptidão é a paixão. Marcas que utilizam este arquétipo adotam a estratégia de culto ao belo, à sensualidade e ao erótico. Marcas do mercado da moda e estética se adequam bem a esse universo. Coco Chanel.

 

O Explorador (também chamado de Peregrino) tem como exemplos marcas como Virgin e Starbucks. É inquieto e independente, quer viajar, descobrir algo novo, seguir sua própria e solitária jornada, ir aonde ninguém foi. Vive em movimento.

 

O Cara Comum (cerveja Brahma) possui sentimentos tranquilos e democráticos, associando-se a vários segmentos da sociedade. Não gosta de expressar sua opinião para manter o perfil na multidão. Não procura o destaque. Seu maior medo é a rejeição.

O Inocente quer viver livre em um espaço lúdico. Ele quer estar no paraíso e seu maior medo é ser punido por alguma coisa errada. Esse arquétipo quer adequar sua vida a algo mais simples e cheio de esperança. Foge de rótulos. As marcas que trabalham este arquétipo utilizam conceitos de bondade simplicidade e pureza, sonham em retomar uma vida lúdica e quase infantil. Exemplo: Johnson e Johnson.

 

Em outra perspectiva, Roger-Gérard Schwartzenberg escreveu “O Estado Espetáculo” (1977). Há quatro arquétipos que podem definir um político. São eles: herói, homem simples, pai e o líder-charme. Fernando Collor de Mello surgiu em um momento que o Brasil passava por alta inflação (entre outras mazelas). Com o codinome de “caçador de marajás” e personalidade audaciosa, prometeu passar a limpo o país e alavancá-lo para a prosperidade. O arquétipo deste político era do herói. Bem, o resto você já sabe…

Luiz Inácio Lula da Silva: emergiu das massas e chegou ao poder (homem simples). Getúlio Vargas, quem consolidou as leis trabalhistas e todo dia pela manhã falava ao povo pelo rádio – “trabalhadores do Brasil”. Este era o pai. Passava a ideia de protetor e ‘cuidador’.

 

O líder-charme é aquele que, com sua presença, beleza e carisma, consegue despertar encantamento e persuasão. Juscelino Kubitschek.

 

Mas o que se pode tirar de toda esta explanação? Primeiro, como foi dito, o marketing é feito de realidade. E mais do que isso. É dirigido a pessoas com ansiedades e sentimentos. E cabe a cada marca, de acordo com sua missão, saber definir qual melhor arquétipo a ser adotado para atingir seu público, garantindo identidade e fortalecimento. E aí estão incluídas as “marcas” de políticos. Sem esta definição, seremos cavaleiros como Dom Quixote de La Mancha, lutando uma batalha irreal e sem sucesso.

 

Ps: Este artigo não representa absolutamente nenhuma preferência ou ideologia política, trazendo meramente a ótica do marketing para reflexão.

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Americanização às avessas

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Vivemos um momento muito pitoresco, fruto da intensa visita de brasileiros aos Estados Unidos, que como sabemos, superou todos os recordes históricos nos últimos cinco anos.

 

Esta proximidade do consumidor brasileiro com um mercado de consumo bem desenvolvido traz inúmeros benefícios. Entre eles, o consumidor brasileiro que passou pela experiência torna-se mais crítico e, portanto, exigente com relação à qualidade, cumprimento de promessas, pontualidade, customização e precificação.

 

Paralelamente a este amadurecimento da nossa visão de consumo, que seria um benchmarking interessante, observamos fenômenos no mercado brasileiro como:

 

1) Cópia inconsistente de iniciativas de franquias e lojas-conceito americanas;

2) Cópia inconsistente de mecanismos de promoção e vendas americanos;

3) Tentativas de iludir os consumidores com a comunicação de diferenciais e benefícios inexistentes.

 

Assim, é comum andarmos pela rua de uma cidade de médio porte no interior do Brasil e encontrarmos um quarteirão tradicional de varejo da cidade transformado em “Quarteirão Shopping”, um conjunto de pequenas lojas em uma esquina transformado em “Mall” e outlets se multiplicando por todo lado onde havia uma ponta de estoque no passado recente.

 

Tudo isto sem falar nas fictícias promoções do “Black Friday” brasileiro que primeiro eleva os preços, depois oferece um desconto que devolve os preços aos valores (excessivamente altos) originais, não oferecendo nenhum benefício real ao consumidor.

 

Ora, ora… Outlets que praticam os mesmos preços das lojas de varejo convencionais, Black Friday sem descontos, Malls inexistentes, promoções que ao invés de queimar estoques a preço de custos querem vender com margens elevadas, comunicação de diferenciais inexistentes, cópias ruins de boas iniciativas de negócios – vivemos uma americanizarão às avessas!  Ao invés de aprendermos com uma economia de mercado mais experiente que aprendeu a utilizar o consumo como mecanismo de crescimento econômico, estamos apenas simulando aparências e perdendo o conteúdo.

 

O número de Mickeys que você vê nas antenas de carros no trânsito fala por si, nem precisamos recorrer às estatísticas.  Muitos brasileiros trocaram suas casas de praia no Brasil por apartamentos em Miami e residências em Orlando. Cresce dia a dia o número de pessoas que declara: eu não compro nada no Brasil, deixo para fazer minhas compras todas uma vez por ano nos Estados Unidos. Até os sacoleiros não vão mais ao Paraguai, vão à Miami.

 

Agora o crescimento do turismo para os Estados Unidos está sofrendo um aumento em progressão geométrica de viajantes das classes C e D; enquanto isso no país do futebol (?) impera uma miopia gananciosa que não consegue fazer promoções com reais queimas de estoque, porque a baixa competência administrativa não aprendeu a precificar, gerenciar estoques, comprar e vender na hora certa e obter sucesso administrando margens menores. O excesso de gordura na margem praticada pelas empresas brasileiras patrocina a ineficácia administrativa e gerencial. O problema da nossa economia de consumo não é apenas a alta carga tributária (que é incontestavelmente aviltante), mas a baixa competência da nossa administração e marketing.

 

Os bons profissionais existem e continuam a ser formados todos os dias, mas não absorvidos pelo mercado existente, que não lhes concede autonomia para inovar, acabam precisando seguir voos solo no empreendedorismo, fazendo história e, até mesmo fortuna, mas impossibilitados de compartilhar sua expertise de maneira intraeempreededora em diferentes segmentos de negócios pelos quais passariam se lhes fosse facultada a oportunidade de utilizar seus conhecimentos e perfil inovador.

 

Aproxima-se um momento mais delicado na economia brasileira, o fortalecimento do mercado interno é condição imperativa para o bem estar dos negócios. Isso não depende unicamente das decisões governamentais, mas de um crescimento do nível de profissionalização e diminuição da ganância do empresariado brasileiro.

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Como Israel se tornou a Nação Empreendedora?

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Muitos dos que estudam empreendedorismo devem ter ouvido falar da transformação que aconteceu nas últimas duas décadas que transformaram Israel na nova fronteira do empreendedorismo de alto impacto, desbancando, em vários aspectos, os EUA, mais particularmente o Vale do Silício, na Califórnia. A convite da Tel Aviv University, me juntei a um grupo de 15 professores de empreendedorismo e inovação de renomadas instituições do mundo para entender de perto este fenômeno. Relato, nas palavras abaixo, algumas das explicações que encontrei:

 

Com 22 mil metros quadrados (menor que o Estado de Sergipe), 8 milhões de pessoas (um terço da população paulistana), uma região árida com 210 metros cúbicos de água per capita (o recomendado é 1.000), vizinhos muçulmanos belicosos (7 guerras e 2 intifadas) e um passado de repressão e perseguição aos judeus (impérios bizantino, romano, cruzadas, nazistas, etc), Israel é fruto de uma concessão inglesa aos judeus após a segunda guerra mundial, em 1948. Desde então uma massiva campanha de migração trouxe, desde mão de obra barata entre os judeus etíopes, até profissionais altamente especializados entre os judeus russos. No total, mais de 20 países enviaram judeus para popular Israel.

 

Este é apenas o começo da história que transformou Israel em um grande exemplo de como se constrói uma nação. Muitas tentativas de implantar um modelo foram tentadas desde esta época, o mais conhecido e que durou por um bom tempo, foram os kibbutzim, ou células comunistas nas quais as pessoas vivem em função da sua comunidade, sem nada ou quase nada individual e auto-sustentável, em um microcosmo de economia agrária. Muito do senso de comunidade e coletividade do espírito empreendedor israelense vem deste modelo social, que, embora importante no processo de construção pioneiro dos primeiros anos, foi perdendo força com o crescimento dos princípios capitalistas de valor e riqueza individuais.
O DNA empreendedor de Israel tem suas sementes incrustadas na história de seu povo, que, desde a diáspora provocada pela invasão romana nos anos 800 a.C., vem lutando, em todos os lugares para onde se espalharam, para manter a cultura viva e os valores do povo judeu. Por isso, a determinação e perseverança, o otimismo exagerado (uma das expressões mais usadas é Yihie Beseder, ou ‘no final tudo vai dar certo’), o instinto de sobrevivência para enfrentar situações de risco, o culto e preservação de um legado, a priorização da educação, a hierarquia informal e flexível, na qual líderes podem ser questionados (‘chutzpah’ é o termo que expressa o comportamento arrogante, pragmático e questionador do judeu) e a postura positiva em relação ao fracasso, são todos fatores que caracterizam os empreendedores israelenses.

 

Mas tudo isso se juntou e fez sentido a partir de 1992, com o Yozma, uma ampla iniciativa governamental para estimular o surgimento de empresas de alta tecnologia por meio de investimentos de capital de risco. O Yozma foi a perfeita tradução em realidade da conhecida hélice tripla, na qual governo, empresa e universidade se inter-relacionam e mantém um processo de crescimento contínuo e sustentável. Desde então, mais de 5.000 empresas foram lançadas, das quais 10% faturam hoje mais de US$ 20 milhões, a maioria usando tecnologias desenvolvidas nas universidades e bancadas por fundos de capital de risco apoiados pelo governo. 33% das empresas especializadas em ciências da vida foram fundadas há menos de 5 anos, as demais tem menos de 10 anos de vida, das quais 60% produzem dispositivos médicos.

 

Não é por acaso que as empresas de tecnologia israelenses se destacam nas áreas de energia limpa, biotecnologia, segurança e militar. Dadas as condições extremas em que Israel se encontra, tanto climáticas como geo-políticas, seus governantes viram que a excelente formação educacional poderia ser usada para desenvolver soluções para atender suas principais necessidades. Por isso, 923 empresas de ciências da vida foram lançadas até hoje, entre 800 e 900 empresas de high tech são criadas todos os anos, quase US$ 7 bilhões já foram resgatados por acionistas nas vendas de suas empresas, mais de 250 multinacionais instalaram centros de pesquisa e desenvolvimento em Israel, quatro universidades estão na lista das 150 melhores do mundo e 6 prêmios nobel foram conquistados.

 

Outra coisa que chamou a atenção no modelo israelense são os seus jovens. O serviço militar é obrigatório, três anos para homens e dois anos para mulheres, onde recebem uma formação exemplar em tecnologia, disciplina, situações de combate e sobrevivência. Depois do serviço militar, a maioria dos jovens vai ‘mochilar’ pelo mundo, principalmente para a América Latina, por seis meses a um ano, para só então entrar na universidade. Imagine o resultado da combinação entre ensino de alto nível, jovens alunos maduros e experientes, com ampla visão de mundo e grande diversidade de formação, disciplina e métodos bem estruturados e capacidade de improvisar e lidar com recursos escassos. Parece que foi desenhado para formar empreendedores.

 

A grande questão que se coloca neste momento, absolutamente natural para qualquer nação que experimenta um ritmo de crescimento como este é: O que o futuro nos reserva? Quais caminhos a nação empreendedora deve tomar para seguir neste ritmo de alto crescimento? Com este debate, o grupo de professores explorou vários caminhos diferentes, provendo insights interessantes para os patrocinadores do encontro. Nenhum dos possíveis caminhos é determinante, mas uma coisa é certa, qualquer empreendedor sabe que o sucesso é apenas um estado, na verdade, o melhor momento para pensar em mudar e adotar novos caminhos para o crescimento. Só a história nos dirá se o povo judeu encontrou o seu caminho rumo à prosperidade, paz e tranquilidade tão almejada, repetindo a fase áurea dos três primeiros séculos da era Cristã.

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Marketing pessoal, charlatões e os missionários digitais

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Gurus de motivação, psicólogos, “especialistas” da internet, consultoras de moda e profissionais de recursos humanos são os formadores de opinião sobre construção de marca pessoal no Brasil. Na minha opinião, isso soa estranho, irresponsável e cômico, pois estão falando sobre tudo. Porém, não estão adotando e nem ensinando marketing/branding. Este tipo de trabalho não passa de um amontoado de ensinamentos vazios sobre o tópico que foi introduzido por Tom Peters há mais de uma década. Realmente, é uma pena que ele tem sido tão banalizado e usado erroneamente pelos tais autodenominados “Personal Branding gurus”.

 

Senhores consultores de moda: por favor, entendam – uma marca pessoal é muito mais do que a cor do Iphone ou o preço do terno. Isso são apenas formas de transmissão do sinal da marca, oras! Aprendam: Uma marca é uma promessa diferenciada que os OUTROS enxergam, neste caso, em alguém.

 

Profissionais motivacionais: uma marca pessoal forte não é euforia e nem um sorriso com ar de fluoxetina com prazo de validade que muitos de vocês “vendem” em palestras. Parem de vender autoajuda em livros com o emblema “marketing ou branding pessoal”. Não é nada disso! Os autores destes textos não podem proclamar em dizer que isto é marketing sob pena de violar suas lições, seus estudiosos e os sérios profissionais da área. É notório que com a finalidade de terem um sucesso nas suas palestras dedicadas ao desenvolvimento humano, criam a frase de impacto: “Marca pessoal…” E isto cria uma confusão tremenda! É importante deixar claro. Marca pessoal, de uma vez por todas, é o que vão falar quando uma pessoa sair da sala.

 

Pessoas como marcas é um tema extremamente importante para o dia atual. Por isso precisa ser corretamente endereçado. Se, antigamente as empresas restringiam o profissional em seu círculo cabível, hoje as mais astutas se aproveitam daquele com marca forte no mundo digital. Não seria exagero sugerir que as marcas pessoais começam a se sobressair sobre as corporativas. Ao invés de proibir ostensivamente a utilização dos diversos recursos das redes sociais, empresas começam a perceber que têm muito a ganhar – inclusive financeiramente – se transformarem os seus colaboradores em verdadeiros representantes de sua marca e seus produtos na esfera virtual. Este fenômeno surge entre as empresas que melhor se relacionam nas redes sociais mundo afora. Entre os estudiosos, o conceito já recebeu o apelido de “missionários digitais”, termo que designa funcionários que, ao atuarem nestas redes, acabam por fortalecer a percepção das marcas e até promover negócios via internet.

 

Por ter nascido digital, a Zappos se diferencia neste sentido. A alta direção da empresa acreditou ser natural que seus funcionários se valessem de canais como o Twitter e Facebook para se aproximarem dos consumidores com liberdade, evangelizar pela empresa e incorporarem a transparência corporativa como característica fundamental. O resultado não poderia ser melhor: a empresa comemora um faturamento anual da ordem de mais de US$ 1 bilhão.

 

A Zappos se tornou um case conhecido e bem-sucedido porque conseguiu criar uma cultura interna de felicidade entre seus colaboradores e, ao mesmo tempo, exigir deles o comprometimento com um serviço acima da média. A grande sacada foi conseguir, de forma natural, que seus colaboradores trouxessem essa cultura para a web. Consequência: os resultados financeiros da empresa aconteceram sem grandes investimentos em publicidade.  Outros bons exemplos de companhias que já tornaram seus funcionários – ou parte deles – em verdadeiros “missionários digitais” são o da montadora norte-americana de veículos Ford, da varejista de produtos eletrônicos BestBuy, e a Sun, de softwares.

 

Somente vencerão a guerra no espaço web as marcas que conseguirem se humanizar junto aos consumidores. Ao tornar seus colaboradores missionários da marca, as empresas nada mais estão fazendo do que humanizando este relacionamento, pois muitos deles são pessoas que têm muita influência em comunidades online. Com este processo, as marcas acabam por se valer ou absorver a reputação do próprio missionário. Desta forma, poderá segmentar seus públicos, fortalecer a reputação, testar novos produtos, reduzir o risco de novas campanhas publicitárias, conquistar e antecipar novos clientes, entre outros.

 

Você possui uma marca forte? Relevante? Qual a sua promessa diferenciada? A qual conceito você está associado? Aonde você quer chegar sempre levando em consideração o ambiente externo? ‘EU. Eu. Eu. Eu…’. Pare! Sua marca é quem você realmente é na mente e coração das pessoas. Não é sobre você, marca é sobre eles! Marca pessoal é o que vão falar quando você desliga seu computador…

 

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O desafio de achar e reter talentos no mercado digital

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As novas tecnologias móveis, o crescimento das redes sociais, a expansão do mercado digital – e em particular do e-commerce e de outros serviços disponibilizados na rede – são alguns dos fatores que contribuem para que pessoas e empresas estejam cada vez mais interconectadas. E se de um lado tudo isso abre inúmeras possibilidades para serem exploradas pelo mundo corporativo, de outro esbarra em um grande problema: a falta de profissionais capacitados para lidar de forma adequada com esses canais de interação com o cliente.

 

O apagão da mão de obra especializada, tão vivenciado no segmento de tecnologia da informação e responsável por elevar as despesas com a folha de pagamento das empresas que hoje é da ordem de 36% do orçamento, ameaça também as empresas que querem trabalhar, ou que já o fazem, no mundo digital, e constitui o grande desafio dos gestores de recursos humanos dessas companhias: onde achar e como reter esses talentos? Diante dessa dificuldade, uma das saídas é treinar internamente. E aí surge outra questão: que tipo de profissional selecionar para esse treinamento? Os mais jovens e inovadores, a maioria web native que sabe navegar com desenvoltura nessas novas mídias, mas ainda inexperiente no jogo cotidiano e competitivo das companhias, ou os mais experientes, boa parte com mais de 40 anos de idade, que pode estar um pouco menos conectada com todas as mudanças recentes no mundo digital, mas bem mais tarimbada em termos de estratégias e de conhecimento do mercado?

 

Trata-se de um dilema real e não há respostas fáceis, muito menos fórmulas padronizadas para solucioná-lo e que, na maioria dos casos, ultrapassa as fronteiras, deixando de ser apenas um problema para a área de RH, repercutindo também nos setores de marketing, desenvolvimento, comercial e administrativo. Uma alternativa válida seria unir esses dois profissionais, para que juntos pudessem combinar seus skills e aprender uns com os outros, obtendo assim os resultados esperados e principalmente os inesperados – e positivos -, para as companhias.

 

Especificamente no e-commerce essa falta de profissionais é ainda mais sentida, até porque esse segmento está em franca expansão. O levantamento da Associação Brasileira de Comércio Eletrônico (ABComm), revelou que o comércio eletrônico fechou 2013 com faturamento da ordem de R$ 31,11 bilhões; mas em contrapartida outra pequisa realizada em conjunto pela e-bit e pela Universidade Buscapé Company, do Grupo Buscapé, mostrou que 65% dos candidatos que participaram do processo de seleção para trabalhar nessas empresas estavam despreparados para a função, o que evidencia a necessidade de formação específica.

 

As áreas de RH das empresas podem ajudar, no sentido de montar equipes multidisciplinares que reúnam conhecimentos sobre tecnologia da informação, ferramentas de análise de dados, segurança da rede, marketing, empreendedorismo, entre outros, e buscar apoio especializado para que possam trabalhar juntas, encarregando-se também de promover constamente cursos de atualização e aperfeiçoamento profissional. Mas também é aconselhável que as pessoas, de outra parte, busquem individualmente e por sua própria conta, aumentar seus conhecimentos, principalmente os que lhes permitirão transitar com maior desenvoltura no ambiente digital. Devem se incluir nesse rol os profissionais “sênior”, fazendo um esfoço para quebrar suas resistências e aprender a lidar com esse novo mundo propiciado pela internet e pela mobilidade.

A interatividade veio para ficar e é um caminho sem volta. As empresas e as pessoas que ainda não acordaram para essa realidade já estão perdendo oportunidades valiosas para ampliar e melhorar sua atuação.

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Branding, web social e o pensamento de Gerzema

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Em tempos que a internet se torna uma facilitadora de relacionamentos ao invés de uma mídia meramente transacional, profissionais de Marketing e Branding precisam inovar e explorar conhecimento novo e ousado para acompanhar tamanhas mudanças na cultura e no comportamento do consumidor.

Para esta coluna, entrevisto o autor dos best sellers “A bolha da marca” e “Spend Shift”, John Gerzema (foto). Falar com John sempre é ar fresco. No final da entrevista, fiquei com a certeza de que o Branding é realmente um tema fascinante. O autor falou sobre “Brand Darwinism”, micro-comunidades virtuais, a crise no valor das marcas, entre outros assuntos instigantes.

Confira na íntegra.

Gabriel Rossi: Quais são as novas regras no processo de gestão de marcas? O que mudou essencialmente?

John Gerzema: A nova realidade é que as marcas não controlam o relacionamento. Os consumidores o fazem. Nós profissionais de Marketing temos que pensar em maneiras completamente diferentes e trabalharmos muito mais duro para nos mantermos únicos e especiais. O comportamento do consumidor tem mudado rapidamente e isto exige uma visão totalmente nova por nossa parte. “Leis da Energia” são as regras que eu esboço em meu livro para que os profissionais de marca possam agir com mais fluência, abertamente e tomando todos os passos com o consumidor através da escuta ativa e de uma postura que não acredita em nada garantido.

 

Gabriel Rossi: Um número considerável de profissionais de marketing que tenho conversado vem citando a importância imperativa dos conceitos de transparência radical e “accountability”, principalmente por causa do rastro digital que o boca a boca agora deixa em plataformas de busca . O que isto realmente significa para as marcas?

John Gerzema: Eu acho que uma marca que não é inteiramente dedicada à transparência tem vida curta. Recentemente me apresentei na conferência do The Economist em São Francisco e bati um papo com o Tony Hsieh da Zappos, sendo tudo muito inspirador. Ele é um CEO que entende a importância dos valores fundamentais da marca. Quando uma marca tem integridade, seu comportamento corresponde a suas promessas. No caso da Zappos, os consumidores se engajam com a marca por causa do seu compromisso com o serviço. Esta forte cultura de tratar bem os clientes e colaboradores se estende para as redes sociais e na confiança que a empresa deposita em seu público interno para que o mesmo advogue pela marca no Twitter, o que, por exemplo, tem redimensionado a Zappos tremendamente bem sem publicidade. Um número maior de empresas começará a perceber que a transparência pode realmente melhorar a vida das pessoas e ainda ampliar seus negócios no processo.

 

Gabriel Rossi : Como as marcas podem se beneficiar dos micronichos e interações?

John Gerzema: Em uma economia desafiadora, a primeira coisa a se olhar é a segmentação. Muitas marcas grandes estão aprendendo a “pensar pequeno”, segmentando sua audiência através de canais que seus clientes usam como fontes de influência. Acho interessante o fato que algumas das marcas que mais fluem nas redes sociais são de grande porte. Scott Monty, da Ford, e o Jonathan Schwartz, da Sun, são bons exemplos. Neste ambiente, é muito importante para qualquer marca ser uma construtora de comunidades, criando oxigênio para que seus consumidores e fãs interajam, compartilhem e explorem coisas juntos. Talvez isto signifique Twitter e Facebook, ou Ning ou Bebo. Rating sites, como Engadget e Gizmodo, são uma tremenda fonte de influência e aprendizado para as marcas de vanguarda.

 

Gabriel Rossi: Você fez estudos etnográficos na Índia para escrever seu primeiro livro intitulado “A bolha da marca”. Quando o mercado de telefonia móvel deixar sua infância, como as pessoas nos países ainda em desenvolvimento serão afetadas? Como as marcas mais astutas poderão tirar proveito disto?

John Gerzema: O nosso maior cliente na Índia é a Airtel e foi extremamente gratificante passar um tempo com as equipes de Marketing, Tecnologia e Produto, sentindo, em primeira mão, o entusiasmo deles com o crescimento da qualidade de vida na Índia. Você está falando de agricultores que estão aptos a utilizar um telefone para manter contato com mercados commodities globais e locais e pais que podem, em Deli, falar com suas filhas em Bengalore. Ao mesmo tempo em que há uma briga na questão de taxa e 3-4G, não podemos esquecer do poder de um celular na mão de um indivíduo: transformador.

 

Gabriel Rossi: Telefonia Móvel é uma “faca de dois gumes” no final das contas, não acha?

John Gerzema: Sim, no momento, mas observe a Índia saltar e desenvolver de voz para “new data” na velocidade da lei de Moore. Se você pensar nos Estados Unidos, nós começamos apenas agora a prestar mais atenção no poder da tecnologia mobile. QR ainda é ficção científica em muitas partes dos Estados Unidos.

 

Gabriel Rossi: O que é a bolha da marca?

John Gerzema: A bolha da marca representa a crescente disparidade entre Wall Street e Main Street. Nós descobrimos que os mercados supervalorizam as marcas em relação ao que realmente o consumidor sente em relação a elas. Esta exuberância irracional era estendida a milhares de marcas em nosso database e estava ocorrendo exatamente ao mesmo tempo em que a revolução digital começava a ganhar musculatura. Chegamos à conclusão que o consumismo estava mudando profundamente, acelerando a decomposição de suas percepções de marcas. Porém, as empresas ainda tinham de entender o que estava realmente acontecendo. Embora nós saibamos que as marcas são ativos importantes, nós ainda precisamos compreender inteiramente o significado delas.

 

Gabriel Rossi: Você argumenta que a tendência é que os consumidores tendem a ficar cada vez mais como investidores. Por gentileza, explique este argumento.

John Gerzema: Cheguei a conclusão que nós, consumidores, estávamos escolhendo uma lista cada vez menor de marcas para fornecermos nossos dividendos. Os consumidores estavam procurando por permanência, mas também expectativas por futuras utilidades que chegam como forma de criatividade, inovação, confiança e liderança. As empresas gastam uma quantia absurda de tempo tentando provar a seus investidores suas maiores qualidades. Mas elas fazem isto com seus consumidores?

 

Gabriel Rossi: Como o conceito de contínua diferenciação impacta nas vendas? Seria esta a única maneira de combater o Darwinismo de Marca?

John Gerzema: Darwinismo de marca é um conceito brilhante e eu queria tê-lo inventado! Em 2004, nós estávamos tentando identificar se poderia haver uma correlação chave entre vários atributos de marca e alguns retornos não antecipados do pregão. No final das contas, nós descobrimos que os componentes perceptivos-chave para o consumidor eram altamente relacionados com os movimentos da bolsa. Observamos que algumas marcas eram absolutamente estelares, indo bem entre os consumidores e avançando muito à frente dos seus concorrentes, enquanto outras estavam pulando para fora da categoria. Os consumidores pareciam estar cativados por uma qualidade que refletia uma experiência mais excitante, dinâmica e criativa. Eles estavam concentrando a paixão deles e poder de compra em um menor portfólio de marcas especiais – porque elas continuavam sempre evoluindo. Nós descobrimos que o poder de diferenciação é o que marcas estelares possuem em comum. Nós batizamos isto de “Diferenciação Energizada”, que reflete não só a ideia do diferente – elas mantêm-se diferentes, utilizando movimento, momento e criatividade.

Energia tem um papel muito significativo em proteger e aprimorar a diferenciação da marca. Seus três componentes são:

• Visão – A proposta e aspirações da marca, geralmente originada da liderança, das convicções e da reputação da organização por trás da marca.

• Invenção – A dimensão tangível mais importante, demonstrando a visão da marca através de inovação de produto e serviço, design, conteúdo, entre outras experiências táteis de marca.

• Dinamismo – Como a marca expressa sua visão no mercado de forma dinâmica para criar “persona”, emoção e evangelismo através de suas ações de marketing.

 

Gabriel Rossi: Quais categorias tendem a ter as marcas mais energizadas e por quê?

John Gerzema: Apesar do conceito de “energia” ter efeitos diferenciados dependendo da categoria, as marcas podem balancear isto para vantagem competitiva em qualquer setor B2C ou B2B. Zappos, Dove, Geico, Subway e Campbell’s são exemplos de marcas com alta energização que, de certa forma, estão em categorias de “baixa-energia”. Isto acontece quando uma marca utiliza criatividade para transcender sua função.

 

Gabriel Rossi: Na posição de “Chief Insights Officer” mundial da Young & Rubicam, qual sua opinião sobre os desafios e estratégias que as agências modernas deveriam considerar neste momento?

John Gerzema: Isto caberia uma resposta de dez mil palavras, mas, resumindo, lhe diria que a senha é entender as profundas mudanças nos valores culturais que a crise financeira global tem acarretado aos consumidores. Isto vem totalmente ao encontro com a explosão das redes sociais que representam oportunidades maravilhosas para conversar, ouvir e reagir em tempo real. Marcas agora são verbos.

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Vida ou morte aos nossos negócios?

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Não defendo e não concordo com a ideia simplista de que fazer o óbvio é suficiente para um bom resultado em negócios.

 

Com certeza, por uma questão de boa lógica e não mera obviedade, não fazer o óbvio também não é saudável aos negócios.

 

Diante disto, facilmente concluímos que precisamos fazer um óbvio bem feito e um “além do óbvio” excelente se quisermos ser competitivos.

 

Assim, vamos refletir sobre algumas questões essenciais óbvias e não óbvias frequentemente esquecidas:

 

1) Lucratividade é função direta da qualidade do modelo de negócios e não apenas do modelo comercial. Ainda que nenhum de nós deva arcar com a ingenuidade de subestimar a importância do modelo comercial, uma grande maioria ainda superestima esta importância em detrimento de outras questões fundamentais de administração e marketing.

 

2) O modelo de negócios não se restringe ao planejamento estratégico que, mesmo sendo brilhante, frente a uma execução mediana (não devemos nem pensar em medíocre) não passa de um documento bem redigido. O modelo de negócios que não contempla em profundidade o impacto racional e emocional que causará nas pessoas (clientes, colaboradores, fornecedores, acionistas) sequer merece o nome de um modelo de negócios.

 

3) Atitudes que não agregam valor a todos os stakeholders envolvidos nos negócios, ainda que sejam uma prática comum e até “aceita” em determinados segmentos de negócios (praxis), são imediatistas e autocanibalistas. Modelos excessivamente comerciais que ainda praticam um sell in sem correspondente sell out, embora falem com orgulho de suas iniciativas, esquecem-se do que pregam a seus diretores, gerentes, supervisores e força comercial: o que conta é a qualidade do resultado!

 

Estes são apenas três tópicos para refletirmos juntos.

 

Não fazer o óbvio bem feito é um absurdo. Fazer apenas o óbvio, ainda que bem feito, é commoditização total. Como commoditização é a palavra sofisticada para definir suicídio empresarial, precisamos decidir com urgência: vida ou morte aos nossos negócios?

 

O pior tipo de suicídio em negócios é o que acontece tão lentamente que parece ser, apenas, uma leve anemia.

 

Se a medicina está sofrendo do mal da medicalização dos sintomas e esquecimento das causas, que o mesmo não ocorra em administração e marketing. A vida do “paciente” contém a vida de suas células que, em negócios, somos nós!

 

É melhor agir como neurônios a agir como células epiteliais…

 

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Anúncio de emprego

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Estou procurando alguém para trabalhar comigo, na minha empresa. Tem sido difícil encontrar esta pessoa, não tanto pela carência de pessoas com este perfil e mais pelo conjunto de particularidades que estou exigindo. Trata-se de um conjunto de requisitos que não são identificáveis no processo tradicional de seleção, mas algo que se percebe na medida em que se vai conhecendo a pessoa. Portanto, já sei que o processo seletivo será lento e contínuo.

 

Esta pessoa pode ter qualquer formação profissional, desde que compense uma eventual carência educacional com uma boa bagagem de experiência e outras habilidades complementares que descreverei a seguir. Homem ou mulher, jovem ou com alguma senioridade, pobre ou abastado, gordo ou magro, alto ou baixo, pouco me importa. Religião, cor ou raça? Tampouco. Seu valor deve estar incutido na sua espiritualidade e na sua vontade de construir coisas positivas. Não necessariamente precisa ser alguém que conheça muita coisa, pois vou ensinar a maioria. Mais importante do que aprender rápido é ter muita vontade de aprender. Suas atitudes devem demonstrar sempre entusiasmo, perseverança e determinação. Seu padrão de excelência pessoal deve ser, no mínimo, o melhor de todos.

 

Vou compartilhar muitas coisas com esta pessoa. Meus conhecimentos, minha experiência, minha vivência. Fatos, dados, informações, impressões e percepções que colecionei ao longo de toda minha vida serão transferidos incondicionalmente para esta pessoa. Por isso, é fundamental que esteja aberta para assimilar tudo isso. No entanto, o que é raro é que a pessoa deverá ter o discernimento suficiente para saber filtrar tudo o que passarei de forma a incorporar as coisas que façam sentido perante seus próprios valores e princípios. Não precisa rejeitar o que não acredita, mas deve questioná-los comigo de forma a construir novos saberes através do processo de atribuição de significado pessoal ao que eu lhe passar.

 

Esta pessoa deverá saber que nem tudo o que aprendeu vai ser usado sempre da mesma maneira, mas saberá se desestabilizar para incorporar o novo, assimilá-lo e então se equilibrar novamente, para depois se desequilibrar outra vez num novo e repetitivo ciclo de renovação e aprendizado constante.  Preciso de um profissional que pense como eu, aja como eu, decida como eu, mas que, sabendo que não será eu, saiba usar sua própria personalidade para complementar a minha. É importante que tenha uma grande visão do futuro sobre si mesmo. É importante que veja este trabalho apenas como uma etapa em direção a algo maior que acredite merecer. É importante que saiba que algo melhor lhe estará reservado e que posso perdê-lo a qualquer momento para trabalhos mais nobres e mais engrandecedores. É importante que me veja como modelo, mas que acredite poder se tornar mais do que eu.

 

Seus valores serão seus princípios mais sagrados. Os seguirá à risca, mesmo podendo perder o emprego por isso. Sua determinação é mais poderosa do que minhas ordens. Não precisa ser obediente, mas também não deve ser desobediente. Será inconformado com a situação a ponto de buscar sempre soluções aos problemas existentes, mas será também conformado com a condição presente que não apresentar nenhum espaço para mudança. Precisa, enfim, saber conviver com a ambigüidade.  Essa pessoa entenderá o meu negócio, perceberá minhas necessidades, compreenderá minha missão, antecipará minhas angústias e preocupações, e estará tão comprometida com o negócio quanto eu. Sua aguçada percepção me ajudará a identificar as oportunidades e a ser oportunista sempre que convier. Precisa ter a capacidade de me surpreender a todo instante, e em alguns momentos, poderá até mesmo me chocar com suas ideias e ações.

 

Me conhecerá tão bem que freará meus impulsos quando eu quiser voar alto demais, e me impulsionará quando julgar meus pés demasiadamente enraizados. Se eu fracassar, se sentirá fracassado também, se eu vencer, se sentirá vencedor também. Para todos à sua volta tecerá floreados elogios sobre mim, reservando as críticas apenas para meu conhecimento e com genuína e real intenção de me ver crescer para que cresça junto comigo.  Deve ter sua própria interpretação do mundo, das pessoas e dos fatos. Seus julgamentos decorrerão de como constrói sua visão sobre o mundo. Deve confiar para inspirar a confiança e só desconfiar quando houver motivos para isso. Sabe trabalhar em equipe como membro dela, comprometido com os objetivos e construindo a partir das habilidades individuais da equipe. Se for liderar uma equipe, saberá fazê-lo sem que a equipe se dê conta de sua influência.

 

Não quero uma pessoa completa, mesmo porque acho que ela não existe. Mas quero que cada candidato me demonstre que, não sabendo fazer tudo isso, pode ter o potencial para desenvolvê-lo, dadas as condições apropriadas. Quero alguém que saiba que o autoconhecimento é a base para o seu desenvolvimento. Quero alguém que acredite poder se tornar alguém melhor do que foi ontem e pior do que será amanhã. Quero, enfim, alguém com espírito empreendedor.  Claro que este é um anúncio fictício e, embora muitos se sintam aptos a preencher os requisitos deste perfil, eu diria que poucos são de fato assim. As lideranças imaturas e inseguras que povoam as organizações veem neste perfil empreendedor uma ameaça, um profissional difícil de controlar e muito perigoso e acabam por forçar profissionais empreendedores a inibirem e até matar estas competências. Se você preenche estes requisitos, sugiro que não procure ser contratado, mas que contrate você a empresa e o chefe que o entenderá e o merecerá.

 

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Neoeleitor definirá as eleições em 2014

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A disputa política já está acirrada para as eleições de 2014. E neste ano o caldeirão irá ferver ainda mais com a possibilidade de manifestações como as que ocorreram em junho do ano passado. Sem falar na possibilidade de movimentos contra a realização da Copa do Mundo, que poderão riscar a imagem de quem tenta se reeleger, especialmente a presidente Dilma Rousseff. Está mais do que evidenciado que os conchavos e o ti ti ti pré-eleitoral se avolumam a cada dia. Os candidatos ao cargos do Executivo e Legislativo tanto no âmbito federal e estadual se atacam mutuamente e negociam quem terão ao lado na disputa em outubro.

 

Não será um ano fácil. Portanto, políticos: acordem. Em 2014 há um diferencial que pode ser decisivo nas urnas de todo Brasil. É a influência mais incisiva de um eleitor renovado, cidadão que está ligado 24 horas por dia e que deixou de ser convencido meramente pela tradicional propaganda eleitoral na televisão e no rádio. Trata-se do neoeleitor – o eleitor moderno, digital e que quer ser surpreendido positivamente e que, cada vez mais, deposita interesse em um “portfólio” restrito de políticos com propostas dinâmicas, visionárias e criativas.

 

O Brasil tem aproximadamente 130 milhões de eleitores e o acesso à rede mundial de computadores já ultrapassou os 100 milhões de brasileiros. Os números são expressivos e, por si só, já mostram a importância da web para quem deseja se eleger. Mas não é só no tamanho que a internet importa, mesmo porque nas últimas eleições já havia dezenas de milhões de pessoas plugadas em computadores. É também na nova maneira de relacionamento entre as pessoas. Hoje, não há dúvida, as tecnologias digitais acabaram com a “conversa vertical” entre candidato e eleitor.

 

Antes, o candidato propunha e o eleitor aceitava ou não. Hoje, o dono do voto quer muito mais. Ele se coloca em uma “conversa horizontal” com o candidato. Se o candidato propõe a construção de casas, o eleitor quer saber onde, com qual gasto, como. Se aparece uma promessa de mais qualidade na área da saúde, a preocupação de quem recebe a mensagem é saber se será com a construção de novos hospitais e na contratação de profissionais qualificados ou se é meramente uma proposta sem planejamento.

 

Os políticos precisam reaprender a forma de ganhar votos. Agora, devem caminhar lado a lado com o eleitor. Quem deseja ter sucesso na campanha precisa ser humilde, não somente na aparência. O eleitor conhece mais de internet do que os candidatos ou os partidos. As “marcas” políticas não podem menosprezar este conhecimento e devem apresentar novas formas de comunicação. Aquele velho processo de perfis em redes sociais nada traz de novo e só obtém êxito com quem tem predisposição a votar no candidato.

Se o político já tem bandeiras fincadas, precisa arrancá-las e mudar. Não é uma indicação, claro, para o candidato ser volátil. Mas ele precisa, sim, viver em constante movimento, precisa ser dinâmico. Se o internauta pergunta via web, precisa de uma resposta cabível, longe do padrão de “respostas prontas”. O eleitor precisa ser surpreendido.

Estão os políticos preparados para o neoeleitor? Resposta clara: a maioria não.

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O Plano de Negócio não morreu

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Há pouco mais de 10 anos, fui convidado pelo Sebrae-SP a participar do ciclo de debates que fazia parte da programação do Mês do Empreendedor para falar sobre Planos de Negócios. Eu iria debater com um empreendedor bem sucedido que nunca tinha feito um plano de negócio. A despeito de todos os meus argumentos sobre a importância do plano de negócio, com argumentos bastante racionais ele justificava porque não fazia sentido desperdiçar tempo com este documento que, no fundo, não passava de um exercício de adivinhação. Nesta ocasião eu aprendi muito com ele e revi minhas posições radicais sobre planos de negócios. Desde então tenho me aliado ao crescente movimento que prega a morte do plano de negócio.
Hoje volto a rever os meus conceitos e não acredito mais que o plano de negócio deve ser esquecido. Como tudo na vida, nenhum dos dois extremos representa o melhor caminho para quem vai empreender. O empreendedor não deve escrever um plano de negócio completo para começar a empreender, mas também não pode esquecer de organizar as ideias de como seu negócio vai funcionar antes de tomar decisões importantes durante sua implantação.

 

Em primeiro lugar, para que serve o plano de negócio? Se a sua resposta vai em direção da buscar por uma resposta sobre a viabilidade de uma ideia de negócio, então você está errado. Como o plano de negócio é escrito sob condições de alta incerteza e muitas suposições, nenhuma conclusão sobre a viabilidade do negócio a partir deste documento pode ser tomada como definitiva. A principal finalidade de um plano de negócio é propiciar ao empreendedor um roteiro estruturado para que ele colha informações e dados sobre o negócio para aumentar sua familiarização e domínio dos fundamentos do negócio, em outras palavras, o plano de negócio é uma ferramenta de aprendizado sobre o negócio.

 

Isto posto, a segunda pergunta seria: Qual o melhor momento para escrever um plano de negócio? Se você responder que o plano de negócio deve ser escrito ANTES de começar o negócio, mais uma vez, você está errado. Ao mesmo tempo que o empreendedor começa a agir para colocar seu negócio de pé ele vai reunindo informações que vão compor o plano de negócio. Muitas das incertezas típicas de um plano de negócio imaturo vão sendo dirimidas na medida em que o empreendedor tem contato com o negócio, com o setor, com o mercado, com os concorrentes, com especialistas na área, aprimorando seu aprendizado e refinando suas decisões. Este conhecimento adquirido deve ser incorporado no plano de negócio no lugar das suposições e pressupostos iniciais, tornando o plano mais consistente e confiável.

 

Assim, na fase inicial do negócio não se USA um plano de negócio, mas aprende-se sobre o negócio na medida em que ele está sendo escrito, portanto é verdade que o plano de negócio não serve para nada além desta ferramenta de aprendizado nesta fase. Algum tempo depois, entretanto, quando o negócio já estiver dando os seus primeiros passos, quando as incertezas forem bem menores do que no início e, acima de tudo, quando for necessário convencer alguém a confiar no seu negócio, seja um investidor, um banco, um futuro sócio, um futuro empregado, um potencial parceiro, é o momento em que o plano se transforma em ferramenta de aprendizado para instrumento de venda do negócio. Ainda são raros os investidores de risco que apoiam um empreendimento sem ler antes o plano de negócio.

 

Além disso, mesmo que o empreendedor não use o plano para convencer ninguém, mas é preciso tomar uma decisão importante, como investir em um equipamento caro ou instalações de infraestrutura, também será necessário avaliar o plano de negócio desenvolvido até então, pois neste momento, o plano de negócio vai ajudar a reduzir as incertezas, minimizando assim o alto risco de uma decisão que compromete grandes recursos no negócio. Estes são os dois momentos que um plano de negócio é usado.  Portanto, antes de uma posição tão radical quanto declarar a morte do plano de negócio, precisamos repensar o seu papel, quem deve usá-lo e sob quais condições ele é importante. Esta nova abordagem sobre a utilização do plano de negócio é explorada no meu mais recente livro ‘Plano de Negócios em 40 lições’ escrito em parceria com o Prof. Cândido Borges da Universidade Federal de Goiás e publicado pela Editora Saraiva. Saiba mais em clique aqui.

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